quarta-feira, 27 de abril de 2016

Um "casal" um tanto que interessante

Aquele era mais um daqueles fins de semana onde eu morria em um tédio profundo, queria muito fazer algo com o pessoal, mas parecia que ninguém estava disponível para tal coisa. Então, a minha solução foi ir em uma peça de humor sozinho, aliás, já estava com o ingresso em mãos, inclusive.
Como não tinha conseguido ninguém para ir comigo, acabei decidindo ir por mim mesmo, aliás, isso já era uma coisa que fazia direto em relação aos shows e com essa peça não seria diferente, porque se tem uma coisa que sempre digo nessas horas, é que se fosse depender dos outros para ir nesses locais eu tava fodido.
Mas enfim, vou parar de ficar enrolando e seguir com a história. Era domingo, e naquela tarde eu fiquei apenas em casa fazendo coisas no computador e brincando com o Riddle, fora isso, fiquei apenas esperando dar a hora de ir para o teatro.
O espetáculo era de oito e meia da noite, então esperei até umas cinco e pouca da tarde para começar a me arrumar, após isso, quando deu mais ou menos próximo das seis da tarde finalmente tomei meu rumo. Essa seria uma das raras vezes em que eu decidira ir para um local de carro, alguns de vocês podem não saber, mas eu odeio dirigir, mas dessa vez o horário da peça e a pirangagem de pagar um táxi na ida e na volta falaram mais alto.
O percurso até o teatro não levou mais que meia-hora, chegando lá, a primeira dificuldade foi arrumar um local para estacionar (mais uma das razões que me fazem odiar ir de carro para os locais), que no fim, acabei estacionando em um local um pouco distante do teatro e ainda com aqueles malditos flanelinhas na espreita.
Após isso, me dirigir ao teatro, o portão ainda não tinha sido aberto e o pessoal se aglomerava do lado de fora a espera do início do espetáculo.
Antes de tudo, resolvi aproveitar o tempo que ainda tinha para "jantar" no café que tinha dentro do teatro, foi complicado arrumar um local para sentar, já que praticamente todas as mesas estavam ocupadas, mas a minha sorte é que no momento em que cheguei por lá uma cadeira do balcão havia sido liberada.
Me sentei, olhei o cardápio e pedi uma garrafa d'água, um croissant misto e um milkshake de chocolate. Como o croissant já estava pronto, eles só precisaram esquentá-lo, então já o tive junto com a água logo, já o milkshake demorou uns oito minutos para ficar pronto.
Após consumir tudo que pedi e pagar a conta, vi que a hora do espetáculo estava próxima, então me dirigi até a fila que começou a se formar no portão de entrada. Pouco depois, finalmente foi permitida a entrada do público, sendo assim, peguei meu ingresso e minha carteira de estudante e esperei a minha vez de entrar.
Após entrar, subi a escada atrás do meu lugar em um dos camarotes (e não, não ache que sou rico porque os preços tanto pra camarote quanto pra platéia eram iguais, isso sem falar que o cara não ganha "mordomia" nenhuma lá), ao achar, fui logo me acomodando.
Mas antes de tudo, a primeira impressão que tive ao entrar no teatro foi de admiração, aquele era um dos teatros mais antigos e tradicionais da cidade, e eu estava entrando nele pela primeira vez. O teatro era simplesmente lindo, e observando sua beleza que fiquei me perguntando como nunca tinha ido lá antes, tanto que aproveitei para fazer uma coisa que não costumo fazer normalmente, tirar fotos do local.
Após isso, finalmente me sentei.
O camarote era pequeno e tinha lugar para seis pessoas, certamente, eu queria ocupar um dos dois lugares da frente, mas isso não foi possível porque os mesmos já estavam ocupados, então me sentei em uma das cadeiras da segunda fileira do camarote.
As cadeiras da frente estavam ocupadas por um "casal" (aí você me pergunta: Porque você colocou casal entre aspas? E eu digo: Já respondo), no lado esquerdo sentava um garoto que aparentava ter entre 14 e 15 anos, com cabelo crespo e negros, que utilizava uma camisa polo azul com uma calça jeans. No lado direito, sentava uma garota que aparentava ter a mesma idade, que tinha cabelos lisos e negros, usava óculos, estava com um vestido vermelho e no momento mexia em seu celular.
De início não dei muita importância para eles, apenas tentei matar o tempo que me sobrava de alguma forma (que eu não tinha encontrado ainda). Mas, quando você está sem nada pra fazer e com um tempo sobrando, você acaba o aproveitando de uma forma não tão legal assim, que é observar o que as pessoas ao seu redor estão fazendo, que nesse caso seria o "casal" que estava na minha frente.
Aliás, houve algumas coisas neles que me chamou bastante a atenção, mas antes de tudo, quero deixar claro aqui que estou chamando de "casal" porque é apenas uma suposição minha, porque eles podem ser apenas dois amigos saindo juntos ou então irmãos. Mas é a partir daí que começo a falar o porquê que eles me chamaram a atenção, começando com o fato que me faz supor que eles são um casal, que foi quando a garota começou a fazer um cafuné na nuca do garoto, e um outro momento em que eles ficaram de mãos dadas com ela lhe fazendo carinho.
Mas esse foi o único momento em que eles pareciam realmente um casal, porque antes e depois desses momentos citados, os dois ficavam simplesmente calados olhando para o nada, não se falavam, não interagiam (com exceção dos momentos que falei) e nem nada. Ele ficava olhando para frente pensando provavelmente na morte da bezerra e ela ficava jogando no celular.
Aí você pode dizer pra mim que eles não eram realmente um casal, mas como eu já disse, estou apenas supondo, mas independente de serem, não deixa de ser estranho, porque uma coisa era inegável, que os dois estavam ali juntos e ainda assim pareciam não interagir bem.
Então comecei a pensar em mais suposições, como por exemplo, que eles eram um casal no seu primeiro encontro, que ele provavelmente nervoso pra caramba a chamou para sair, ela saiu e agora o coitado não está sabendo como agir, está mais nervoso ainda e provavelmente procurando as palavras certas para começar uma conversa com a garota, situação a qual eu já passei e entendo bem.
Ou então, poderiam ser um casal em um momento difícil do relacionamento e que estão tentando fazer as coisas voltarem a dar certo, mas não estão conseguindo, o que acho que era pouco provável. E minha última suposição era que eram só amigos que tinham um carinho a mais pelo outro, o que de uma forma ou de outra puxa um pouco para a primeira possibilidade que falei.
 Nesse meio tempo em que fiquei os observando, o teatro foi enchendo cada vez mais, tendo inclusive, os outros três lugares do camarote em que me encontrava sido ocupados por um grupo de amigos que chegara ali há pouco tempo.
Enquanto isso ainda fiquei reparando não apenas neles, mas também a tudo ao meu redor, apesar de não ter encontrado mais nada de interessante nesse meio tempo. Até que quando o teatro estava finalmente com todos os seus lugares ocupados, foi anunciado o início da peça, e claro, nesse momento minha atenção se voltou toda para o palco.
Foram uma hora e meia de espetáculo onde eu simplesmente me estourei de rir, coisa que tava precisando fazer, porque ultimamente andava me estressando muito fácil, o que tava me fazendo mal.
Quando terminou, todos aplaudiram e os humoristas no palco agradeceram a presença de todos, e quando as cortinas se fecharam todos começaram a tomar seu rumo para as suas respectivas casas.
Eu não fiz diferente disso, me levantei e comecei a seguir o meu caminho, assim como o grupo de amigos que estavam do meu lado, os únicos que ainda aguardaram um pouco foi o tal "casal" que ainda ficaram aguardando um pouco lá, e o que fizeram? Provavelmente nunca saberei porque não fiquei para ver (e nem pretendia fazer isso, claro).
Após sair do teatro, fui até o meu carro (da minha mãe, na verdade), entrei nele, paguei algumas moedas para o flanelinha para que ele largasse do meu pé e segui meu caminho para casa.


Brian