sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Um sentimento mais forte

Hoje irei começar de uma forma bem direta, como já dito na história anterior a essa, há alguns meses atrás eu fui em um show de rock e conheci uma garota, Simone, o nome dela, uma das ruivas mais belas que eu já tive a oportunidade de conhecer.
Com ela eu simplesmente me diverti como nunca naquela noite, tornando aquele um dos melhores shows que eu já fui. Uma grande amizade foi iniciada naquele dia, ou talvez algo muito além de uma amizade, vocês entenderão melhor isso já já.
Depois daquela noite, a gente manteve contato um com o outro, felizmente a gente estuda na mesma universidade, e na segunda logo após aquele show a gente almoçou junto e aproveitou pra se conhecer um pouco melhor. Nesse almoço a gente falou de diversas coisas, formos construindo nossa amizade aos poucos. Daquele dia em diante passamos andar bastante juntos, não só pela universidade mas também fora dela, ela chegou a conhecer a minha turma e eu também conheci a turma dela, muitas vezes ela me chamou pra sair com o pessoal dela e eu também fiz o mesmo com ela, e também em outros casos saímos apenas eu e ela.
E muitas vezes também a gente ficava até mais tarde pela universidade conversando, ou então em algum café ou bar por perto, só vendo o tempo passar. Em alguns casos, eu ficava com ela por lá até tarde mesmo tendo coisa pra fazer em casa, e eu simplesmente não queria ir embora antes dela, era como se eu quisesse aproveitar todos os mínimos segundos que eu tinha com ela da melhor forma possível.
Os dias foram se passando e eu e Simone continuávamos cada vez mais próximos, e assim crescia em mim um sentimento de carinho por ela, e crescia também a vontade de sempre estar com ela, a gente estuda na mesma universidade mas somos de cursos diferentes, o que gerava ainda mais em mim a necessidade de aproveitar o máximo possível o tempo em que eu passava com ela. E assim ela virou a principal uma das principais razões de eu querer ir para a universidade.
Esse sentimento de carinho foi crescendo cada vez mais, a ponto que passou a ser algo muito além do que um simples "carinho", aos poucos foi se tornando um sentimento maior, algo mais forte. Um sentimento que eu já tinha sentido várias vezes ao longo da minha vida, um sentimento o qual eu entendia bem, e que também já me fez me sentir um bosta em várias situações.
Sim, eu estava me apaixonando por ela.
O que era uma droga, principalmente se eu for me basear por experiências passadas. Mas pra variar foi uma coisa que veio aos poucos, sem eu perceber, e quando me dei conta, já tinha acontecido. E certamente isso me incomodava um pouco, porque era um sentimento que eu queria evitar, mas admito que também que eu não fazia nada para lutar contra ele, e nem ao menos queria lutar contra ele.
Mas fato era que aquilo me deixava em dúvida, tipo, eu simplesmente não sabia se seria uma boa ideia tentar, a gente àquela altura já tínhamos criado um laço de amizade forte, e meu medo era estragar aquilo. E eu falo isso me baseando por experiências anteriores não só minhas, mas também de outras pessoas.
Eu só sabia de uma coisa, precisava falar com alguém sobre isso.
Sendo que eu tinha adotado uma ideologia de falar com o mínimo de pessoas sobre isso, nem mesmo meus amigos sabiam (na verdade alguns suspeitavam, mas eu nunca confirmava nada). Só havia umas duas pessoas com quem eu tinha falado sobre isso, e uma delas era Júlia.
Já cheguei a conta uma parte dessa história aqui, foi naquele dia durante as minhas férias do meio do ano que eu realmente estava precisando falar com alguém sobre isso, foi então que eu fui falar com ela e resolvi contar.
A outra que sabia da história era Lorena, minha amiga de São Paulo, que na verdade foi a primeira a saber.
Eu precisava falar com uma das duas.
Aquela era uma chata quarta-feira a tarde, eu finalmente estava de férias, tinha sobrevivido a mais um período na faculdade.
Mas pra variar, as férias estavam um tédio, e quando eu fico no tédio, eu fico pensativo, e uma das coisas em que eu fico pensando é exatamente nisso, essa história toda com a Simone.
Estava com saudades dela, muita saudades, a gente tinha tentado de marcar pra sair algumas vezes desde o início das férias mas todas falharam seja lá por qual razão. E naquela quarta-feira a tarde estava eu falando com ela por Whatsapp, a gente se falava praticamente todos os dias por ali, sempre sobre coisas aleatórias.
Até que chegou um momento que ela precisou sair, agora que ela tinha entrado de férias a mãe dela arrumou uma tonelada de coisas pra ela fazer na casa. E eu certamente fiquei meio pra baixo com isso, queria muito ficar mais tempo falando com ela, na verdade, o que eu mais queria era estar com ela.
E parece que por mais que eu tentasse marcar algo com ela, as coisas insistiam em dar errado, como se algo tivesse impedindo que a gente saísse juntos, como se o destino não quisesse que acontecesse, pode parecer até idiota eu falar dessa forma, mas era o jeito que eu estava me sentindo.
Depois que ela saiu eu ainda fiquei mais um tempinho na frente do meu computador fazendo coisas aleatórias, e claro, ainda pensando nela. E depois de um tempo lá pensando, e também ouvindo a minha trilha sonora de cara apaixonado, resolvi pegar meu violão e ir pra cobertura do prédio, como já de costume.
Como vocês bem sabem, esse é um costume que eu tenho de ficar tocando violão nas piscina do meu prédio (que fica na cobertura), que eu faço naqueles momentos em que eu quero ficar sozinho pensando em alguma coisa. Chegando lá, me surpreendi com a presença de uma pessoa que eu não esperava encontrar lá naquele momento sentada perto da piscina...
- Júlia? - falei
- Ah... - falou ela - oi Brian.
Nos abraçamos, e depois perguntei:
- Tá fazendo o que aqui sozinha?
- Ah, pensando na vida, sabe? - falou ela - fazendo que nem você faz quando vem aqui.
- Então você pegou essa minha mania? - perguntei rindo
- Digamos que sim, em alguns casos é bem útil.
- Entendi! - falei ainda rindo - mas, aconteceu algo pra você vim aqui pensar na vida?
- Está tão claro assim que aconteceu algo?
- Eu te conheço bem, está claro em seu rosto que algo te incomoda.
- Pelo visto sim... - disse ela
- Bom... - falei - algo que você queira desabafar?
- Na verdade, sim...
Então eu me sentei perto dela e ela começou a me contar sobre a fase difícil que ela e o namorado estavam passando, que eles tem brigado bastante por coisas fúteis, e que praticamente todas as vezes que eles se encontram tem tido alguma discussão, e que ela estava ficando bastante arrasada com isso e estava perdendo as esperanças de que aquela relação fosse seguir adiante.
Depois dela ter me contado tudo eu disse pra ela que isso provavelmente era só uma fase ruim, e que uma hora ia passar, e também disse pra que ela não desistisse enquanto isso, e que se eles não se gostassem eles não estariam juntos a quase dois anos.
E após a gente falar um pouco mais nesse assunto, Júlia falou:
- E você?
- E eu o que? - perguntei
- Se você está aqui em cima com o seu violão, é porque algo te incomoda.
Fiquei em silêncio por alguns segundos e falei:
- Dessa forma não tem nem como negar.
Então falei para ela tudo aquilo que eu estava sentindo no momento em relação a Simone, boa parte ela já sabia, mas de qualquer forma, eu poderia dizer que Júlia apareceu no momento certo, eu precisava por tudo aquilo pra fora de alguma forma. E ao longo que eu ia falando as coisas, mais leve eu me sentia, as vezes guardar essas coisas só pra você pesa bastante.
E depois de falar tudo aquilo que eu queria, Júlia falou:
- Bom, posso te fazer uma pergunta?
- Mande! - falei
- Quando você pretende falar com ela sobre isso?
Pensei um pouco antes de responder, era uma pergunta complicada pra mim.
- Não tão cedo, isso eu te garanto.
- Por que?
- Porque é complicado.
- Por que? - ela insistiu
- Porque eu não acho que ela sente o mesmo por mim.
Ela ficou um pouco em silêncio, e disse:
- Por que você acha isso se nem ao menos tentou?
- Porque é o que eu percebo nela... - falei - eu não vejo nela o mesmo sentimento que eu tenho.
Fiz uma pequena pausa, e continuei:
- Tipo, eu sinto que se eu tentar qualquer coisa agora, vai dar merda, e eu vou acabar estragando nossa amizade, e eu falo isso me baseando em experiências passadas não só minhas, mas também de outras pessoas, e você sabe bem do que estou falando...
Júlia continuava ouvindo atentamente.
- Eu simplesmente não quero estragar a minha amizade com ela arriscando numa coisa que eu não tenho a mínima certeza de que vai dar certo, não quero me precipitar. - falei
- Então você só quer arriscar se perceber que ela sente algo por você, certo? - perguntou ela
- Mais ou menos isso aí! - falei
- Mas você sabe que isso pode nunca ocorrer, né?
- Sei sim, mas eu sinceramente prefiro correr esse risco do que estragar tudo.
Ela ficou pensativa por um momento, provavelmente procurando algo de útil pra me falar.
- Bom, se você não se sente pronto pra falar isso com ela, então o melhor a fazer é esperar mesmo.
- Entendo... - falei
- Mas não fique desanimado, que mais cedo ou mais tarde a hora certa pra você falar chegará, e vá por mim, quando ela chegar você saberá, e ai o que tiver que ser, será.
Nesse momento eu simplesmente balancei a cabeça concordando com ela.
- Só te digo uma coisa agora... - continuou ela - as vezes ela pode não aparentar muito, mas no fundo ela pode está afim de você, pode ser até mesmo que ela não tenha percebido isso, por isso só te peço isso, não desista sem tentar, ok?
Pensei por alguns segundos, e disse:
- Ok!
E mais uma vez nos abraçamos.
- Obrigado por me ouvir! - falei pra ela
- Que nada, você sabe que sempre que precisar eu to aqui.
- Sei bem... - respondi
- Bom, posso te pedir uma coisa?
- Dependendo... - falei rindo
- Toca alguma coisa pra mim? Adoro te ouvir tocar.
Eu rir um pouco e respondi.
- Claro que toco. - falei posicionando o violão
E assim ficamos por lá naquela tarde de quarta-feira, tocando e falando sobre coisas aleatórias, até que já próximo do pôr-do-sol Júlia foi pra casa dela, e eu fiquei um tempinho a mais lá tocando e pensando em Simone, pensando em onde aquela história ia parar no fim das contas e se teria um final feliz.
E assim que escureceu, voltei para casa, já na esperança dela já estar online novamente.


Brian