sábado, 18 de outubro de 2014

Não declare seu voto

Hoje eu não estou aqui para contar mais alguma história minha sobre alguma situação que eu passei, ou coisa do tipo, hoje estou aqui pra uma coisa um pouco diferente, esse é mais um desabafo que eu quero fazer sobre uma coisa que já está me incomodando há algumas semanas.
Se caso você em um alienígena ou esteve em coma nesses últimos meses, vou explicar exatamente o que está acontecendo. Estamos em época de eleições presidenciais, no segundo turno para ser mais exato, e temos dois candidatos disputando o voto dos eleitores para chegar na presidência da república, mas o ponto que eu quero chegar não é as eleições em si e nem os candidatos em questão, mas sim, os eleitores.
Acho que muitos concordam comigo que as pessoas nunca souberam discutir como seres humanos civilizados que deveriam ser, principalmente em assunto específicos como futebol, religião e política. Um sempre tenta impor sua opinião sobre o outro como se aquilo que ele fala fosse uma verdade incontestável e que ninguém deve contestar, mesmo que o argumento do outro faça sentido, e como nesse caso se trata de um assunto que envolve política, certamente as coisas estão muito longe do agradável.
Por isso, chegando ao ponto que eu quero, navegar pelas redes sociais esses dias está simplesmente insuportável, isso porque as pessoas não param de falar sobre política, muitas vezes defendendo seus candidatos com unhas e dentes, em alguns casos as pessoas defendem o mesmo de uma forma que parece até que é alguém da família. E principalmente, as redes sociais viraram simplesmente um campo de batalha, de um lado os que defendem o candidato x, e do outro os que defendem o candidato y, em toda postagem que você encontra que fala de política, seja falando de forma neutra ou não de qualquer candidato, ou pior, até mesmo em postagens que não tem nada relacionado com política ou eleições, você ver uma guerra sendo travada nos comentários, e em muitos casos entre pessoas que são amigas, ou parentes.
O que me leva ao meu próximo ponto, amizades estão sendo perdidas por causa dessas discussões, em alguns casos até mesmo relacionamentos, e em outros casos mais graves pessoas são agredidas só porque irão votar em tal candidato que a outra não concorda, e em outros casos mais graves ainda, ameaçadas.
Por isso que peço uma coisa para você que ler esse texto, não declare seu voto nas redes sociais, não expresse apoio e nem rejeição a nenhum candidato, mesmo que você não se encaixe nesse grupo que eu falei, mesmo que você seja aquele tipo de pessoa que saiba discutir política de forma civilizada, não declare, porque boa parte das pessoas não são civilizadas, por isso mesmo que você comece a falar de política de forma civilizada, vai aparecer alguém falando besteira e transformando aquilo numa terceira guerra mundial.
E também peço, quando você estiverem reunidos com seus amigos, com a família, ou até mesmo com a sua namorada ou o seu namorado, não falem de eleições, evitem brigas desnecessárias, preservem seus relacionamentos, principalmente porque quando as eleições terminarem vai todo mundo voltar a viver suas vidas da mesma forma de antes, sem da a miníma para política e sem nem ao menos lembrar em quem votou nessa última eleição. Ai nesse caso, você teria jogado um bom relacionamento fora simplesmente por nada.


Brian

sábado, 11 de outubro de 2014

Experiência do cotidiano de um futuro jornalista

Aquele definitivamente não era mais um dia qualquer na faculdade, aliás, todos estavam com os nervos a flor da pele nesse dia, ai você me pergunta "por que isso?" eu lhe respondo:
Naquele dia a gente iria gravar o nosso primeiro programa de rádio, mas uma coisa eu garanto, muitos estavam nervosos (incluindo eu mesmo), sendo que ninguém estava mais que Cris. Ela foi sorteada pela professora junto com João (um colega nosso de sala) pra ser a apresentadora do programa, o que certamente uma grande responsabilidade e também um grande estresse, principalmente na véspera do programa em que ele teve que depender do pessoal mandar as matérias deles pra ela poder fazer seu texto, e a galera certamente mandou tudo em cima da hora.
Já eu fiquei com uma tarefa um pouco mais simples, fui sorteado junto com Emma e Edson pra fazer parte da produção, e foi mais simples porque o que a gente teve que fazer foi arrumar um convidado para ser entrevistado, preparar toda a estrutura do programa, e principalmente, cobrar as matérias do pessoal, como eu disse, um pouco mais simples no início, sendo um pouco mais trabalhoso nas vésperas do programa já que a gente tinha que ficar no pé de todo mundo pra que eles mandassem as matérias no prazo determinado.
Então, depois de uma longa noite mal dormida para todos os participantes , tinha chegado o grande dia em que a gente colocaria o programa no ar, no caso séria logo na primeira aula, e a professora exigiu para que todos chegassem o mais cedo possível (principalmente os produtores e os apresentadores), o que não era problema pra mim, muitos dizem que eu chego cedo até demais na maioria das vezes.
E claro, fui o primeiro a chegar, nem a professora tinha chegado ainda, então me sentei próximo ao estúdio da universidade, coloquei o fone de ouvido e esperei o tempo passar. Uns dez minutos depois, Cris chegava lá por perto.
- Oi Brian! - falou ela
- Oi Cris! - cumprimentei de volta guardando o fone de ouvido
- Alguém mais chegou além de você? - perguntou
- "Nops", apenas eu.
- Ah, certo! - falou ela se sentando do meu lado
Ficamos alguns segundos calados, até que eu perguntei:
- Preparada?
- Ainda não, acredite. - respondeu ela
- Eu imaginei que não, nem eu mesmo to e olha que eu só sou produtor.
Ela riu, e disse:
- Sério, ontem foi uma das noites mais estressantes da minha vida, chega nem dormi direito.
- Mas você e João conseguiram fazer o script direitinho?
- Direitinho eu não sei dizer... - falou ela me entregando uma das cópias do script - mas conseguimos.
Dei uma breve olhada, e falei:
- Bom, aos meus olhos pelo menos está legal.
- Ah, mas estando ou não vai ser esse ai mesmo. - falou ela rindo
E eu ri junto com ela.
Então logo após a gente começou a conversar sobre coisas aleatórias da vida e inutilidades do dia a dia, e uns cinco minutos depois a professora, o convidado do programa (um professor nosso também) e o responsável técnico do estúdio chegaram. Ela abriu a sala e assim eu e Cris entramos e começamos a ajeitar os primeiros detalhes do programa.
Aos poucos o pessoal foi chegando, não demorou muito para Emma e Edson chegarem e me ajudarem com os últimos detalhes da produção. E assim o pessoal foi chegando e se acomodando pela sala de estúdio a espera do início dos programa, todos já haviam tido contato a parafernália toda nas primeiras aula da disciplina, a gente já teve que gravar algumas notas e uns spots, mas aquilo definitivamente era diferente, já que estaríamos atuando como jornalistas de verdade.
Faltavam quinze minutos para o início do programa e estava quase tudo certo, quase tudo... exceto a falta do segundo apresentador.
- Pessoal, alguém tem alguma notícia de João, de onde ele está ou se vai chegar logo? - perguntou a professora
Ninguém sabia dizer, a única informação que deram na hora foi que ele trabalha na cidade e que por isso muitas vezes ele chegava atrasado nas aulas.
- Alguém tem o número dele? - perguntou a professora.
Danilo, que era amigo dele, deu o número.
- Qual a operadora dele? - perguntou a professora novamente
- Claro.
- Eita, eu sou TIM e não to com muito crédito.
Então eu me ofereci:
- Professora, se quiser eu posso ligar pra ele, sou Claro também.
- Pode ser, obrigada Brian.
- De nada! - respondi digitando o número dele no meu celular.
Fiquei aguardando enquanto a ligação se completava, chamou uma, chamou duas, chamou três, chamou quatro vezes...
- Alô? - falou João
- Alô, João?
- Quem é? - perguntou ele
- É Brian, da sua sala, tudo bem?
- Tudo sim, e você?
- Também... - respondi rapidamente - cara, é o seguinte, serei direto contigo, estamos aqui no estúdio de gravação da faculdade, faltam quase dez minutos pro início do programa e está quase tudo pronto, só falta você, onde tu ta nesse momento?
- Rapaz, é que eu trabalho na cidade e hoje deu uns estresses que eu tive que sair um pouco mais tarde de lá, agora to no caminho pra faculdade, mas ta um trânsito desgraçado.
- Tais aonde?
- No Derby!
"Putz, ainda ta longe" pensei.
- Tu sabe dizer em quanto tempo tu chega aqui? - perguntei
- Rapaz, eu diria que na melhor das hipóteses em meia hora. - respondeu ele
"Lascou" pensei novamente
- Mas cara, o que a gente faz aqui então? - perguntei - por que a gente não tem meia hora.
- Velho, faz o seguinte, comecem sem mim mesmo, peçam pra alguém apresentar no meu lugar ou até mesmo ver se Cris consegue fazer sozinha, mas tá muito difícil eu chegar ai agora.
"E agora, José?" pensei mais uma vez
- Beleza velho, vou falar com o pessoal aqui.
- Beleza, valeu cara.
- Falou!
- Falou! - e desligamos
Então fui da a má notícia para o pessoal.
- E então? - perguntou a professora
Olhei bem para ela, e falei:
- A senhora vai me desculpar o termo mas... - respirei fundo, e disse - fodeu!
Expliquei toda a situação que João me falou no telefone, e ela disse:
- Bom, é o seguinte então, alguém da produção terá que assumir.
- Mas, nenhum de nós se preparou para isso! - falou Edson
- Eu sei... - respondeu ela - é triste, mas o programa tem que ir ao ar de qualquer forma, vai ser assim na vida profissional de vocês.
Pelo visto realmente não havia outra maneira.
- Então, alguém se habilita? - perguntou a professora
Eu, Emma e Edson olhamos pra caras um dos outros esperando que alguém se oferecesse por alguns segundos.
- Se ninguém se voluntariar eu mesma escolherei.
Vendo que ninguém resolveu se oferecer, eu falei:
- Eu faço!
Emma e Edson olharam surpresos para mim, apesar que até eu fiquei surpreso comigo mesmo.
"Que raios eu acabei de fazer?" pensei.
- Mesmo? - perguntou a professora
- Sim! - confirmei
- Ótimo então... - falou ela aliviada - como foi tudo de última hora vou te dar um tempinho pra você se prepara.
- Beleza, acho que só vou precisar da uma ajeitada no script mesmo.
- Ok, temos sete minutos pro início do programa. - disse ela indo avisar para a sala das mudanças de última hora.
Eu ainda não acreditava no que eu tinha acabado de fazer, eu tinha menos de sete minutos para me preparar psicologicamente para aquilo, e olha que nem que me dessem um mês inteiro eu estaria preparado.
- Boa sorte ae, cara. - falou Edson
- Boa sorte, Brian. - falou Emma
- Valeu, gente... - falei - vou realmente precisar.
Dei uma retocada do meu script, e entrei no estúdio, Cris já estava lá sentada conversando um pouco com o professor Mauro (o convidado do programa), e certamente a professora já tinha dado a notícia para eles.
- Soube agora da novidade... - disse Cris - e sério, to surpresa que você tenha se voluntariado.
- Acredite, também estou. - falei me sentando perto deles.
- Como ta se sentindo? - perguntou ela
- Bom, provavelmente terei um ataque cardíaco no meio do programa, mas "simbora".
Cris riu.
O professor também riu, e disse:
- Parece desesperador no início, mas relaxem, vocês vão ver, a sensação é boa apesar de tudo, vai dar tudo certo.
- Assim esperamos, professor. - falou Cris
Faltavam menos de três minutos pro início do programa, durante esse tempo tentei me concentrar ao máximo, mas certamente o nervosismo me dominava, Cris também não estava diferente disso, e depois que olhei pelo vidro do estúdio e vi toda a sala olhando atentamente pra gente foi quando fiquei mais nervoso ainda.
Pouco depois a professora voltou a entrar no estúdio para nos dar umas últimas dicas (principalmente para mim) e faltando exatos um minuto para o início do programa ela saiu e foi se juntar ao resto da sala.
"É agora!" pensei
- Boa sorte para vocês dois. - falou o professor
- Obrigado! - respondemos juntos
Colocamos nossos headphones, a sala se silenciou, e a vinheta do programa começou a tocar, quando a música de fundo começou a tocar a gente olhou atentamente para os produtores, e então poucos segundos depois Emma nos fez o sinal para que a gente começasse.
- Boa tarde, ouvintes, eu sou Cristiane Cavalcante.
- E eu sou Brian Andrade!
- Bem vindos a mais um programa da rádio Universitária.
- Trazendo para vocês as principais pautas ocorridas na Universidade Federal de Pernambuco dessa semana.
E assim o programa foi andando, apesar do nervosismo inicial, tanto eu quanto Cris estavam indo bem, quer dizer, exceto por uma parte em que eu acabei lendo na entonação errada e acabei me enrolando um pouco, mas que consegui resolver logo em seguida.
Durante o programa ouvimos as matérias que a sala toda gravou, e também rimos com os spots que também gravamos, nesse caso o sentimento era o mesmo para todos, aquela estranha sensação de ouvir a própria voz gravada e se perguntar "caramba, sou eu mesmo que to falando ai?".
Após vinte minutos, finalmente tínhamos chegado na parte da entrevista com o convidado.
- E como todos sabemos, estamos próximo de uma época importante para a cidadania brasileira, as eleições. - falou Cris para os ouvintes
- E por isso, hoje recebemos no estúdio o professor Mauro Fernandez, jornalista formado pela Universidade de Pernambuco, cientista político e professor de Ética e Legislação pela Universidade Federal de Pernambuco. - falei
Então Cris falou:
- Antes de tudo, obrigado professor, por aceitar o nosso convite, e gostaria de começar a entrevista pedindo para que o senhor falasse um pouco da importância do nosso voto para a democracia brasileira.
- Boa tarde Cristiane, boa tarde Brian, boa tarde ouvinte... - falou o professor - antes de tudo é um prazer está aqui no programa de vocês, e também agradeço essa oportunidade que vocês me dão para falar com o público de vocês, e enquanto a sua pergunta, como vocês devem saber, o voto foi uma conquista do povo após o longo período de ditadura militar em que o país passou, em que os nossos "representantes" eram escolhidos de forma indireta, muitas pessoas lutaram por esse direito, foi um direito conquistado por nós, o voto é a nossa voz, por isso um voto consciente pode mudar o país, da mesma forma que um "mau voto" pode nos prejudicar e bastante.
- Bom, professor, qual a dica que o senhor dar para o ouvinte para que ele não dê o que você chamou de "mau voto"? - perguntei
- Que a pessoa pesquise bem o histórico do seu candidato, veja se ele é ficha limpa e também que analise bem suas propostas e os benefícios que as mesmas causaram na sociedade.
E assim a entrevista foi seguindo, no total tivermos exatos dez minutos de entrevista, nos sobrando alguns segundos para os créditos do programa.
- Muito obrigada professor, e uma boa tarde para o senhor. - falou Cris
- Boa tarde para vocês e todos os ouvintes. - falou o professor
- A rádio Universitária de hoje fica por aqui... - falei - o programa de hoje teve a produção de Emma Lira e Edson Silveira.
- Trabalhos técnicos de Jonas Moreira - falou Cris
- Orientação de Maria do Carmo Amaral.
- Apresentação de Brian Andrade.
- E Cristiane Cavalcante.
- Até o próximo programa. - falamos juntos
E assim a última vinheta foi tocada e o programa foi encerrado.
Na mesma hora me subiu uma sensação de alívio, Cris teve a mesma sensação. Emma e Edson nos fizeram sinais de positivo.
- E ai, como foi a experiência de apresentar um programa de rádio? - perguntou o professor para nós dois.
Eu logo respondi:
- O senhor estava certo, não foi tão desesperador quanto parece.
Logo após Cris respondeu:
- Realmente, foi mais tranquilo do que eu esperava.
- Ai, não disse que daria tudo certo? - falou o professor rindo
Nos levantamos de nossas cadeiras, saímos do estúdio e formos em direção a sala, logo na porta Emma e Edson nos elogiaram, e quando entramos na sala formos aplaudidos por todos.
Depois que nos sentamos, a professora começou a dar as últimas considerações do programa, apontou nossos erros e acertos, e também elogiou eu e Cris pela nossas atuações.
- Cris, você foi muito bem, pra mim você tem uma ótima voz pro rádio e também uma ótima narração.
- Obrigada, professora. - agradeceu Cris
- E Brian, primeiramente quero lhe agradecer por ter aceitado assumir o posto de apresentador assim em cima da hora, e quero lhe dizer que você superou minhas expectativas, se saiu muito bem, mas so precisa melhorar algumas coisas, como por exemplo, houveram partes em que você falou muito rápido e acabou engolindo algumas letras.
E eu ouvia atentamente.
- Por isso quero lhe fazer um pedido agora.
Me assustei quando ela disse isso.
- Diga. - falei
- Para que você apresente o próximo programa, porque eu quero que você trabalhe nisso, pois eu sei que você pode fazer melhor, isso sem falar que agora você teria muito mais tempo pra se preparar.
Pensei um pouco, e respondi:
- Certo, eu topo.
- Combinado então? - disse a professora
- Sim!
- Bom, acho que também podemos definir que será o outro apresentador junto com você, de preferência uma menina, alguém se oferece?
Passaram-se alguns segundos, até que ouviu-se.
- Eu faço, professora! - falou Emma
- Bom... - continuou a professora - então os dois apresentadores do próximo programa estão definidos, será Brian e Emma, na próxima aula definiremos as pautas para o próximo programa.
E logo após ela começou a fazer a chamada, e enquanto isso eu falei para Cris:
- Que dia, hein?
- Pois é, você quem diga, né?
- É. mas não foi tão complicado assim no fim das contas, foi legal, até.
- Também achei legal, apesar de tudo.
- E sinceramente... - falei - posso fazer isso de novo numa boa.
- Olha só pra ele, já ta o radialista. - falou Cris rindo
E eu ri junto com ela.
- Mas sério, você se saiu bem. - falei
- Obrigada, você também.
E assim sorrimos um para o outro, e pouco depois comecei a falar com Emma sobre a experiência que foi apresentar o programa e também começamos a falar do próximo em que ela iria apresentar comigo.
E dessa forma eu tive mais uma experiência do cotidiano de um jornalista.



Brian