sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Relatos de um primeiro emprego

Finalmente tinha chegado numa parte importante da minha vida, a parte em que eu iria começar a trabalhar, já fazia um tempo que eu estava a procura de um estágio, tinha mandado meu currículo para várias empresas as quais em nenhuma obtive nem ao menos uma ligação. Mas ainda assim eu não desistia, uma hora alguma delas iriam me chamar, só precisava aguardar.
Meses tinham se passado, até que finalmente o recebi o "feedback" de uma delas, uma empresa de assessoria de imprensa a qual eu mandei currículo me ligou marcando um processo seletivo para a vaga de estágio de lá, e assim comecei a ter esperanças, já era um começo. Mas irei resumir logo os detalhes sobre o processo seletivo em si, foram duas partes, a primeira foi uma simples redação de no máximo 25 linhas sobre a mobilidade urbana nos dias de hoje, assunto o qual eu entendia bem, mas o que não impediu de eu fazer a besteira de só reparar que era no máximo 25 linhas quando faltavam 6 linhas pra chegar no limite, ou seja, tive que me virar pra concluir meu pensamento com o pouco espaço que ainda me sobrava, e eu sinceramente não gostei do resulto, mas tive que entregar assim mesmo.
Meses depois eles ligaram novamente me chamando pra segunda parte do processo seletivo deles, fiquei surpreso, já que eu próprio não tinha gostado do resultado da primeira parte, mas de qualquer forma eu fiquei feliz. Dessa vez eu tive que fazer mais ou menos o que eu faria lá se caso fosse contratado, me botaram pra ver algumas reportagens de dias anteriores e pediram que eu fizesse um mini-resumo de cada uma, o que eu não achei muito difícil, aliás, dessa vez eu tinha gostado do meu resultado, e estava bem confiante.
Confiança essa que foi indo embora ao longo que eles demoravam para me dar uma resposta, passou-se um tempo e eu já tinha perdido as esperanças de ser contratado, até que uns meses depois mais uma vez eles me ligaram, e assim minhas esperanças se reacenderam, quando atendi me disseram que eu não tinha conseguido o estágio, primeiramente, mas que eles estavam me chamando pra me dar outra chance pra uma outra vaga, e certamente eu aceitei.
Dessa vez, foi mais simples, foi só uma entrevista onde eles praticamente só fizeram dizer que eu estava contratado, sendo que no caso não era pra uma vaga de estágio, e sim para um emprego temporário que duraria até o fim da época de eleições (2 meses caso terminasse no 1º turno, e 3 se caso houvesse 2º turno), mas mesmo assim eu aceitei, porque não deixava de ser alguma coisa, aliás, bastante coisa, séria uma boa experiência já que eu iria trabalhar na área de comunicação, seria algo a mais pra por no currículo isso sem falar que o salário era bom.
O que eu iria ter que fazer? Teria que rastrear propagandas políticas nas rádios e anota-las numa planilha com os respectivos horário que cada uma passou, falando dessa forma parece até que é muito fácil, mas eu garanto que não é, principalmente pelo fato que eu teria que ouvir duas rádios ao mesmo tempo, uma tocando ao vivo e a outra gravada.
E pra que eu teria que fazer isso? Pro cliente saber se a emissora ta colocando os comerciais nos horários que deve colocar e na quantidade certa (podendo dá até mesmo em processo jurídico caso a emissora em questão não o fizesse).
Certamente eu não fui o único contratado pra essa tarefa, outras 15 pessoas também foram contratadas para fazer o mesmo serviço, 8 iriam trabalhar com televisão e outras 8 com rádio, 4 de cada trabalhariam no turno da manhã e as outras 4 no turno da tarde, isso sem falar que quem ficasse de manhã também trabalharia nos sábados e quem ficasse de tarde, nos domingos. E pra piorar, o expediente começava as 6 da manhã, ou seja, pra chegar a tempo eu teria que acordar umas 4 e pouca da manhã.
Ou seja, definitivamente não seria fácil, mas eu estava pronto assim mesmo.
Certamente, o primeiro dia foi o mais difícil, aquilo tudo era novo não só pra mim, como também para todos que começaram, primeiramente pelo fato de ter que acordar as 4 e meia da manhã, ter q tomar banho frio no frio, e sair andando na rua até a parada de ônibus ainda estando escuro e a rua vazia. E também porque todas as propagandas que iriam ao ar naquele dia eram novas, ou seja, a gente teria que pega o tempo de duração de cada uma pra depois eles poderem fazer o cadastro de cada uma, e era exatamente isso que complicava tudo, já que era tudo em questão de segundos (claro, se a gente quisesse checar de novo a gente poderia fazer isso pegando a gravação da rádio em questão), mas de qualquer forma, nossa atenção foi testada ao máximo, e a sensação era de que eu ia ficar doido.
Nos dias seguintes as coisas já facilitaram bastante porque as propagandas já estavam registradas, ou seja, a gente só precisaria anotar os códigos delas (mas claro, se caso aparecesse uma nova a gente teria que pegar o tempo e sobre o que ela falava), mas em compensação, quando a gente chegava lá de 6 da manhã, já teríamos que rastrear 6 horas de gravação (3 de cada rádio), e se possível, fazer isso antes das 8 que era a hora que teríamos que começar a ouvir a rádio ao vivo.
Era difícil, mas com o tempo eu iria me acostumar, e certamente tudo ficaria mais fácil, e por isso que minhas expectativas são as melhores possíveis, aliás, pra alguém de 19 anos, o primeiro emprego já é um grande passo.


Brian

domingo, 10 de agosto de 2014

Uma importante conversa com a minha consciência

Minhas férias tinham finalmente terminado, e eu estava de volta a velha rotina de sempre, apesar que minha expectativas pro 3º período da faculdade eram as melhores possíveis, finalmente iria começar a parte prática do curso de Jornalismo, e não só eu, mas como também boa parte da sala esperávamos há muito tempo por isso.
Mas de uma forma ou de outra o que eu sentia mais saudades da faculdade era o pessoal, não tive muitas chances de sair com eles durante as férias, principalmente por causa de uma torção que sofri no pé que me deixou em casa por três semanas, isso sem falar em alguns amigos meus que iriam começar a faculdade naquele semestre, entre eles Henrique que começaria o curso de Licenciatura em História e Caio que começaria o de Ciências Biológicas lá pela Federal.
E além disso tudo, ainda havia um outro aspecto importante que me deixava feliz com a volta às aulas, eu finalmente veria "Ela" de novo, "Ela" que mesmo depois de 2 meses de férias, ainda não saia da minha cabeça. Eu até pensei em chamá-la pra sair durante as férias, mas me faltaram "culhões" pra fazer tal convite, minhas incertezas continuavam a me incomodar, e aos poucos elas me deixavam doido. Mas o que mais me ferrava era a minha timidez, eu não tinha coragem nem mesmo de chamá-la pra dar uma volta pela faculdade só eu e ela.
Poucas pessoas sabiam do meu interesse por ela, pra mim enquanto menos soubessem, melhor, eram essas pessoas Júlia, Joey, Thiago e Andreza, que eram as pessoas que eu mais confiava.
Era sexta-feira a noite, chegava ao fim a primeira semana de aula, que por incrível que pareça eu achei muito boa, as expectativas pra aquele novo período eram as melhores possíveis. Cheguei em casa naquele dia super cansado, e deixei qualquer coisa que eu precisasse fazer pro fim de semana, depois de tomar banho e jantar, me sentei na frente do computador e comecei a fazer coisas aleatórias por lá. E depois de um bom tempo andando pelas redes sociais, eu vi "Ela" online, ela tinha faltado aula naquele dia, ou seja, a saudade estava batendo forte, queria muito saber o porque que ela não tinha ido pra faculdade hoje.
Mas parecia que nem pra isso eu tinha coragem, eu abri a "janela de conversa" dela e fiquei por minutos olhando pra ela pensando se eu puxava assunto mesmo ou não, por incrível que pareça eu estava com um receio, provavelmente era frescura minha, sendo que, sei lá, eu estava com medo de ser um incômodo, ou algo do tipo, como eu disse, provavelmente era frescura minha.
E lá estava eu ainda olhando pro perfil dela, pensando se realmente devia fazer aquilo ou não, se era realmente uma boa ideia, foi então que senti uma presença estranha, fazia um tempo que não a sentia, mas eu sabia muito bem o que era.
- Quanto tempo, hein? - falei pra minha consciência
Desde que me recuperei do meu acidente que minha consciência não aparecia mais pra me da nenhum tipo de bronca, o real motivo disso eu não sei, mas eu não acredito que seja porque eu tenho andado na linha por todo esse tempo.
- Realmente, muito tempo... - falou minha consciência por trás de mim, que mais uma vez estava assumindo a minha fisionomia.
- A que devo a honra da sua visita depois de todo esse tempo?
- Acho que você sabe bem a resposta dessa pergunta. - falou
- Mas me diga da mesma forma. - respondi
- Só lhe digo uma coisa, você está olhando pra ela a mais ou menos 5 minutos.
Como eu imaginava.
- Deixe-me adivinhar o que você vai me falar então... - falei - vai dizer pra eu deixar de frescura e falar com ela logo, certo?
- Se você já está ciente disso, porque ainda não o fez?
Pensei por alguns segundos, e disse:
- Eu sinceramente não sei dizer.
- Eu tenho um palpite... - disse minha consciência
Já sabia que vinha alguma bronca logo em seguida.
- Diga! - falei
- Porque você é um fraco, que não consegue nem mesmo puxar conversa com uma pessoa que é sua amiga.
- Você sabe o porquê que eu to assim.
- Sei sim... - falou - e sei também que é simplesmente por frescura.
Fiquei calado, infelizmente eu sabia que aquilo era verdade.
- Devo entender seu silêncio como um consentimento? - perguntou
Continuei calado.
- Foi o que eu imaginei. - completou
- Eu só não quero ser chato, simplesmente. - falei
Minha consciência riu.
- Como assim? - falou - pare com essa mania de sempre achar que ta incomodando, ela é sua amiga, provavelmente ficaria feliz se você fosse perguntar pra ela o porquê que ela não foi hoje.
Pensei por alguns instantes, e disse:
- É, provavelmente... - nem eu mesmo senti firmeza no que eu disse
- Sabe qual é o seu problema, Brian? - falou minha consciência
- Qual?
- O seu medo de arriscar.
Infelizmente aquilo era verdade.
- Você não sabe o quanto você já teria conquistado se arriscasse mais as coisas...
- Não é tão fácil assim quanto parece. - falei
- Mas também não é tão complicado, mas você adora por dificuldade nessas coisas.
- Eu tenho culpa por ser tímido?
- Tem sim, porque você nunca tenta superar a sua timidez.
Outra verdade.
- Vou usar uma língua da qual você entende melhor... - falou - já se perguntou o porquê que você nunca fica com nenhuma menina normalmente?
- Porque eu nunca arrisco. - respondi
- Exato, agora me diga, por que você nunca arrisca?
- Porque eu sempre acho que vai dar merda.
- Pronto, é esse tipo de coisa que você tem que parar.
Eu apenas o ouvia.
- Você não consegue nem ao menos puxar papo, tu tem essa mania chata de sempre esperar que ela que puxe, por isso normalmente você não consegue nada... - então ele continuou - um "oi", cara, é tão difícil assim dizer um "oi"?
- Ás vezes eu me pergunto bastante isso. - falei
- E outra, se der merda, deu, faz parte, é levantar a cabeça e partir pra outra.
- É que você sabe, tive experiências em que realmente deu merda, e isso acaba com a auto-estima do cara.
- E também teve outras em que deu certo, estou errado?
Respirei fundo, e disse:
- Não, não está!
- E outra, você terá que vencer essa timidez de uma forma ou de outra, sua profissão exigirá isso.
- Eu sei, ás vezes penso nisso também.
- Então, comece por agora! - falou apontando pra tela do meu computador
E assim minha consciência desapareceu, encerrando a conversa naquele momento, e eu já sabia o que tinha que fazer.
E assim eu finalmente fui falar com "Ela", quando o fiz ela realmente pareceu feliz por eu ter perguntado o porquê que ela não foi, isso fez eu me sentir bem. Quando eu perguntei, ela disse que foi porque ela estava um pouco doente, meio febril e com dor de garganta, e assim eu dei meus desejos de melhoras pra ela.
E logo após eu comecei a falar pra ela sobre o que foi dado na aula daquele dia, e dei todos os avisos que ela precisava saber, e depois ficamos conversando sobre coisas aleatórias.
Felizmente, tudo corria bem.


Brian