segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Peças que a minha cabeça me prega

Era uma semana especial para a família, e qual queria o porquê disso? Simplesmente porque aquela semana ocorreriam os eventos de formatura da minha irmã.
Sim, ela finalmente tinha concluído os difíceis cinco anos do curso de Direito, e claro, a família estava em festa por conta disso, principalmente a minha irmã. Já havia tido o culto, a colação de grau, e agora só faltava a chamada "cereja do bolo", o baile de formatura.
Sim, esses eventos são todos especiais, principalmente porque eles representam um marco alcançado na vida de uma pessoa, um marco importante, na verdade. Mas mesmo assim, há uma coisa pra se admitir, que é que os eventos referentes a isso normalmente são um saco, principalmente a colação de grau, isso tanto para os formandos quanto para os convidados.
O mais legal, é claro, é o baile, mas que para mim seria chato da mesma forma, porque com certeza a única coisa que eu faria seria ficar sentado na mesa olhando para o nada e enchendo o bucho de doces, principalmente porque com certeza não teria nenhum amigo meu por lá. Mas era aquilo, eu tinha que ir de qualquer forma.
Era sexta-feira, e eu tinha chegado em casa após um dia inútil na faculdade, quando fui lá para basicamente ver apenas uma aula e depois descobrir que não haveria as outras por conta de um seminário completamente desorganizado que estava tendo por lá, tendo assim, chegado em casa mais cedo.
A única coisa que me restava fazer naquele momento era simplesmente esperar dar a hora, o que ainda ia demorar um "cadinho". Então, enquanto a hora não chegava, continuei a ler o livro que tinha começado de H.P. Lovecraft há alguns dias, ainda faltava bastante coisa para termina-lo, mas estava uma leitura interessante.
Claro, não fiz apenas isso naquela tarde inteira, pra variar, fiquei fazendo também minhas coisas no computador e também brinquei um pouco com Riddle (que naquele dia em específico parecia não querer largar do meu pé).
Enquanto isso, minha mãe e minha irmã davam seus últimos retoques para a festa, eram quatro e pouca da tarde e desde as três e pouca, as duas estavam preparando a maquiagem e o cabelo, aquelas coisas de mulher que muitos de vocês devem entender bem. Mas enfim, vamos adiantar as coisas e pular todos esses detalhes chatos antes que vocês comecem a dormir aí.
Finalmente tinha chegado a hora de ir e estávamos todos prontos, minha mãe e minha irmã já tinha terminado de se arrumarem e eu já tinha colocado meu "traje fino", sendo assim, minha irmã chamou o táxi e ficamos o aguardando. Enquanto isso, as duas ficaram tirando fotos, e eu fiquei fazendo companhia pro Riddle, normalmente ele não gostava de ficar sozinho na casa de noite, então eu precisava prepara-lo bem antes de ir embora. Quando o táxi chegou, me despedi de Riddle e descemos, mas antes, deixamos algumas luzes da casa acesa para o coitado não se sentir tão sozinho assim (sim, isso ajudava).
O trajeto de casa até a casa de eventos demorou mais ou menos uns quinze minutos, chegando lá, primeiramente tiramos as coisas da mala do táxi, estávamos levando um monte de doces para deixar na mesa. Claro, esse detalhe acabou dando um trabalho maior pra gente, mas isso já era previsível.
Quando chegamos na mesa, vimos que meu pai e sua namorada já tinham chegado com parte das coisas e já tinham começado a arrumação, e é a partir daí que a "chatice" começa. Antes de tudo, tínhamos que arrumar bem a mesa, não apenas em relação a comida, mas também em relação a decoração e tudo o mais, e após isso, foi a parte que eu mais odeio, tirar as fotos.
Tirar foto está entre as 3 coisas que mais odeio fazer, junto de estudar qualquer coisa de exatas e de dirigir (sim, eu odeio dirigir), tanto que uma coisa típica de mim em fotos é não aparecer sorrindo, isso porque sempre acho que saio ridículo dessa forma, e claro, minha família reclama bastante comigo por conta disso. Além das fotos usuais da família, também tinha as fotos oficiais do evento, o que deixava o processo ainda mais chato.
Após a foto, tudo que restava a fazer é aguardar o resto dos convidados chegarem e começar a festa em si, as pessoas ao redor iam chegando aos poucos e a banda no palco já ia fazendo seus últimos preparos. Não demorou muito para o resto da família chegar, que no caso eram meu tio, minha tia, minha prima e minha avó, e após tiramos fotos com eles também, todo mundo se sentou para esperar o começo da parte principal da festa, que seria a valsa (que infelizmente, eu dançaria).
Eu fiquei lá sentado com a minha família, enquanto minha irmã foi circular pela área para se divertir com os amigos dela que iam chegando aos poucos, e claro, nesse "meio-tempo" fiquei no mais puro ócio apenas comendo o que já estava servido na mesa e aguentando as merdas que meus parentes falavam.
Mais uma vez, confirmei que quando você está no tédio, o tempo custa pra passar, e dessa vez não diferente. Parecia que aquele treco não iria começar nunca, era nove e pouca e aquele negócio iria começar as dez da noite, mas as coisas não pareciam que iam estar prontas tão rápido assim.
Foi então quando eu decidi dar uma circulada no espaço, pegar um ar do lado de fora, esticar um pouco as pernas, enfim, fazer algo que não fosse ficar ali sentado. No momento em que fiz isso, minha avó me perguntou aonde eu ia, respondi apenas fazendo um sinal com o dedo dizendo que ia dar uma circulada.
Fui da minha mesa direta pro lado de fora da casa de eventos, aproveitei para usar o 3G por lá, já que o sinal no lado de dentro era uma verdadeira merda. Enquanto dava uma rápida olhada nas minhas redes sociais, eu olhava a movimentação ao meu redor, no jardim já se via algumas pessoas sentadas nos bancos jogando conversa fora, e claro, alguns casais já aproveitando para terem um tempo a sós, enquanto isso, perto da entrada da casa, os formandos faziam fila para tirarem as fotos oficiais com seus familiares e amigos, até que então, olhando com mais atenção as pessoas que apareciam ao meu redor, mas especificamente nas meninas, claro.
Haviam muitas garotas LINDAS por lá, muitas de deixar o cara babando por horas, o que me fez pensa: "Cara, já faz dois meses que ta na 'bad' por conta de Simone, tu devia aproveitar hoje para seguir em frente e tentar alguma coisa com alguma outra garota por aqui", posso até parecer um pouco babaca falando isso, mas de uma forma ou de outra esse é o tipo de pensamento que a maioria dos homens tem nessas horas. Isso sem falar que sempre que eu comentava com algum amigo meu sobre a festa de hoje, todos diziam: "Tenta te arrumar alguma 'mina' por lá", como eu disse, coisas de homens.
Se eu dissesse que não levava isso em consideração estaria mentindo na cara dura, aliás, isso poderia ser a minha "salvação" naquela festa (ok, posso ta exagerando usando esse termo aqui), mas ao mesmo tempo que pensava nesse possibilidade, meio que já a descartava antes mesmo de tentar qualquer coisa, isso porque me conhecia bem, e sabia que a probabilidade de eu arrumar coragem e tentar algo com alguma menina eram próximas de zero.
É, eu ainda tinha aquele maldito problema de auto-confiança, simplesmente o fato de tentar chegar perto de uma garota e dar uma investida era um sacrifício para mim, isso sem falar que nas vezes que tento, fico tremendo na hora que nem um porco prestes a ser abatido. Eu queria muito vencer aquilo, mas era difícil, por mais bobo que pareça para alguns de vocês.
Após alguns instantes parei de pensar naquilo e segui de volta para a mesa onde estava a minha família. Por lá, nada fora do normal, e no palco os preparativos para a primeira banda da noite estavam quase finalizados, enquanto isso, o tempo ainda parecia custar pra passar.
Passaram-se alguns minutos até finalmente a primeira banda começar a tocar, nesse momento, alguns foram para a pista de dançar já pra aproveitar o início da festa, mas como ainda tinha gente chegando, a animação do pessoal ainda estava baixa. Entre os poucos que foram dançar, estavam eles minha tia e meu tio, e eu, continuei ali sentado apenas comendo o que tinha na mesa.
Aos poucos também os amigos da minha irmã iam chegando, alguns que me conheciam me cumprimentavam quando chegavam, já os outros que nunca nem sequer já tinham visto minha cara ao vivo, apenas passavam por mim e iam falar com a minha irmã. Não muito tempo depois, chegaram os caras das fotos e das filmagens para pegar mais imagens da minha irmã com todos que estavam na mesa, e claro, fiz aquele meu sacrifício para sair "bem na foto" (não que eu me importasse muito com isso).
Após mais um tempo sentado fazendo nada, chegou a hora que muitos esperavam, que era a entrada dos formandos e a tradicional valsa, ou seja, hora que o pessoal iria fazer aquele alvoroço soltando aqueles confetes e buzinando quando os formandos entrassem na pista de dança, enquanto a mim, tive que ficar por perto para me preparar pra hora em que eu fosse dançar a valsa com a minha irmã.
Irei dar uma resumida rápida nessa parte para não ficar muito chato, fiquei aguardando por perto para ver minha irmã descer com o meu pai, e como o nome dela começa com P, iria demorar um pouco para chegar até nela. Enquanto isso, os outros formandos iam entrando e eu ia ficando surdo por conta daquelas malditas buzinas que o povo tocava, e claro, quando minha irmã entrou não foi diferente, minha prima estava com uma bem perto da minha orelha, foram mais ou menos quase meia-hora até todos terem sido chamados.
Depois, chegou a hora da valsa, primeiramente minha irmã dançou com o meu pai, seriam duas valsas, e eu já fiquei preparado para quando minha vez chegasse. Não demorou muito pra isso, logo após a primeira valsa ser finalizada, eu me posicionei para dançar com a minha irmã, no geral, meio que fiquei me sentindo um bobo no meio daquilo, e o pior de tudo era na hora que ficavam tirando fotos da gente, que era quando ficava em dúvida se me concentrava em não pisar no pé dela ou em posar pra foto, enfim, para a minha felicidade aquilo acabou logo, e sendo assim, poderia finalmente me livrar daquela maldita gravata que estava me sufocando e daquele paletó calorento.
E depois de toda esse cerimônia, começou a parte mais interessante (ou não) da festa, que foi quando a banda voltou a tocar e todo mundo foi para a pista de dança. Nessa hora também, o buffet foi servido, mas eu nunca comia o jantar nessas festas, nunca tinha nada que me agradava, preferia mais ficar nos petiscos e doces que tinham na mesa.
Passei mais alguns minutos sentado na mesa passando por um tédio profundo, meu pai e a namorado foram os primeiros a irem dançar, meu tio e minha tia permaneceram na mesa conversando com a minha avó, e minha prima parecia compartilhar comigo a sensação de tédio extremo, sendo que no caso dela, ela não saia do celular. Mas como eu era provavelmente a única companhia que ela tinha naquele momento (tendo em vista que não tinha nenhuma amiga(o) dela lá e minha irmã estava dando atenção para os amigos), ela pediu-me para que eu fosse dançar com ela, e por incrível que pareça, aceitei a ideia.
Quando fui lá dançar com ela, confirmei mais uma vez uma teoria que tinha sobre mim mesmo há muito tempo. Definitivamente, a dança não era um dos meus "dons".
Na verdade, não fazia ideia do que raios eu estava fazendo naquela pista, só sabia que era qualquer coisa, menos dançar. Como vocês devem saber bem, eu sempre fui um cara MUITO inseguro, e essa insegurança acaba se refletindo no meu "rebolado" (que simplesmente não existia), fim das contas, me sentia um verdadeiro idiota tentando se mexer no meio da pista, sendo que um poste conseguia fazer coisa muito melhor do que aquilo que eu estava fazendo. E não, ainda não tinha arriscado dançar em par com a minha prima àquela altura do campeonato, mas se caso tentasse iria dar mais ou menos no mesmo.
Após alguns minutos, nós saímos dali e voltamos para a mesa, ela ainda queria guardar as suas energias para a segunda banda da noite.
Mais uma vez fiquei sentado na mesa ouvindo a conversa fiada dos outros e comendo, passando por mais alguns momentos de tédio, até que mais uma vez aproveitei para olhar as pessoas que circulavam ao redor, e de novo, reparei melhor nas garotas que passavam.
E mais uma vez a probabilidade de tentar algo com alguma delas me passou pela cabeça, e tinha a sensação que aos poucos (aos poucos MESMO) a coragem de tentar isso chegava em mim. Foi quando finalmente decidi levantar a bunda da cadeira e circular um pouco pela área de novo.
Mais uma vez fui para o lado de fora, enquanto aproveitava novamente o sinal para utilizar o 3G no celular, observei atentamente as pessoas que estavam ao meu redor. Mesmo a festa estando em seu início, já via-se vários casais aproveitando o momento juntos, e em outros pontos, via-se grupos amigos jogando conversa fora (a maioria bebendo e fumando).
Entre esses grupos de amigos que estavam reunidos ali, avistei um grupo com três garotas, elas aparentavam ter mais ou menos a minha idade (21 anos), uma dela tinha utilizava um vestido branco com detalhes dourados nas bordas, tinha cabelos pretos, pele clara e um sorriso de encantar qualquer marmanjo, a outra vestia um vestido completamente azul escuro, tinha cabelos loiros e também tinha pele clara, e se tinha uma coisa que me chamava realmente a atenção eram seus lábios, ainda mais com aquele batom que ela usava, e a última, tinha cabelos pretos também e uma pele mais morena, essa se utilizava de um vestido roxo purpurinado e com um decote um tanto chamativo (estaria mentindo se dissesse que não reparei nisso rs), todas elas muito lindas.
Naquela hora me encostei na parei e as observei um pouco a beleza das três, ao mesmo tempo uma voz dentro de mim dizia "Por que não começar com uma delas?". Mas, o fato delas estarem "em bando" já me intimidava bastante, mas se aquilo fosse ser um empecilho para mim, eu estava fodido, já que a maioria das garotas que estavam lá andavam em grupo, e em alguns casos com garotos no meio, o que dificultaria ainda mais.
E mais uma vez, me vinha aquela merda de pensamento de "elas são lindas demais, nem fodendo que você teria chances com uma delas", esse era um tipo de pensamento que eu lutava muito para deixar de lá, mas ainda assim era difícil. Até que houve um momento que uma delas se afastou, era a do vestido azul, ela tinha se afastado um pouco para atender o celular, no mesmo instante passou em minha cabeça que aquela seria a oportunidade perfeita para tentar uma investida assim que ela desligasse o celular, cheguei até a dar um passo a frente, mas pra variar, acabei recuando. Nesse meio segundo em que cheguei a dar o primeiro passo, minha cabeça fez uma rápida simulação do que poderia acontecer.
Eu chegaria nela, e timidamente a cumprimentaria, ela provavelmente responderia por edução, e logo após ficaria alguns minutos calado procurando o que falar em seguida. Tentaria puxar conversa soltando aquele velho "tudo bem?", ela responderia educadamente novamente, mas provavelmente não muito a vontade, tentaria me apresentar e iniciar uma conversa de verdade, mas a garota provavelmente ainda desconfortável, desconversaria pouco depois, daria alguma desculpa esfarrapada e voltaria a falar com as suas amigas, e eu apenas aceitaria e a deixaria ir.
Sim, esse meio-tempo foi o suficiente para pensar nisso tudo, fazendo então que eu desistisse da investida. Talvez isso fosse só besteira minha, na verdade, isso é só besteira minha, mas eu sou assim, desisto das coisas por conta de bobagens tipo essa.
Depois dessa enrolação toda, retornei para o lado de dentro da casa de eventos, mas invés de voltar para a mesa, continuei circulando pela área, sendo assim, decidi ir para a pista de dança, dessa vez sozinho. De início fiquei apenas nas partes laterais observando o povo dançar, até pensei em ir lá e me mexer um pouco, mas era tímido demais pra isso, não tinha coragem de encarar esse desafio ali sozinho, se com o minha prima já estava me sentindo um retardado no meio da pista, imagina se eu fosse por mim mesmo.
Enquanto observava ali, avistei um grupo de três pessoas, duas delas eram claramente um casal, que caso eram um rapaz alto e loiro dançando com uma garota de pele clara e cabelos castanhos que vestia um vestido dourado, mas claro, por serem um casal, esses não me interessavam, já a garota morena de cabelos cacheados e vestido vermelho-vinho que dançava sozinha do lado deles, me interessava.
Claro, a primeira coisa que veio em minha mente naquele momento era que eu fosse lá e a convidasse para dançar, mas sendo que adivinha só? Hesitei de novo. Mais uma vez, em meros dois segundos antes de de agir, minha cabeça criou duas simulações sobre o que possivelmente aconteceria.
A primeira previa que eu iria timidamente até ela, tentaria dançar perto dela sem sucesso nenhum, e após alguns minutos de enrolação, finalmente a chamaria para dançar, mas ela recusaria educadamente ao convite e voltaria a dançar próxima aos seus amigos. A segunda é igual a primeira até o momento em que a convido para dançar, mas nesse caso ela aceitaria, o que de início pode parecer que as coisas dariam certo, mas vá por mim, é só impressão, porque logo em seguida a gente dançaria, mas a minha "falta de rebolado" me atrapalharia de novo, ela se incomodaria bastante com isso e após alguns minutos dançando comigo, me soltaria antes do fim da música e tornaria a dançar sozinha, e eu falo isso porque já aconteceu isso comigo uma vez. E adivinhem só? Bastou apenas isso para me fazer desistir de mais essa investida.
Depois disso, decidi voltar para a mesa e ficar sentado fazendo nada por mais um tempinho, e comendo doces também, é claro.
Quando retornei para a mesa, minha avó perguntou o que eu tinha feito por ali, falei pra ela que não tinha feito nada de interessante, só tinha dado uma volta, o que era verdade. Me sentei ao lado de minha prima, que ainda não largava daquele celular dela, enquanto pegava alguns docinhos, percebi que minha mãe se esforçava para lutar contra o sono, ela não costumava dormir muito tarde e aquilo estava sendo um desafio para a coitada.
Não demorou muito pra minha mãe decidir ir embora, e com ela também foi a minha avó, eu se quisesse poderia ter ido com elas também, mas preferi ficar mais um pouco, por que isso, também não sei, porque vocês verão que minha noite não ficou nem um pouco mais interessante.
Houve um momento que minha prima resolveu me utilizar como "fotógrafo particular" dela e me pediu pra tirar uma monte de fotos dela, como não estava fazendo mais nada naquela hora, eu aceitei fazer isso. Quando a segunda da banda da noite entrou no palco, ela mais uma vez me chamou pra que eu fosse com ela dançar, onde mais uma vez eu fiz qualquer merda lá no meio que não era dançar, inclusive, houve um momento em que dançamos eu e ela como um casal, e com certeza ela só não me largou antes do fim da música porque eu era o primo dela, porque senão, vocês já imaginam.
Vinte minutos depois do show da segunda banda começar, minha prima, meu tio e minha tia tiveram que ir embora por conta de compromissos no dia seguinte, outra oportunidade que eu tinha também para vazar dali, mas por alguma razão aparente, decidi ficar.
Após eles irem embora, fiquei mais um tempo sentado na mesa até decidir dar mais um circulada, e mais uma vez fui para o lado de fora da casa pra tentar aproveitar o 3G. Àquela altura do campeonato a situação do lado de fora já era bastante diferente das outras vezes, tendo dessa vez, além de um grande número de casais dando amassos, também tinha um grande quantitativo de pessoas que exageraram na bebida, tendo dois pelo menos chegados a vomitar, isso sem falar em um cara que estava desmaiado no gramado com uma garota cuidando dele.
O grupo de amigos que estavam no lado da fora nas últimas vezes que fui lá, provavelmente agora curtiam a festa do lado de dentro, afinal, eles provavelmente estavam bem mais animados do que eu. Me encostei na parede e chequei meu celular, percebi que a partir daquele momento era melhor eu usá-lo com mais cautela, porque a bateria estava começando a chegar em seu limite, chequei tudo que queria checar rapidamente e depois desliguei o 3G e o guardei. Nesse meio-tempo, reparei em uma garota que estava encostada em uma pilastra ali próxima, Ela tinha cabelos negros, pele MUITO clara e um olhar sério bastante charmoso, ela vestia um vestido prateado um pouco decotado, e BASTANTE justo. Se a desculpa antes era que elas só andavam em grupo, dessa vez não colava, eu tinha tudo para poder chegar nela, quer dizer, quase tudo, faltava apenas o principal que era a coragem.
Mas já havia um avanço, minha cabeça dessa vez não ficou fazendo nenhum simulação maluca para se caso a coisa desse errado, dessa vez só me preparava para realmente chegar perto dela e falar alguma coisa.
"Não tem como dar errado." Pensei na hora.
E após alguns segundos de enrolação, me desencostei e fui dar o primeiro passo. Mas, algo apareceu que me fez desistir, mas diferente das outras vezes, foi um motivo mais "justificável". Um outro cara chegou perto dela com duas taças de vinho, uma para ele e outra para ela, a garota sorriu, lhe agradeceu e brindou com ele antes de beberem um gole, e logo após isso os dois se adentraram em um beijo caloroso, ou seja, nesse caso foi uma boa eu não ter ido, se tem uma dor de cabeça que não preciso é a de mexer com mulher dos outros. Aliás, parece até que nesse momento uma força divina me impediu de fazer essa besteira (rs).
De qualquer forma, depois que me desencostei da parede avistei um banco vago, então aproveitei que já tinha me movimentado mesmo e fui me sentar lá, felizmente, o banco estava em um local longe de qualquer tipo de "infortúnio", ou seja, nenhum casal ou pessoa bêbada por perto.
Me sentei um pouco e comecei a olhar para o céu, não que tivesse algo de interessante, muito pelo contrário, nem sequer estava estrelado, mas sei lá, apenas quis olhar (rs). Fiquei alguns minutos olhando para o nada procurando não sei o que, e nesse mesmo tempo me perguntava o que raios eu ainda estava fazendo ali.
"Vai pra casa, seu idiota!" Pensei comigo mesmo.
Pouco depois, um grupo de quatro pessoas apareceu pelas proximidades de onde eu estava, eram eles três garotas e um rapaz. O cara e uma das meninas que vestia um vestido dourado aparentavam ter exagerado na cota do etílico, e vale ressaltar que os dois estavam com uma taça (provavelmente de vodka) nas mãos. Enquanto as outros duas meninas aparentavam estarem sóbrias, mesmo a que usava um vestido branco também estar com uma taça em mãos (e não, o rapaz não aparentava ser namorado/ficante de nenhuma delas).
Mas alguns minutos depois, o que me chamou a atenção foi a garota de cabelos morenos, de vestido vermelho e cabelos lisos (e sem taça na mão) que por alguma razão, aparentava estar me olhando, foi em um momento em que ela ficou sem prestar atenção nas merdas que os amigos dela estavam falando.
Talvez fosse impressão minha, mas ela parecia estar olhando para mim, na mesma hora fiquei meio sem graça e tentei não ficar encarando muito, mas de vez em quanto quando percebia que ela tinha desviado o olhar, eu voltava a dar uma olhada nela. Ela era muito linda, sério, acho que a mais linda que já tinha visto naquela festa até aquele momento, quando tive a chance reparei nos olhos dela, eram azuis, o que realçava a sua beleza ainda mais, e claro, com isso mais uma vez uma voz na minha cabeça falava:
"Vai lá, cara!"
Por ela estar com os seus amigos (e eles não estarem em seu estado normal) fiquei acanhado, pra variar, enquanto isso a gente continuava com a nossa "troca de olhares" (se é que ela estava realmente reparando em mim). Olhei atrás de mim para garantir se ela não olhava na verdade para alguém que estava na mesma direção que eu estava, e bom, haviam dois rapazes que estavam atrás de mim não muito longe dali conversando, o que parecia ser um papo bastante "cabeça", mas de qualquer forma isso me deixou um pouco mais paranoico, já que a garota podia estar na verdade olhando para um deles.
Mas não sei se era impressão minha, mas parecia que sempre que eu olhava para ela, a menina parecia desviar o olhar e tentar disfarçar que na verdade estava observando outra coisa, enquanto isso, seus amigos pareciam gargalhar fortemente com alguma coisa que estavam conversando.
"Deixa de ser besta e vai lá falar com ela, porra!" Pensei comigo mesmo.
Nesse momento comecei a tremer como um porco, estava quase conseguindo coragem para fazer isso, chegando a até quase me levantar para ir em direção dela, mas claro, hesitei, nesse caso ainda sem razão aparente. Tornei a me sentar e continuei pensando, aliás, esse era o meu problema, pensar demais.
Ainda mais, a mão tremendo não ajudava em porra nenhuma.
"Como eu queria que essa merda não ficasse tão evidente." Pensei.
Até que finalmente aconteceu novamente, minha cabeça criou mais numa simulação. Nela, eu tomava coragem e ia falar com ela, chegava e a cumprimentava educadamente, e ela me respondia da mesmo forma, e aos poucos, com dificuldade e tremendo que nem um puto, começava a tentar a puxar assunto com a menina, indo pelo básico, perguntando se tava tudo bem, o nome, e tals. Até que chegava o momento em que eu dizia que estava ali observando ela e percebia que ela fazia o mesmo, não sei se era a melhor coisa pra se falar, mas era o que tinha em mente, sendo que ai ela dizia que eu entendia errado e que na verdade não estava me observando, e sim, as flores que estavam logo atrás de mim.
Sendo assim, eu pedia desculpas para ela pelo incômodo e me retirava, enquanto os amigos delas bêbados riam da minha cara por conta disso e me zoavam pelas costas, e de novo, me vinha aquele maldito pensamento dizendo "Ela é linda demais, claro que não estaria reparando em alguém como você". E adivinhem só? Isso foi o suficiente para me fazer desistir.
Depois de pensar nisso tudo, me levantei dali, e sem olhar pra trás, voltei para o lado de dentro da casa (mesmo tempo que descobri que as outras duas garotas que estavam lá eram um casal e tinham acabado de se beijar), sendo que dessa vez eu finalmente tinha decidido que era a hora de ir para casa.
Cheguei na mesa e comecei a me despedir do meu pai, da namorada dele, e depois fui procurar a minha irmã pra me despedir dela também, apenas peguei meu paletó e minha gravata que estavam pendurados na cadeira, comi uns últimos docinhos e fui embora pegar um táxi.
Felizmente, haviam táxis livres bem no portão da casa, então não foi necessário esperar muito. Entrei em um e pedi para que ele me levasse para casa, percurso esse que durou 15 minutos e custou uns 20 reais.
Quando cheguei em casa, enquanto me livrava daquela roupa para tomar um banho antes de ir dormir, fiquei pensando em todas as situações da noite em que eu podia ter tomado uma inciativa com alguma garota, e claro, comecei a me sentir um bosta por conta disso, principalmente por causa da última.
Com isso, concluía mais uma vez que precisava parar de cair nessas malditas peças que minha mente me pregava nessas horas, precisava parar de ficar me auto-boicotando, precisava parar de ficar me protegendo demais, porque ao mesmo tempo que fazia isso, eu me privava de muitas coisas na vida, muitas coisas boas, pra falar a verdade. E após tomar um banho, fui dormir pensando se as coisas teriam dado certo se eu tivesse tentado, que é simplesmente uma das piores sensações que podia ter naquele momento.


Brian