sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Estado violência

Hoje o assunto será um pouco sério, e será sobre algo que acho que nem eu e nem ninguém queria ter que falar sobre, mas é aquilo, a vida ta nem aí para o que você acha das coisas e simplesmente as faz acontecer você querendo ou não, sejam essas coisas boas ou ruins.
Que vivemos atualmente tempos de crise isso não é novidade para seu ninguém, mas mesmo assim, há coisas que precisam ser faladas, mesmo que soe redundante em alguns casos. E quando falo "crise", não me refiro apenas a parte financeira, isso porque consequentemente todo o resto acaba sendo afetado também.
Mas chegando finalmente ao ponto. Se tem uma coisa que tem me preocupado tanto quanto a crise financeira (ou até mais) é a crise que o estado de Pernambuco atualmente vive na questão da segurança pública, porque sinceramente, moro aqui desde que nasci, e nesses meus 22 anos nunca vi a segurança em situação pior do que a que estar hoje, e não falo isso apenas como um mero observador, e sim como uma vítima recente da violência urbana.
O fato relatado ocorreu há quase três meses atrás, mas desde então as lembranças dele me assombra quase que todos os dias. Estava eu indo para aquele que deveria ter sido apenas mais um dia normal de trabalho no estágio, desci do ônibus em que estava já pronto para uma "leve" caminhada até o prédio onde a empresa fica.
Caminhada essa que passa por uma avenida muito esquisita (principalmente as cinco da manhã, horário em que ocorreu o fato relatado) chamada Avenida Guararapes. Tinha descido exatamente no início dela (que já não tem um cenário muito amigável àquela hora) e tinha que atravessar a chamada Praça do Diário para depois atravessar a Ponte Maurício de Nassau para chegar no meu destino, e foi aí que a merda aconteceu.
Tudo aconteceu muito rápido, estava na calçada andando normalmente, e ao meu redor já haviam algumas pessoas circulando pelo local, entre elas haviam tanto aqueles que nem eu, estavam indo para os seus respectivos trabalhos (fosse andando ou esperando o ônibus passar), alguns ambulantes que já iniciavam a sua batalha do dia e os moradores de rua (que havia aos montes por ali).
Logo a frente, junto a alguns ambulantes, se encontrava um homem, que aparentemente tinha a idade do meu pai, usando uma jaqueta e bermuda. De início não o achei suspeito, pois achava que ele era apenas mais um dos tantos ambulantes que trabalhavam ali, isso sem falar que do jeito que o cidadão estava, aparentava que apenas esperava o ônibus.
Bastou passar do lado dele para eu ver que estava enganado, pois quando me aproximei, ele primeiro fingiu que ia ser retirar do local, pra depois rapidamente me agarrar pelo braço, tirar uma faca de cozinha de dentro da sua jaqueta e anunciar o assalto.
A ação durou menos que 5 minutos, ele levou apenas meu celular (que felizmente, era o único objeto de valor que tinha comigo), depois me revistou para ver se eu não estava escondendo nada dentro da calça e depois me liberou, e ainda bem, sem me fazer nenhum mal (pelo menos fisicamente).
Quando o filho da puta finalmente me liberou, meu único pensamento era sair daquele local o mais rápido possível, então acelerei o passo em direção ao meu destino e não olhei para trás em nenhum momento.
A ficha do que tinha acontecido só caiu quando cheguei no trabalho, eu estava em estado de choque e com o coração tão acelerado que parecia que ele iria sair pela minha boca a qualquer momento. Claro, primeira coisa que fiz quando cheguei foi relatar aos meus colegas o assalto, e certamente, todos ficaram chocados também, um deles me emprestou o celular para que eu pudesse comunicar a minha família do ocorrido e pedir para que eles bloqueassem o meu aparelho e o meu número.
O pessoal, vendo o meu estado psicológico que estava o pior de todos, me disseram se caso eu quisesse ir para casa me recuperar do choque e não trabalhar no dia, eles davam conta da minha demanda, mas eu recusei, porque afinal, o mundo não iria parar de girar por minha conta.
Se antes disso eu já andava nas ruas com medo, agora que simplesmente não tenho mais paz, desde então ir até o estágio é um desafio para mim, toda vez que coloco o pé pra fora de casa às 5 da manhã me sobe aquele maldito medo que aquilo aconteça de novo, sempre que passo pelo local onde aconteceu (que evito passar a pé desde então) me passa um filme na cabeça, me fazendo relembrar cada momento tenso que aquele filho de uma puta me fez passar..
Mas aí você me pergunta: "O assalto te fez ficar tão traumatizado a esse ponto?"
Então lhe respondo: Sim, mas não apenas isso, outros fatores também tem contribuído.
Esses fatores são as notícias as quais acompanho todos os dias, pois, meu trabalho atualmente é fazer clipagem das notícias que ouço na rádio, e um tipo de notícia que normalmente tenho que pegar são as policiais, e por isso, fico sabendo diariamente de todas as desgraças que acontecem no estado.
E o mais assustador é que essas são as notícias que saem em maior número, isso sem falar que todos os dias a rádio faz um balanço no número de assaltos a ônibus que ocorrem nas últimas 24 horas, e acreditem se quiser, não há um dia que passe em branco, e sempre são no minimo 5 por dia. E pra piorar, muitos desses assaltos normalmente ocorrem várias vezes nas mesmas localidades, ainda assim parece que isso não é o suficiente para que a polícia aumente a fiscalização nesses locais, coisa que ninguém entende. E para nós, só resta torcer para que não sejamos os infelizes "sorteados" em próximas ações desses bandidos.
E acha que acaba por aqui? Nada disso.
Outro problema que tem ocorrido com frequência são os ataques de quadrilhas contra agências bancárias, mas em específicos aos caixas eletrônicos, sejam eles dentro das agências ou aqueles soltos que há nos estabelecimentos comerciais. A coisa está no ponto que praticamente todos os dias está havendo uma ação do tipo no estado, seja na capital ou no interior, enquanto os pobres dos bancários, muitos estão pedindo afastamento do serviço por conta do medo de serem as próximas vítimas.
E ao que parece, não há um serviço de inteligência no estado competente o suficiente para que a polícia possa ficar um passo a frente desses bandidos, e só para piorar um pouco mais, a própria polícia se ver incapacitada em enfrentar esses marginais por conta do forte poder de fogo que esses malditos tem, ou seja, fica impossível pros policiais enfrentarem caras armados com fuzis se utilizando de meras pistolas.
No geral, como muitos tem dito, a estado ta entregue as baratas.
Além disso tudo que falei aqui, outra coisa que passei a ver constantemente são meus amigos nas redes sociais relatando assaltos sofridos por eles, isso sem falar em assaltos a estabelecimentos comerciais, como lojas, restaurantes, padarias, e por ai vai.
Por isso, posso dizer que meu sentimento atual é o mesmo compartilhado por boa parte da população pernambucana, não estamos nos sentindo seguro nem mesmo nos locais que deveriam ser teoricamente seguros, eu mesmo, juro que só falta acabar tendo im ataque no meio da rua de tão tenso que estou andando, tipo, toda vez que avisto um sujeito com um ar mais suspeito na calçado já fico com o "cu na mão", chegando até mesmo a fazer o percurso mais longo pra não ter que passar por eles,. No ônibus de manhã cedo, a cada parada que ele faz já fica um clima de tensão no veículo para ver quem era que tava subindo.
No fim, tudo que nos resta é continuar tocando a vida em frente, porque afinal, o que mais podemos fazer que não seja isso?


Brian

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