segunda-feira, 16 de julho de 2012

Uma conversa amistosa com a minha consciência

Eu estava passando por aquela velha cena que tudo mundo ver nos filmes, eu estava deitado numa maca com vários médicos correndo ao meu redor, eu abria os olhos lentamente e aquilo era tudo que eu via, antes de fechar os olhos novamente, até que um certo momento eu vi meu pai do meu lado, eles estava falando coisas as quais eu não estava entendendo na hora, tentei falar algo, mas de novo eu não consegui, então fechei os olhos de novo, de vez.
Me vi num local onde tudo era branco, olhava para os lados e tudo que eu via era branco, nada mais além de branco, então pensei ''Será que eu morri?'', só em pensar nisso eu já ficava triste, me levantei e comecei a procurar alguém, ou ate mesmo qualquer coisa, eu simplesmente queria achar algo no meio daquele ''branco'' todo.
Foi então que me lembrei do meu pai, da minha mãe, da minha irmã, dos meus amigos, de Gabriela. Fiquei com vontade de chorar, mas consegui segurar e continuei andando a procura de algo, até que eu finalmente achei algo, aliás, algo não, alguém.
Eu achei a mim mesmo, quer dizer, eu tinha certeza que aquele seria mais um dos meus encontros com a minha consciência, que como sempre, estava usando a minha imagem. A única coisa que eu vi dele foi a cabeça e os braços, já que eles estava completamente vestido de branco, parecia mais que ele era uma cabeça e um par de braços flutuantes.
- Olá Brian, é bom vê-lo de novo! - falou ele
- O que eu fiz agora? - perguntei
- Relaxe, desta vez eu não vim te castigar, tenho nem motivo pra bater em você!
- Certeza?
- Absoluta!
Fiquei convencido.
Ele andou um pouco em minha direção, e eu disse:
- Estou morto?
- Não! - respondeu ele
- Corro risco de vida?
- Também não. - disse ele - Deixe-me simplificar pra você, você está em coma.
Fiquei um momento calado.
- Mas ainda assim não corro nenhum risco?
- Nenhum.
Fiquei um tempo refletindo, estava tentando processar aquilo tudo.
- Então a minha agonia continuará, eu imagino. - eu disse
- Como assim?
- Continuarei vivendo nesse mundo, que a cada dia caminha cada vez mais pro fundo do poço.
- Onde você quer chegar com tudo isso?
- Que o mundo ta tão ruim que possivelmente, morrer ta virando um privilégio!
Minha consciência suspirou, e disse:
- Brian, vem cá!
Fui pra perto dele, fique frente a frente com ele.
- Deixa eu te dizer uma coisa! - disse ele
Fiquei atento, até ele me da um tapa no rosto.
- Ei... - disse eu - você disse que não tinha motivo pra me bater!
- Você acabou de me da um motivo.
Comecei a alisar meu rosto para aliviar a dor.
- Cara, é o seguinte... - disse minha consciência - tem pessoas lá fora torcendo pela sua recuperação, pessoas que eu sei que você não gostaria de vê-las triste, então não as decepcione com esse pensamento.
Ele estava certo, pra variar.
- Aliás, você não se pergunta sempre sobre quem iria te visitar se você fosse internado no hospital?
- Sim - respondi
- Você terá a resposta agora!
Ele veio pro meu lado, e fez que uma tela transparente se abrisse a nossa frente, passaram-se alguns segundos, e eu vi nessa tela a minha família. Meu pai, minha irmã, minha mãe, minha avó, minha prima e meus tios, eles estavam todos do meu lado completamente angustiados, minha avó rezava, minha mãe não largava a minha mão, minha irmã chorava.
- Aí estar! - falou minha consciência
- Caramba velho, é duro vê-los assim.
- Entendeu o que eu disse agora?
- Sim!
- Beleza, e antes que tu diga ''era previsível que minha família me visitasse'', veja o próximo vídeo!
Ele passou a tela, e agora eu via meus amigos perto da minha cama. Andreza chorava, Thiago tentava consola-lá, mas ele estava a ponto de chorar também, Joey estava do meu lado dizendo:
- Tu é forte, cara, eu sei que tu vai escapar dessa, tenho certeza que você não nos deixará.
- Só uma pergunta... - falei pra minha consciência - isso foi num dia só?
- Sim... - disse ele - mas eles vieram mais vezes depois disso, aliás, já faz uma semana, eles continuam aflitos mesmo sabendo que você não corre risco.
- Pera aí, estou em coma a uma semana? Mas faz nem 20 minutos que a gente ta aqui conversando!
- Velho, você sabe tão bem quanto eu que a noção de tempo dos sonhos é muito diferente da noção de tempo da realidade.
Eu realmente sabia.
- Os próximos 2 vídeos serão uma surpresinha pra você.
A primeira nem foi tanto assim, ele passou o vídeo e eu vi Júlia ao lado da minha cama segurando a minha mão.
- Oh Brian... - dizia ela - você não merece isso, você é um cara bom, nunca conheci alguém tão adorável como você, e eu sei que não estamos passando por um bom momento, mas se você estiver me ouvindo, eu quero que saiba que eu sinto sua falta, muitas vezes.
Aquilo sim me surpreendeu.
- Eu sei que não da mais pra gente namorar, mas eu queria que a gente voltasse a ser amigos, que antes da gente começar a namorar, antes mesmo de eu me apaixonar por você, eu te considerava o melhor amigo que eu já tive, e eu queria que isso continuasse assim.
- A vida é uma caixinha de surpresas, né? - disse minha consciência
- Pois é! - respondi
- Agora você terá uma surpresa maior!
Ele passou o vídeo, e eu realmente me surpreendi, estava lá uma das últimas pessoas que eu esperava ver por lá!
- Roger?
- Isso mesmo!
Roger tinha estudado comigo no meu antigo colégio, muitas vezes eu não sabia dizer se ele era meu amigo ou se ele apenas me suportava, já que ele vivia dando fora em mim e as vezes até mesmo me evitando.
- Faz um tempinho que a gente não se ver, né? - falou Roger no vídeo - E eu fico triste ter que te ver de novo assim, mas assim que eu soube da notícia eu tive que vim, que cara, eu sei que já reclamei muito de você, já te dei muito fora, mas tu é um bom cara, tu era uma das pessoas que eu mais respeitava naquele colégio, e ainda respeito.
Ele deu uma respirada, e continuou:
- To torcendo muito pra que você melhore, muito mesmo.
- Guardei o melhor pro final... - disse minha consciência- sabe quem está no seu quarto nesse momento?
- Quem? - perguntei
- Gabriela, ela tem vindo te ver bastante, mais mesmo do que a sua família, vamos ouvir o que ela tem pra dizer, né?
Ele passou o vídeo, e lá estava ela, olhando pra mim com seus lindos olhos azuis, completamente aflita.
- Já faz uma semana, estou começando a ficar muito preocupada, to com medo de que você fique assim por muito tempo, já li muitos casos de pessoas que ficaram em coma por anos, eu não quero que isso ocorra contigo, não quero mesmo!
Uma lágrima escorreu de seus olhos, e ela continuou:
- Eu não quero ficar sem você, Brian, você foi uma das melhores coisas que me aconteceu, nunca conheci um garoto tão doce como você, nunca um garoto me tratou tão bem quanto você.
Ela engoliu o seco, e continuou:
- Eu te amo Brian, é isso, eu te amo, muito, nunca amei ninguém da forma que eu te amo, desde que você me salvou daquele atropelamento que eu sou louca por você.
Ela fez uma pausa.
- Aliás, é meio irônico isso, né? Você me salvou de um atropelamento e depois você sofreu um, mas isso não vem ao caso, eu só espero que você esteja me ouvindo, porque tudo isso que estou falando é de coração. - ela fez outra pausa - não me deixe sozinha, sem você eu não sou nada.
Ela me deu um beijo no rosto, beijo esse o qual eu senti ali mesmo, foi quando eu percebi, eu precisava acordar.
- Cara... - falei segurando minha consciência pela camisa - me faça acordar agora, EU PRECISO ACORDAR AGORA!
- Calma... - falou ele me afastando - que seja feita a tua vontade!
Ele se afastou e desapareceu no meio daquele branco, foi então que senti tudo tremer, meu coração batia mais rápido, eu estava prestes a acordar.
Quando dei por mim eu estava deitado na cama do hospital, eu ainda estava de olho fechado, mas eu sabia que Gabriela ainda estava ali, abri os olhos com dificuldade, e a vi prestes a se afastar, foi quando segurei a mão dela.
Ela se assustou, mas quando me viu acordado, ela começou a chorar. Ela me abraçou e disse:
- Você acordou, finalmente você acordou!
- Eu... ouvi... tudo! - eu disse com dificuldade
Gabriela ficou surpresa.
- Ouviu?
Confirmei com a cabeça. Então nossas cabeças começaram a se aproximar, comecei a sentir a respiração dela, ela ainda chorava, e nos beijamos. Foi um beijo rápido, mas que mesmo assim foi um dos melhores que eu já tive.
Assim que terminamos o beijo ela foi chamar as enfermeiras para da a notícia de que eu tinha acordado.
As enfermeiras vieram, começaram a falar um monte de coisas, mas eu so olhava pra Gabriela, e comecei a pensar, como eu tinha sorte de ter ela ao meu lado naquele momento.



Brian

domingo, 15 de julho de 2012

Um surpreendente fim de semestre

Finalmente era o último dia de aula do semestre, após o termino da aula eu estaria oficialmente de férias, e a outra boa coisa é que a aula naquela sexta-feira acabaria mais cedo, teríamos apenas 5 horários e depois disso podíamos ir pra casa aproveitar o início das tão esperadas férias. Mas a má notícia é que a última aula era de física, ou seja, a sensação seria que iria demorar uma eternidade pra aula acabar, mas fazer o que?
Absolutamente NINGUÉM estava prestando atenção naquela aula, todos queriam que aquela aula acabasse logo pra irem pra casa de uma vez por todas. Passei boa parte da aula voando (pra variar), e o maldito tempo parecia que custava pra passar logo.
Até que o sinal finalmente tocou e todos puderam comemorar o início das férias, o professor se despediu da turma, desejou boa férias pra todos e finalmente a gente pode sair da sala. Mesmo a gente já podendo ir embora, eu, Thiago, Joey e Andreza resolvemos ficar mais um pouquinho pelo colégio pra ficar conversando. Thiago e Andreza certamente não desgrudavam mais um do outro, pra onde um ia o outro ia atrás, e eu ficava feliz em saber que tava tudo ótimo entre eles, já eu, as coisas entre mim e Gabriela estavam ficando cada vez mais ''quente'', mesmo de férias ela ainda aparecia no colégio algumas vezes para falar comigo, isso me deixava MUITO feliz, e Joey ainda tava tendo um rolo com a Laura do 2º ano do qual ninguém sabia pra onde aquilo ia.
Ficamos até meio-dia no colégio jogando conversa fora, Andreza e Thiago foram os primeiros a ir embora, então ficamos apenas eu e Joey lá.
- Eles tão se amando mesmo, hein? - falou Joey
- Pois é, velho! - respondi
- Ele finalmente conseguiu.
- Eles se merecem!
- E quanto a tu e Gabriela? Quando a coisa vai se resolver?
- Eu to trabalhando nisso, cara.
- Pois tu devia agir logo, que pô, ta na cara que ela ta na tua!
- Tu acha?
Joey deu uma bufada e disse:
- Velho, na boa, é nessas horas que eu tenho vontade de te descer o cacete!
- Qual foi?
- Tu ainda tem dúvidas de que ela ta na tua? Porra, até minha irmã que é do 7º ano ainda já se ligou nisso.
- Calma, é que eu não gosto de botar todas minhas expectativas nessas coisas, sabe? Tenho medo de me decepcionar.
- Entendo, mas cara, eu tenho certeza que nesse caso nem tem como você se decepcionar!
Por um lado ele estava certo.
- Mas pera aí, tu ta falando do meu caso, mas me responde uma coisa, e teu rolo com Laura?
- Ta caminhando, velho.
- Pra onde?
- Não sabemos ainda.
- E quando vão saber?
- Porra, tais pior que minha mãe, hein?
Eu ri daquilo.
- Só quero saber, porque não é só eu que to perguntando. - disse eu
- Imagino... - respondeu Joey - mas de qualquer forma, a gente não quer apressar muito as coisas.
- Se é você quem diz...
Ficamos mais um tempo conversando sobre outras coisas, até que eu olhei o relógio.
- Caramba, já são quase 1 hora, é melhor eu ir nessa.
- 1 hora? Caramba, o tempo voou.
- Então velho, melhor eu ir antes que minha mãe me ligue me enchendo, falou ai, a gente marca de sair nessas férias.
- Ta beleza, falou e boas férias!
- Pra você também.
Peguei minhas coisas e fui em direção da parada de ônibus, e enquanto a Joey ele foi andando pra casa.
No caminho pra parada eu comecei a pensar em como foi aquele semestre, o que eu fiz, o que eu deixei de fazer e o que eu podia ter feito melhor. Muitas coisas se passaram na minha cabeça, como iam meus estudos, meus pais, meu amigos, meu termino com Júlia, meu lance com Gabriela, e mais um monte de coisa que tinham acontecido apenas naquele semestre, enfim, tinha sido um semestre e tanto.
Fui atravessar a rua pra chegar na minha parada, muitas coisas ainda se passavam na minha cabeça, naquele momento eu estava focado apenas naquelas coisas, esse foi meu erro.
Quando dei por mim eu senti uma grande pancada vindo da minha lateral, pancada essa que arremessou para 1 metro dali, caí no chão, bati a cabeça fortemente e rolei no asfalto. Foi quando eu vi o motorista da kombi que me atingiu correr em minha direção, ele e mais um monte de gente que estava ao redor, tudo doía em mim, eu estava perdendo meus sentidos, comecei a ver tudo duplicado. Muitos começaram a me fazer perguntas das quais eu não estava entendendo nenhuma, tentei falar, mas a única coisa que saiu da minha boca foi um gemido de dor, vi muitas pessoas ao meu redor, mas não conseguia identificar o rosto de nenhuma.
Então, tudo escureceu...


Brian

domingo, 8 de julho de 2012

Uma ligação no meio da noite

Era sexta-feira, tinha sido o último dia de aula no colégio para todos, quer dizer, menos para o 3º ano, eu ainda ia ter mais 2 semanas de aula em julho, uma triste realidade pra mim mas o que eu podia fazer, né? Se eu quisesse passar no vestibular eu tinha que passar por isso, e isso sem falar que os cursinhos não vão parar durante as férias, por isso que a coisa que eu mais queria é que aquele ano acabasse logo e eu ficasse livre daquilo tudo de uma vez por todas.
Mesmo sendo sexta-feira eu tive que dormir cedo naquele dia, eu tinha um simulado no dia seguinte e precisava acordar disposto e de cabeça fria, normalmente eu sempre durmo umas 22 horas, mas como era sexta e a prova no dia seguinte so começaria as 8 eu dormir um pouco mais tarde, 23:30 eu fui dormir, e ainda bem, não demorei muito para pegar no sono, deu nem 20 minutos e eu finalmente adormeci.
Seria uma noite tranquila de sono como qualquer outra se não fosse por um simples ocorrido, meu celular tocou no meio da noite. Lutei para conseguir levantar da cama, mas consegui ''Alguém morreu, porque não é possível!'' pensei na hora.
Liguei a luz do quarto e olhei o relógio, e eram 1:20 da manhã, fiquei irritado com isso ''quem raios iria me ligar a essa hora?'' pensei. Quando olhei o celular, era Gabriela quem me ligava, isso me preocupou bastante na hora ''Será que aconteceu algo com ela?'' me perguntei, e mesmo que tivesse acontecido, porque raios ela iria ligar pra mim naquela hora?
Atendi o telefone e disse:
- Alô?
- Alô, Brian?
- Sou eu, Gabi, aconteceu algo?
- Ai Brian, me desculpe ta ligando a essa hora, mas você é a única pessoa com quem posso falar isso agora.
- O que houve? É algo muito grave?
- O motivo é meio idiota.
- Fale mesmo assim.
- Não sei, você vai acabar ficando com raiva de mim e me achar doida.
- Se você não falar vou achar de qualquer forma!
Ela ficou calado por um momento, e falou:
- Ta bom então, mas o motivo é meio idiota.
- Pra você me ligar no meio da noite então não deve ser tão idiota assim.
Ela deu uma respirada, e falou:
- Ta certo então...
Fiquei aguardando que ela falasse...
Dava pra ver que ela estava um pouco receosa, provavelmente arrependida de ter me ligado, mas eu realmente queria saber o motivo daquilo tudo.
- É que eu tive um pesadelo! - disse ela
Na hora eu não sabia se ficava com raiva ou se eu ria daquilo, porque aquilo era realmente ridículo.
- Sério mesmo que é isso?
- Por favor, não ria e nem fique com raiva.
- Eu to normal, continue, o que houve nesse pesadelo?
- Bem, foi assim, a gente estava saindo do colégio e indo pra parada de ônibus, até que a gente foi abordado por dois assaltantes, os dois estavam armados, eles nos pediram o celular, o dinheiro e tudo de valor que a gente tinha...
E eu estava atento a tudo que ela falava
- Eu ia da tudo, até que você se colocou na minha frente, os desarmou e começou a bater nos dois...
''Nada que eu já não tenha feito antes'' pensei (lembrando das experiências que eu já tive com ladrões em minha vida)
- ... Você estava indo bem, até que você ficou segurando um deles e o outro recuperou a arma dele e atirou em você!
Fiquei surpreso quando ela disse isso.
- Meu Deus! - falei
- Ele atirou em você e os dois saíram correndo, eu fiquei desesperada e comecei a gritar!
Aquilo realmente me chocou.
- E depois? - perguntei
- Eu acordei, e foi então que decidi ligar pra você, foi por impulso, mas fiquei preocupada de qualquer forma.
- Sério? - perguntei
- Sério!
Meu ''incomodo'' todo tinha passado depois que ela disse isso.
- Nossa, que fofo da sua parte. - falei
- Sério?
- Sim, seríssimo.
- Então você não estar com raiva?
- Não mesmo, to até feliz agora!
- Nossa, fiquei com medo que você ficasse com raiva.
- No inicio até fiquei, mas no fim das contas foi um motivo digno.
Ela deu uma risada e eu ri junto com ela.
- Bom, já me sinto melhor agora, obrigada mesmo por ser compreensivo.
- Relaxa, foi nada demais.
- Sério, você é o melhor amigo que alguém pode ter.
Houve um momento de silêncio, e ela disse:
- Eu te adoro, Brian.
Fiquei calado por uns segundos sem saber o que falar, mas disse:
- Também te adoro, Gabi!
- Boa noite, durma bem e desculpe por isso.
- Pra você também, e não se preocupe, beleza?
- Ta certo!
- Tchau!
- Tchau!
Então eu fui dormir com uma ótima sensação, ou seja, no fim das contas não foi tão incomodo assim.



Brian

domingo, 1 de julho de 2012

A hora da verdade

Eu estava me preparando para ir pro cursinho de Português, era uma chuvosa tarde de quinta-feira e eu ia de ônibus para lá, ou seja, eu teria que enfrentar uma chuvinha básica.
Estava com tudo pronto, peguei meu guarda-chuva e saí de casa, chamei o elevador e fiquei aguardando. Comecei a pensar em como tinha sido meu dia, bom, foi mais um dia chato de aula, nada de muito diferente de qualquer dia, mas ainda bem que Gabi tinha ido pro colégio naquele dia, ela já estava melhor, o dia todo a gente não saiu de perto um do outro. Eu a amava muito, cada minuto ao lado dela valia a pena, e sempre quando ela não estava por perto eu ficava com uma saudade extrema, ela tinha virado o motivo pra eu sorrir todos os dias.
E finalmente o elevador chegou, entrei e apertei o térreo, quando a porta fechou a única coisa que me passava pela cabeça era pegar logo esse maldito ônibus e chegar no cursinho, e o pior é que a parada era um pouco longe e o ônibus as vezes demorava, e isso ja me desanimava e me deixava com vontade de não ir, mas infelizmente eu tinha que ir, maldito seja o vestibular.
Foi então que o elevador parou no 13º andar, o andar de Júlia. Eu e Júlia estavamos um bom tempo sem falar um com o outro, desde que ela tinha terminado nosso namoro por definitivo, e toda vez que a gente se encontrava no prédio era constrangedor, a gente até dava ''bom dia'' um para o outro, mas não passava disso, depois ficava nós dois calados até que o elevador chegasse em sua destino e um de nós saísse.
Não foi diferente dessa vez, a porta abriu e ela estava lá, ao me ver fez a velha cara de espanto que ela sempre fazia quando me via, já tinha me acostumado.
- Boa tarde! - falou ela baixinho.
- Boa tarde! - respondi
Ela foi pro canto do elevador distante de mim e ficou lá olhando pra baixo, a porta fechou e o elevador andou.
Eu até pensei em falar algo com ela, mas achei melhor não, as coisas entre a gente ainda não estava das melhores. Passaram-se uns segundos de silêncio, até que as luzes do elevador começaram a piscar e o elevador começou a tremer, comecei a ficar assustado e Júlia também. Então ouvimos um grande estrondo, o elevador parou de vez, Júlia gritou e eu quase caia, ficou escuro por alguns segundo, mas depois as luzes se reacenderam.
O elevador ainda estava parado, apertei o botão pra ver se adiantava de algo, mas nada ocorreu, Júlia estava ficando cada vez mais assustada. Peguei o interfone e liguei pra portaria, no 3º toque o porteiro finalmente atendeu.
- Alô? - falou ele
- Seu Zé?
- Sim, sou eu.
- Aqui é Brian do 15º, ta eu e Júlia do 13º aqui presos no elevador, tu sabe dizer o que houve?
- A chuva deve ter danificado um dos fusíveis, já estamos indo verificar, mas vou logo avisando que pode demorar um pouco pra ajeitar.
- Sério mesmo? Porra, eu tenho aula daqui a pouco.
- Sinto muito, mas é tudo que podemos fazer, enquanto isso fiquem calmos e não entrem em pânico, faremos o possível pra que vocês saiam daí bem.
- Ta certo, vamos tentar manter a calma aqui, obrigado.
Desliguei o interfone e fui ver como Júlia estava, e não faltava muito para ela ter um ataque de pânico.
- Ai meu Deus, não acredito que isso estar acontecendo.
- Fica calma, Júlia, eles já estão resolvendo tudo. - primeira vez desde o termino do namoro que eu falava pra ela algo diferente de ''bom dia'' ou ''boa tarde''.
- Eu ouvi a conversa, eu sei que eles vão demorar pra arrumar tudo.
- Sim, mas perder a calma não é uma opção!
- Não da pra manter a calma!
- Pelo menos tente! - fale aumentando um pouco o tom de voz
Ela começou a respirar fundo, mas eu percebia que aquilo não estava ajudando em nada.
- EU NÃO CONSIGO! - gritou ela
Comecei a ficar impaciente.
- Ai meu Deus! - falei
E então ficamos um momento sem falar nada, Júlia se desesperava a cada segundo que se passava e minha paciência diminuía cada vez mais.
- O que vamos fazer? - perguntou ela
- Não há mais nada pra fazer que não seja esperar!
- Ai, que droga.
- Tenta manter a calma.
- JÁ FALEI QUE NÃO DA!
- Puta que pariu.
Eu estava me segurando para não ser grosso com ela.
Passaram-se mais um tempinho de silêncio, até que Júlia falou:
- Faz um tempo que a gente não fica muito tempo no mesmo ambiente, né?
- Pois é! - respondi
- E em pensar que a algum tempo a gente não saia do pé um do outro.
- Pois é, eu tenho pensado bastante nisso.
- Ficasse um bom tempo arrasado depois que terminamos, né?
- Tu acha? Tu num sabe nem de metade do que eu senti.
- Sinto muito por isso!
- Não sinta, por favor, não sinta.
- Eu via como você estava quando a gente se encontrava no prédio, eu me sentia mal por isso sempre.
- Mas o que você pode fazer? O que eu posso fazer a respeito? Nada!
- Não me faça me sentir pior.
- Tarde demais!
Passou-se outro momento de silêncio e ela disse:
- Eu simplesmente não podia continuar te enganando, você é um ótimo cara, você não merece isso.
- Ao menos me explicava o porque!
- Eu te disse o porquê, eu não estava mais sentindo aquilo tudo por você.
- Eu acho que não é so isso.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Eu simplesmente sei.
Ela estava ficando impaciente.
Comecei a andar de um canto pro outro, aquilo estava ficando cada vez mais desconfortante, isso sem falar no fato do porteiro não ter nos dado novidade nenhuma sobre a situação.
- Ta bom... - disse ela - eu realmente não disse tudo.
- Eu sabia! - disse eu
- É que eu realmente não me sentia bem te contando isso.
- Mas devia ter contado!
- Eu sei!
Ela respirou fundo, e disse:
- Umas duas semanas antes da gente terminar, eu conheci um garoto em uma festa, ele também tem 17 anos e é um amigo da minha prima, e lá a gente conversou, dançou, se divertiu e tudo o mais, a gente trocou números e depois disso a gente passou a se falar constantemente... - eu ouvia tudo atentamente - Aí eu meio que comecei a me interessar por ele, no inicio fiquei assustada, tentei relevar, mas não deu.
Eu não estava feliz por estar ouvindo aquilo.
- Passou-se uns dias e eu passei a ter certeza de que eu realmente estava afim dele, foi então que te pedi o tempo. - ele fez uma pausa - E esse tempo me ajudou a confirmar tudo.
Fiquei calado, eu simplesmente não tinha palavras para aquilo tudo.
- Brian, por favor, fale algo.
- Me deixa processar isso tudo!
Fiquei alguns minutos pensando naquilo, eu simplesmente não estava acreditando nisso tudo, ela se aproximou de mim, ela ia tocar no meu ombro, mas eu a desviei.
- Eu simplesmente não acredito... - falei - estou completamente sem palavras.
- Vai, para com isso.
- Não da, me deixe pensar.
Poucos segundos depois o elevador voltou a funcionar, ficamos calados o caminho todo, sem olhar pra cara um do outro, quando finalmente chegou no térreo, Júlia falou:
- Brian...
- Pare - falei - me de um tempo, so isso.
Olhei pro rosto dela, e vi uma lágrima em seus olhos.
- Adeus, Júlia! - e saí do elevador
Eu ouvi o choro dela, isso me fez me sentir mal, mas eu precisava esquecer daquilo. Eu já estava atrasado para a aula, peguei o ônibus já pensando em pegar a segunda aula.
Depois daquele dia a minha relação com Júlia foi de mal a pior.


Brian