quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Uma simples troca de olhares na biblioteca

Antes de começarmos, só para deixar claro, o ocorrido que relatarei a seguir ocorreu há uns 6 meses atrás, ou seja, muito antes daquela festa em que eu e Marina finalmente conversamos pela primeira vez, ou seja, foi uma coisa que ocorreu já faz um tempo, mas só agora decidi falar aqui sobre isso.
Por que desse aviso? vocês vão entender daqui a pouco, mas por agora, é tudo que precisam saber. Mas enfim, comecemos...
Aquela era mais uma semana de provas, e eu, pra variar, tinha acumulado matéria pra cacete e estava desesperado tentando me organizar nos poucos dias que restavam para conseguir estudar pelo menos a maioria do assunto que iriam cair nas provas. E se tem uma coisa que sempre tive problema nessas horas era conseguir me concentrar para estudar em casa, por isso, quando chegava esses períodos de prova eu preferia ficar até tarde na faculdade estudando na biblioteca, pois lá haveriam menos coisas para me distrair do que teriam em casa, e isso já me ajudava muito.
E também pra conseguir dar conta de tudo, precisei deixar algumas disciplinas pra fazer na segunda chamada, enfim, coisas de universitário, muitos de vocês devem me entender bem.
A situação em questão era a véspera da minha prova de jornalismo opinativo, que era uma disciplina a qual eu estava com uma pulga atrás da orelha em relação ao meu rendimento, pois a professora tinha passado um enorme livro para a gente ler e eu não tinha lido nem um terço dele, então, tentava me virar o máximo possível com resumos feitos por terceiros.
Como de praxe, após a aula terminar naquele dia, eu jantei em uma das lanchonetes que tem nos arredores da faculdade e depois me dirigi para a biblioteca para tentar estudar.
Como grande parte do material estava na internet, fui estudar na sala de informática da biblioteca, e por sorte consegui um lugar vago, já que normalmente (principalmente em época de prova) aquilo ali está sempre cheio. Me sentei, abri o arquivo no computador e comecei a estudar sobre os tipos existentes de jornalismo opinativo.
De início, pequenas coisas conseguiam desviar minha atenção, mas aos poucos eu conseguia fazer o assunto fluir em minha cabeça, por isso que pra mim era indispensável fazer anotações ao longo que lia o assunto, isso ajudava a me manter focado e a absorver o conteúdo.
Mas indo finalmente pro ponto principal da história antes que vocês fiquem entediado (rs).
A área de informática da biblioteca é dividida em quatro salas, onde em cada há em certa de 15 computadores cada divididos em baias, e as salas são todas separadas por paredes com vidraças onde dava pra bater olhares tranquilamente com a pessoa que estava na baia a sua frente. Porque essas informações são relevantes? Vocês vão entender agora.
Passado alguns minutos, o cara que estudava na baia em frente a minha saiu, coisa que de início seria irrelevante para mim, se não fosse pelo fato que a pessoa que veio ocupa-la uns 5 minutos era ninguém mais, ninguém menos do que Marina, a garota das mechas azuis.
Naquela época, como já avisei no início desse texto, a gente nem sequer tinha tido uma conversa de forma direta, e eu ainda estava na minha "paixão platônica" por ela, apenas admirando a sua beleza de longe.
Quando ela se sentou na baiar, tentei agir normalmente, por mais que isso fosse um pouco complicado pra mim naquele momento. Não cheguei a ficar nervoso a ponto de ficar tremendo, mas quem olhasse pra mim naquela hora iria perceber uma certa "agitação" minha.
Mas de qualquer forma, tentei esquecer isso e voltar a focar nos meus estudos, afinal, aquilo não mudava o fato que eu teria uma prova difícil pra fazer no dia seguinte. Por um instante até que funcionou, voltei a fazer minha anotações e me foquei mais no assunto, mas havia momentos que era inevitável olhar pra ela, afinal, como ela é linda.
Ao que parecia ela estava tão concentrada no que estava fazendo que nem sequer reparava em mim olhando pra ela, e era bom que permanecesse assim, afinal, o que a coitada pensaria se visse um cara em frente a ela a observando fixamente? Por isso, evitei ficar encarando muito, simplesmente dava uma espiada ou outra e voltava a me concentrar no meu caderno (ou tentar).
Estava mais uma vez fazendo minhas anotações, até que a minha visão periférica acabou captando algo que eu supunha que era a própria Marina olhando para mim, cheguei a olhar rapidamente para confirmar se era isso mesmo ou se eu estava apenas delirando, ao que parecia era a segunda opção mesmo.
Sendo assim, tentei ficar de boas, e falei pra mim mesmo: "Se concentra no assunto, porra".
E assim mais uma vez tentei me focar, mas já estava complicado, porque se qualquer merda costuma de distrair fácil, imagina aquela situação em que eu tinha a impressão que Marina estava olhando pra mim?
E era constante essa sensação, eu evitava olhar muito para não ficar parecendo estranho, mas a vontade de checar me matava por dentro, e por um bom tempo fiquei nessa frescura, entre uma espiadinha ou outra olhava para Marina e tinha aquela sensação de que ela fazia o mesmo comigo, o que na minha cabeça não fazia sentido nenhum.
"Você ta ficando é doido, Brian, isso sim!" pensei comigo mesmo.
"Se concentra nessa merda, senão você vai ta fodido na prova de amanhã" falava pra mim mesmo.
Por alguns minutos isso deu certo, conseguir me focar em saber as principais características de uma resenha e a sua diferença para uma crítica.
Mas mesmo assim, vez ou outra eu dava uma espiada de leve em Marina na esperança que a gente fosse cruzar os olhares, nas vezes em que fiz isso, ela aparentava estar realmente concentrada em seja lá o que estivesse fazendo. Com isso, fiquei menos "alvoroçado" do que estava antes, tanto que consegui estudar melhor.
E assim minutos se passaram, o assunto fluía em minha mente e ficamos os dois cada um cuidando dos seus afazeres.
Até que chegamos em um momento estranho, onde estava finalizando minhas anotações sobre as características de uma resenha e de um texto crítico, quando resolvi dar uma olhada pra frente simplesmente para dar uma respirada, e me deparei com a Marina olhando para mim (e dessa vez eu falo sério). Claro, quando ela percebeu que eu tinha reparado nisso, tentou disfarçar voltou a olhar para o computador, fingi que nada havia acontecido, mas por dentro ri um pouco disso.
No fundo, eu sabia que aquilo poderia significar algo, mas achei melhor deixar quieto mesmo, não estava afim de ficar me remoendo apenas por causa de possibilidades que provavelmente seriam coisas que apenas a minha cabeça inventava, então simplesmente voltei a estudar.
Não vou mentir que criei alguma expectativa e que fiquei pensando nas possibilidades do porquê que ela estava olhando para mim naquele momento, mas como disse anteriormente, evitava ficar pensando muito nisso pra não acabar ficando com as minhas paranoias de sempre.
Mas quem disse que era fácil esquecer isso? Ainda mais sendo eu?
Tanto que acabei voltando a dar aquelas olhadas de leva nela, como se esperasse que nossos olhares cruzassem de novo, o que acabou ocorrendo, mas dessa vez a iniciativa foi minha. Estava a olhando mais uma vez abobado, reparando nas feições de seu belo rosto, até que percebi os olhos dela se direcionarem a mim. Rapidamente, voltei a minha atenção ao meu caderno e fiz de conta que nada havia ocorrido, e claro, não faço a menor ideia de qual foi a reação dela, estava constrangido demais para tentar reparar isso. Após isso que não tive mais coragem de dar mais nenhuma "espiadinha", fazendo com que eu me focasse cem por cento agora no conteúdo.
Depois de alguns minutos sem nenhuma "ocorrência" e mais 9 parágrafos de um texto chato pra caramba, ao que parecia, Marina tinha terminado o que ela tinha ido fazer ali e se levantou da baia, um fato que de início não teria nada de demais, se não fosse pelo fato que mais uma vez nossos olhares se cruzaram, e dessa vez ela claramente sorriu pra mim. Involuntariamente, retribuí o sorrido e a vi indo embora, mas apenas depois tinha me caído a ficha do que tinha acabado de acontecer ali.
Uma sensação boa, misturada com uma estranha pra caramba me subiu a mente e fiquei quase 15 minutos pensando naquilo, ou seja, foi inevitável que minha cabeça começasse a criar teoria malucas. Depois disso, simplesmente não conseguia mais estudar, tanto que decidi parar ali mesmo e arriscar fazer a prova com aquilo que tinha conseguido estudar. E como vocês podem imaginar, o ocorrido ficou em minha mente por um bom tempo, e passei a olhar pra Marina com outros olhos quando a gente se cruzava após isso tudo, com os olhos de alguém que esperava ser surpreendido a qualquer momento com algum outro gesto do tipo.
E o resto dessa história, vocês que acompanham meus textos periodicamente devem saber muito bem (rs).


Brian

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Os dramas de ter vinte e poucos anos

Para os que não sabem, exatamente hoje estou completando 22 anos, uma idade que sinceramente não simboliza nada, não é como os 18 em que você atinge a maior idade, ou os 20 que você chega a duas décadas da sua vida, mas enfim.
Nesse ano, a única coisa que foi diferente do aniversário do ano passado é o fato que estou estagiando atualmente em uma assessoria de imprensa (depois de 3 anos e meio de procura), e isso já fazia uns 3 meses mais ou menos.
Bom, de qualquer forma não vou ficar me aprofundando muito nessa parte para a história não ficar muita chata e cansativa, tudo que vocês precisam saber é que eu faço clipagem por lá (rs).
Mas indo ao ponto, naquele dia a única coisa que tive até aquele momento fora do "usual" foi uma pequena festa surpresa que o pessoal do escritório tinha feito para mim, com direito a um bolo de chocolate, claro. Isso sem falar em todas as felicitações que recebi de amigos e familiares ao longo do dia.
E claro, houve uma em específico que fiz questão de guardar bem na memória, que foi a de Marina que foi uma das mais fofas que recebi em todo o dia, mas isso não vem ao caso agora (rs).
Eram 12:30 quando finalmente larguei do estágio e fui em caminho da faculdade, almocei rapidamente (como o usual), me despedi de todos e fui em direção ao elevador. Como o prédio em questão tem apenas três andares (e eu me encontrava no terceiro), o elevador não demorou muito para chegar.
Quando chegou eu logo entrei, apertei para que ele fosse para o térreo, e assim a máquina seguiu o caminho em que foi programada. Ela iria direto para o seu destino se caso uma pessoa no segundo andar não tivesse apertado o botando, fazendo com que a máquina parasse lá para busca-lo.
Quando o elevador parou, entrou nele um senhor que aparentava ter uns 50 anos, ele vestia uma camisa social aparentemente velha, uma calça jeans e um sapato social marrom, o cara entrou no elevador, me cumprimentou, eu respondi e o elevador seguiu seu curso.
Passaram-se poucos segundos de silêncio até o senhor em questão fazer o seguinte comentário:
- A vida é muito corrida, né?
Educadamente, respondi:
- É verdade. - e se tem alguém que sabia bem disso era eu.
- A pessoa normalmente passa mais tempo fora de casa do que em casa, sai de manhã cedo para trabalhar e só volta a noite.
- É, e praticamente não sobra tempo para viver. - comentei.
- É verdade, você só faz dormir quando chega em casa pra poder recomeçar a rotina no dia seguinte né? - disse ele rindo um pouco
- Pois é!
Pouco depois, o elevador finalmente tinha chegado no térreo, e assim, eu e o homem nos despedimos rapidamente e seguimos nossos caminhos.
Mas, acreditem se quiser, por mais simples que essa minha curta conversa com ele tenha sido, aquilo me fez refletir sobre uma coisa que vinha me assustando ao longo dos dias, que é o corre-corre da vida adulta.
Desde de antes de começar a trabalhar que percebi que o tempo passaria a valer ouro para mim e que a sensação de que teria era que o dia passava rápido e que eu necessitaria de mais do que 24 horas por dias e 7 dias por semana para conseguir fazer tudo aquilo que queria e precisava. Mas principalmente, percebi que isso era uma coisa que atingia boa parte dos meus amigos.
Começando com o fato que constantemente eu tentava chamar alguns deles para sair, mas em noventa por cento das vezes eles diziam que não podiam por conta de outras prioridades, e isso ficou tão frequente a ponto de eu acabar desistindo de chamar alguns deles por conta disso, porque a situação já estava ficando muito repetitiva e chata, ao mesmo tempo.
E isso foi só o primeiro ponto. Após eu começar a trabalhar isso se agravou mais, e dessa vez passei a sentir na pele isso que meus amigos estavam sentindo.
Para vocês entenderem bem a minha situação, meu expediente é das seis da manhã até meio-dia de segunda a sexta, isso sem falar nos sábado onde normalmente trabalho das oito até meio-dia, e normalmente largo do estágio direto para a faculdade, que era das uma da tarde até as seis e meia da noite, fazendo com que eu só chegasse em casa normalmente as sete.
No caso, quando eu chegasse em casa, como deveria aproveitar meu tempo livre? Estudando e fazendo os trabalhos das faculdade, certamente, mas, não era isso que ocorria.
Quer dizer, até tentava, mas o problema é que sempre havia algum momento em que eu iria deitar na cama pra descansar um pouco, sendo que, como normalmente tenho sempre chegado morto de cansado em casa (principalmente porque eu acordava as quatro e meia da manhã para poder chegar na hora no trabalho, pra só chegar em casa às sete da noite) toda vez que deito, acabo dormindo de vez e só acordando as quatro e pouca do dia seguinte, ou então no meio da noite para desligar tudo no meu quarto e voltar a dormir, fazendo com que eu não conseguisse fazer nem metade daquilo que precisava fazer. E claro, isso era uma merda pra mim.
Então o que acontecia? Precisava otimizar meu tempo o máximo possível, ou seja, tive que fazer o que meus amigos estavam fazendo comigo, que era recusar saídas para poder dar prioridades para as coisas da faculdade, e infelizmente, eram coisas pra cacete. Estava chegando no ponto que muitas vezes fiquei até tarde na biblioteca da faculdade estudando ou fazendo trabalho, porque se eu voltasse para casa não conseguiria fazer nada porque iria acabar caindo morto na cama.
E ainda tem esse detalhe, eu não consigo mais passar das nove da noite acordado, e mesmo nos meus dias de folga não consigo mais acordar depois de sete e meia, e em pensar que houve uma época da minha vida que dormir de meia-noite para mim era cedo e que só acordava depois das dez. E com isso, eu aparentava sempre estar cansado o dia inteiro.
No fim, minha maior agonia é a sensação de ter muita coisa para fazer e muito pouco tempo para fazê-las, e pior, parecia que ao longo que eu as fazia, elas só aumentavam.
Com isso, aos poucos me dava conta que finalmente tinha adentrado de vez na vida adulta, quer dizer, de vez não, em noventa por cento pelo menos, já que só adentraria nela por completo a partir do momento que começasse a pagar as contas de casa também, o que ainda vai demorar um pouco, mas que não deixa de ser uma realidade próxima.
E chegando aos meus 22 anos tenho me dado conta de que a vida se resumirá a isso daqui pra frente, você não terá mais tempo para viver e terá que se preocupar em apenas trabalhar e pagar as suas contas, e o resto que vier, é lucro.
Isso é uma coisa que me desanima bastante, porque a vida é bem mais do que isso, o problema é que o tempo passa e cada vez menos você terá tempo de aproveitá-la da melhor forma, ela acontecerá ao seu redor e você vai estar ocupado fazendo as suas obrigações, principalmente porque você estará fodido se deixar de fazê-las, porque afinal, o nome já diz, você é obrigado a fazer.
Isso faz qualquer pessoa ter saudade da sua infância, onde a sua maior preocupação era saber com qual brinquedo iria brincar naquele dia, o que me faz refletir sobre mais uma coisa: Em nenhum momento da sua vida você terá tudo, porque quando se é criança (e jovem também), você tem tempo, energia, mas não tem dinheiro; na fase adulta, você tem dinheiro e energia, mas não tem tempo; e quando idoso, você tem tempo e dinheiro, mas não tem energia. Ou seja, é impossível você ter as três coisas.
Com isso, muitas vezes a vontade que dar é de jogar tudo para o ar e não fazer mais nada, mas se caso você o fizer, a vida lhe castigará por isso em um futuro próximo.
E no meio desse caos mental todo, o que lhe sobra é apenas o desespero e a angustia por saber que você finalmente chegou de vez na vida adulta, que ela não é nem um pouco fácil e que ela sugará sua alma aos poucos ate não sobrar mais nada, é triste, mas é a verdade.
Se tem uma coisa que sempre achei é que os 20 e poucos anos é a idade em que a cabeça da pessoa está mais bagunçada, pois é quando a transação da adolescência para a vida adulta é finalmente finalizada e você passa a ser obrigado a encarar as coisas quem nem uma pessoa crescida pela primeira vez. Eu estou chegando ao meu vigésimo e segundo ano de vida e posso confirmar isso muito bem, aliás, não apenas eu, mas também um monte de outras pessoas que tem a minha idade e que estão passando por um momento parecido.
De qualquer forma, o que nos resta é simplesmente seguir de cabeça erguida e enfrentar isso de forma madura, assim como qualquer outro adulto faz, e tentar de tudo para que você chegue em uma situação em que sua cabeça não ficará tão cheia, mesmo que isso demore uma vida inteira para acontecer.


Brian

domingo, 9 de outubro de 2016

O dia que não foi do jeito que eu esperava

Vocês certamente devem se lembrar da Marina, certo? A garota de mechas azuis com quem me envolvi uma vez em uma festa? Pois bem, está na hora de contar para vocês mais um pouco da minha história com ela.
Claro, após aquela ótima noite, certamente passamos a nos falar mais na faculdade, acho que posso dizer que meio que viramos o que muitos chamam de "amigos com benefícios", o que eu preferia chamar de "lance".
No caso, em público nós apenas conversávamos normalmente na maioria das vezes, mas quando o pessoal não via, a gente aproveitava para ficar um pouco nos "amassos". Mas por enquanto, procurávamos não fazer muito alarde em relação a isso.
No geral, estávamos nos dando muito bem, com isso tudo passamos a nos conhecer melhor, e assim, que ela era muito mais do que uma linda garota com belas mechas azuis no cabelo, mas muito mais mesmo, ela era uma doçura de pessoa, isso sem falar que tínhamos tanta coisa em comum, principalmente os gostos musicais.
Mas mesmo tudo indo bem, ainda havia algumas dificuldades, que eram primeiramente o fato da gente só conseguir se falar na faculdade durante os intervalos das aulas, que normalmente duravam apenas 10 minutos, isso sem falar que na maioria das vezes eu largava mais tarde que ela e nem sempre ela podia me esperar. Ou seja, muitas vezes já ocorreu de nós dois irmos para a faculdade, mas não termos oportunidade para se ver.
E outra coisa que me atrapalhava muito, era quando ela estava junto com o pessoal dela, isso porque como vocês bem sabem, eu tenho um problema muito grande de timidez, e como não conheço ninguém da turma da sala dela, fico muito acanhado para ir falar com Marina quando ela está com eles, só conseguindo dar um aceno na maioria das vezes. Isso me frustrava bastante, porque me doía passar um dia todo sem falar com ela, e isso frustava Marina também.
Mas, fato é que queríamos mesmo é ter um bom tempo sozinhos, e vocês imaginam para que, mas raramente acontecia, e da mesma forma sempre tentávamos marcar para fazer algo, mas uma coisa que atrapalhava é que Marina era bastante ocupada nos fim de semanas. Mas por incrível que pareça, isso não nos desanimava.
Era complicado, mas também não era impossível, No fim, sempre conseguíamos dar o nosso jeito, mesmo que a gente ficasse a sós apenas por alguns minutos do dia, isso para nós já valia de alguma coisa.
Houve um dia que tivemos sorte, pois um professor dela tinha faltado e o me tinha liberado a minha sala para uma palestra que teve no dia que eu não estava nem um pouco interessado em ver, e claro, aproveitamos a oportunidade para se encontrar e ter um tempo apenas um com o outro.
Inicialmente, nos encontramos na frente do prédio onde ficam as nossas salas, quando isso ocorreu, fomos um pouco mais discretos, dando apenas um abraço um no outro, depois, quando nos afastamos um pouco do fluxo de pessoas e nos dirigimos para o gramado do campus, ficamos um pouco mais a vontade. E quando eu digo "a vontade", eu quero dizer que não esperamos muito tempo para começarmos a se beijar.
Já fazia um tempo que não conseguíamos todo aquele tempo para ficamos sozinhos, e foi bom também para por um pouco mais o papo em dia (mais do que conseguíamos fazer através das redes sociais normalmente), o que claro, foi uma maravilha para nós dois.
Enquanto conversávamos sobre as coisas do nosso cotidiano, aproveitei a chance para perguntar:
- Ei Marina!
- Diga.
- Me responde uma coisa...
- O que?
- Quando a gente vai sair juntos, finalmente?
Ela riu baixo, e disse:
- Logo, assim espero.
- O que impede de ser esse fim de semana? - Perguntei
- Bom... - começou ela - no sábado é o meu curso e minha ida para a casa da minha avó, e no domingo pode ser que der pra gente sair.
- Por que "pode ser"? - perguntei
- Porque talvez o pessoal lá da sala marque algo pra fazer. - falou ela parecendo um pouco receosa em falar aquilo pra mim.
- Ah... Ok... - falei um pouco decepcionado.
- Desculpa...
- Relaxa, Mari, precisa se desculpar por nada não, - falei a abraçando mais forte.
- É que você já sugeriu tanto da gente sair e toda vez tinha algo que me impedisse ou te impedisse, chega to me sentindo mal por não poder ir nesse fim de semana.
- Relaxa, fofa, não é culpa sua.
- Eu sei que não, mas me sinto assim da mesma forma.
Nesse momento, a abracei mais uma vez e dei um beijo no seu rosto, ela retribuiu, mas ainda com aquele ar de tristeza por causa do que tínhamos acabado de conversar. Com isso, após alguns segundos calados, ela simplesmente puxou meu rosto em sua direção e me deu um longo beijo, como se aquilo estivesse sendo uma forma dela me pedir desculpas.
Eu, claro, não reclamei (rs).
Depois de mais alguns minutos sem nenhum dos dois falarem nada, Marina falou:
- Mas, podemos fazer o seguinte...
- O que? - perguntei
- Você se incomodaria em sair comigo e o pessoal da minha sala?
- Err... não. - falei meio sem pensar direito.
- Ah, então se o pessoal marcar de sair no domingo, você iria comigo?
- Se eu não for nenhum incômodo...
- Ah, deixa disso, não seria incômodo nenhum, muito pelo contrário.
- Certeza?
- Claro, o pessoal vai gostar de você, e você, deles.
- Ok então, se você está dizendo, então eu acredito.
Ela deu uma leve risada eu falar aquilo e nos beijamos mais uma vez.
De início aquilo parecia uma boa ideia, mas daqui a pouco vocês vão ver que o resultado não foi lá muito bom no fim das contas, mas, para quem não tava conseguindo marcar nada com a garota com quem tinha um "lance", aquilo já era um bom começo.
Claro, fiquei satisfeito naquele momento por a gente ter chegado nesse consenso, mas, vocês verão agora qual foi o resultado disso.
No fim daquele mesmo dia, após termos ido para as nossas respectivas casas, Marina me confirmou pelo celular que os amigos dela confirmaram uma ida ao Parque Dona Lindu para simplesmente se juntarem, jogar conversa fora, e beber, claro.
Aproveitei e perguntei para ela se algum de opôs a minha ida com eles, e segundo Marina, eles disseram que eu estava mais do que bem-vindo para me juntar ao grupo, o que já me deixou satisfeito por um momento.
Passaram-se os dias, a rotina do cotidiano foi seguindo, até finalmente o domingo chegar. Vou confessar que estava feliz com aquilo, mas ao mesmo tempo estava inseguro, isso porque eu estaria em um local onde não conhecia basicamente ninguém, e normalmente quando isso ocorre o resultado é sempre o mesmo, que é eu ficar lá sentado com cara de tacho sem saber como interagir com o pessoal, mas, provavelmente Marina iria me ajudar com isso, pelo menos eu supunha.
O encontro estava marcado para as duas e meia tarde, e eu, com a minha pontualidade de britânico, saí as uma e meia da tarde de casa (também pelo fato que o parque era consideravelmente longe da minha casa), e com todo o percurso que durou em torno de meia hora, cheguei no local por volta das duas da tarde. Se alguém já tinha chegado antes de mim, não fazia a menor ideia, a única certeza que tinha era que Marina ainda ia sair de casa, o que já era a primeira coisa que deu errado naquele momento.
"Era pra eu ter esperado ela sair de casa antes de vir". Pensei
Mas já era tarde demais, o que me restava era pergunta pra ela quem seriam as pessoas que eu possivelmente encontraria por ali. Ela me falou alguns nomes e me mandou algumas fotos, o que já ajudava em algo, principalmente porque alguns eu via direto andando pela faculdade, mas também não era o suficiente, já que não teria coragem de chegar lá simplesmente me apresentando pra alguém com quem nunca troquei uma palavra antes.
Que foi exatamente o que aconteceu, andando pelo parque vi um dos cidadães que Marina me falou já no gramado do parque, lembro bem que o nome dele era Eduardo, mas quem disse que fui lá falar com ele? Preferi ficar sentando em um banco fazendo nada esperando o tempo passar, ou melhor, esperando Marina chegar.
Enquanto ela não chegava, vi o resto do pessoal chegando aos poucos, mas ainda assim preferi aguarda-la para tornar as coisas mais fáceis para mim, com isso, a minha impaciência só aumentava, me fazendo inclusive pensar em voltar para casa.
Após quarenta minutos desde a hora que cheguei, Marina finalmente chegou. Avistei logo próxima a entrada do estacionamento do parque, e quando a vi, fui em sua direção.
Quando nos aproximamos o suficiente, nos dermos um forte abraço e um rápido beijo, e então depois de usar a demora do ônibus como justificativa para o seu atraso (quando na verdade tinha sido a sua demora para se arrumar), ela me perguntou:
- O resto do pessoal já chegou?
- Sim! - respondi
- Então já os conheceu?
- Errr... Não exatamente...
- Como assim?
- É que... - não sabia como explicar aquilo - você sabe... é...
- Não me diga que ta com vergonha?
Apenas dei aquele olhar confirmando o que ela tinha acabado de me perguntar, e ela, claro, riu.
- Deixa de ser bobo. - disse Marina
- Eu juro que tento. - falei
- Vamos lá que eu te apresento pro pessoal.
- Ok então!
E assim, fomos até o pessoal, chegando lá, Marina primeiramente cumprimentou todo mundo que estava presente um por um (e eram uns sete, se não me engano) e depois me apresentou de uma forma geral para todo mundo. Gentilmente, cumprimentei todo mundo de forma geral, e da mesma forma, eles responderam ao meu cumprimento.
Após isso, todos nos sentamos na grama onde a conversa (que havia sido interrompida por causa de mim e de Marina) teve sua continuidade. E foi a partir daí, para mim, foi só ladeira abaixo, e vocês entenderão o porquê.
A coisa já começou exatamente do jeito que imaginava, com todo mundo conversando normalmente e eu ali sobrando sem saber o que fazer, e Marina, como também já imaginava, estava mais entrosada com o resto, afinal, eram os amigos da sala dela. Pouco depois chegou o resto do pessoal (que eram uns quatro) com as bebidas, ou seja, a partir daí, já não sabia mais o que estava fazendo ali.
Eu, como vocês já sabem, não bebo, mais uma coisa que me fez sobrar ali naquele meio. Marina não era muito de beber também, mas de vez em quando ela bebia "socialmente", e claro, aquela foi uma das situações para isso.
O pessoal conversava sobre diversos assunto dos quais não tinha a menor familiaridade para dar qualquer opinião possível, e isso sem falar que mesmo que tentasse, acharia que estaria me "intrometendo".
O que mais me incomodou na verdade, foi o fato de estar do lado de Marina, mas ela parecia que não se esforçava para me incluir no assunto, pode até ser paranoia minha, ou até frescura mesmo, mas era a sensação que eu tinha. Apesar disso, também tinha consciência de que não podia cobrar isso dela, afinal, eu também poderia entrar na conversa tranquilamente, mas ainda assim pra mim isso não era uma coisa fácil, principalmente porque eles falavam de um assunto que não conheço bem, que no caso, era sobre algum evento que eles tinham ido na semana anterior.
Mas, não era apenas isso que me incomodava. Como já foi dito anteriormente, a principal razão de estar ali era porque queria estar perto de Marina, o que eu estava, mas não do jeito que realmente queria, se é que vocês me entendem.
Fato é que não fazia a menor ideia se o pessoal ali sabia do nosso "lance", ou se Marina queria que eles soubessem, tanto que por isso a gente foi mais discreto na presença deles, e nem sequer havia algum sinal vindo dela que ela queria que fosse diferente disso naquele momento, e também não questionei, pois não queria ser chato e nem nada. Mas, claro, aquilo me matava por dentro, mas tentei relevar isso por alguns instantes, mesmo que fosse difícil.
Por estar quieto demais, houve momentos que tanto Marina quanto os outros presentes questionaram o porquê que eu estava quieto. Falei que não era nada, que só achava que não tinha nada a comentar, e era nesses momentos que eles tentavam me incluir na conversa também, o que funcionava apenas momentaneamente, depois tudo voltava para o jeito que estava antes.
Bom, pelo menos houve tentativas.
O pessoal além de ter levado bebidas, também levou algumas coisas para comer, que timidamente aceitei algumas. Foi quando percebi que Marina começou a ficar incomodada com o fato de eu estar quieto demais, tanto que ela perguntou mais uma vez se estava tudo bem comigo, e de novo, confirmei, apesar de ela não engolir.
Foi a partir daí que ela tentou puxar conversa exclusivamente comigo, perguntando sobre como tinha sido meu sábado (podia ter perguntando sobre qualquer outro dia, porque aquele sábado tinha sido o mais puro ócio). Até falei com alguns detalhes, mas realmente não tinha acontecido muita coisa interessante naquele dia, aproveitei pra fazer a mesma pergunta, e ela disse que tinha sido um dia bem puxado no curso e que o clima na casa da avó não ficou muito bom por causa do tio dela que acabou se estressando por causa de um assunto particular que ela não quis comentar, e claro, não forcei a barra.
E enquanto conversávamos, percebi entre os presentes alguns cochichos em nossa direção, o que me incomodava profundamente, se tem uma coisa que sempre odiei é que as pessoas façam cochichos sobre mim pelas minhas costas. No mais, tentei ignorar aquilo. Na verdade, até pensei em comentar sobre aquilo com Marina, mas achei melhor deixar para lá.
Após conversar um com o outro, a coisa voltou para a sua normalidade, ou seja, para a chatice.
Dali pra frente a minha interação com o resto do pessoal voltou para a estaca zero, tirando algumas poucas vezes em que falei algumas coisas não muito relevantes, mas foi apenas isso mesmo. E assim o tempo foi passando (vagarosamente) e aquilo não ficou divertido, eles continuavam falando de coisas das quais não me identificava e ainda sentia como se minha presença ali fosse irrelevante. Isso sem falar quando me dei conta que Marina se divertia bem mais do que eu.
É, realmente não sabia o que estava fazendo ali no fim das contas.
Eram quase quatro e meia da tarde, e eu já começava a considerar em ir para casa, mas ainda não tinha coragem de falar isso pra Marina, que pouco depois, deitou a cabeça em meu ombro e começou a fazer carinho na minha mão, o que me serviu de desculpa para ficar mais um pouco, aquilo tinha me tranquilizado um pouco.
Após mais um tempo e mais umas tentativas de me entrosar, Marina falou:
- Ei Brian, vou ali comprar uma água, tu me acompanha?
- Claro! - falei sem nem pensar duas vezes.
Ela avisou a todos disso e assim fomos, mas não deixei de reparar no pequeno burburinho que fizeram enquanto nos levantávamos, mas dessa vez relevei.
Fomos em direção de um ambulantes que vendia água, ela comprou uma garrafa e me ofereceu um gole, mas eu recusei.
- Brian, me responde uma coisa...
"Lá vai" pensei
- Você ta se divertindo? E seja sincero.
Eu não sabia se seria uma boa ideia falar a verdade, mas resolvi falar assim mesmo.
- Veja... sendo cem por cento sincero... - respirei fundo, e falei - ta foda, não to conseguindo me entrosar com o pessoal e por isso, ta chato.
- É, to percebendo. - disse ela
Não gostei muito do tom em que ela falou aquilo.
- Desculpa, fofa. - falei
- Relaxa, não tem o que desculpar, eu até temi que isso acontecesse.
Após alguns segundos com os dois em silêncio, Marina falou:
- Aliás, eu que te devo desculpa.
- Que isso, você não me deve nada. - falei
- Mas me desculpa, de qualquer forma.
- Já falei, Mari, tem nem o que desculpar. - falei abraçando ela
- Tem sim, além de tudo não te dei muita atenção agora, to me sentindo mal por isso.
- Tudo bem, você tá com seus amigos, é compreensível.
- Muitos no seu lugar não diriam isso.
Isso era verdade.
Aproveitamos o momento, claro, para nos beijarmos, coisa que só tínhamos conseguido fazer quando ela chegou.
- Sabe o que devíamos fazer? - disse ela
- O que?
- Nos afastar um pouco deles, e aproveitar um pouco o tempo sozinhos.
- Mas...
- Já já vai tá todo mundo tão bêbado que não vão sequer reparar na nossa falta. - disse ela antes que eu pudesse falar qualquer coisa.
- Ok então!
Mas, antes de nos afastarmos em definitivo do grupo, aproveitei para perguntar:
- Só me responde uma coisa...
- Diga!
- Eles por acaso sabem do que rola entra a gente?
- Alguns sim e outros não, mas, o que isso importa agora, né?
Apenas concordei com a cabeça e a acompanhei até o outro lado do parque, onde nos sentamos em um banco aproveitando a presença um do outro (entendam como quiserem).
Demoramos ali mais do que imaginava, cheguei até a pensar se os outros estavam se perguntando aonde a gente tinha se metido, ou provavelmente já tinham sacado o que a gente foi fazer, mas isso realmente não me importava. O tempo em que ficamos juntos, para mim, compensou todo aquele tempo em que fiquei no ócio ouvindo a conversa fiada do pessoal, e fez com que aquele dia no fim tivesse valido a pena.
Chegamos a voltar para junto do pessoal, quando voltamos, muitos deram "aquele" olhar para nós, sendo que pouco nos importamos com isso, tanto que estávamos de mãos dadas, finalmente, e então, voltamos a nos juntar a eles, continuando tudo da mesma forma que estava antes. Mas não ficamos muito tempo, eram quase seis da noite e Marina não queria chegar muito tarde em casa, ela decidiu ir naquele momento e eu aproveitei para acompanha-la, decidimos que iríamos rachar um táxi.
Pegamos um logo na entrada do parque (o que não faltava por ali era táxi) e seguimos nosso caminho, iria antes de tudo deixar Marina em casa para depois eu seguir para a minha.
Após o carro dar partida, ela me perguntou:
- O que achou do pessoal?
Então respondi:
- Parecem ser boas pessoas, falo isso com toda sinceridade.
Ela deu uma leve risada e aceitou o que eu tinha dito com um forte abraço.
- Obrigada por vir, e desculpa qualquer coisa.
- Que isso, menina. - respondi também com um forte abraço.
E após alguns selinhos, ela falou:
- Próximo fim de semana, prometo que tiraremos um dia só para nós dois, certo?
- Certíssimo... - respondi
Nos beijamos mais uma vez, e depois perguntei:
- O que tem em mente?
- Bom... Essa é uma boa pergunta...
Ficamos alguns segundos calados pensando em uma resposta, enquanto isso, a noite já tinha caído por completo em Recife, e a lua já brilhava com todas as suas forças.
- Que tal um cinema? - era a coisa mais óbvia que eu conseguia pensar.
- Pode ser! - concordou ela.
E assim foi combinado e selado com um beijo.
Tendo isso tudo sido decidido, pouco depois o táxi deixou Marina em sua casa, eu até tentei me responsabilizar pelo valor da corrida dela, mas ela não deixou, fez questão de pagar a parte dela. Nos despedimos e dali segui em direção a minha casa.

Brian

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Uma conversa com o Brian de 13 anos

Uma coisa que está na moda hoje em dia nas redes sociais são as chamadas "correntes", as do tipo "curta que direi o que acho de você anonimamente", ou coisas do tipo. Mas nesse caso em específica, vi uma que me chamou bastante a atenção, que era "o que você falaria para o 'fulano' de x anos de idade?", no caso, alguém lhe dava uma idade e você falaria o que diria para o "você" daquela idade.
Eu normalmente costumo participar dessas coisas, por mais besta que elas pareçam, ai no caso, a idade que me deram foi 13 anos. E assim, postei em minha linha do tempo o que eu falaria para o Brian de 13 anos de idade.
O que são essas coisas? Vocês descobrirão daqui a pouco.
E o que achei mais interessante nisso tudo foi a quantidade de pessoas que curtiram isso que postei, provavelmente porque se comoveram com o que eu disse.
Por coincidência do destino (ou não), na mesma noite em que fiz essa postagem, acabei tendo um sonho um tanto que peculiar que tinha a ver com o assunto.
Diferente da maioria das histórias que conto aqui que envolvem algum sonho inusitado que tive, dessa vez, fui dormir com a mente tão leve quanto uma pena no meio de uma tempestade chuvosa, exatamente nada me incomodava por dentro naquele momento. Na ocasião, não demorei muito para entrar em sono profundo, eram quase meia-noite e eu estava muito cansado, isso sem falar que cada vez mais meu sono chegava mais cedo do que normalmente chegava (antes, meia-noite para mim era cedo).
Após pegar no sono, passaram-se alguns minutos (não sei dizer ao certo quanto, já que a noção de tempo dos sonhos é muito diferente da realidade), até que de repente, eu me encontrava no meio de um pátio, mas não de um pátio qualquer, aquele era um local que conhecia bem, aliás, muito bem.
Aquele era o pátio do meu terceiro colégio (dos 4 em que estudei antes de ir para a faculdade), sendo esse o qual onde tive os piores anos da minha vida por conta de questões de bullying (e também outros fatores, fossem eles escolares ou não).
O local se encontrava vazio no momento, o que para mim era estranho, já que era acostumado a ver aquele lugar cheio de crianças e adolescentes, e ao mesmo tempo aquilo era um pouco assustador, já que lugares vazios costumam a ser sinistros, independente da hora do dia.
Comecei a andar um pouco por ali a procura de alguma alma penada, aliás, ainda estava tentando achar um significado para aquilo. Mas realmente o local estava completamente deserto, parecia até que tinha sido abandonado por conta de uma catástrofe nuclear. Ao poucos andava pelo pátio e via o playground, a piscina, a quadra, o campo de futebol, o prédio, os corredores, e etc.
Quanto mais andava, mais tinha certeza de que não havia ninguém ali, a única coisa que ouvia era o som do vento batendo nas folhas das árvores.
Mais a frente, encontrei a cantina do colégio, que claro, estava vazia, mas por incrível que pareça, as suas barracas estavam abertas e com comida dentro. E logo ao lado, via-se o ginásio.
Adentrei na cantina e fiquei olhando barraca por barraca na esperança de encontrar alguma coisa interessante, e com isso, fui lembrando das vezes em que enfrentava longas filas para comprar um lanche por ali.
Após dar uma volta pelo local, passei pela barraca de churros e comecei a rir por conta da lembrança que tive de Roger (o único amigo que tive naquele inferno) quando ele teve a proeza de deixar uma nota de dois reais cair dentro do óleo de fritura da barraca, o que o deu uma bela dor de cabeça naquele dia. Ria bastante disso, até que de repente...
- Brian! - Ouvi uma voz gritar atrás de mim
Claro, tomei um puta susto na hora, antes disso tinha certeza de que estava sozinho por ali.
Olhei para trás assustado, e vi que não era ninguém mais, ninguém menos do que a minha consciência ali sentado em uma das mesas comendo um sanduíche.
- Tu brotou do inferno, foi? - perguntei - não te vi chegar.
- Posso até ter "brotado", como você diz... - falou minha consciência - mas foi de qualquer canto, menos do inferno, isso te garanto. - completou dando mais uma mordida no sanduíche. - aliás, por favor, sente-se!
E assim o fiz.
Após me sentar, ficamos ali por alguns minutos simplesmente olhando para a cara um do outro, quer dizer, pelo menos eu olhava para a cara dele, já minha consciência estava ocupado demais se deliciando com o seu hambúrguer double cheedar, e isso estava me fazendo perder a paciência.
- Você vai realmente me fazer perguntar? - falei
Minha consciência engoliu o pedaço que tinha mordido, e disse:
- Engraçado, Brian, já faz um tempo desde que começamos a nos falar, e ainda assim você parece que não se acostumou com o jeito que as coisas funcionam comigo.
- To cagando e andando para isso, só quero explicações claras do porquê que estou aqui.
- Calma, você está muito nervoso, deixe eu terminar de comer pelo menos. - falou ele dando um sorrisinho
Aquele senso de humor chato dele me irritava profundamente, e ele sabia disso, tanto que era por isso que ainda fazia essas coisas, ele se divertia quando me via tendo vontade de pular em seu pescoço nessas horas.
Esperei (não muito pacientemente) ele terminar o seu lanchinho, o que até que foi rápido, e quando assim o fez, ele falou:
- Double cheedar é realmente uma invenção dos deuses.
Então eu disse impaciente:
- É, realmente, mas agora podemos ir logo para o que interessa?
- Brian, Brian, tenho fé que um dia você vai melhorar essa sua paciência.
Simplesmente ignorei aquilo que ele disse.
- Bom... - falou minha consciência - antes de tudo me responda uma coisa... - o ouvi atentamente - sabe as vezes que você sabe que sonhou com algo, mas no momento em que acorda, não lembra com o que foi?
- Sim, sei... - respondi - mas o que isso tem a ver com o que vim fazer aqui?
- Calma, cara, deixe de sua agonia. - suplicou minha consciência.
- Desculpe! - falei
Minha consciência ficou surpreso com o fato de eu ter me desculpado, não era uma coisa muito comum de acontecer.
- Tudo bem! - falou ele um pouco desconfiado.
Então continuou:
- E sim, essa pergunta tem tudo a ver com o que você veio fazer aqui.
Dessa vez esperei ele concluir antes de falar qualquer coisa.
- Pois, sabe a postagem que você fez hoje sobre "o que você falaria para o Brian de 13 anos"?
- Sim! - respondi
- Você está prestes a concretizar isso.
Fiquei surpreso com aquilo, e perguntei:
- Como assim?
Então minha consciência se levantou, e disse:
- Me acompanhe.
Sendo assim, me levantei junto com ele, e me surpreendi porque não foi preciso caminhar para nenhum local do colégio. Minha consciência tinha acabado de nos teletransportar para a arquibancada do ginásio, e lá dentro, algumas fileiras mais a frente, se encontrava sentado um garoto, que aparentava estar bastante triste com alguma coisa, apesar de não chegar a chorar. Foi então que falei:
- Por acaso, aquele garotinho sentado é...
- Sim, é você com 13 anos! - respondeu minha consciência antes que eu tivesse a chance de completar a frase.
Eu estava sem palavras no momento, como já não fosse estranho o suficiente falar com uma pessoa que se utilizava da minha fisionomia e aparência (minha consciência), agora estava olhando para mim mesmo 8 anos mais jovem.
- Pode parecer uma pergunta meio besta, mas, o que aconteceu para ele estar triste desse jeito?
- Você não lembra? - perguntou minha consciência
- Refresque minha memória.
- Você é esperto, vai se lembrar.
- Sério mesmo que você vai fazer isso comigo agora? - questionei
Minha consciência suspirou fundo, e disse:
- Tá bom, lhe darei uma simples dica então... - eu o ouvia atentamente - lembra quando há 8 anos atrás você teve aquele problema com um babaca que vivia enchendo seu saco da ali na quadra? Onde vocês dois acabaram saindo na porrada?
Pensei um pouquinho, e lembrei.
- Sim!
- Pronto, foi exatamente depois disso.
Me lembrava muito bem daquele dia, infelizmente.
- Mas cara, me responde uma coisa... - falei
- Diga!
- Quando eu tinha 13 anos, eu tive esse conversa que provavelmente terei com ele, né?
- Tá vendo? Eu disse que você é um cara esperto.
Esperei ele falar mais algo, mas como não veio, continuei:
- Então, se eu não lembro que tive essa conversa, ele também não irá lembrar, certo?
- Certo!
- Então, do que servirá isso exatamente, se ele vai esquecer isso a partir do momento em que acordar?
Então minha consciência respondeu:
- Acredite se quiser, isso o trará tranquilidade e ele acordará com a mente mais leve, mesmo não lembrando de nada.
Ainda não estava muito convencido de que aquilo seria útil em algo.
- Mas, o que eu poderia falar pra ele?
- Ué, você não fez a tal postagem lá? Então você sabe muito bem o que dizer. - falou ele - mas, só um aviso básico.
- O que?
- Fale do futuro dele de forma indireta, ou seja, não dê nenhum "spoiler" do que irá acontecer na vida dele nos próximos anos.
- Mas ele não vai esquecer de que tivemos essa conversa?
- Sim, mas mesmo assim, não é bom correr o risco, se ocorrer dele se lembrar disso e você contar algo do tipo para ele, o coitado pode enlouquecer.
Respirei fundo, e então disse:
- Ok então, vou lá.
Minha consciência não falou mais nada, apenas ficou observando.
Enquanto me aproximava no "mini-Brian", reparei com o fato que mesmo eu e minha consciência estando ali há alguns minutos conversando, ele pareceu não reparar na nossa presença. E outro detalhe curioso que percebi foi o local onde eles estava sentado na arquibancada, que era o local exato onde havia acontecido o meu primeiro beijo da vida com ma garota que eu gostava na época, exatamente quando tinha 13 anos.
Realmente, aquele era o melhor cenário para alguém tentar esquecer os problemas, o exato local onde teve uma das melhores lembranças de sua vida.
- Oi garotinho! - falei quando me aproximei o suficiente.
Ele olhou para mim assustado, e disse:
- Oi... - em um tom um pouco desconfiado.
E tenho que confessar, era muito estranho eu estar olhando nos meus próprios olhos com 13 anos.
- Tudo bem com você? - perguntei mesmo sabendo a resposta
- Não sei, acho que não. - provavelmente ele ainda não confiava em mim.
- Posso me sentar aí com você?
- Fica a vontade.
E assim o fiz.
Ficamos alguns segundos falando absolutamente nada, eu olhava pro garoto, e ele olhava apenas para o chão, uma mania que sempre tive quando tinha vergonha de olhar nos olhos de alguém que não conhecia.
De qualquer forma, também não queria forçar a barra, aliás, se tinha alguém que sabia muito bem o que se passava na cabeça daquele garotinha era eu.
- Desculpe perguntar, mas, eu te conheço de algum lugar? Porque seu rosto me é muito familiar. - disse ele olhando para mim finalmente.
Me segurei para não rir daquilo, mas que a situação era muito engraçada, isso era.
- Olhe um pouco melhor. - respondi
E assim ele fez, mas ainda com um ar de confuso.
- Ainda não consigo lembrar.
Eu respirei fundo, e disse:
- Olhe os seus traços, e depois olhe os meus.
Ele pegou o seu celular e se olhou no reflexo da tela, e após isso, olhou para mim comparando consigo mesmo.
- Você é muito parecido comigo.
Dessa vez não consegui segurar o riso.
- Vai parecer um pouco assustador quando eu falar, mas, eu sou você daqui a 8 anos.
Ele ficou surpreso após eu falar isso.
- Mas, como assim? O que tá acontecendo? Que porra é essa?
(Sim, desde essa idade eu já era boca suja)
- Caso não tenha percebido ainda, você está sonhando. - falei
- Ah... - falou ele - agora tudo faz sentido.
Mais uma vez, eu ri da situação.
- Então... - continuou ele - se você sou eu com... - Ele deu uma rápida parada para fazer as contas, típico de mim - 21 anos, me responde uma coisa... - já imaginava o que ele iria perguntar - eu reprovei alguma vez no colégio até aí? Que faculdade vou fazer no fim das contas? Finalmente tive uma namorada? Eu vou sair desse inferno de colégio?
Quando ele finalmente parou de falar, respondi:
- Essas são perguntas as quais eu não estou autorizado a lhe responder.
- Por que? - perguntou o mini-Brian decepcionado.
- Ordens superiores. - falei apontando para a minha consciência que apenas nos observava de trás da gente.
Ao que pareceu, diferente de mim naquela hora, o mini-Brian não via mais ninguém ali além de nós dois, mas provavelmente preferiu ficar calado em relação a isso.
- Há algo que você possa me dizer? - perguntou o garotinho
- Sim, há... - respondi - mas algumas delas podem não ser muito agradáveis.
- Sou todo ouvidos.
Respirei fundo, e falei:
- Antes de tudo, digo para você não se preocupar muito com coisas bestas, pois és ainda muito novo, e vá por mim, as dificuldades que você enfrentará agora são fichinhas perto das que você vai encontrar lá na frente... - ele apenas me ouvia atentamente - outra coisa que quero lhe dizer, é para você sempre ter seus estudos em foco, porque sério, seus pais estão certos quando dizem que essa é a sua única obrigação no momento.
Definitivamente, nunca me imaginei falando aquilo pra alguém, ainda mais sendo algo de que sempre reclamei.
- Você é muito inocente, e infelizmente hoje em dia isso é muito mais um defeito do que uma virtude, por isso, tome cuidado, porque muitos vão tentar se aproveitar da sua inocência para te fazer de otário. - dei uma leve suspirada, e continuei - Sobre esses babacas que você costuma chamar de amigos, minha dica é que você se afaste deles, porque na real, nenhum deles liga para você, eu sei que é duro ouvir isso, mas é a verdade.
- Mas, eu não tenho amigos por aqui, e eu não gostar de ficar por aí sozinho.
Nessa hora me deu um aperto no peito ao ouvir aquilo, isso me trouxe lembranças não muito boas.
- Eu sei, infelizmente eu sei. - falei fazendo um cafuné em sua cabeça - sei que pedir isso para você é difícil, sei que você é uma pessoa companheira, mas gaste essa sua virtude com quem realmente merece, porque caso contrário isso, só lhe fará mal.
Ele não parecia muito feliz em ouvir aquilo.
- E sobre os outros babacas que enchem seu saco sempre, incluindo o que você brigou hoje, apenas tente os ignorá-los, porque não vale a pena você gastar suas energias com idiotas do tipo, eles são apenas pessoas dignas de pena que precisam humilhar os outros para se sentirem melhor. - meus olhos começaram a ficar molhados após isso - E outra, saiba o seu valor, tenha amor-próprio, você não é esse bosta que esses filhos da puta dizem que você é, és melhor do que isso, muito melhor!
Nessa hora não consegui mais segurar as lágrimas, e percebi que o mini-Brian também não.
- E claro, seja você mesmo SEMPRE, não mude por NINGUÉM, pois aqueles que gostarem de você e forem seu amigo, o farão pelo que você é, e não pelo que os outros querem que você seja.
O Brian de 13 anos fazia todo esforço do mundo para não cair aos prantos, e provavelmente por isso me perguntou:
- Você tem alguma notícia boa para me dar?
Enxuguei as lágrimas do rosto, e disse:
- Sim, tenho... - suspirei, e falei - Mas antes disso, quero que você se prepare para outra má notícia que irei te dar.
- Manda!
- Você passará agora pelos anos mais conturbados da sua vida, e certamente os mais difíceis, onde você irá se sentir triste, sozinho e com a sensação de não poder contar com ninguém para se sentir melhor... - de novo, as lágrimas insistiam em cair dos meus olhos - mas a boa notícia é que, pode até demorar para acontecer, mas as coisas irão melhorar para você, os piores anos da sua vida serão recompensados com os melhores, e você finalmente irá se sentir bem consigo mesmo e com as pessoas ao seu redor, aliás, finalmente terás a companhia de bons amigos que merecem receber todas as suas virtudes.
O Brian de 13 anos agora sorria para mim, aquilo que falei provavelmente tinha o confortado um pouco.
- E lembre-se... - continuei - haverá um momento em sua vida que receberás a chance de recomeçar do zero e traçar um destino melhor para você mesmo, e quando essa oportunidade aparecer, a agarre com todas as forças e não a deixe passar.
O mini-Brian me olhou nos olhos e disse ainda com algumas lágrimas no rosto:
- Sim, pode deixar!
Ele me deu um grande sorriso, e eu o retribuí com um abraço, que não durou muito, já que pouco depois ele simplesmente desapareceu nos meus braços.
- Suponho que ele acabou de acordar, certo? - perguntei para a minha consciência.
- Exatamente! - falou ele se aproximando de mim.
Até que de repente, todo o cenário em que estávamos começou a tremer.
- E pelo visto, é hora de você acordar também. - falou minha consciência
Após alguns segundos, quando ele começou a se afastar de mim, eu gritei:
- ESPERA!
Ele parou, olhou para mim e perguntou:
- Pois não? - enquanto isso, o cenário continuava tremendo.
- Essa foi a única vez que conversei com um "eu" mais velho, ou houveram outras?
E como era de se esperar, ele simplesmente respondeu:
- Você saberá em breve!
Após isso, aquela cena tinha simplesmente desaparecido diante dos meus olhos, e eu tinha acabado de acordar em minha cama, com o Riddle lambendo minha cara.
- Riddle, por favor... - falei o colocando no chão.
Peguei o celular que estava ao lado da minha cama, e olhei a hora, eram exatos sete e meia da manhã, sendo assim não tardei para me levantar, já que tinha algumas coisas para fazer, e por isso, procurei não pensar muito naquilo que tinha acabado de sonhar, embora fosse difícil.

Brian

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Um pobre cão

Você que acompanha minhas histórias fielmente há um bom tempo, provavelmente deve se lembrar da cadela "Chola" que andava lá por onde eu treinava kung fu, certo? Isso mesmo, "andava", porque já faz um bom tempo que ela não aparece mais por lá.
O que aconteceu com ela? Não sabemos ao certo, as maiores probabilidades (e que mais esperamos que seja) é que ela foi levada dali para um abrigo de animais, ou para ser criada numa coisa, com uma família que cuidará bem dela, e sim, também há a probabilidade de ter ocorrido o pior, mas se tivesse acontecido iríamos saber de alguma forma, já que ela era uma figura marcante do local, principalmente para aqueles que o frequentavam sempre.
De todo o jeito, a presença dela no local fez muita falta, e eu não fui o único a sentir isso, afinal, ela já era o xodó de todos que treinavam ali, até mesmo do mestre. Por um bom tempo, sempre que chegava no local e não encontrava Chola por ali, me sentia frustrado, a alegria que ela tinha ao me ver me motivava bastante para iniciar mais um dia de treino.
Bom, estou dando esse arrodeio todo aqui, mas o assunto principal não é a Chola em si, mas eu precisava falar um pouco dela para vocês entenderem melhor o contexto do que falarei.
Estava eu chegando para mais um dia de treino lá pela UFPE, diferente da maioria das vezes, não fui o primeiro a chegar no local, já estavam lá Manoel, Luiz e o próprio mestre, que no momento conversavam sobre técnicas utilizadas por outros estilos de Kung Fu. Saudei a academia ao entrar no espaço, e depois fui cumprimentar o mestre, Manoel e Luiz, respectivamente.
Após isso, coloquei minha mochila no banco junto das outras e bebi um gole d'água, foi após guardar a minha garrafa que reparei em uma coisa interessante no local. Quando olhei para o lado, me deparei com um cão, não que aparições de cães naquela área era uma coisa anormal, muito pelo contrário, sendo que essa chamou mais atenção, mais do que quando Chola apareceu por lá, inclusive.
Isso porque o cachorro em questão era de um porte maior, não sei dizer qual era a raça exatamente, mas tinha mais ou menos o tamanho de um Boxer, outra coisa que chamava atenção nele era a sua coleira, ou seja, provavelmente ele era fruto de mais um caso de abandono (o que infelizmente era muito normal por aquela área, e meu gato Riddle era a prova viva disso), e o mais triste ainda, é que via-se que o pobrezinho estava muito magro.
- Abandonaram aquele aqui também? - perguntei a Manoel
- Provavelmente... - respondeu ele - o povo não tem jeito, deixam os cães aqui a própria sorte como se fossem nada, isso me deixa puto.
- E esse aí é muito bonito, pô... - comentou Luiz - não sei como alguém tem coragem de abandona-lo por aqui.
Enquanto conversávamos, o cachorro apenas parecia nos observar sem saber o que estava acontecendo, o coitado tinha uma aparência bastante deprimida, não apenas pela sua magreza, mas também pela sua expressão, a típica de um cão que se sente perdido.
Com isso, Luiz foi até ele pra chama-lo a atenção:
- Ei amiguinho, vem cá, vem.
O cachorro não atendeu o pedido de primeira, ficou alguns segundos olhando pra Luiz desconfiado, mas depois, começou a se aproximar mais, quando ele chegou perto o suficiente, Luiz e Manoel começaram a fazer carinho nele, percebendo com mais clareza o quão magro ele estava.
- Ele está péssimo! - comentou Luiz
- Quanto tempo ele está aqui? - perguntei
- Não faço a menor ideia.
- Bom se não for muito tempo, isso mostra que desde que ele estava com o "dono" dele que ele não comia direito. - falou Manoel
Enquanto conversávamos, mais cinco pessoas chegavam para o treino, vindo cada uma delas nos cumprimentar antes de tudo. Alguns vendo também a situação do pobre cachorro vieram dá uma olhada nele também, lhe fazendo um carinho.
Percebia-se ainda mais a tristeza dele quando a gente lhe fazia um carinho, e ele vinha esfregar a cabeça na nossa perna, como se estivesse em busca de consolo. Aquilo era de partir do coração.
Foi então que eu sugeri:
- A gente devia fazer uma vaquinha e comprar um pouco de ração para ele, não acham?
- Seria uma boa. - respondeu Manoel.
Mas pouco depois de falarmos sobre isso, o mestre gritou:
- FORMAÇÃO!
Era o sinal de que o treino iria começar.
- Depois do treino a gente faz isso. - falou Luiz
Eu e Manoel apenas concordamos com a cabeça.
E assim, fomos para as nossas formações, o treino começou, como sempre, com um aquecimento básico (e doloroso ao mesmo tempo), e enquanto aquecíamos, aproveitava para dá uma olhada no cachorro, que naquele momento foi se deitar no canto da academia completamente cabisbaixo, e lá ficou até o fim do aquecimento.
Após isso, saímos um pouco daquele espaço para correr em um dos quarteirões da universidade, e certamente, por isso perdi o cachorro de vista (certamente ele não era que nem Chola, que nos seguia para aonde fôssemos). Quando voltamos para a academia após a corrida, o cão não estava mais lá, provavelmente tinha ido dá uma volta pelo local ou coisa do tipo. Mas de qualquer forma, esqueci um pouco daquilo e passei a me focar mais no treino, que naquele momento iria chegar na parte mais difícil, a parte física.
O treino foi ocorrendo normalmente, mas mesmo concentrado no que estava fazendo, não deixava de checar se o cachorro tinha voltado a dar sinal de vida, o que não havia acontecido ainda até aquele momento.
Passaram-se mais ou menos uma hora e meia de treino (são duas horas e meia no total) quando o mestre nos deu um intervalo para beber água. Nessa momento não fiz nada que não fosse tomar um pouco de água e me sentar um pouco, minhas pernas estavam me matando. Mais uma vez aproveitei para procurar algum sinal do cachorro, o que não ocorreu, àquela altura já estava quase desistindo da probabilidade dele voltar a aparecer.
Naquele dia, o momento da água foi um pouco mais longo do que o normal por conta de umas coisas que o mestre estava discutindo com um dos alunos mais graduados, por isso muitos aproveitaram para jogar um pouco de conversa fora.
Nesse meio tempo, finalmente tinha visto o cachorro novamente, ele estava na calçada seguindo um cara que passeava com seu Golden Retriever, foi então que deparei com uma cena que não saiu da minha mente pelo resto daquele dia.
O pobre cachorro estava atrás do cara com aquele cara de cão perdido, e de início, achei que o cara iria ajuda-lo, já que ele próprio tinha um cachorro e provavelmente entenderia a dor que aquele pobrezinho estava sentindo. Mas infelizmente, o que eu vi estava muito longe disso.
O cara ficava o tempo todo o tratando de forma rude, chegando a xinga-lo, e até mesmo o ameaçando de jogar o chinelo nele caso não o deixasse em paz, tendo inclusive em um momento jogado não exatamente nele, mas quase em sua pata dianteira esquerda. Mas mesmo assim, o cachorro continuava o seguindo e o cheirando, como se estivesse esperança de que aquele era o seu dono.
Aquele cena era de partir o coração, e eu temia que o cara alguma hora fosse perder a paciência e acabasse realmente agredindo o pobre cachorro, por isso, achei melhor interferir de alguma forma.
Fui até a calçada e comecei a chamar a atenção do cachorro.
- Ei garoto, vem cá, vem cá!
O cão simplesmente não reagia ao meu comando, ele continuava com aquele ar de desconfiado e nem sequer latia.
Mas continuei insistindo:
- Vem cá, garoto, vem cá!
- O cachorro é seu? - perguntou o cara com o Golden Retriever.
- Não, mas ele estava aqui desde de hoje cedo, provavelmente o abandonaram aqui.
- Também acho. - falou o cara soltando um certo ar de indiferença.
Me deu vontade de perguntar para o cara o porquê que ele estava sendo tão rude com o pobre cão, se ele não tinha coração ou coisa do tipo, deu vontade de falar também que ele imaginasse o Golden dele no lugar do cachorro se caso algum dia ele o perdesse, se ele gostaria de saber que haveriam o tratado daquela forma rude. Mas fiquei calado, apenas queria convencer o cão a voltar pro espaço da academia, que pelo menos ali, haveriam pessoas que o tratariam com mais dignidade.
Após muito insistir, o cara pegou o cão pela coleira e o conduziu até o espaço da academia, depois de deixá-lo lá, ele me cumprimentou de longe e saiu correndo junto com o Golden Retriever para eliminar qualquer possibilidade do cachorro voltar a segui-los.
O pobre cão ficou alguns segundos em pé apenas observando o cara ir embora, provavelmente, o cara tinha alguns traços que o lembravam  seu dono, e por isso ele não queria deixa-lo ir embora, tanto que não demorou muito para o cachorro voltar para a calçada e correr na direção que o homem tinha ido. Após isso não havia mais nada que eu podia fazer.
E essa também foi a última vez que vi o cachorro por ali, mesmo em outros dias de treino não o vi mais por ali, e certamente, não tinha a menor ideia do que tinha acontecido com ele.
Mas o que tinha me impressionado mais nessa história toda era o quão ignorante o cara com o Golden tinha sido com o pobre cão, porque, como ele próprio tinha um cachorro, provavelmente ele gostava bastante de animais, e normalmente pessoas que gostam de animais (e tem um) costumam a tratar bem aqueles que vivem nas ruas, e principalmente os que são vítimas de abandono, chegando inclusive em alguns casos, abriga-los.
Deixando claro que não estou criticando o fato dele não ter levado o cachorro para casa, porque sei que não é qualquer um que pode fazer isso, e se fosse o caso, eu mesmo teria feito, mas também não era possível por três razões:
1- Eu já tinha um gato em casa, o que causaria um possível conflito entre os dois.
2- O cachorro era grande demais para o apartamento em que moro.
3- Se para conseguir convencer a minha mãe a deixar que trouxesse o Riddle para casa já foi complicado, imagina com um cachorro daquele porte, e como estou muito longe de ter minha casa própria, tinha que simplesmente aceitar aquilo.
O que estou criticando no cara, foi a forma que ele tratou o cachorro, porque não havia necessidade nenhuma dele ter sido grosseiro com o coitado, afinal, ele tinha sido abandonado e estava visivelmente muito triste, e qualquer coisa que o lembrasse seu dono já lhe dava uma forte esperança, e como o homem tinha um cachorro, pensei que fosse entender isso, mas infelizmente não foi o que aconteceu.
Isso só me lembrou situações que via na rua em que pessoas (que passeavam com seus cachorros) ficavam esnobando cães de rua ou os tratando como se fossem nada. Isso sem falar em momentos da minha infância em que passava por um cão de rua e queria fazer carinho nele, mas meus pais sempre não deixavam dizendo que ele iria me morder (ou que traziam doenças), ou seja, ficavam o marginalizando de uma forma ou de outra.
Da mesma forma que a gente marginaliza as pessoas ao nosso redor, também marginalizamos os cães, e um outro exemplo disso foi uma situação que minha irmã passou quando andava na rua que um cachorro ficou a seguindo, e ela ficava convicta de que ele queria mordê-la, quando na verdade só queria um pouco de atenção, e quando alguém a dizia isso, ela respondia:
"Aham, ta certo, queria ver você dizer isso depois que ele te mordesse".
Como se um cachorro chegasse em alguém com a simples intenção de atacar a pessoa (isso sem que ele rosnasse e nem nada do tipo).
Mas uma coisa que me tranquiliza, é saber que há muitas pessoas no mundo preocupadas com o bem-estar dessas criaturas, e que lutam por isso, essas pessoas me fazem ter um pouco mais de fé no mundo.
E se tem uma coisa que aprendi com os anos (principalmente após conhecer Chola), é que um cão de rua quer apenas um pouco de amor e atenção, assim como qualquer cão de raça doméstica.
Mas enfim, como vocês perceberam, a história de hoje foi uma base para que vocês façam essa reflexão, e espero que todos tenham entendido bem a mensagem de quis passar, no mais, muito obrigado a todos pela atenção.

Brian

terça-feira, 19 de julho de 2016

O garoto da estrada

Começarei a história de hoje de um jeito diferente do usual, desse vez, ao invés de contar sobre algo que aconteceu recentemente na minha vida, irei "viajar" um pouco no tempo, mas para um tempo muito distante do atual, para ser mais exato, falarei de algo que aconteceu comigo lá pelos meus 11 anos de idade, ou seja, uns 10 anos atrás (tenho 21 atualmente).
O que vou contar agora, aconteceu em um período meu de férias escolar, na época, a relação da minha família era muito melhor do que é hoje em dia, meus pais ainda eram casados e ainda não estavam naquela fase difícil de brigas infinitas, e claro, a separação deles ainda era uma ideia que para mim naquele tempo não fazia sentido nenhum, mas a história de hoje não discutirá isso.
Naquela época, era bastante comum a gente ir passar duas semanas ou um mês em Porto de Galinhas durante as férias dezembro e janeiro, e aquela vez foi uma dessas ocasiões, nesse caso, passamos especificamente duas semanas lá.
Estávamos retornando a Recife naquele momento, e se quiserem a minha sincera opinião, as duas semanas que passamos por lá foram extremamente chata, nunca fui muito fã de praia para início de conversa, a gente fazia basicamente as mesmas coisas todos os dias e isso sem falar que aos 11 anos eu já não fazia amizades com a mesma facilidade que tinha aos 6 ou 7 anos (sim, fui ficando mais chato com o tempo ha ha).
Mas enfim, estávamos no meio da estrada, meu pai dirigia calado enquanto ouvia seus CD's no rádio do carro, minha mãe dormia um pouco, enquanto eu e minha irmã (que na época tinha 13 anos) fazíamos aqueles nossos jogos que tínhamos para passar o tempo durante a viagem.
Se estávamos perto ou longe de Recife, não fazia a menor ideia na hora, a única coisa com que eu estava preocupado na hora, era em criar frase com as letras que apareciam nas placas dos carros que passavam (sim, esse era o jogo).
Tudo corria na sua mais perfeita normalidade, até que de repente...
POW!
Ouve-se um grande estrondo vindo do pneu dianteiro do carro, fazendo o mesmo dar uma sacudida brusca que acabou inclusive acordando minha mãe de susto. O veículo tinha acabado de passar por cima de um buraco.
Até aí tudo bem, poderíamos voltar tranquilamente àquilo que estávamos fazendo, se não fosse pelo fato que o carro perdeu um pouco de velocidade depois do ocorrido, ou seja, provavelmente o buraco tinha deixado alguma "marca".Percebendo isso, meu pai encostou o carro e desceu para ver o que provavelmente tinha acontecido.
E aconteceu o que muitos de vocês imaginam, o pneu furou. Com isso, tivemos que descer do carro ali mesmo para esperar meu pai resolver a situação.
Antes de tudo, claro, ele ligou o pisca-alerta e colocou o triângulo no chão para sinalizar aos carros que passavam que ele estava parado ali fazendo reparos no veículo. Enquanto meu pai tentava resolver isso, fiquei observando um pouco os arredores do local, apesar que não havia nada de demais, era o mesmo cenário que você encontra em qualquer rodovia brasileira, uma longa estrada com nada ao redor a não ser plantações, e em alguns casos, animais de fazendas (que sempre tem aos montes naquelas regiões).
Engraçado, é que hoje penso que se isso fosse hoje em dia, eu na hora ficaria o tempo todo desconfiado olhando os arredores achando que algum ladrão iria aproveitar a situação para nos assaltar, mas eu era muito inocente na época ainda, por isso, essa possibilidade nem sequer passou na minha cabeça, e a prova disso vem logo a seguir.
Após alguns minutos desde que passamos por cima daquele buraco que furou o pneu do carro, reparei numa coisa um tanto que peculiar. Um pouco atrás da gente, saindo do meio da plantação que havia logo ao lado, apareceu um menino (que aparentava ter mais ou menos a minha idade na época, senão um pouco mais novo) numa bicicleta, que observando através de suas roupas, parecia ser alguém que morava ali pelo campo.
Qualquer um no meu lugar com certeza pensaria que ele estava ali pra assaltar a gente, acho que com certeza minha mãe achava isso, tanto que ficou com um ar de desconfiança quando olhou para ele. Mas como disse antes, eu era muito inocente na época, de primeira supus que era alguém que viria nos oferecer ajuda, mas no fim não foi nem um e nem outro.
Definitivamente ele não era nenhum ladrão, porque ele tinha a chance perfeita de nos assaltar naquele momento e não fez nada, e por isso também que ele não veio oferecer ajuda, pelo que se observava. O garoto ficou apenas ali nos observando com um meio-sorriso no rosto, por alguma razão, ele achava aquilo tudo intrigante.
Na hora, até pensei em fazer algum tipo de contato, fosse acenar ou ir lá falar com ele pessoalmente, puxar conversa e fazer amizade, quem sabe, mas eu era tímido demais pra isso (pra vocês verem que essa minha extrema timidez não é de hoje), enquanto isso, meu pai se concentrava apenas em trocar o pneu, e minha mãe e minha irmã simplesmente ignoravam a presença do garoto ali.
Passava-se o tempo, passavam-se os carros pela rodovia, e o garoto continuava ali, observando tudo como se fosse um espectador em um programa de TV, provavelmente esperando ansiosamente pelo desfecho final da trama sobre uma família que tentava desesperadamente trocar o pneu do carro para retornar de sua viagem. E durante todo esse processo, o garoto não dava um pio.
Comecei a me perguntar onde estariam os pais daquele garoto, e se eles estariam o procurando naquele momento, aliás, não fazia a miníma ideia de onde seria possivelmente ele mora, então também nem imaginava o quão longe ele estava de casa. Eu era uma criança que foi muito protegida pelos pais, por isso, pra mim não era normal ver alguém da minha idade andando solto por ai sozinho sem a presença dos pais, já que normalmente quando ia para os locais, seja lá qual fosse, se meus pais não fossem, eles só me deixariam ir na presença de algum adulto responsável. E para vocês terem ideia do quanto meus pais me protegeram até demais, só aprendi a andar de ônibus aos 16 anos, mas isso não vem ao caso agora.
Não fazia ideia de quanto tempo tinha se passava, mas se fosse pra dar um palpite, diria que passaram-se meia hora até o momento que meu pai tinha finalmente terminado de trocar o pneu, com isso, a gente pôde finalmente voltar pro carro e seguir viagem. Já dentro do veículo, pouco antes de ser dada a partida, olhei para trás para ver a reação do garoto agora que iríamos embora, e fiquei intrigado ao ver que assim que o automóvel começou a andar, ele acenou em nossa direção dando "tchau", pensei em responder o aceno, sendo que mais uma vez a minha alta timidez não deixou. Após isso, o menino montou em sua bicicleta e voltou para o local de onde veio, provavelmente indo no caminho de volta para casa.
Com isso, conclui que o garoto em questão não passava simplesmente de uma criança curiosa que passava pelo local, viu o que estava acontecendo na hora e resolveu ficar lá assistindo esperando algum desfecho. Ou então, ele aproveitou para usar a criatividade e supor o como tínhamos parado ali, ou até mesmo, começou a criar uma história pra gente, imaginando todo um enredo espetacular que de uma forma ou de outra, nos levaria para aquele momento. Falando assim pode até soar um pouco "viajado", mas era o que eu teria feito no lugar dele, porque afinal, a imaginação de uma criança daquela idade normalmente funciona de uma forma incrível, sendo capaz de transformar uma situação aparentemente chata em uma grande aventura.
Mas no fim, nada aquilo importava mais, sendo assim, voltei a me focar naquele jogo com a minha irmã e aguardei a nossa chegada em Recife.


Brian

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Uma noite para não esquecer - Parte II - A parte interessante da noite

PARTE I
(...)
Naquele momento, ela apenas olhava seu celular sem prestar atenção no que acontecia ao redor, e eu ia na direção decidido no que ia fazer, mas claro, não podia ser diferente, aquele maldito frio na barriga subiu em mim.
Por momento, quase eu hesitava sobre tomar essa atitude, por mais "foda-se" que estivesse, o meu lado tímido ainda assim falava alto, e até demais. Mas mesmo esses meus velhos pensamentos não foram o suficiente para me fazer dar um passo atrás sobre a minha decisão.
E o pior é que não fazia a menor ideia do que falar quando chegasse nela, e eu estava com uma porra de uma rosa na mão, teria que usar um pouco a minha criatividade que normalmente falha nesses momentos, e ainda teria que pensar rápido, o que só piorava as coisas.
Então chegou a hora H...
- Pra você! - falei entregando a rosa
De início, Marina pareceu um pouco assustada, o que é normal, cheguei nela meio que "repentinamente". Certamente houve um estranhamento da parte dela no início, mas depois de observar bem a situação, ela gentilmente recebeu flor, sorriu e disse:
- Obrigada.
Após isso, veio o momento constrangedor onde eu simplesmente não sabia o que fazer, ou o que dizer, e como não podia deixar de acontecer, minha mão começou a tremer pra caramba e isso ficou MUITO evidente.
- Posso me sentar aqui contigo? - perguntei no impulso, ficando com a sensação de ter feito uma pergunta estúpida.
Ela riu e disse:
- Sim, fique a vontade.
Dessa vez posso dizer que definitivamente eu não estava mais no modo "foda-se", estava tremendo mais do que um porco prestes a ser abatido. No fim, as minhas velhas paranoias de sempre voltaram a me atormentar em questão de segundos, mais uma vez fiquei com esses malditos pensamentos de que provavelmente eu estarei incomodando e que o melhor a fazer seria me retirar.
Mas, o que aconteceu a seguir acabou aliviando um pouco da minha tensão.
- Tudo bem? - perguntou ela
"Bom, se ela perguntou isso primeiro, deve ser porque há um interesse dela de iniciar uma conversa" pensei.
- Sim, e contigo? - perguntei de volta
- Só um pouco entediada, mas estou bem. - respondeu ela
A gente sorriu um pro outro, mas depois ficamos alguns segundos calados, causando mais um daqueles momentos constrangedores onde nenhum dos dois sabiam o que dizer.
- Você é lá da faculdade, né? - perguntou ela
- Sim, sim! - confirmei
- Faz jornalismo, certo?
- Exato! - confirmei mais uma vez - e você também, né?
- Isso mesmo.
- Desconfiei, a gente está sempre nos mesmos locais.
Dei uma leve risada como resposta, uma risada que foi um pouco falsa, mas é uma coisa que faço quando normalmente não sei o que falar.
Aliás, se tem uma coisa que sempre fui ruim nessas horas é puxar assunto com as pessoas que não conheço, tanto que por isso que na grande maioria das vezes que ia para algum local sozinho eu não fazia nenhum amigo, mesma razão também pra o fato que nunca conseguia me envolver com uma garota nesses locais.
- Qual o seu nome? - perguntou ela após mais alguns segundos com os dois calados.
- Ah, prazer, Brian.
- Prazer, Marina. - eu já sabia, mas claro que não falei isso na hora.
Apertamos a mão um do outro, e depois a iniciativa da conversa finalmente veio de mim.
- O que está achando da festa? - perguntei
- Sinceramente? Chatinha, mas posso ta falando isso por não gostar muito desse tipo de ambiente.
Dei uma risadinha baixa, e disse:
- Te entendo, estou me sentindo da mesma forma... - e depois continuei - na verdade, nem estava muito afim de vim, mas meus amigos me encheram tanto o saco que acabaram me convencendo.
- Comigo foi quase a mesma coisa, e eu ainda tinha prometido a minhas amigas que um dia faria o programa delas, e aqui estou.
- Não valeu muito a pena pelo visto, né?
- Não mesmo. - falou ela rindo
Então ela deu uma suspirada e disse:
- Obrigada novamente pela flor.
- De nada. - falei um pouco sem graça.
- Mas, você se importa se eu te fizer uma pergunta bem direta?
- Manda!
Ela respirou fundo, e falou:
- Dada a temática da festa e a razão pela qual essas flores estão sendo distribuídas, isso há um significado a mais, certo?
Já que ela tinha sido tão direta assim, seria cara de pau da minha parte dizer que não, sendo assim, fiz para ela aquele olhar de confirmação, mas sem dizer nada e ficando completamente sem graça.
Marina apenas riu e ficou me encarando como se estivesse achando graça do quão nervoso fiquei após a pergunta.
- Relaxa, menino. - disse ela passando a mão dela sobre a minha
E juro que não é exagero meu, só aquilo foi o suficiente pra eu saber que devia seguir em frente e que provavelmente aquilo daria em algo. Então falei:
- Sim, é que te achei muito, muito bonita, e aí achei interessante vim aqui falar contigo e lhe entregar essa rosa. - minha mão estava tremendo mais que nunca.
Marina ria, mas ao mesmo tempo ficava vermelha, provavelmente ficou sem graça por conta do elogio que fiz.
- Obrigada! - disse ela
Apenas sorri, e depois disse:
- Ah, e outra coisa que me chamou atenção em você são as suas mechas azuis no cabelo, realçam bastante a sua beleza.
Marina não conseguia mais esconder que estava ficando sem graça.
- Muito gentil da sua parte dizer isso.
E assim sorrimos um para o outro e ficamos mais um momento calados.
- Mas enfim... - falei - já que estamos aqui, fale-me um pouco de você.
- Bom, por onde começar...?
Então ela começou a me falar um pouco de sua vida, algumas informações eu já sabia, como o fato dela ter nascido em São Paulo e dela ser uma "gamer" declarada, as novidades foram o fato dela gostar de pelo menos uma parcela das bandas que eu também gosto, dela ter dois gatos e um cachorro (pug), dela ser cinefíla e de seu maior sonho ser morar nos Estados Unidos.
Depois eu falei aqueles fatos que vocês já conhecem sobre mim, que gosto muito de rock, que tenho um gato chamado Riddle, que até certo tempo pratiquei kung fu, que tinha descendência canadense. e entre outros.
Dali pra frente, a conversa passou a fluir normalmente, a coisa realmente parecia que iria pra algum canto, e eu estava gostando muito daquilo. Papo vai, papo vem, até que chegou em momento que Marina olhou pra mim e disse:
- Vamos jogar um pouco? - falou apontando pra mesa de sinuca
- Claro! - falei
Com exceção de Rafael e Duda, os outros ainda se encontravam lá jogando, e pelo visto ainda estavam bastante enrolado com o jogo que estavam fazendo, nos aproximamos, pedimos para entrar no jogo e pegamos um taco cada um.
Naquele momento (sem Marina perceber, certamente), Lúcia me aquele olhar como se dissesse "Ta podendo, hein?", e eu apenas ri.
Enquanto jogávamos, percebi que Marina não tinha lá muito intimidade com o taco e sempre acabava se enrolando na hora de jogar, e claro, fiz questão de ajuda-la em relação a isso, a ensinando como se deve dar a tacada, e da mesma forma sempre procurei apoia-la em toda jogada que fazia, mesmo as mais merdas. E ela também fazia o mesmo quando eu ia fazer as minhas jogadas.
E admito, estava rolando um clima forte entra a gente, e os outros ao redor percebiam isso, tanto que aos poucos eles foram deixando a mesa para nos deixarem sozinhos. Quando percebemos isso, ainda jogamos por um tempinho, mas com o passar dos minutos aquele joguinho já estava ficando chato.
- Isso aqui já cansou, né? - falou Marina
- Também acho. - concordei
Após recolocamos os tacos em seus devidos lugares, perguntei:
- O que faremos agora?
Marina pensou por alguns segundos, e disse:
- Que tal a gente ir dançar?
- Mas eu não sei dançar.
- Ué, eu também não... - disse ela -  e essa é a graça.
Não sei porque, mas aquilo por incrível que pareça foi o suficiente para me convencer.
Então dessa forma descemos para a pista de dança, chegando lá embaixo, a primeira coisa que vi foi Lucas ainda com aquela garota, sendo que dessa vez os dois estavam bebendo e conversando no balcão.
"As coisas tão fluindo pra caralho ali." pensei.
Não muito depois avistei também Rafael e Duda dançando juntos, tendo pouco depois os dois se beijado também. A música tocava era mais um daqueles remixes de músicas pop que estavam na mídia atualmente, boa parte que eu nem sequer curtia direito, mas não reclamava porque se tem uma coisa que já estou acostumado é com o fato desses locais não tocarem o tipo de música que gosto.
Então começamos a tentar dançar no meio daquilo ali, se estávamos conseguindo, aí é outra história, porque realmente, nenhum de nós dois sabíamos dançar, mas a gente àquela altura não nos importávamos mais com isso, inclusive achávamos aquilo engraçado e nos divertíamos bastante por isso. Por mais ridículo que estivéssemos parecendo ali, a gente só fazia rir disso, a ponto que podia está todo mundo daquele local olhando estranho para nós, que não iríamos nos importar.
De início, estávamos dançando ainda separados um do outro, mas o tempo todos soltávamos "aquele olhar" um para o outro, e constantemente ríamos, e seu sorriso sempre a deixava mais linda do que o normal.
Até que chegou um momento que começaram a tocar uma daquelas músicas de forró que todo mundo costuma ouvir, e claro, foi o momento em que os casais começaram a dançar "agarrados". No início fiquei um pouco acanhado de chamar Marina para dançar dessa forma (pra variar), mas acabou nem sendo tão complicado assim, apenas olhei em seus olhos e segurei sua mão que ela já entendeu o recado.
Por incrível que pareça, por mais que não soubéssemos dançar, até que desenrolamos bem, foi menos ridículo do que imaginava. Mas isso já não importava mais pra gente, queríamos apenas curtir o momento.
E assim o clima entre nós dois foi esquentando, tanto que de vez em quando ela me puxava pra junto dela, dando inclusive a impressão que iria me beijar, na verdade, não sei se ela realmente pretendia fazer isso e hesitava, ou se estava provocando mesmo.
Mas de qualquer forma, via-se em seus olhos o seu interesse, tanto que aos poucos nos aproximávamos cada vez mais, tanto que chegou um momento que a música mudou mas a gente nem reparou, continuávamos ali dançando juntos.
O clima entre a gente já estava tão forte que chega era inevitável o que iria acontecer a seguir, e imagino que vocês sabem muito bem o que foi. Não demorou muito e finalmente nos beijamos, e dessa vez foi sem aquela enrolação em que eu ficava na maioria das vezes que vocês que acompanham minhas histórias conhecem muito bem.
Por dentro ri um pouco de mim mesmo e não acreditei que aquilo estava acontecendo, justamente pelo fato que o normal era eu ficar numa enrolação da porra em relação a ela por meses, e dessa vez não demorou nem 24 horas, certamente fiquei feliz, porque significava um avanço meu.
O nosso beijo foi daqueles bem demorado, a ponto de esquecermos todos ao nosso redor, e pior que provavelmente um fotógrafo da festa tirou uma foto da gente nesse meio tempo e nem nos dermos conta, não que isso importasse alguma coisa na hora, estávamos ocupados com algo bem melhor.
Depois de um longo tempo, finalmente nos soltamos um pouco e olhamos nos olhos um do outro, a sensação dela era a mesma que a minha, ainda não havia caído a ficha do que tinha acabado de acontecer, e com isso a gente riu um pouco da situação, e logo depois voltamos a nos beijar.
E após esse beijo terminar, continuamos dançando ali, pouco depois apareceram as amigas delas, Lúcia, Liam, Rafael e Duda pra se juntarem a gente (e Lucas ainda continuava com aquela garota). Provavelmente eles todos já sabiam do que tinha acontecido entre eu e Marina, aliás, com certeza pelo menos um deles viu, mas até aquele momento ninguém comentou, e também nem eu e nem ela demonstramos muito na hora, mas ainda assim a gente não parava de soltar olhares um para o outro.
Àquele ponto tinha conseguido sair do tédio total que eu estava lá para uma das noites mais memoráveis da minha vida, e a coisa ainda não tinha acabado por ali. Em um momento, decidimos todos dar uma pausa na dança e fomos nos sentar, nesse meio tempo, Marina e as amigas foram no banheiro, e eu fiquei ali com o resto do pessoal.
E claro, a primeira que Lúcia me perguntou foi:
- E aí? - me soltando aquele olhar de "safadinho"
- Eu vi vocês dois, hein? - falou Rafael
Eu ri, e disse:
- Então vocês sabem muito bem a resposta. - falei soltando um sorriso bobo.
Claro, na hora me pediram para contar todos os detalhes, e assim o fiz, quer dizer, não tudo porque um tempo depois Marina voltou do banheiro com as amigas e eu desconversei com eles dizendo que contava o resto depois.
Quando todos se reuniram novamente, entramos numa longa conversa sobre todos os assuntos possíveis, nisso também, descobrimos um pouco sobre as amigas de Marina, como por exemplos os seus nomes, que eram Laura e Daniela.
No meio disso, não sei se alguns deles repararam, eu e Marina ficamos de mãos dadas o tempo todo e algumas vezes com ela encostando a cabeça no meu ombro.
Já eram quase duas da manhã, e por incrível que parecesse, o pessoal já parecia um pouco cansados, até voltamos um para a pista, zoamos mais um pouquinho, mas o cansaço já era bem visível neles. Mas ainda assim eles ficaram por lá se divertindo até duas e meia da manhã, quando finalmente decidiram ir embora, foi nessa mesma hora que Lucas reapareceu entre nós cheio de marcas de chupões no pescoço, e claro, o zoamos um pouco por conta disso, e mesmo com a gente perguntando os detalhes daquilo e da garota em questão, ele apenas desconversou e disse que depois contava. Também notava-se um alto nível de etílico em sua fala.
Enquanto eles iam pagar tudo que consumiram (nem eu e nem Marina tínhamos consumido nada), Marina veio no meu ouvido e perguntou:
- Depois dele irem, queres ir no Marco Zero comigo?
Sem nem hesitar, falei:
- Claro!
Com isso, ela deu aquele belo sorriso para mim.
Após todos pagarem o que deviam, fomos para o lado de fora da pub e cada um esperou o seu transporte pra voltar pra casa. Lúcia, Liam, Rafael e Duda racharam um táxi, eles moravam praticamente juntos, Lucas esperou o pai dele vim pega-lo, enquanto Laura e Daniela esperaram o pai de Laura vim busca-las. Como Marina tinha vindo com elas, Laura perguntou se realmente não queria uma carona, mas Marina recusou e disse que de uma forma ou de outra pretendia voltar de táxi, as duas simplesmente aceitaram, mas com certeza já sabiam a real razão daquilo.
Após alguns minutos, finalmente sobrou apenas eu e Marina ali.
- Vamos? - perguntou ela
- Vamos!
Antes de tudo, compramos uma garrafa d'água cada um com um ambulante que estava ali, tínhamos bebido nada lá dentro e o preço com ele estava muito mais justos do que os de lá, e depois disso fomos em direção do Marco Zero.
As ruas estavam um pouco vazias, certamente andamos com cuidado por ali sempre olhando se não havia ninguém suspeito, mas felizmente havia um bom número de policiais na área, afinal, ainda tinha bastantes estabelecimentos abertos por ali.
A movimentação no Marco Zero até que estava boa apesar do horário, claro que não tinha gente pra cacete, mas tinha pelo menos um bom número, boa parte era composto por grupo de amigos e principalmente casais que procuravam um momento a sós.
Felizmente, havia um policiamento por ali e também bastante táxis, aliás, os bares dali ainda estavam abertos e a todo vapor.
Nos sentamos em um banco por ali e de início não falamos nada, eu como sempre tinha problemas para começar a puxar um assunto. Nesse meio tempo, Marina segurou mais uma vez em minha mão e encostou a cabeça em meu ombro.
Por um tempinho ficamos calados, apenas curtindo o momento e observando a paisagem que o Marco Zero nos proporcionava. Até que Marina falou:
- Hoje foi divertido, né?
- Sim, com certeza! - concordei
Nessa mesmo tempo, um vento frio mais forte soprou, e com isso Marina me abraçou fortemente, e eu, certamente, retribui.
- Sabe que estou achando isso tudo até engraçado? - disse ela
Dei um sorriso bobo e disse:
- Eu também estou, acredite.
- É, que... Cara... - falava ela - nunca fiquei com alguém dessa forma que a gente ficou com ninguém.
- Está aí mais uma coisa em comum então.
Rimos um pouco, e depois eu disse:
- E olha que normalmente quando esse tipo de coisa acontece, um dos envolvidos, ou os dois, estão bêbados, e a gente está puramente sóbrio.
Ela simplesmente apertou mais o abraço, riu novamente e me deu um beijo no rosto.
Após mais um momento calados, falei:
- Me responder uma coisa...
- Diga.
- O que te chamou a atenção em mim para chegarmos nesse ponto?
Marina se surpreendeu um pouco com a pergunta, e disse:
- Porque perguntas isso?
- É que... sei lá... a ficha não caiu ainda, tipo, lá na faculdade quando a gente se cruzava nunca pareceu que você reparava em mim sabe? - falei - e de início achei que seria a mesma coisa hoje.
Ela riu um pouco, e disse:
- E você reparava em mim?
- Tinha como não reparar? Linda do jeito que você é?
Ela riu novamente, e falou:
- Bom, vou ser sincera, realmente não reparava muito em você na faculdade, mas juro que não é por "não ir com a sua cara" e nem nada do tipo, é só que eu sou muito na minha, sabe? - explicou ela - e normalmente não reparo bem nas pessoas com quem não convivo muito.
- Entendo, mas isso ainda não responde a minha pergunta.
Marina deu uma suspirada, e disse:
- O que me chamou a atenção em você o como chegaste em mim, sei lá, achei muito fofo e nenhum garoto nunca veio falar comigo daquela forma, normalmente sempre chegam falando besteira ou soltando aquelas cantadas podres, sabe?
Eu apenas a ouvia atentamente.
- E você já é bonito a princípio, caso queira saber, e com o jeito que você chegou pra falar comigo foi o diferencial... - ela deu uma rápida pausa e continuou - e vi que independente se rolasse algo entre a gente ou não você poderia melhorar a minha noite de alguma forma, que estava bem chata diga-se de passagem, então resolvi dar uma chance.
Quando ela terminou de explicar, eu não falei mais nada, apenas viramos o rosto um para o outro e nos beijamos mais uma vez.
E assim aproveitamos a companhia um do outro no Marco Zero, não apenas se beijando, mas também se conhecendo um pouco mais. E ficamos nisso até mais ou menos umas três e pouca da manhã, quando a movimentação no local diminuiu mais e decidimos que era hora de ir.
Com isso, acompanhei-la até o táxi que estava logo ali, antes dela entra, ela se virou pra mim e disse:
- Obrigada por essa noite.
- Eu que agradeço. - falei sorrindo.
Demos um último beijo, e depois eu disse:
- Vamos sair novamente algum dia?
- Com certeza, é só chamar.
Claro, a gente tinha trocado contatos antes disso.
Demos um último selinho, e assim ela entrou no táxi.
- Avisa quando chegar em casa.
- Está bem!
Nos despedimos e o táxi deu partida.
Após isso, peguei o outro táxi que estava por ali e também segui meu caminho para casa, e claro, praticamente não dormi naquela noite só pensando naquilo tudo.


Brian