terça-feira, 6 de outubro de 2015

Só mais um dia normal em um ônibus

Aquela era apenas mais uma daquelas semanas corridas que eu tinha na faculdade, e bote corrida nisso, porque o número de trabalhos para fazer estava enorme, isso sem falar que por pura burrice, diga-se de passagem, eu deixei uma parte deles para última hora (típico de mim).
Naquele dia em específico, já estava voltando para a casa, felizmente a aula na ocasião tinha terminado mais cedo, ou seja, eu conseguiria um tempo a mais para colocar os meus trabalhos em dia. Estava tudo dando certo, até o ônibus que normalmente demorava pra cacete tinha chegado rápido, ele que normalmente demora meia hora para chegar, dessa vez chegou em menos de quinze minutos.
Dos cinco minutos que se seguiram após isso não há muito o que contar, apenas entrei no ônibus, me sentei na janela (felizmente, tinha lugar para sentar) e fiquei olhando pela janela esperando chegar no meu destino.
Algumas parados depois, mais uma leva de pessoas entrou no ônibus, entre elas uma senhora da idade da minha mãe que se sentou do meu lado, e por que essa informação é relevantes? Você saberá daqui a pouco.
Até então, tudo na mais perfeita "normalidade", o trânsito continuava a mesma bosta de sempre, e as pessoas ao meu redor, cada uma parecia apenas pensar nos seus problemas. Para mim ainda faltava um caminho razoável para chegar em casa.
Mas pouco tempo depois, passei por uma situação um tanto que peculiar, muitos não fariam isso no meu lugar, sendo que era algo que realmente me tirava do sério, que muitas vezes eu tive vontade de fazer mas nunca tinha tido coragem, até aquele momento.
Vamos do princípio, estava tranquilo na minha, como sempre, apenas esperando chegar na minha parada, do jeito que eu normalmente fico no ônibus, até que a mulher que estava sentada do meu lado tinha terminado de beber a água que estava na garrafa que ela carregava, e pouco depois disso, ela fez exatamente aquilo que me tira do sério, jogar a garrafa pela janela do ônibus.
- Licença. - disse ela tentado cometer tal ato repugnante.
Apesar de me tirar do sério, eu nunca fazia nada quando alguém fazia algo do tipo perto do mim, acho que é porque a pessoa nunca estava tão perto de mim quanto aquela senhora estava, acho que foi isso que me motivou a fazer algo.
- Ei, ei, espera... - falei fechando a janela rapidamente - o que a senhora vai fazer?
Ela pareceu um pouco mais acanhada depois que eu falei isso
- Vou só... jogar essa garrafa lá fora.
- Você acha isso certo?
Ela ficou calada ainda acanhada.
- A senhora faz isso na sua casa?
- N-Não...
- Então porque está fazendo isso aqui?
Então ela parou para pensar, e disse:
- Oh menino, quem é você para ficar me dando lição de moral? Desde quando isso é problema seu?
Aí eu dei uma profunda respirada, porque o que viria a seguir iria exigir bastante do meu fôlego.
- Quem sou eu? Pois bem, sou apenas um mero cidadão que não aguenta as pessoas sujando as ruas na maior cara de pau, pessoas essas que normalmente se dizem "bons cidadãos", quando na verdade são apenas um bando de egoístas que não podem carregar o lixo com você até uma lixeira mais próxima porque senão o braço cai, e acredite, ele não cairá se você fizer isso, agora, e por que isso é problema meu? Simplesmente porque isso de uma forma ou de outra afeta a mim e a todos, se o esgoto entope alagando uma rua inteira, isso é resultado de lixo acumulado por pessoas como você, que depois ainda tem a ousadia de reclamar do governo dizendo que eles não limpam a cidade, quando na verdade é vocês que a sujam.
Depois disso, ela simplesmente guardou a garrafa na bolsa dela e se retirou para um outro assento, algumas pessoas ao redor observavam a cena, muitos com olhar de aprovação, imagino que aquilo tudo que eu falei estava entalado na garganta de alguns.
E após isso, voltei a apenas me concentrar no que passava na janela do ônibus, isso por uns dez minutos até eu finalmente chegar em meu destino. Naquele momento, desci do ônibus e fui para casa com a consciência limpa, tendo em mente de que fiz a coisa certa.

Brian