quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Um conto de ano novo

Esse poderia ser um ano novo como qualquer outro na minha vida, onde eu me reuniria com a minha família e juntos celebraríamos a passagem de mais um ano que se passou, mas por motivos mais fortes, esse ano foi completamente diferente, até demais, eu diria.
Resolvi "celebrar" o ano novo longe da minha família, esse ano invés de fazer como normalmente fazemos todos os anos e reunir todos os familiares, desta vez cada um meio que resolveu "celebrar" da sua forma, e por que isso? Bem, simplesmente porque que desde o último ano novo as coisas tem ficado cada vez pior na minha família, no último réveillon meus pais brigaram pouco após a virada do ano, e desde então a relação deles só tem ido de mal a pior, tanto, que acabou resultando na separação deles.
Meu pai passou o ano novo na casa da minha avó, minha irmã passou com o namorado dela e a família dele, minha mãe virou o ano dormindo na cama, e eu passei meu ano novo na área de lazer do prédio (no último andar) completamente sozinho, a área estava vazia pra variar, o pessoal do prédio não costuma a utilizá-la muito, e isso sem falar que esse ano o condomínio não quis fazer festa de réveillon, então o local estava muito mais do que calmo. Subi umas 23h primeiramente pra poder ver melhor a queima de fogos, eu estava com meu violão (fazia alguns meses que eu estava aprendendo a tocar) e enquanto eu esperava eu ficava tocando algo.
A meia-noite chegou, e junto com ela chegaram os primeiros sons de fogos no céu, foi o momento em que eu larguei o violão e passei a olhar pro céu agora iluminado por vários fogos de artificio, de longe eu ouvia as pessoas em suas casas comemorando a chegada do novo ano, 2014 tinha oficialmente chegado. Na mesma hora eu recebi os telefonemas de todos os meus familiares me desejando feliz ano novo, e também sms de alguns amigos.
Passaram-se 15 minutos até os últimos fogos estourarem no céu, após isso tudo ficou calmo novamente (a não ser pelo som das pessoas comemorando em suas casas), foi então que novamente me sentei e voltei a tocar no meu violão, e a partir daí passei a refletir...
Não só sobre a situação em que minha família se encontrava no momento, mas também comecei a avaliar como foi o meu ano de 2013, todos os fatos importantes que me ocorreram e também todas as pessoas importantes que passaram pela minha vida, assim como todo ano, fiz uma pequena retrospectiva.
Depois de uns 20 minutos refletindo e tocando músicas aleatórias no violão, eu ouvi som de passos, me perguntei quem seria que estava ali... (provavelmente algum casal que estava comemorando o ano novo no prédio e tinham subido para ter um tempinho a sós). Mas a pessoa tinha falado algo, e assim reconheci a sua voz, era uma voz feminina cuja eu conhecia muito bem, e ela não estava sozinha, tinha uma outra voz feminina que a acompanhava. À medida que elas se aproximavam eu tive mais certeza de quem era que estava ali, fiquei atento pra quando ela chegasse na área em que eu estava, até que ela finalmente chegou...
- Júlia? - chamei
Ela olhou surpresa e disse sorrindo:
- Oi Brian! 
Júlia e eu namoramos por quase 1 ano, quando terminamos a gente passou um tempo sem olhar na cara um do outro, mas depois do meu acidente voltamos a ser grandes amigos, ela hoje já tem outro namorado, cujo está com a ela há mais ou menos 4 meses.
Nos abraçamos, desejamos feliz ano novo um para o outro, e eu perguntei:
- O que faz aqui em cima, sua família não está comemorando o ano novo em casa?
- Sim, está... - ela disse - é que já está todo mundo bêbado la embaixo, ta ficando cada vez mais insuportável!
- Ah, te entendo. - falei.
- Ah... - disse ela - você se lembrar da minha prima Letícia, não é?
- Claro que lembro. - falei apertando a mão da prima dela (eu já cheguei a conhecer ela na época em que eu e Júlia namorávamos) - e seu namorado, não veio comemorar contigo?
- Ele viajou com a família. - disse ela - mas agora eu pergunto, o que você faz aqui em cima sozinho?
- Bem, é uma longa e chata história...
Então contei a ela toda a situação que eu e minha família estávamos passando no momento.
- Caramba, que tenso. - disse ela
- Pois é... - falei - e o pior de tudo, é que só tende a piorar!
- Imagino!
- Bom, mas pelo menos eu to conseguindo fazer minha reflexão de fim de ano com mais tranquilidade.
- Aqui é um bom lugar para fazer isso, não é?
- Com certeza, tanto que você sabe que eu sempre gostei de vim aqui para refletir.
- Eu sei muito bem! - falou ela - mas agora me fale, qual foi a sua conclusão sobre esse ano?
Respirei fundo e disse:
- Bom, apesar de ter sido um ano cheio de dificuldades, tanto em relação a minha família, e tanto em relação a mais um termino de namoro meu, foi um ano importante, já que esse foi o ano em que comecei a faculdade, e lá conheci pessoas tão importante quanto... - dei uma leve pausa, e continuei - e só isso pra mim já fez meu ano valer a pena!
Júlia pensou um pouco, deu um sorriso, e disse:
- Fico feliz por isso!
- Obrigado! - respondi
- Aliás... - falou ela - já que citou, como você tem estado desde que seu namoro com Gabriela terminou?
- Rapaz... - falei meio pensativo - tipo, eu ainda sinto muito a falta dela, sabe?
- Sei muito bem! - respondeu Júlia
- Mas é aquela coisa, acabou, e não há a menor chance de volta, ela nem ao menos fala mais comigo. - fiz uma leve pausa, pensei um pouco, e continuei - mas eu sei que aos poucos eu vou superando, essa é mais uma página da minha vida que eu tenho que deixar para trás.
Júlia concordou com a cabeça sorrindo para mim, e a prima dela do lado ouvindo tudo com atenção.
- Mas uma coisa eu te digo... - falei levantando o violão - desde eu comprei essa belezinha aqui eu tenho conseguido me sentir melhor por dentro.
- Pelo visto, tocar te ajuda bastante a relaxar, não é? 
- Com certeza! - respondi - É por isso que estou com ele aqui em cima agora.
- Percebo! - afirmou ela
Todos ficamos alguns segundos em silêncio, até que Júlia falou:
- Pode tocar algo pra gente?
- Com certeza! - falei com animação
E assim, pelo resto da noite, eu e Júlia ficamos na área de lazer do prédio conversando e me ouvindo tocar, ela ficou por lá até umas 4h que foi a hora que ela teve que descer com a prima porque os pais delas estavam a chamando para ir embora. Já eu continuei lá com o meu violão até o nascer do sol, e só voltei para casa umas 5 e meia pra tentar dormir um pouco.
E assim foi mais uma passagem de ano na minha vida, é com essa história que eu desejo a todos um feliz 2014.


Brian