terça-feira, 18 de agosto de 2015

Uma luta interna

E finalmente chegamos a uma marca importante no blog, a postagem de número 100. Quero agradecer a todos aqueles que acompanham o blog ao longo desse período, são vocês quem me motivam a continuar a escrever, muito obrigado e uma boa leitura =)
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Era uma normal noite em que eu estava quieto no meu quarto refletindo sobre as coisas, definitivamente aquela parecia ser a coisa mais interessante a se fazer naquela hora, nada mais parecia me entreter, sei lá, já estava ficando saciado daquilo tudo, mas enfim, esse não é o ponto.
Lá estava eu deitado na cama ouvindo música no meu ipod, eram mais ou menos nove e pouca da noite, o dia tinha sido cansativo e a única coisa que queria naquele momento era relaxar um pouco, tanto que eu estava do jeito que estava. E claro, é nesses momentos que milhões de coisas se passam pela minha cabeça, algumas boas, outras ruins, e algumas meio sem sentido, acho que podemos dizer que eu tinha um "momento comigo mesmo".
Mas como eu disse, além dos pensamentos bons, vinham também os ruins, e eram esses os que me incomodavam, porque nessas horas todos os pensamentos ruins apareciam ao mesmo tempos, e boa parte deles me deixavam grilado pra caramba, principalmente porque muitos desses se refletiam do quanto eu era pessimista em relação a um monte de coisas.
E isso era o que tinha me incomodado ultimamente, o meu pessimismo extremo, isso porque tenho percebido que o mesmo começou a virar um problema na minha vida. Eu me privava de fazer muitas coisas por causa desse pessimismo, coisas que poderiam ter dadas certo se eu tivesse tentado.
E eu ficava remoendo isso tudo, basicamente me torturava por isso, mas enfim, aquilo me fazia pensar em muitas atitudes da minha vida, o como precisava mudar aquilo, e logo.
O quanto mais eu relaxava, mais o sono vinha, tanto que após meia hora já não conseguia manter mais meus olhos abertos, apesar que tentei lutar um pouco contra isso, aliás, eu odiava ir dormir cedo, não eram nem dez e meia da noite ainda, mas não tinha jeito, o sono veio forte, ou seja, não demorou muito para eu simplesmente apagar.
Quando de repente, me encontrava em um local escuro com apenas uma luz central não muito forte, luz essa que iluminava um ringue de luta logo a minha frente, e eu estava sentado em algum tipo de arquibancada, só havia eu ali e o ringue estava vazio.
Até que...
- Olá Brian! - falou alguém tocando em meu ombro.
Me assustei na hora, mas quando olhei, vi que era apenas a minha consciência, e aquilo era apenas um sonho, mais uma vez.
- Calma, não se assuste.
- Um simples aviso não faz mal de vez em quando. - falei
- Desculpe por isso. - falou ele se sentando ao meu lado.
Foi quando eu percebi que ele tinha um saco de pipoca e uma garrafa de refrigerante em suas mãos, estranhei, mas não dei muito importância também.
- Você gosta de lutas? - perguntou minha consciência
- Mais ou menos... - respondi
- Bom, então se prepare, porque veremos uma bem interessante. - falou ele comendo um pouco da pipoca. - quer um pouco? - me ofereceu
- Não, obrigado!
- Ok então.
E assim, simplesmente do nada, apareceram duas pessoas no ringue com trajes de boxeadores, como se as duas tivessem surgido das sombras, foi quando reparei que essas duas pessoas que estavam lá eram eu, ou algum subconsciente meu que tomaram a minha forma, pra variar.
- Ok, você vai me dar alguma explicação sobre isso? - perguntei
- Achei que nunca fosse perguntar.
Os dois pareciam estar concentrados para a luta, faziam seu último aquecimento, estudavam suas últimas táticas, preparavam suas luvas e aguardavam atentamente pelo soar do gongo, até que minha consciência finalmente começou a falar:
- Do lado direito, com luvas azuis, temos a representação do seu otimismo, e do seu lado esquerdo, com luvas vermelhas, a representação do seu pessimismo.
Olhei atentamente para os dois, o otimismo aparentava um pouco de insegurança quando olhava para o pessimismo, enquanto o outro parecia completamente seguro de si.
- Isso é tudo que tem a me dizer? - questionei
- Quer o que, os pesos também? - falou minha consciência - São seus subconscientes, isso é irrelevante, e outra, quando a luta começar te darei mais explicações detalhadas.
Ainda não me dava por satisfeito, mas aceitar era a única coisa que eu podia fazer naquele momento, enquanto isso a minha consciência se deliciava com o seu lanche, e por alguma razão aquilo me irritava.
Voltei a olhar pro ringue, e dessa vez os dois pareciam estar já preparados para o início do combate.
- Vai começar... - falou minha consciência.
Os dois se encontravam nos seus respectivos lados do ringue e com as guardas levantadas, achei estranho que não havia nenhum árbitro com eles para coordenar a luta, mas relevei porque afinal de contas, aquilo era um sonho, as coisas não precisavam fazer sentido.
Quando de repente um gongo vindo de lugar nenhum finalmente soou, e o combate foi iniciado.
Eu e minha consciência ficamos calados apenas observando o início da luta, os dois adversários começaram apenas estudando o movimento um dos outros, mas ainda sem se atacarem, o otimismo ainda parecia inseguro, ele queria dar a primeira investida, mas não sabia se o que ele tentaria daria certo, ainda procurava a melhor opção de ataque. Enquanto isso, o pessimismo não perdeu tempo e deu o primeiro soco pegando o otimismo de surpresa, ele cambaleou um pouco mas conseguiu se manter de pé ainda com a guarda levantada, sendo que pouco depois o pessimismo deu mais uma investida que quase colocou o otimismo no chão novamente.
Dali pra frente a luta se resumiu basicamente nisso, com o otimismo tendo que se defender bem mais do que atacar, eram poucas as investidas vindo dele, e todas não eram bem efetivas, o pessimismo sempre tinha uma resposta que o deixava desorientado.
O pobre do otimismo só fazia apanhar, enquanto o pessimismo dominava a luta sem sofrer muitos arranhões. Houve momentos em que o otimismo chegou a cair, mas pouco depois se pôs de pé de novo e continuou a lutar.
Já estava ficando cansativo ver aquilo tudo sem a minha consciência me dar nenhum tipo de explicação.
- Acho que já passou da hora de você me falar alguma coisa... - falei
- Ah, desculpe, estava aproveitando um pouco a luta. - falou ele
- Luta? Isso ta mais pra um massacre, o otimismo só faz apanhar.
- E irei lhe explicar agora o porquê.
E enquanto isso, o pobre do otimismo ainda não conseguia dar as investidas certas no pessimismo.
- Vou primeiramente falar das características específicas de cada lutador... - disse minha consciência - começando com o otimismo...
Fiquei o ouvindo atentamente.
- Ele é um cara legal, eu converso constantemente com ele, sempre ver o lado bom de tudo e é gentil com todos, mas o defeito dele é simplesmente pensar demais, coisa que você já deve ter percebido durante essa luta.
Isso realmente era perceptível.
- Ele perde muito tempo estudando o adversário e decidindo qual ataque seria mais efetivo, e isso sem falar que fica toda hora mudando de ideia e perdendo cada vez mais oportunidades, principalmente porque toda vez ele pensa na probabilidade desse ataque acabar não sendo tão efetivo como esperava.
Eu conhecia muito bem aquela conversa.
- E certamente, ele paga por isso, como você pode ver bem.
Então minha consciência continuou:
- Enquanto o pessimismo, esse não perde tempo, ele simplesmente faz sem nem pensar muito, e claro, sempre acaba pegando o otimismo despreparado, já que o pobre coitado sempre está "analisando a situação" e não se liga nas investidas do pessimismo.
E enquanto isso no ringue, o otimismo continuava tomando um couro.
- Por isso o pessimismo acaba dominando todas as lutas, ele dar os ataques que lhe vem a mente e deixa o otimismo sem reação, e claro, se aproveita disso para descer a porrada nele.
- E por que o otimismo não reage? - perguntei
- Me pergunto a mesma coisa, e olha que eu sei que ele tem capacidade para isso. - falou minha consciência - aliás, se ele usasse pelo menos metade dos ataques que lhe vem a cabeça, conseguiria lutar de igual pra igual, e quem sabe até vencer pelo menos uma vez.
E no ringue, o otimismo parecia não aguentar mais as investidas recebidas.
- E sinceramente... - continuou minha consciência - adoraria que um dia ele descesse o cacete no pessimismo, porque sério, que cara chato da porra, se acha muito.
Enquanto isso não ocorria, ele era quem levava porrada no ringue, não faltava muito pro pobre otimismo ser nocauteado.
- Imagino que você já está entendendo o significado disso tudo, né?
- Sim! - respondi
- O otimismo pode ficar mais forte, mas isso depende apenas de você, continue do jeito que está que o pessimismo sempre terá o domínio da situação.
- Eu tento, eu juro que eu tento.
- Pois pare de tentar, e agora faça dar certo, porque assim você não irá a lugar nenhum.
No ringue, após receber um forte cruzado no rosto, o otimismo finalmente foi ao chão sendo finalmente nocauteado, fazendo com que o pessimismo vencesse mais uma luta. O gongo soou vindo de lugar nenhum mais uma vez, e ao encerrar o combate o pessimismo começou a urrar em comemoração.
- Pronto, agora terei que aguentar esse mala enchendo o saco por mais um tempo. - lamentou minha consciência.
- Desculpa por isso. - respondi
- Eu não quero suas desculpas, e sim que você comece a tomar atitudes.
"Também é o que eu quero" pensei
Minha consciência pôs seu lanche ao seu lado, olhou para mim e disse:
- Você poderia ter conquistado tantas coisas na sua vida se não fosse tão inseguro de si, sabia?
Confirmei com a cabeça.
- Você não fica pensando nisso? - era uma pergunta retórica - Eu sei que fica.
E ele estava certo, pra variar.
- Enfim, a luta já acabou assim como a nossa conversa, e lembre-se, pense menos e comece a agir mais, de vez em quando não dói, vá por mim.
E antes que pudesse dizer qualquer coisa, tudo começou a tremer ao meu redor, eu estava prestes a acordar.
Quando acordei eram sete e quinze da manhã, me levantei ao som dos miados de Riddle pedindo comida, e assim não perdi tempo, e claro, pelo resto do dia fiquei refletindo sobre aquele sonho maluco.


Brian

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