domingo, 21 de maio de 2017

O que você faria em uma situação dessas?

Sumi, eu sei, provavelmente vocês estão se perguntando como anda minha vida atualmente, e por isso darei um breve resumo do que tem ocorrido.
Estou no meu último período da faculdade, com o TCC a todo vapor, estagiando de segunda a sábado e estando prestes a ser efetivado como funcionário assim que eu concluir a universidade, ou seja, minha vida está uma bela de uma correria a ponto que não tem me sobrado tempo pra fazer outras coisas, até porque ultimamente quando chego em casa ou estou fazendo minhas obrigações ou estou dormindo por conta do cansativo dia. Mas enfim, vamos ao que interessa, porque esse não é o foco da nossa história de hoje.
Hoje irei conta sobre uma situação bem peculiar e chata, que dessa vez não ocorreu comigo, e sim com um amigo meu.
Tudo começou em um dia em que cheguei na faculdade para mais um daqueles dias em que ficaria horas esperando pela aula que só começaria la pelas quatro da tarde (meu horário estava completamente uma loucura), e como eu ia para lá direto do estágio então não tinha lá muitas opções que não fosse ficar esperando esse tempo todo, e para piorar, naquele dia em específico não iria aparecer nenhum amigo meu para me fazer companhia (nem mesmo Marina). Com isso, o máximo que poderia fazer seria ir para a biblioteca e tentar adiantar os meus trabalhos.
Então, me dirigi até a biblioteca, mas quando estava chegando perto da sua entrada, me deparei com uma pessoa com quem não tinha conversas há um bom tempo, era o meu amigo Roger, que estudou comigo no colégio em que passei os quatro piores anos da minha vida, um dos poucos amigos que eu tinha lá.
- Roger! - chamei
Ele se assustou, mas depois que me viu, respondeu:
- Fala Brian!
- Nossa cara, quanto tempo... - falei apertando sua mão
- Pois é, cara!
- Tas fazendo o que por aqui?
Roger também estuda na Federal, mas no eles faz direito pela manhã, até certa época do curso a gente ainda se esbarrava muito pelo campus na hora em que ele saia e que eu chegava, mas o cotidiano fez com que esses encontros diminuíssem aos poucos, até chegar ao ponto em que pararam de ocorrer.
- Estudando para a OAB, a prova é em dois meses e falta menos de um ano para eu me formar, ai sabe como é, quero ver se já me formo tendo sido aprovado.
- Entendo... - respondi
- E você? - perguntou Roger
- Bom, cheguei cedo pra caramba e minha aula só começa lá pras quatro horas, aí estou em um momento de ócio procurando alguma coisa para fazer.
- Caramba, porque chegasse tão cedo?
- É porque eu vim direto do estágio, e se eu voltasse para casa não sairia mais, vá por mim, isso sem falar que passagem ta cara.
Roger não parecia ter engolido a minha "desculpa", mas não chegou a questionar.
- Entendi... - falou ele.
Depois de um segundo com os dois em silêncio, perguntei:
- E aí, como ta a vida?
- Rapaz, é melhor a gente sentar que a conversa vai ser um pouco longa...
Então nos sentamos em um banco que tinha ali por perto e assim ele começou a me atualizar sobre o que estava acontecendo na vida desde a última vez que tínhamos nos visto (o que já faz um tempo).
No geral, as principais novidades dele foi que ele finalmente conseguiu ter um namoro e que durou até por um bom tempo, uns cinco meses, e que tinha acabado recentemente, e também ele teve uns três estágios nesse "meio tempo" e agora estava em seu quarto em uma importante firma do Recife. E claro, também aproveitei para atualiza-lo de tudo que tem ocorrido na minha vida, desde as idas e vindas do amor que tenho passado nos últimos anos até a minha vida profissional, além de mais diversos outros assuntos.
Nesse meio tempo de conversa, houve um momento que Roger lembrou de uma situação em que tentei ajuda-lo quando ele queria se declarar para uma menina em churrasco, mas a mesma não o levou a sério achando que ele estava se declarando porque estava bêbado, e claro, rimos juntos disso. Mas foi depois disso que ele falou:
- Cara, falando nisso, deixa eu te contar uma outra situação que estou passando no momento que é mais chata que essa.
- Manda! - falei
Roger respirou fundo, e falou:
- Vou te contar, e ai tu me responde o que você faria se estivesse no meu lugar, beleza?
- Ok.
Então ele começou:
- É o seguinte, há uma garota...
"Como eu imaginei que envolvia uma garota?" pensei comigo mesmo.
-...que conheci na festa de uma amiga minha lá da sala, e tipo, ela além de linda é muito fofa, simpática, engraçada, e...
- E você quer tentar algo com ela... - falei o interrompendo - vamos pular esses mínimos detalhes e me diga qual está sendo a bronca.
- É, por aí... - falou ele um pouco sem graça - bom, acontece o seguinte, recentemente falei com essa minha amiga e estava prestes a falar desse meu interesse na amiga dela, mas antes que eu conseguisse ao menos mencionar isso, ela falou pra mim que um amigo nosso, que por sinal é muito próximo a mim, já estava tentando algo com essa garota.
- Viiiiiish... - reagi - isso definitivamente não é legal.
Logo após falei:
- Mas tu chegou a falar pra essa sua amiga sobre o seu interesse na garota?
- Claro que não, aliás, você está sendo a primeira pessoa a saber disso.
Achava incrível isso, fazia um tempo da porra que a gente não se falava, mas ainda assim a gente conseguia conversar como se estivéssemos mantendo contato por todo esse tempo.
- Entendo... - respondi - mas o quão próximo você e esse cara são?
- Próximo do tipo que quase todo fim de semana a gente faz rolê junto com o pessoal... - falou Roger - ou seja, bastante.
- É complicado.
- Não me diga.
Respirei fundo, e falei:
- Então, o que você pretende fazer?
- É por isso que eu quero a sua opinião, porque eu não faço a menor ideia de como agir.
Que responsabilidade o maldito tinha me jogado naquele momento.
- Bom... - comecei a falar - antes de tudo, você pretende contar para o seu amigo sobre essa situação?
- Claro que não! - respondeu ele
- Então você provavelmente não vai gostar da resposta que tenho para lhe dar.
- Apenas fale!
Respirei fundo, e falei:
- É o seguinte, para que essa história termine sem nenhum "ferido", será necessário que um dos dois recue por livre e espontânea vontade.
Roger ficou alguns segundos processando a informação, até que finalmente falou:
- Pera aí, tas dizendo que eu devo recuar?
- Eu disse que essa é a solução, e que eu no seu lugar faria isso por mais que me doesse, mas você é um cara livre para fazer o que bem entender, estou dando apenas uma sugestão.
Ainda assim o coitado do Roger ainda ficou refletindo sobre aquela informação.
- De uma escala de zero a dez, como você define o seu sentimento por aquela garota? - perguntei
Ele pensou um pouco e respondeu:
- Coloque uns dois e meio, ainda é basicamente atração.
- Mais uma razão para ouvir que eu to dizendo, aproveita que o sentimento ainda está em um nível baixo, que aí o dano emocional não será forte.
Mas parecia que isso não o tinha convencido ainda.
- É complicado, eu sei, mas ou é isso ou passarás por um conflito bem complicado.
- Mas e se eu tentar conversar com ele sobre isso?
- Cara, sério, o melhor é que ele não saiba, porque senão vai ficar um clima chato entre vocês dois.
Roger continuava pensativo.
- Eu sei que essa decisão pode ser das mais justas... - falei - mas se tem uma coisa que tenho aprendido ultimamente é que o mundo em si não é justo e infelizmente não há nada que possamos fazer em relação a isso.
A reação de Roger continuava a mesma.
"Pobre desiludido" pensei.
- Pense bem sobre isso e tome a decisão mais sábia. - falei
- Ok então. - respondeu ele um pouco cabisbaixo, chega estava dando pena do pobre coitado.
Então Roger olhou para o relógio, e disse:
- Eita, melhor eu ir agora, tenho uns trabalhos para resolver em casa.
- Beleza então. - falei
- Falou bicho, valeu aí pela conversa e até a próxima.
- Falou, e pense bem no que eu disse.
- Tenha certeza que farei isso.
Dei uma risada falsa, a cara de Roger ainda expressava aquele ar de decepção.
- Até a próxima. - falei para ele, e assim seguimos nossos caminhos.
Enquanto Roger seguiu o caminho até a sua parada de ônibus para ir pra sua casa, eu voltei a ir em direção da biblioteca para fazer os meus trabalhos.
Fiquei pensando na situação que o coitado tinha me contado, e fiquei com pena dele principalmente por conta da forma que reagiu após eu ter dado a minha opinião, mas infelizmente aquela era a única forma dessa história ter um final em que não terminasse com pessoas "feridas".
No que deu isso tudo no fim das contas? Ainda não sei, provavelmente saberei na próxima vez em que eu vê-lo, o que pode demorar um pouco para ocorrer.

Brian

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Estado violência

Hoje o assunto será um pouco sério, e será sobre algo que acho que nem eu e nem ninguém queria ter que falar sobre, mas é aquilo, a vida ta nem aí para o que você acha das coisas e simplesmente as faz acontecer você querendo ou não, sejam essas coisas boas ou ruins.
Que vivemos atualmente tempos de crise isso não é novidade para seu ninguém, mas mesmo assim, há coisas que precisam ser faladas, mesmo que soe redundante em alguns casos. E quando falo "crise", não me refiro apenas a parte financeira, isso porque consequentemente todo o resto acaba sendo afetado também.
Mas chegando finalmente ao ponto. Se tem uma coisa que tem me preocupado tanto quanto a crise financeira (ou até mais) é a crise que o estado de Pernambuco atualmente vive na questão da segurança pública, porque sinceramente, moro aqui desde que nasci, e nesses meus 22 anos nunca vi a segurança em situação pior do que a que estar hoje, e não falo isso apenas como um mero observador, e sim como uma vítima recente da violência urbana.
O fato relatado ocorreu há quase três meses atrás, mas desde então as lembranças dele me assombra quase que todos os dias. Estava eu indo para aquele que deveria ter sido apenas mais um dia normal de trabalho no estágio, desci do ônibus em que estava já pronto para uma "leve" caminhada até o prédio onde a empresa fica.
Caminhada essa que passa por uma avenida muito esquisita (principalmente as cinco da manhã, horário em que ocorreu o fato relatado) chamada Avenida Guararapes. Tinha descido exatamente no início dela (que já não tem um cenário muito amigável àquela hora) e tinha que atravessar a chamada Praça do Diário para depois atravessar a Ponte Maurício de Nassau para chegar no meu destino, e foi aí que a merda aconteceu.
Tudo aconteceu muito rápido, estava na calçada andando normalmente, e ao meu redor já haviam algumas pessoas circulando pelo local, entre elas haviam tanto aqueles que nem eu, estavam indo para os seus respectivos trabalhos (fosse andando ou esperando o ônibus passar), alguns ambulantes que já iniciavam a sua batalha do dia e os moradores de rua (que havia aos montes por ali).
Logo a frente, junto a alguns ambulantes, se encontrava um homem, que aparentemente tinha a idade do meu pai, usando uma jaqueta e bermuda. De início não o achei suspeito, pois achava que ele era apenas mais um dos tantos ambulantes que trabalhavam ali, isso sem falar que do jeito que o cidadão estava, aparentava que apenas esperava o ônibus.
Bastou passar do lado dele para eu ver que estava enganado, pois quando me aproximei, ele primeiro fingiu que ia ser retirar do local, pra depois rapidamente me agarrar pelo braço, tirar uma faca de cozinha de dentro da sua jaqueta e anunciar o assalto.
A ação durou menos que 5 minutos, ele levou apenas meu celular (que felizmente, era o único objeto de valor que tinha comigo), depois me revistou para ver se eu não estava escondendo nada dentro da calça e depois me liberou, e ainda bem, sem me fazer nenhum mal (pelo menos fisicamente).
Quando o filho da puta finalmente me liberou, meu único pensamento era sair daquele local o mais rápido possível, então acelerei o passo em direção ao meu destino e não olhei para trás em nenhum momento.
A ficha do que tinha acontecido só caiu quando cheguei no trabalho, eu estava em estado de choque e com o coração tão acelerado que parecia que ele iria sair pela minha boca a qualquer momento. Claro, primeira coisa que fiz quando cheguei foi relatar aos meus colegas o assalto, e certamente, todos ficaram chocados também, um deles me emprestou o celular para que eu pudesse comunicar a minha família do ocorrido e pedir para que eles bloqueassem o meu aparelho e o meu número.
O pessoal, vendo o meu estado psicológico que estava o pior de todos, me disseram se caso eu quisesse ir para casa me recuperar do choque e não trabalhar no dia, eles davam conta da minha demanda, mas eu recusei, porque afinal, o mundo não iria parar de girar por minha conta.
Se antes disso eu já andava nas ruas com medo, agora que simplesmente não tenho mais paz, desde então ir até o estágio é um desafio para mim, toda vez que coloco o pé pra fora de casa às 5 da manhã me sobe aquele maldito medo que aquilo aconteça de novo, sempre que passo pelo local onde aconteceu (que evito passar a pé desde então) me passa um filme na cabeça, me fazendo relembrar cada momento tenso que aquele filho de uma puta me fez passar..
Mas aí você me pergunta: "O assalto te fez ficar tão traumatizado a esse ponto?"
Então lhe respondo: Sim, mas não apenas isso, outros fatores também tem contribuído.
Esses fatores são as notícias as quais acompanho todos os dias, pois, meu trabalho atualmente é fazer clipagem das notícias que ouço na rádio, e um tipo de notícia que normalmente tenho que pegar são as policiais, e por isso, fico sabendo diariamente de todas as desgraças que acontecem no estado.
E o mais assustador é que essas são as notícias que saem em maior número, isso sem falar que todos os dias a rádio faz um balanço no número de assaltos a ônibus que ocorrem nas últimas 24 horas, e acreditem se quiser, não há um dia que passe em branco, e sempre são no minimo 5 por dia. E pra piorar, muitos desses assaltos normalmente ocorrem várias vezes nas mesmas localidades, ainda assim parece que isso não é o suficiente para que a polícia aumente a fiscalização nesses locais, coisa que ninguém entende. E para nós, só resta torcer para que não sejamos os infelizes "sorteados" em próximas ações desses bandidos.
E acha que acaba por aqui? Nada disso.
Outro problema que tem ocorrido com frequência são os ataques de quadrilhas contra agências bancárias, mas em específicos aos caixas eletrônicos, sejam eles dentro das agências ou aqueles soltos que há nos estabelecimentos comerciais. A coisa está no ponto que praticamente todos os dias está havendo uma ação do tipo no estado, seja na capital ou no interior, enquanto os pobres dos bancários, muitos estão pedindo afastamento do serviço por conta do medo de serem as próximas vítimas.
E ao que parece, não há um serviço de inteligência no estado competente o suficiente para que a polícia possa ficar um passo a frente desses bandidos, e só para piorar um pouco mais, a própria polícia se ver incapacitada em enfrentar esses marginais por conta do forte poder de fogo que esses malditos tem, ou seja, fica impossível pros policiais enfrentarem caras armados com fuzis se utilizando de meras pistolas.
No geral, como muitos tem dito, a estado ta entregue as baratas.
Além disso tudo que falei aqui, outra coisa que passei a ver constantemente são meus amigos nas redes sociais relatando assaltos sofridos por eles, isso sem falar em assaltos a estabelecimentos comerciais, como lojas, restaurantes, padarias, e por ai vai.
Por isso, posso dizer que meu sentimento atual é o mesmo compartilhado por boa parte da população pernambucana, não estamos nos sentindo seguro nem mesmo nos locais que deveriam ser teoricamente seguros, eu mesmo, juro que só falta acabar tendo im ataque no meio da rua de tão tenso que estou andando, tipo, toda vez que avisto um sujeito com um ar mais suspeito na calçado já fico com o "cu na mão", chegando até mesmo a fazer o percurso mais longo pra não ter que passar por eles,. No ônibus de manhã cedo, a cada parada que ele faz já fica um clima de tensão no veículo para ver quem era que tava subindo.
No fim, tudo que nos resta é continuar tocando a vida em frente, porque afinal, o que mais podemos fazer que não seja isso?


Brian