segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

No fim, nem tudo são flores...

Para você que provavelmente não acompanhou a história anterior a essa, lhe darei um resumo rápido para você não ficar perdido nessa que contarei agora: Eu e Simone estávamos numa festa no salão do prédio de Lucas (comemorando o fim do período na faculdade), onde lá, depois de alguns "lengas-lengas", as coisas entre eu e ela começaram a dar certo, tínhamos finalmente ficado. E dessa vez, meio que não foi preciso nenhum dos dois falarem nada, tudo aconteceu naturalmente, e claro, eu me sentia o cara mais feliz do mundo naquele momento.
Ai você provavelmente está pensando que eu só tinha motivo para sorrir, né? Bom, também achava isso, mas infelizmente não era essa a realidade. Pelo menos até o fim da festa, minha sensação era de felicidade, mas apenas até o fim daquela festa, e vocês vão entender isso melhor agora.
Acho que podemos começar ainda na festa, em alguns dois ou três momentos em que eu e Simone estávamos juntos, quando percebi nessas horas que ela estava um pouco "avoada".
- Ta tudo bem, Simone? - perguntei na primeira vez
- Sim, está, por que? - respondia ela
- Você parece que ta preocupada com algo.
- Ah, não é nada demais... - falava ela um pouco receosa
- Certeza?
- Sim!
E eu simplesmente aceitei a resposta, tanto que não perguntei novamente nas outras duas vezes em que percebi isso nela.
Mas, por que essa informação é relevante? Mais na frente vocês entenderão.
Agora, vamos para a manhã seguinte da festa, ou melhor, tarde seguinte, como tinha chegado em casa quase seis da manhã, apenas me acordei de meio-dia (ainda foi cedo em relação ao horário que outros amigos meus acordaram). Quando acordei, ainda levei um tempo para levantar da cama ainda processando o que tinha acontecido na noite anterior, sei lá, queria me certificar de que aquilo não tinha sido apenas um sonho louco, mas felizmente era verdade.
E claro, veio aquele frio na barriga junto com uma sensação de felicidade, eu era um besta apaixonado, para variar. Pouco depois, pensei em mandar uma mensagem para ela, chequei o celular e vi que ela não estava online, e que a última vez que esteve era na noite do dia anterior.
"Deve estar dormindo ainda." Pensei
Então deixei pra falar com ela mais tarde. Após isso me levantei e fui tomar café da manhã (almoçar, na verdade ha ha ha).
Quando saí do quarto, o primeiro que veio me dá "bom dia" foi Riddle, fiz um cafuné nele e segui para a cozinha. Minha mãe e minha irmã já tinham almoçado, mas tinham deixado o almoço na mesa para quando eu acordasse, e assim me sentei o comi a lasanha de frango que minha mãe tinha preparado. Elas me perguntaram sobre a festa, e eu falei apenas alguns mínimos detalhes, mas por exemplo, não falei sobre o meu lance com Simone, não estava com saco de responder aquelas perguntas chatas que os parentes normalmente tem em relação a isso, e também queria ter certeza de pra onde aquilo iria antes de falar qualquer coisa.
Enquanto comia, constantemente checava o celular para ver se Simone dava algum sinal de vida, as minhas velhas paranoias de sempre. Depois de uns 20 minutos tinha terminado de almoçar, mas ainda nenhum sinal de Simone.
Segui com o meu dia normalmente, mas a demora dela estava começando a me incomodar, mais uma vez, eu e minhas paranoias. Até que de duas e quinze da tarde, ela finalmente apareceu online, até pensei em falar algo imediatamente, mas achei melhor esperar pra ver se ela faria isso antes, mais uma vez, minhas paranoias.
Até que finalmente parei de frescura, e falei com ela.
"Oi." mandei
E assim fiquei na expectativa pela resposta, deixei o celular exatamente do meu lado enquanto esperava, e o nervosismo vinha cada vez mais forte a cada minuto que ela demorava para responder, e claro, consequentemente, minha cabeça inventava as teorias mais loucas possíveis (não preciso repetir a questão da "paranoias", né? rs).
Até que depois de 8 minutos, ela finalmente respondeu:
"Oi Brian..."
Talvez fosse a minha paranoia falando mais alto, mas eu não tinha gostado do tom desse "oi".
"Dormiu bem? =)" perguntei
Após alguns segundos, ela respondeu:
"Sim, eu acho"
Mais uma vez não senti firmeza na resposta dela.
"Aconteceu algo?" perguntei
Dessa vez ela demorou um pouco mais para responder, uns cinco minutos, para ser mais exato.
"Não, nada..."
Definitivamente não gostava daquele tom que ela estava falando. Pensei até em insistir, mas ao mesmo tempo estava com medo da possível resposta pra Simone estar agindo daquela forma.
"Ok então..." respondi
Fiquei na esperança dela falar mais alguma coisa (de preferência, sobre o que tinha acontecido entra a gente), mas nada veio, e claro, nesse momento minha cabeça estava a mil. Então resolvi perguntar:
"Foi divertido ontem, né?"
Após uma pequena demora, ela respondeu:
"É, foi..."
Aquelas respostas secas estavam me incomodando MUITO. Esperei mais uma vez que ela fosse citar o que ocorreu entre a gente, de novo, sem sucesso, meio que já estava percebendo que se eu não falasse ela não falaria em momento nenhum, e isso me assustava.
Foi então que finalmente decidi falar.
"Ei Simone, sobre o que ocorreu ontem a noite entre a gente, acho que seria legal que conversássemos sobre isso."
Decidi ser bem direto, como vocês podem ver.
E de novo, ela demorou para responder, enquanto isso, minha cabeça já inventava todas as teorias malucas possíveis do porque dela estar daquela forma comigo
Até que ela respondeu:
"Olha Brian, não é por nada não, mas podemos deixar isso pra depois? É que eu tô numa ressaca braba agora e sem o mínimo saco pra falar nisso."
Me assustei com aquilo, ela nunca tinha falado dessa forma comigo antes, e claro, aquilo foi um balde de água fria para mim.
"Ok então ._." falei um pouco retraído.
"Desculpa, ta?" disse ela
O fato dela ter pedido desculpa já me confortava um pouco de nada, mas só um pouco de nada mesmo.
"Tudo bem." falei.
Após alguns segundos com os dois sem falar nada, Simone disse:
"Depois a gente se fala, ta?"
"Ok então."
"Beijos!"
"Beijos!"
Toda aquela alegria que tomava conta de mim desde a hora em que acordei já tinha ido pro saco, agora a aflição tinha se apossado de mim. Dali em diante eu simplesmente não largava mais o celular, ficava de minuto em minuto checando se Simone voltava a falar comigo, mas acabava era ficando mais frustrado.
Quase meia-hora depois de termos nos falado, e a via online, mas ainda assim não vinha falar nada comigo. Até pensei em tomar a iniciativa novamente, mas depois daquilo acabei ficando mais acanhado, então achei melhor deixar quieto. O problema foi que, se fosse apenas esses trinta minutos, teria até ficado tranquilo, mas foram muito mais do que isso, muito mais.
Acreditem, três dias se passaram sem ela falar uma única palavra comigo, parecia até que eu tinha a chateado de alguma forma (e claro, eu estava começando a achar exatamente isso). Nesses três dias, a aflição já tinha tomado conta de mim por completo, cheguei a conversar com algumas pessoas sobre isso e cada um deu a sua teoria, e todas elas batiam de frente com todas aquelas minhas paranoias.
Eu não entendia mais nada, em um dia ela estava toda carinhosa comigo, me queria do lado dela o tempo todo, e agora por alguma razão não esclarecida queria distância de mim, a ponto de não falar mais nada comigo.
Já estávamos na terça-feira de manhã, e Simone ainda não tinha falado comigo, e pra piorar, no dia anterior eu cheguei a mandar uma mensagem para ela, cuja a mesma foi miseravelmente ignorada, para aumentar ainda mais o meu desespero.
Àquela altura do campeonato minha esperanças eram quase zero, mas eu queria pelo menos uma explicação plausível do porque dela estar me tratando daquela forma, Simone me devia isso, e muito.
Até que o celular fez o som de "mensagem recebida", eu que na hora estava deitado na cama, corri até minha mesa para ver se era ela, e dessa vez era, sendo que o que foi dito na mensagem esteve muito longe de me tranquilizar.
"Oi Brian, tudo bem?
Olha, eu sei que tenho agido estranho ultimamente, e me desculpa realmente por isso, é que ando bastante confusa desde aquele dia, sei que falando dessa forma até parece loucura. Mas você vai entender, eu juro, explicarei tudo hoje, mas isso precisa ser feito pessoalmente, então, você pode ir me encontrar agora lá na universidade?"
Ela continuava falando naquele tom, e eu não gostava disso.
"Oi Simone.
Sim, posso." Respondi
"Ok então, te contarei tudo quando chegarmos lá."
"Ok, até lá, então .-."
E ao mesmo tempo me perguntava internamente o como aquilo tinha chegado naquele ponto, possivelmente iria descobrir quando chegasse lá, e possivelmente não era boa coisa, então me arrumei rapidamente e fui para a parada de ônibus.
O ônibus demorou mais ou menos vinte minutos para chegar, e enquanto esperava a minha "agonia" era completamente visível para aqueles que por ali passavam. O que mais queria naquele momento era saber o desfecho dessa história, e torcia para que o mesmo fosse bom.
Durante todo o caminho, minha cabeça criava inúmeros desfechos pra aquilo tudo, alguns bons, outros nem tanto, e outros eram simplesmente uma merda. Pra variar, minha cabeça estava a mil.
Quando cheguei lá, me dirigi até o lago da universidade, era ali onde normalmente nos encontrávamos. Simone já estava lá a minha espera, ela parecia abatida com algo, foi a partir daí que tive certeza de que não viriam coisas boas daquela conversa.
- Oi Simone.
Ela que estava distraída na hora, olhou pra mim e disse:
- Oi Brian. - nunca tinha recebido um "oi" dela tão seco quanto aquele.
Ela nem sequer veio me abraçar como normalmente faz quando me ver.
Ficamos alguns segundos apenas parando olhando um para o outro, provavelmente esperando qual dos dois iria dá a iniciativa.
- Então... - falei em um tom como se estivesse pedindo para que ela inciasse.
- Nada mais justo, não é? - disse ela
E eu apenas concordei com a cabeça. Simone respirou fundo, e falou:
- Como não há modo fácil de falar isso, vou ser direta.
Enquanto isso, eu aguardava ela falar.
- Desculpa Brian... Não sei nem por onde começar...
- Pelo começo é uma boa opção. - falei
- Ok então... - falou ela dando uma profunda respirada
E finalmente, ela começou a explicar:
- Veja Brian, antes de tudo, quero que saiba que você é um ótimo cara, que o problema não é você...
- Conheço bem essa conversa, e sei que ela normalmente não acaba bem.
- Por favor, só ouça.
- Ok então...
Ela mais uma vez respirou fundo, e continuou:
- Veja, acho que na festa na ficou claro que eu gosto de você, e muito, e em um nível alto, e tenho tido esse sentimento há um bom tempo, acho que mais ou menos seis ou sete meses...
- Mas...
- Apenas escute! - esbravejou ela
- Está bem então, continue. - falei
Então ela continuou:
- E esse sentimento só tem ficado cada vez mais forte, a ponto de que... - ela fez uma longa pausa, enquanto eu fiquei na expectativa pra que ela falasse - que...
Sem falar nada, fiz um sinal para ela com a cabeça para que prosseguisse.
- A ponto que estou apaixonada por você!
Por mais que aquilo fosse esperado, ainda assim fiquei sem palavras diante daquilo.
- E é exatamente por isso que estou me afastando dessa forma.
- Como assim, Simone? Por que? - questionei
Ela ficou calada por um momento, provavelmente se preparando para falar algo que certamente não me agradaria, ela respirou fundo, e disse:
- Eu vou me mudar...
- Se mudar?
- Sim, de cidade...
Aquilo sim tinha sido um choque pra mim, e dos grandes.
- Pera aí Simone, me explica isso melhor.
- Veja Brian, não sei se você se lembra sobre quando mencionei que eu iria tentar uma bolsa de estudos em uma universidade em São Paulo, lembra?
- Tenho vagas lembranças. - falei
- Pois então... - ela deve uma rápida pausa, e disse - consegui a vaga.
Me impressionava pelo tom desanimado que ela me falava aquilo.
- Mas Simone... - falei - isso é uma ótima notícia! - falei com um pouco de entusiasmo - mas, ainda não entendi no que isso interfere entre a gente.
- Não está óbvio? - Infelizmente estava, eu que queria me iludir.
- Me explique da mesma forma, quero ouvir da sua boca. - falei
- Eu vou morar em São Paulo agora, ficaremos longe um do outro provavelmente pra sempre.
Mais um balde de água fria para aquela desagradável conversa.
Não consegui ter uma resposta imediata para aquilo, minha mente ainda tentava processar o que estava saindo da boca de Simone, me doía muito perceber que não a teria do meu lado nos momentos necessário, não teria mais as tardes perdidas com ela na faculdade, a sensação que já era ruim, tinha piorado cada vez mais.
- Mas Simone... - ainda procurava as palavras para utilizar -  ainda assim...
Não consegui achar argumentos.
- Sinto muito, Brian... - falou Simone em um tom choroso
- Então você vai desistir da gente assim tão rápido?
- Mas Brian...
- Minha vez de falar agora!
Ela respirou fundo, e disse:
- Ok então, fale.
- Veja Simone, desde a festa ficou muito claro que nós dois gostamos muito um do outro, não apenas isso, que nós dois estamos apaixonados um pelo outro, e eu garanto pelo menos por mim que o que sinto por você é forte, e isso de um bom tempo... - Simone já aparentava que iria chorar enquanto eu falava aquilo - e sim, tudo bem, você vai morar em São Paulo a partir de agora, mas se o que você sente por mim é forte, por que jogar isso fora assim dessa forma?
Aquela pergunta tinha tocado Simone, que já não conseguia mais segurar as lágrimas.
- Me perguntei a mesma coisa esses últimos dias. - disse ela já soluçando um pouco - Pra falar a verdade, essa dúvida ainda me aflinge, desde a festa que tenho pensado nisso.
O que finalmente explicava aqueles momentos em que ela passava minutos olhando pro nada.
- Quando estávamos juntos durante a festa, algo dentro de mim mandava eu parar imediatamente, e que senão nós dois íamos nos machucar, mas claro, no calor do momento eu apenas ignorei esse aviso.
- Se você fez isso foi por uma única razão... - falei - porque você não quer simplesmente deixar esse sentimento de lado, eu sei que não quer.
- Sim, isso é verdade. - afirmou ela
- Então por que não levar isso para frente?
- Porque não estou preparada!
- Como assim?
Ela fez um curta pausa, e continuou:
- Não estou preparada para lidar com um relacionamento a distância.
Dessa vez quem ficou sem o que falar fui eu.
- Veja Brian... - continuou ela - por mais que eu tenha esse sentimento forte por você, por mais que eu esteja apaixonada por você, por mais que eu não me imagine mais sem você, a gente não se verá mais constantemente, muito pelo contrário, a gente só se veria pela internet e olhe lá, e mesmo que vez ou outra nos encontrássemos pessoalmente, ficaria sempre aquela incógnita de quando iríamos nos ver novamente.
Ela tinha um ponto, infelizmente.
- Sim, há casais que conseguem manter um relacionamento a distância, mas de uma forma ou de outra isso requer força dos dois lados, e eu não acho que tenho força para aguentar isso, e nós dois só sofreríamos muito com isso. - completou ela
- Sim, é difícil, mas se fosse preciso eu estaria disposto a tentar, estaria disposto a lutar por nós.
- Por favor Brian! - falou ela alterando o tom de voz - não venha com esse discurso para mim.
Nesse momento Simone não segurava mais as lágrimas.
- Eu não quero te ver sofrendo por causa de mim. - completou ela
A ficha para mim ainda não tinha caído, ainda não acreditava que estava tendo aquela conversa com ela.
- Mas...
- Brian, não tente me convencer do contrário... - disse ela - só lhe peço isso.
Eu queria muito a convencer do contrário, queria que ela desse uma chance para nós dois, mas ao mesmo tempo também tinha minhas dúvidas, principalmente porque em boa parte do que ela disse ela estava certo, e pior, não tinha completa certeza se eu seria forte o suficiente para encarar isso. Então por isso parei de falar ali mesmo.
Passamos alguns segundos calados apenas olhando um para o outro, aquele silêncio era agonizante, até que falei:
- Simone!
- Diga... - disse ela enxugando as lágrimas.
- Não poderíamos pelo menos aproveitar o tempo que ainda temos juntos?
Admito que algumas lágrimas já começavam a brotar nos meus olhos naquele momento.
- Talvez sim... - disse ela - mas acho melhor não.
- Por que?
- Por duas razões, primeiro, porque eu já viajarei para São Paulo essa sexta, como tenho alguns familiares por lá já passarei o natal e ano novo por lá... - a essa altura já estava difícil segurar o choro - e segundo, porque isso só tornaria as coisas mais dolorosas.
Mais uma vez me encontrava sem palavras, naquele momento eu apenas torcia para que aquilo fosse apenas um sonho, que não estivesse realmente acontecendo. Passamos mais um tempo calados, Simone já desatava no choro, e eu me segurava para não chegar na mesma situação.
- Bom... - Simone finalmente falou - então acho que é isso... - falou em um tom de despedida.
A partir dali já não consegui mais segurar as minhas lágrimas.
- Isso é um "adeus" então? - perguntei
Ela apenas me confirmou com a cabeça, o que me doeu muito.
- Pelo menos você virá falar comigo em algum momento antes de ir pra São Paulo?
Ela sinalizou com a cabeça dizendo "não".
- É melhor que seja assim... - disse ela
Naquele momento eu apenas queria dar um abraço nela longo e apertado, queria pelo menos dar um último beijo nela, mas pelo que parecia nem isso eu teria.
Então Simone enxugou as suas lágrimas, e disse:
- Adeus Brian.
E assim, sem nem ao menos um aperto de mão, sem nem me dar a chance de me despedir, ela se virou, e seguiu o caminho de casa, enquanto isso eu ainda fiquei lá parado ainda tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Minha vontade era de correr atrás dela e implorar pra que ela não fosse embora daquela forma, mas infelizmente sabia que aquilo seria inútil.
Se na festa me sentia o cara mais feliz do mundo, naquele momento eu era o cara mais miserável do universo, e após tentar conter as lágrimas que ainda insistiam em cair, segui meu caminho até a parada de ônibus.
Durante todo o percurso até em cada tentei ao máximo esconder a minha aparência chorosa, tentava focar meus pensamentos em alguma outra coisa que não fosse aquilo, mas claro, era difícil. No ônibus, estava a ponto de me mergulhar em lágrimas ali mesmo, me segurava ao máximo para que isso não ocorresse, mas ainda assim não conseguia esconder a minha expressão de tristeza.
Algumas pessoas ao redor podem ter até reparado no meu estado emocional, mas claro, se comentaram algo foi apenas entre elas, aliás, nada daquilo que acontecia comigo era problema delas.
Após mais ou menos quase vinte e cinco minutos finalmente estava em casa novamente, ainda desolado. Quando cheguei em casa, não havia ninguém, apenas o Riddle que se encontrava deitado no sofá. Ainda bem, não precisaria ficar dando explicação do porque que eu estava com aquela cara de abatido.
Fui em direção do meu quarto, e quando passei pelo sofá Riddle desceu e me acompanhou (como sempre faz quando chego em casa). No meu quarto, a única coisa que fiz foi desligar o celular e me jogar na cama, nem ligar o computador eu fiz, não estava afim de falar com ninguém.
Naquele momento não me segurava mais, desatei em lágrimas, de uma forma que nunca tinha feito antes. Queria muito que aquilo tudo tivesse sido apenas um sonho, mas infelizmente era tudo real, muito real.
Riddle que antes me observava do lado de fora do quarto, entrou e subiu na cama, e provavelmente percebendo a minha tristeza, se aconchegou do meu lado e ficou me tratando carinhosamente, esfregando o pelo em mim e me lambendo, esse era ele querendo me consolar. E naquele momento apenas a presença dele me dava algum conforto, em resposta comecei a alisa-lo na cabeça.
Provavelmente se ele pudesse falar algo, certamente falaria "calma cara, vai ficar tudo bem". Se ele já era um gato especial pra mim, a partir dali passou a ser ainda mais, Riddle agora era minha única razão pra sorrir naquela bosta de dia que passei.


Brian

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Em uma festa qualquer, num sábado qualquer, numa situação qualquer

Aquele seria um sábado um tanto que interessante, e por que eu digo isso? Simples, porque naquele dia iria ser a festa do pessoal da faculdade de comemoração pelo tão esperado fim de período, esse que na minha opinião, foi uma dos mais difíceis de todos os meus dois anos e meio de faculdade.
Eu estava bastante animado para essa festa, que é engraçado pensar por esse lado, isso porque até um tempo atrás não era muito chegado nesses tipos de festas, mas sei lá, desde comecei na faculdade tenho curtido mais esse tipo de programa, principalmente quando estou com os meus amigos. Mas enfim, não é isso que vem ao caso.
O evento seria naquela noite no salão de festa do prédio de Lucas, e para participar cada um tinha que dar uma contribuição de 20 reais, o que eu já tinha feito antecipadamente (ainda tinha filho da puta que ia pra festa e não tinha pago ainda rs). Mas na verdade o que mais me interessava nessa festa não era ela propriamente dita, e sim, uma pessoa que eu tinha chamado que não era lá da sala, mas que para mim, a presença dela seria essencial.
Sim, eu tinha chamado Simone para a festa, e até a última vez que tinha checado, ela tinha confirmado presença. Dessa vez eu estava meio que decidido que finalmente tentaria algo, meus sentimentos por ela estavam mais fortes há um bom tempo, e estava ficando cada vez mais difícil esconder isso, a prova disso era nas vezes em que ia falar com ela e ficava completamente sem graça e procurando algo que dizer, o que deixava a situação um pouco constrangedora. Isso sem falar que eu já estava enrolando com aquilo há um bom tempo, e já era mais que a hora de dar um desfecho para essa história, fosse ele bom ou ruim.
Enfim, eram uma da tarde ainda, tinha acabado de almoçar e estava em um tédio extremo, como não naquele momento eu não fazia mais nada de útil, fui dar um cochilo. Acordei com o som do celular apitando, alguém tinha me mandado várias mensagens seguidas, chequei a hora, eram quase duas da tarde. Quando fui olhar, todas as mensagens eram de Simone.
Eu que ainda estava um pouco sonolento quando me acordei, após ver que as mensagens eram todas delas em um instante me acordei por completo.
Simone sempre teve uma mania de mandar as mensagens todas meio que "picotadas', ou seja, o monte de coisa que ela me mandou era tudo para dizer uma única coisa, que irei aqui resumir para vocês para não ficar cansativo nem para mim e nem para vocês.
"Ei Brian, tudo certo para hoje? Você vai mesmo, né? Vais como? Posso ir com você? Que eu não conheço o local e não faço ideia de como chegar lá."
Então rapidamente respondi:
"Oi Simone, sim, tudo certo, eu vou de "busão" daqui de casa, mas quer que eu te encontre em algum canto para a gente poder ir juntos?"
Após alguns minutos, ela respondeu:
"Sim, pode ser =)"
Claro, nesse momento uma chama de alegria se acendeu em mim.
"Beleza =)" respondi.
E depois falei:
"Aonde e de que horas?"
Ela ficou alguns minutos pensando, e eu fiquei na expectativa com o celular na mão. Após uns cinco minutos, Simone respondeu:
"Pode ser as três e meia lá na cidade?"
Antes de responder, olhei a hora, eram duas e quinze da tarde, ou seja, teria que me arrumar daqui a pouco se fosse o caso, mas eu não estava fazendo nada em casa mesmo, então concordei sem questionar.
"Fechou então!" Falei.
"Bom, pela hora já é bom eu começar a me arrumar aqui..." falou ela "até daqui a pouco =)"
"Até!" respondi
Eu ainda tinha um tempo de sobra até o horário combinado com Simone, normalmente me arrumo rápido, então não havia necessidade de fazer isso naquela hora, então até que desse a hora fiquei fazendo minhas coisas no computador. Quando me sentei, Riddle no mesmo momento pulou no meu colo (folgado, para variar rs), dessa vez pelo menos ele ficou quieto, e não me pentelhando como normalmente faz.
Quando deu duas e meia, tirei Riddle do meu colo (e claro, ele não gostou nem um pouco disso) e fui tomar banho. Em menos de quinze minutos eu já estava pronto, e logo após isso mandei uma mensagem para Simone lhe avisando disso. Ela respondeu dizendo que já estava saindo de casa e eu respondi da mesma forma. Me despedi do Riddle, me despedi da minha mãe e da minha irmã, e assim fui a caminho da cidade.
Tínhamos combinado de nos encontrar no shopping do centro da cidade, onde eu cheguei após mais ou menos vinte minutos de percurso, cheguei lá, Simone não tinha chegado ainda, liguei para perguntar se ela estava perto e assim ela confirmou, dizendo que chegava em mais ou menos dez minutos, sendo assim, me sentei no primeiro banco que achei e esperei.
E definitivamente, foram dez minutos o que eu tive que esperar para Simone chegar. E mais uma vez, vou falar que no momento em que ela apareceu por entre as pessoas presentes, ela estava mais linda que o normal (já ta chato me ver falando esse tipo de coisa, mas juro que não estou mentindo rs).
Por alguns instantes eu fiquei tipo aqueles garotos babões que parecem que nunca viram uma mulher na vida, o que normalmente é comum esse tipo de reação vindo de um homem, mas enfim. Quando nos aproximamos o suficiente, nos cumprimentamos e nos abraçamos, e no nosso abraço pude sentir o perfume dele, era um dos cheiros mais doces que já tinha sentido na vida, assim como o seu cabelo, que também cheirava muito bem, meu coração simplesmente palpitava naquela hora.
Depois de falar algumas coisas um para o outro que no momento não tem importância nenhuma, e após isso perguntei:
- Bom, e agora?
Então Simone respondeu:
- A festa começa de que horas mesmo?
- Seis e pouca se não me engano.
- Ah, está cedo ainda, então. - falou ela, que depois sugeriu - vamos fazer algo por aqui enquanto isso para passar o tempo?
Claro, nem pensei duas vezes quando disse:
- Com certeza!
- Mas... o que faremos? - perguntou ela
E aquela era uma boa pergunta.
- Rapaz... - falei em um tom de indecisão - podemos... sei lá, dá uma volta por aqui mesmo, o que acha?
- Acho válido. - disse ela sem pensar duas vezes.
E assim fomos dar uma volta pelo shopping, a gente já tinha se encontrado ali várias vezes em diversas situações, mas ainda assim conseguíamos nos divertir de alguma forma. Sei lá, vai parecer clichê eu falando isso, mas, com Simone praticamente tudo valia a pena, até as coisas mais chatas ficavam divertidas.
O mais engraçado era que, nas horas em que nos sentávamos em algum canto, tinha momentos em que eu me pegava praticamente encarando a beleza dela de uma forma completamente descarada, e acho que Simone percebia um pouco isso, porque sempre ficava um pouco sem graça.
- Que foi? - perguntava ela sem graça
Era quando eu voltava para meu estado de espírito normal, e respondia:
- Errr... Nada não...
Ela parecia nunca engolir a resposta, mas normalmente não falava nada.
Houve um momento em que nos sentamos para comer algo, e foi ai que percebi uma coisa estranha, mas que também me deu um pouco de esperanças. Uma hora, depois que paramos para rir de uma história que a Simone contou, ficamos alguns segundos em silêncio meio que só encarando um ao outro, foi estranho, mas foi satisfatório também, tipo, sei lá, por aqueles instantes via-se nela algum interesse maior em mim (ou talvez isso era apenas minha cabeça inventando coisa), mas de uma forma ou de outra, ela olhava profundamente para mim e sorria, e que belo sorriso era aquele.
- Ei Simone...
- Oi? - falou ela
- É que... - eu estava realmente com vergonha de falar aquilo que estava prestes a falar.
Ela ficou prestando atenção, apenas aguardando que eu dissesse algo.
- É que... - continuei ainda pensando se aquilo era uma boa ideia.
"APENAS FALE, SEU MERDA!" pensei na hora
- Você está muito bonita hoje. - falei
"SÉRIO? ESSA FRESCURA TODA PARA FALAR ISSO?" Pensei novamente.
- Ah... Obrigada. - respondeu ela sorridente, mas um pouco sem graça.
O clima ficou um pouco constrangedor por um instantes, isso até Simone puxar um assunto completamente diferente daquilo. Admito que aquilo não me deixou nem um pouco otimista.
Após finamente terminarmos de comer, checamos a hora, e eram quase cinco da tarde, ou seja, já era a hora de seguimos o caminho até a festa.
- Vamos agora? - perguntei para Simone.
- Vamos! - respondeu ela positivamente.
Fomos para a parada, e assim que chegamos lá, o nosso ônibus já tinha chegado.
Durante a meia hora de percurso até o prédio de Lucas, continuamos jogando conversa fora, e enquanto isso eu ainda reparava esses "olhares" da Simone, hora achava que isso era só minha cabeça inventando coisa onde não tem, e hora achava que aquilo fazia sentido, e isso ficou mais forte principalmente em um momento em que ela deitou sua cabeça em meu ombro e me abraçou.
"Porra, não é possível que isso é só coisa da minha cabeça?" Pensei
E ela meio que ficou assim por todo o caminho, e via-se em seu olhar que ela estava alegre naquele momento, isso sem falar que vez ou outra ela me apertava mais no abraço, e eu, certamente, correspondia.
Quando finalmente chegamos no prédio de Lucas, além dele, já havia pelo menos mais uma cinco pessoas lá ajudando a arrumar as coisas, tudo ainda estava nos preparativos, então eu e Simone nos oferecemos para ajudar também.
Depois de quinze minutos, praticamente tudo estava pronto, faltando apenas alguns mínimos detalhes, mas que era besteira. Aos poucos as pessoas começaram a chegar, Rafa e Paulo foram os primeiros a aparecer, pouco tempo depois, chegaram Laila e Rose, amigas de Simone, alguns minutos depois, foi a vez de Caio e Joey darem o ar de suas graças no local, enfim, não irei me estender falando o nome de todos que estavam lá.
A festa começou com Lucas pegando o seu violão e tocando as músicas que a galera pedia, e eu, certamente, algumas vezes pedi pra tocar algumas coisas eu mesmo também. Outras coisas foram ocorrendo também, quando colocaram a música no som, alguns se arriscaram a dançar, Simone até tentou me puxar para a pista em um momento, mas eu resisti, porque se tem algo que sou horrível é dançar.
E claro, muitos começaram a se encher de cana, o que já era normal.
Ao contrário da maioria das vezes, até cheguei a provar umas duas ou três doses de martíni, mas fiquei por isso mesmo, aquele negócio era ruim pra cacete. Simone que sempre foi de beber, tomou umas doses a mais, e não apenas de martíni.
Simone sempre entrava nessas brincadeiras de festa que envolvem bebida, e dessa vez não foi diferente. Eu preferi ficar de fora, então enquanto ela e o resto do pessoal que estavam na brincadeira se divertiam, fui circular, fazer outras coisas e falar com outras pessoas e claro, aproveitei para encher o bucho (tinha comida pra caramba lá).
Houve um momento da festa que eu precisei parar pra pensar no meu "plano" de tentar algo com Simone, certamente, ainda estava bastante inseguro em relação a isso (surpresa seria se não estivesse, mas enfim). Até pensei em conversar com Joey sobre isso, mas ele já tinha tomado tanta cana que já não estava mais batendo bem das ideias, então eu teria que pensar aquilo por mim mesmo de qualquer forma.
Me afastei um pouco do pessoal e me sentei numa cadeira vazia que tinha num canto distante do salão, e lá tentei pensar no que fazer. Pensei, pensei, pensei, mas nada vinha em mente.
"Não me lembro de ter sido tão complicado assim nas últimas vezes." Pensei
Até que tinham se passado dez minutos e eu ainda estava na mesma, foi quando decidi voltar a interagir com o pessoal, provavelmente já tinham se dado pela minha falta. Foi quando que no caminho de volta até o pessoal, presenciei uma cena que acabou me desanimando bastante.
Vi Simone e um outro cara, que eu conhecia apenas de vista e não sabia nem sequer o nome, conversando um pouco mais afastado do resto do pessoal, os dois pareciam estar se divertindo bastante com seja lá o que estavam falando, e nos olhos do cidadão, via-se as suas "segundas intenções". E pelo que eu via, o perfil do cara era daqueles que sabiam como "lidar com as garotas", perfil esse que nunca tive.
- Brian? - chamou alguém, alguém esse que percebi depois que era Lucas.
- Oi? - respondi um pouco confuso.
- Ta tudo bem? Desse uma sumida.
- Ah, só fui tomar um ar, nada demais.
Ele me deu aquele olhar de que eu estava escondendo algo, mas provavelmente relevou.
- Ok então... - aceitou ele - bom, se junta a gente aqui então.
Falou ele apontando para a mesa em que o pessoal estava jogando conversa fora e enchendo a cara.
- Tá bom... - falei meio com receio e ainda olhando para o que Simone e o outro cidadão faziam.
Fiquei lá conversando com os caras, mas era basicamente "um olho na missa e o outro no padre", havia momentos que eu não prestava atenção no que era dito na conversa apenas para ver o que Simone fazia com aquele cara, era auto-tortura isso, eu sei, mas é nessas horas que me pergunto se sou masoquista.
Alguns que ainda estavam sóbrios na hora percebiam os momentos em que eu ficava "avoado" e me chamavam a atenção, e eu, claro, mentia que não era nada, o único dali que sacaria que o "problema" era Simone, era Joey, mas ele estava bêbado demais para se dar conta disso.
Houve momentos em que vi o cara alisando o cabelo de Simone, e ela sorrindo para ele enquanto isso, e para piorar, alguns minutos depois os dois se levantaram e foram para um local mais distante de todos os presentes (o local onde eu fiquei sozinho por um momento, para ser mais exato), nesse momento, eu meio que estava aceitando a minha derrota.
Isso me deixou bastante cabisbaixo, chega minha animação com a festa foi um pouco embora, e isso era perceptível em mim, tentava na hora não pensar no que possivelmente os dois estariam fazendo sozinhos ali, aliás, me doía pensar nisso. Depois disso, houve um momento em que me afastei do pessoal de novo, quando me perguntaram aonde eu ia, dei a desculpa de que iria pegar um ar.
Precisava de um tempo sozinho para tentar processar aquilo tudo, pior que eu não tinha certeza de nada, estava apenas na suposição, mas sei lá, tudo parecia muito óbvio para mim.
Aquilo me deixou abatido, mas depois de refletir um pouco tomei a decisão de deixar aquilo para lá e ir me divertir um pouco, aliás, foi para isso que eu tinha ido pra lá. Então voltei para a mesa com o pessoal, e para ajudar a deixar aquilo para lá me arrisquei em mais duas doses de martiní (nada que fosse o suficiente pra me deixar alterado).
E assim a noite seguiu, por alguns momentos consegui não ficar pensando muito nisso, consegui me divertir com o pessoal apesar de tudo, mas claro, não deixava de reparar o fato que Simone ainda estava com o cara fazia uns 15 minutos, mas tentava ignorar isso.
Conversa vai, conversa vem, até que após 20 minutos vi Simone voltando daquele local, sendo que sozinha, não me perguntei o porquê disso e também pouco me importava. Eu continuava no mesmo canto que tava enquanto ela foi falar com um amigo da sala dela.
Após alguns minutos, mais uma vez me levantei para pegar um ar, mas não fui muito longe, só fui até a janela que tinha logo ali. Claro, foi quando eu voltei a pensar naquela merda toda, não tinha jeito, uma hora ou outra aquilo sempre voltava, consequentemente, fiquei cabisbaixo novamente, me vinha aquele velho sentimento de arrependimento por não ter feito nada em relação ao meu sentimento por Simone logo, e claro, me sentia um tolo, e pra variar, vinha aquele velho pensamento de que nada dava certo para mim no fim das contas.
- Ei Brian! - ouvi uma voz feminina me chamando, e essa voz era da Simone.
- Ah, oi Simone... - falei surpreso
- O que tá fazendo aqui sozinho?
- Ah, só pegando um ar. - parecia que eu iria dar aquela desculpa mais umas mil vezes naquele dia.
- Hum, entendi... - disse ela, mas alguns segundos depois, Simone percebeu meu baixo-astral. - aconteceu algo?
- Hã? Bem... é... não, aconteceu nada, ta tudo bem... - respondi meio sem graça
- É que você parece um pouco abatido.
- Ah, bem... é só impressão mesmo. - respondi sem muita firmeza.
- Está bem então. - aceitou ela
Ficamos alguns segundos calados, até ela falar:
- Vamos lá nos juntar ao povo.
- Err... vamos. - respondi
Quando íamos em direção do resto do pessoal, avistei aquele cidadão que estava com sozinho com Simone, tentei me segurar, mas não consegui e acabei perguntando pra Simone.
- Ei Simone!
- Diga!
Hesitei por um momento, mas falei:
- Eu vi aquele cara ali contigo por um momento, quem é ele?
Ela estranhou a pergunta, mas respondeu:
- O nome dele é Ivan, era só um cara qualquer que tentou ficar comigo, mas eu não quis.
- Ah, entendi. - falei isso com uma expressão normal no rosto, mas dentro de mim eu estava praticamente soltando rojão e dançando de alegria, ouvir aquilo da boca dela foi um alívio.
- Por que a pergunta? - perguntou ela
- Ah, nada não, só curiosidade mesmo.
- Ah, ok. - ela pareceu aceitar a resposta sem muitos questionamentos.
Podemos dizer que foi a partir daí que as coisas começaram a dar certo.
Daquele momento em diante, a gente não saiu mais de perto um do outro, o que já era bom, e eu percebia que sempre que ela ia pra algum local, ela me puxava pra ir junto com ela, o que já era um bom sinal também.
Engraçado é que pouco tempo atrás eu tava tendo todos os tipos de pensamentos negativos possíveis, e depois parece que a esperança tinha voltado, típico de mim isso rs. Porque, infelizmente, se tem um tipo de pensamento que ainda me atormenta muito é de que Simone consegue arrumar "coisa melhor que eu", é o tipo de pensamento que luto muito para deixar de ter, mas ainda não conseguia, e a prova disso foi quando o cidadão lá estava falando com Simone, que na hora eu o classifiquei no perfil de garoto que com certeza Simone ficaria, algo muito aquém do que sou. Mas enfim, no momento aquilo tudo não importava mais.
Enquanto estávamos juntos, aqueles momentos de "clima" voltaram a acontecer, quando ou eu ou ela ficávamos encarando um ao outro meio que por razão nenhuma, tanto aconteceu de eu ficar olhando para ela com cara de idiota, quanto ela fazer o mesmo comigo.
Outro sinal foi quando ela ficou mais carinhosa comigo, começou a ficar abraçada comigo, a deitar a cabeça no meu ombro, a me dar beijos periodicamente... Velho, simplesmente, aquilo não podia ser apenas coisa da minha cabeça, se não era um sentimento a mais dela por mim eu provavelmente estava ficando maluco. Claro, da mesma forma eu retribuía o carinho dela, e cada vez mais meu coração palpitava.
Eram quase meia-noite. quando a galera decidiu brincar de "verdade ou consequência", eu e Simone ficamos de fora, experiências passadas já me provaram que fazer aquela brincadeira com pessoas bêbadas não dava nem um pouco certo, e após a mesma começar, os acontecimentos só fortaleceram meu argumento. Para ser direto para contar as coisas que vi, digamos que chegou em momentos que a coisa "esquentou" um pouco, suponham o que quiser, não darei mais detalhes.
Enquanto a baixaria rolava entre eles, chegou um momento que eu e Simone decidimos nos afastar um pouco dali, na verdade, fui eu que dei a inciativa para a gente sair dali.
- Ei Simone, vou ali pegar um ar, queres vir comigo?
Depois parei pra perceber que tinha usado a desculpa de "pegar ar" mais uma vez, e que isso já estava começando a ficar estranho.
- Ok, vamos. - disse ela sem hesitar.
E assim fomos para lá "pegar um ar". Outro bom sinal durante isso, foi o fato que quando nos levantamos e nos direcionamos para o local, ela segurou minha mão, acho que posso dizer que a partir daquele momento já parecíamos um casal.
Finalmente estávamos a sós, o que já seria o momento perfeito para começar a agir, mas ao contrário do que achava, não seria necessário um plano "mirabolante", tudo meio que começou a acontecer naturalmente.
Foi aí que não me restaram mais dúvidas em relação aos sentimentos dela por mim. Quando chegamos ali, a primeira coisa que fizemos foi ficar na janela olhando para lugar nenhum, isso sem ninguém falar nada e ainda de mãos dadas.
Não demorou muito para ela me abraçar, e eu retribuir o abraço, pouco depois nos sentamos e começamos a fazer um cafuné um no outro, isso ainda sem falar nada, isso porque provavelmente não era necessário palavras, estava tudo muito claro que nem eu próprio com as minhas paranoias estava questionando.
Simone deitou a cabeça em meu ombro e começou a beijar meu pescoço, e a cada vez que ela fazia isso me dava um arrepio, e pouco depois ela olhou para mim e disse:
- Alguém já disse que você é lindo, Brian?
Dei uma risadinha, e respondi:
- Com certeza isso é o etílico falando por você.
Ela também riu, e disse:
- Não, não é... - disse ela após beijar meu rosto - juro que não é.
Fiquei sem palavras naquele momento, aquilo meio que confirmava tudo que eu estava pensando. O que acontece a seguir é aquela velha coisa clichê de sempre, aos poucos nossas cabeças foram se aproximando, o clima foi subindo, até que finalmente, nos beijamos.
Ah, como esperava esse momento, e ele finalmente estava acontecendo, parecia que as coisas finalmente dariam certo para mim.
Quando paramos de nos beijar, demos um abraço apertado um no outro, e depois de mais alguns segundos, eu falei:
- Acho que nenhum de nós dois precisamos falar mais nada, né?
- Exato! - respondeu ela
- Está tudo muito óbvio, né?
- Sim!
Depois dessas poucas palavras, a gente continuou curtindo aquele momento, apenas nós dois, era como se tivesse apenas eu e ela naquele salão, porque era apenas isso que importava. A partir dali, já eramos definitivamente um casal, e claro, não demorou muito pro resto do pessoal saber, afinal, a gente tava em uma festa, era impossível esconder isso deles.
Até o fim da festa (que durou até umas cinco da manhã, que foi a hora que todos começaram a ir embora) eu era o cara mais feliz do mundo.
Pelo menos até o fim daquela festa...


Brian