sexta-feira, 29 de julho de 2016

Um pobre cão

Você que acompanha minhas histórias fielmente há um bom tempo, provavelmente deve se lembrar da cadela "Chola" que andava lá por onde eu treinava kung fu, certo? Isso mesmo, "andava", porque já faz um bom tempo que ela não aparece mais por lá.
O que aconteceu com ela? Não sabemos ao certo, as maiores probabilidades (e que mais esperamos que seja) é que ela foi levada dali para um abrigo de animais, ou para ser criada numa coisa, com uma família que cuidará bem dela, e sim, também há a probabilidade de ter ocorrido o pior, mas se tivesse acontecido iríamos saber de alguma forma, já que ela era uma figura marcante do local, principalmente para aqueles que o frequentavam sempre.
De todo o jeito, a presença dela no local fez muita falta, e eu não fui o único a sentir isso, afinal, ela já era o xodó de todos que treinavam ali, até mesmo do mestre. Por um bom tempo, sempre que chegava no local e não encontrava Chola por ali, me sentia frustrado, a alegria que ela tinha ao me ver me motivava bastante para iniciar mais um dia de treino.
Bom, estou dando esse arrodeio todo aqui, mas o assunto principal não é a Chola em si, mas eu precisava falar um pouco dela para vocês entenderem melhor o contexto do que falarei.
Estava eu chegando para mais um dia de treino lá pela UFPE, diferente da maioria das vezes, não fui o primeiro a chegar no local, já estavam lá Manoel, Luiz e o próprio mestre, que no momento conversavam sobre técnicas utilizadas por outros estilos de Kung Fu. Saudei a academia ao entrar no espaço, e depois fui cumprimentar o mestre, Manoel e Luiz, respectivamente.
Após isso, coloquei minha mochila no banco junto das outras e bebi um gole d'água, foi após guardar a minha garrafa que reparei em uma coisa interessante no local. Quando olhei para o lado, me deparei com um cão, não que aparições de cães naquela área era uma coisa anormal, muito pelo contrário, sendo que essa chamou mais atenção, mais do que quando Chola apareceu por lá, inclusive.
Isso porque o cachorro em questão era de um porte maior, não sei dizer qual era a raça exatamente, mas tinha mais ou menos o tamanho de um Boxer, outra coisa que chamava atenção nele era a sua coleira, ou seja, provavelmente ele era fruto de mais um caso de abandono (o que infelizmente era muito normal por aquela área, e meu gato Riddle era a prova viva disso), e o mais triste ainda, é que via-se que o pobrezinho estava muito magro.
- Abandonaram aquele aqui também? - perguntei a Manoel
- Provavelmente... - respondeu ele - o povo não tem jeito, deixam os cães aqui a própria sorte como se fossem nada, isso me deixa puto.
- E esse aí é muito bonito, pô... - comentou Luiz - não sei como alguém tem coragem de abandona-lo por aqui.
Enquanto conversávamos, o cachorro apenas parecia nos observar sem saber o que estava acontecendo, o coitado tinha uma aparência bastante deprimida, não apenas pela sua magreza, mas também pela sua expressão, a típica de um cão que se sente perdido.
Com isso, Luiz foi até ele pra chama-lo a atenção:
- Ei amiguinho, vem cá, vem.
O cachorro não atendeu o pedido de primeira, ficou alguns segundos olhando pra Luiz desconfiado, mas depois, começou a se aproximar mais, quando ele chegou perto o suficiente, Luiz e Manoel começaram a fazer carinho nele, percebendo com mais clareza o quão magro ele estava.
- Ele está péssimo! - comentou Luiz
- Quanto tempo ele está aqui? - perguntei
- Não faço a menor ideia.
- Bom se não for muito tempo, isso mostra que desde que ele estava com o "dono" dele que ele não comia direito. - falou Manoel
Enquanto conversávamos, mais cinco pessoas chegavam para o treino, vindo cada uma delas nos cumprimentar antes de tudo. Alguns vendo também a situação do pobre cachorro vieram dá uma olhada nele também, lhe fazendo um carinho.
Percebia-se ainda mais a tristeza dele quando a gente lhe fazia um carinho, e ele vinha esfregar a cabeça na nossa perna, como se estivesse em busca de consolo. Aquilo era de partir do coração.
Foi então que eu sugeri:
- A gente devia fazer uma vaquinha e comprar um pouco de ração para ele, não acham?
- Seria uma boa. - respondeu Manoel.
Mas pouco depois de falarmos sobre isso, o mestre gritou:
- FORMAÇÃO!
Era o sinal de que o treino iria começar.
- Depois do treino a gente faz isso. - falou Luiz
Eu e Manoel apenas concordamos com a cabeça.
E assim, fomos para as nossas formações, o treino começou, como sempre, com um aquecimento básico (e doloroso ao mesmo tempo), e enquanto aquecíamos, aproveitava para dá uma olhada no cachorro, que naquele momento foi se deitar no canto da academia completamente cabisbaixo, e lá ficou até o fim do aquecimento.
Após isso, saímos um pouco daquele espaço para correr em um dos quarteirões da universidade, e certamente, por isso perdi o cachorro de vista (certamente ele não era que nem Chola, que nos seguia para aonde fôssemos). Quando voltamos para a academia após a corrida, o cão não estava mais lá, provavelmente tinha ido dá uma volta pelo local ou coisa do tipo. Mas de qualquer forma, esqueci um pouco daquilo e passei a me focar mais no treino, que naquele momento iria chegar na parte mais difícil, a parte física.
O treino foi ocorrendo normalmente, mas mesmo concentrado no que estava fazendo, não deixava de checar se o cachorro tinha voltado a dar sinal de vida, o que não havia acontecido ainda até aquele momento.
Passaram-se mais ou menos uma hora e meia de treino (são duas horas e meia no total) quando o mestre nos deu um intervalo para beber água. Nessa momento não fiz nada que não fosse tomar um pouco de água e me sentar um pouco, minhas pernas estavam me matando. Mais uma vez aproveitei para procurar algum sinal do cachorro, o que não ocorreu, àquela altura já estava quase desistindo da probabilidade dele voltar a aparecer.
Naquele dia, o momento da água foi um pouco mais longo do que o normal por conta de umas coisas que o mestre estava discutindo com um dos alunos mais graduados, por isso muitos aproveitaram para jogar um pouco de conversa fora.
Nesse meio tempo, finalmente tinha visto o cachorro novamente, ele estava na calçada seguindo um cara que passeava com seu Golden Retriever, foi então que deparei com uma cena que não saiu da minha mente pelo resto daquele dia.
O pobre cachorro estava atrás do cara com aquele cara de cão perdido, e de início, achei que o cara iria ajuda-lo, já que ele próprio tinha um cachorro e provavelmente entenderia a dor que aquele pobrezinho estava sentindo. Mas infelizmente, o que eu vi estava muito longe disso.
O cara ficava o tempo todo o tratando de forma rude, chegando a xinga-lo, e até mesmo o ameaçando de jogar o chinelo nele caso não o deixasse em paz, tendo inclusive em um momento jogado não exatamente nele, mas quase em sua pata dianteira esquerda. Mas mesmo assim, o cachorro continuava o seguindo e o cheirando, como se estivesse esperança de que aquele era o seu dono.
Aquele cena era de partir o coração, e eu temia que o cara alguma hora fosse perder a paciência e acabasse realmente agredindo o pobre cachorro, por isso, achei melhor interferir de alguma forma.
Fui até a calçada e comecei a chamar a atenção do cachorro.
- Ei garoto, vem cá, vem cá!
O cão simplesmente não reagia ao meu comando, ele continuava com aquele ar de desconfiado e nem sequer latia.
Mas continuei insistindo:
- Vem cá, garoto, vem cá!
- O cachorro é seu? - perguntou o cara com o Golden Retriever.
- Não, mas ele estava aqui desde de hoje cedo, provavelmente o abandonaram aqui.
- Também acho. - falou o cara soltando um certo ar de indiferença.
Me deu vontade de perguntar para o cara o porquê que ele estava sendo tão rude com o pobre cão, se ele não tinha coração ou coisa do tipo, deu vontade de falar também que ele imaginasse o Golden dele no lugar do cachorro se caso algum dia ele o perdesse, se ele gostaria de saber que haveriam o tratado daquela forma rude. Mas fiquei calado, apenas queria convencer o cão a voltar pro espaço da academia, que pelo menos ali, haveriam pessoas que o tratariam com mais dignidade.
Após muito insistir, o cara pegou o cão pela coleira e o conduziu até o espaço da academia, depois de deixá-lo lá, ele me cumprimentou de longe e saiu correndo junto com o Golden Retriever para eliminar qualquer possibilidade do cachorro voltar a segui-los.
O pobre cão ficou alguns segundos em pé apenas observando o cara ir embora, provavelmente, o cara tinha alguns traços que o lembravam  seu dono, e por isso ele não queria deixa-lo ir embora, tanto que não demorou muito para o cachorro voltar para a calçada e correr na direção que o homem tinha ido. Após isso não havia mais nada que eu podia fazer.
E essa também foi a última vez que vi o cachorro por ali, mesmo em outros dias de treino não o vi mais por ali, e certamente, não tinha a menor ideia do que tinha acontecido com ele.
Mas o que tinha me impressionado mais nessa história toda era o quão ignorante o cara com o Golden tinha sido com o pobre cão, porque, como ele próprio tinha um cachorro, provavelmente ele gostava bastante de animais, e normalmente pessoas que gostam de animais (e tem um) costumam a tratar bem aqueles que vivem nas ruas, e principalmente os que são vítimas de abandono, chegando inclusive em alguns casos, abriga-los.
Deixando claro que não estou criticando o fato dele não ter levado o cachorro para casa, porque sei que não é qualquer um que pode fazer isso, e se fosse o caso, eu mesmo teria feito, mas também não era possível por três razões:
1- Eu já tinha um gato em casa, o que causaria um possível conflito entre os dois.
2- O cachorro era grande demais para o apartamento em que moro.
3- Se para conseguir convencer a minha mãe a deixar que trouxesse o Riddle para casa já foi complicado, imagina com um cachorro daquele porte, e como estou muito longe de ter minha casa própria, tinha que simplesmente aceitar aquilo.
O que estou criticando no cara, foi a forma que ele tratou o cachorro, porque não havia necessidade nenhuma dele ter sido grosseiro com o coitado, afinal, ele tinha sido abandonado e estava visivelmente muito triste, e qualquer coisa que o lembrasse seu dono já lhe dava uma forte esperança, e como o homem tinha um cachorro, pensei que fosse entender isso, mas infelizmente não foi o que aconteceu.
Isso só me lembrou situações que via na rua em que pessoas (que passeavam com seus cachorros) ficavam esnobando cães de rua ou os tratando como se fossem nada. Isso sem falar em momentos da minha infância em que passava por um cão de rua e queria fazer carinho nele, mas meus pais sempre não deixavam dizendo que ele iria me morder (ou que traziam doenças), ou seja, ficavam o marginalizando de uma forma ou de outra.
Da mesma forma que a gente marginaliza as pessoas ao nosso redor, também marginalizamos os cães, e um outro exemplo disso foi uma situação que minha irmã passou quando andava na rua que um cachorro ficou a seguindo, e ela ficava convicta de que ele queria mordê-la, quando na verdade só queria um pouco de atenção, e quando alguém a dizia isso, ela respondia:
"Aham, ta certo, queria ver você dizer isso depois que ele te mordesse".
Como se um cachorro chegasse em alguém com a simples intenção de atacar a pessoa (isso sem que ele rosnasse e nem nada do tipo).
Mas uma coisa que me tranquiliza, é saber que há muitas pessoas no mundo preocupadas com o bem-estar dessas criaturas, e que lutam por isso, essas pessoas me fazem ter um pouco mais de fé no mundo.
E se tem uma coisa que aprendi com os anos (principalmente após conhecer Chola), é que um cão de rua quer apenas um pouco de amor e atenção, assim como qualquer cão de raça doméstica.
Mas enfim, como vocês perceberam, a história de hoje foi uma base para que vocês façam essa reflexão, e espero que todos tenham entendido bem a mensagem de quis passar, no mais, muito obrigado a todos pela atenção.

Brian

terça-feira, 19 de julho de 2016

O garoto da estrada

Começarei a história de hoje de um jeito diferente do usual, desse vez, ao invés de contar sobre algo que aconteceu recentemente na minha vida, irei "viajar" um pouco no tempo, mas para um tempo muito distante do atual, para ser mais exato, falarei de algo que aconteceu comigo lá pelos meus 11 anos de idade, ou seja, uns 10 anos atrás (tenho 21 atualmente).
O que vou contar agora, aconteceu em um período meu de férias escolar, na época, a relação da minha família era muito melhor do que é hoje em dia, meus pais ainda eram casados e ainda não estavam naquela fase difícil de brigas infinitas, e claro, a separação deles ainda era uma ideia que para mim naquele tempo não fazia sentido nenhum, mas a história de hoje não discutirá isso.
Naquela época, era bastante comum a gente ir passar duas semanas ou um mês em Porto de Galinhas durante as férias dezembro e janeiro, e aquela vez foi uma dessas ocasiões, nesse caso, passamos especificamente duas semanas lá.
Estávamos retornando a Recife naquele momento, e se quiserem a minha sincera opinião, as duas semanas que passamos por lá foram extremamente chata, nunca fui muito fã de praia para início de conversa, a gente fazia basicamente as mesmas coisas todos os dias e isso sem falar que aos 11 anos eu já não fazia amizades com a mesma facilidade que tinha aos 6 ou 7 anos (sim, fui ficando mais chato com o tempo ha ha).
Mas enfim, estávamos no meio da estrada, meu pai dirigia calado enquanto ouvia seus CD's no rádio do carro, minha mãe dormia um pouco, enquanto eu e minha irmã (que na época tinha 13 anos) fazíamos aqueles nossos jogos que tínhamos para passar o tempo durante a viagem.
Se estávamos perto ou longe de Recife, não fazia a menor ideia na hora, a única coisa com que eu estava preocupado na hora, era em criar frase com as letras que apareciam nas placas dos carros que passavam (sim, esse era o jogo).
Tudo corria na sua mais perfeita normalidade, até que de repente...
POW!
Ouve-se um grande estrondo vindo do pneu dianteiro do carro, fazendo o mesmo dar uma sacudida brusca que acabou inclusive acordando minha mãe de susto. O veículo tinha acabado de passar por cima de um buraco.
Até aí tudo bem, poderíamos voltar tranquilamente àquilo que estávamos fazendo, se não fosse pelo fato que o carro perdeu um pouco de velocidade depois do ocorrido, ou seja, provavelmente o buraco tinha deixado alguma "marca".Percebendo isso, meu pai encostou o carro e desceu para ver o que provavelmente tinha acontecido.
E aconteceu o que muitos de vocês imaginam, o pneu furou. Com isso, tivemos que descer do carro ali mesmo para esperar meu pai resolver a situação.
Antes de tudo, claro, ele ligou o pisca-alerta e colocou o triângulo no chão para sinalizar aos carros que passavam que ele estava parado ali fazendo reparos no veículo. Enquanto meu pai tentava resolver isso, fiquei observando um pouco os arredores do local, apesar que não havia nada de demais, era o mesmo cenário que você encontra em qualquer rodovia brasileira, uma longa estrada com nada ao redor a não ser plantações, e em alguns casos, animais de fazendas (que sempre tem aos montes naquelas regiões).
Engraçado, é que hoje penso que se isso fosse hoje em dia, eu na hora ficaria o tempo todo desconfiado olhando os arredores achando que algum ladrão iria aproveitar a situação para nos assaltar, mas eu era muito inocente na época ainda, por isso, essa possibilidade nem sequer passou na minha cabeça, e a prova disso vem logo a seguir.
Após alguns minutos desde que passamos por cima daquele buraco que furou o pneu do carro, reparei numa coisa um tanto que peculiar. Um pouco atrás da gente, saindo do meio da plantação que havia logo ao lado, apareceu um menino (que aparentava ter mais ou menos a minha idade na época, senão um pouco mais novo) numa bicicleta, que observando através de suas roupas, parecia ser alguém que morava ali pelo campo.
Qualquer um no meu lugar com certeza pensaria que ele estava ali pra assaltar a gente, acho que com certeza minha mãe achava isso, tanto que ficou com um ar de desconfiança quando olhou para ele. Mas como disse antes, eu era muito inocente na época, de primeira supus que era alguém que viria nos oferecer ajuda, mas no fim não foi nem um e nem outro.
Definitivamente ele não era nenhum ladrão, porque ele tinha a chance perfeita de nos assaltar naquele momento e não fez nada, e por isso também que ele não veio oferecer ajuda, pelo que se observava. O garoto ficou apenas ali nos observando com um meio-sorriso no rosto, por alguma razão, ele achava aquilo tudo intrigante.
Na hora, até pensei em fazer algum tipo de contato, fosse acenar ou ir lá falar com ele pessoalmente, puxar conversa e fazer amizade, quem sabe, mas eu era tímido demais pra isso (pra vocês verem que essa minha extrema timidez não é de hoje), enquanto isso, meu pai se concentrava apenas em trocar o pneu, e minha mãe e minha irmã simplesmente ignoravam a presença do garoto ali.
Passava-se o tempo, passavam-se os carros pela rodovia, e o garoto continuava ali, observando tudo como se fosse um espectador em um programa de TV, provavelmente esperando ansiosamente pelo desfecho final da trama sobre uma família que tentava desesperadamente trocar o pneu do carro para retornar de sua viagem. E durante todo esse processo, o garoto não dava um pio.
Comecei a me perguntar onde estariam os pais daquele garoto, e se eles estariam o procurando naquele momento, aliás, não fazia a miníma ideia de onde seria possivelmente ele mora, então também nem imaginava o quão longe ele estava de casa. Eu era uma criança que foi muito protegida pelos pais, por isso, pra mim não era normal ver alguém da minha idade andando solto por ai sozinho sem a presença dos pais, já que normalmente quando ia para os locais, seja lá qual fosse, se meus pais não fossem, eles só me deixariam ir na presença de algum adulto responsável. E para vocês terem ideia do quanto meus pais me protegeram até demais, só aprendi a andar de ônibus aos 16 anos, mas isso não vem ao caso agora.
Não fazia ideia de quanto tempo tinha se passava, mas se fosse pra dar um palpite, diria que passaram-se meia hora até o momento que meu pai tinha finalmente terminado de trocar o pneu, com isso, a gente pôde finalmente voltar pro carro e seguir viagem. Já dentro do veículo, pouco antes de ser dada a partida, olhei para trás para ver a reação do garoto agora que iríamos embora, e fiquei intrigado ao ver que assim que o automóvel começou a andar, ele acenou em nossa direção dando "tchau", pensei em responder o aceno, sendo que mais uma vez a minha alta timidez não deixou. Após isso, o menino montou em sua bicicleta e voltou para o local de onde veio, provavelmente indo no caminho de volta para casa.
Com isso, conclui que o garoto em questão não passava simplesmente de uma criança curiosa que passava pelo local, viu o que estava acontecendo na hora e resolveu ficar lá assistindo esperando algum desfecho. Ou então, ele aproveitou para usar a criatividade e supor o como tínhamos parado ali, ou até mesmo, começou a criar uma história pra gente, imaginando todo um enredo espetacular que de uma forma ou de outra, nos levaria para aquele momento. Falando assim pode até soar um pouco "viajado", mas era o que eu teria feito no lugar dele, porque afinal, a imaginação de uma criança daquela idade normalmente funciona de uma forma incrível, sendo capaz de transformar uma situação aparentemente chata em uma grande aventura.
Mas no fim, nada aquilo importava mais, sendo assim, voltei a me focar naquele jogo com a minha irmã e aguardei a nossa chegada em Recife.


Brian