quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Os dramas de ter vinte e poucos anos

Para os que não sabem, exatamente hoje estou completando 22 anos, uma idade que sinceramente não simboliza nada, não é como os 18 em que você atinge a maior idade, ou os 20 que você chega a duas décadas da sua vida, mas enfim.
Nesse ano, a única coisa que foi diferente do aniversário do ano passado é o fato que estou estagiando atualmente em uma assessoria de imprensa (depois de 3 anos e meio de procura), e isso já fazia uns 3 meses mais ou menos.
Bom, de qualquer forma não vou ficar me aprofundando muito nessa parte para a história não ficar muita chata e cansativa, tudo que vocês precisam saber é que eu faço clipagem por lá (rs).
Mas indo ao ponto, naquele dia a única coisa que tive até aquele momento fora do "usual" foi uma pequena festa surpresa que o pessoal do escritório tinha feito para mim, com direito a um bolo de chocolate, claro. Isso sem falar em todas as felicitações que recebi de amigos e familiares ao longo do dia.
E claro, houve uma em específico que fiz questão de guardar bem na memória, que foi a de Marina que foi uma das mais fofas que recebi em todo o dia, mas isso não vem ao caso agora (rs).
Eram 12:30 quando finalmente larguei do estágio e fui em caminho da faculdade, almocei rapidamente (como o usual), me despedi de todos e fui em direção ao elevador. Como o prédio em questão tem apenas três andares (e eu me encontrava no terceiro), o elevador não demorou muito para chegar.
Quando chegou eu logo entrei, apertei para que ele fosse para o térreo, e assim a máquina seguiu o caminho em que foi programada. Ela iria direto para o seu destino se caso uma pessoa no segundo andar não tivesse apertado o botando, fazendo com que a máquina parasse lá para busca-lo.
Quando o elevador parou, entrou nele um senhor que aparentava ter uns 50 anos, ele vestia uma camisa social aparentemente velha, uma calça jeans e um sapato social marrom, o cara entrou no elevador, me cumprimentou, eu respondi e o elevador seguiu seu curso.
Passaram-se poucos segundos de silêncio até o senhor em questão fazer o seguinte comentário:
- A vida é muito corrida, né?
Educadamente, respondi:
- É verdade. - e se tem alguém que sabia bem disso era eu.
- A pessoa normalmente passa mais tempo fora de casa do que em casa, sai de manhã cedo para trabalhar e só volta a noite.
- É, e praticamente não sobra tempo para viver. - comentei.
- É verdade, você só faz dormir quando chega em casa pra poder recomeçar a rotina no dia seguinte né? - disse ele rindo um pouco
- Pois é!
Pouco depois, o elevador finalmente tinha chegado no térreo, e assim, eu e o homem nos despedimos rapidamente e seguimos nossos caminhos.
Mas, acreditem se quiser, por mais simples que essa minha curta conversa com ele tenha sido, aquilo me fez refletir sobre uma coisa que vinha me assustando ao longo dos dias, que é o corre-corre da vida adulta.
Desde de antes de começar a trabalhar que percebi que o tempo passaria a valer ouro para mim e que a sensação de que teria era que o dia passava rápido e que eu necessitaria de mais do que 24 horas por dias e 7 dias por semana para conseguir fazer tudo aquilo que queria e precisava. Mas principalmente, percebi que isso era uma coisa que atingia boa parte dos meus amigos.
Começando com o fato que constantemente eu tentava chamar alguns deles para sair, mas em noventa por cento das vezes eles diziam que não podiam por conta de outras prioridades, e isso ficou tão frequente a ponto de eu acabar desistindo de chamar alguns deles por conta disso, porque a situação já estava ficando muito repetitiva e chata, ao mesmo tempo.
E isso foi só o primeiro ponto. Após eu começar a trabalhar isso se agravou mais, e dessa vez passei a sentir na pele isso que meus amigos estavam sentindo.
Para vocês entenderem bem a minha situação, meu expediente é das seis da manhã até meio-dia de segunda a sexta, isso sem falar nos sábado onde normalmente trabalho das oito até meio-dia, e normalmente largo do estágio direto para a faculdade, que era das uma da tarde até as seis e meia da noite, fazendo com que eu só chegasse em casa normalmente as sete.
No caso, quando eu chegasse em casa, como deveria aproveitar meu tempo livre? Estudando e fazendo os trabalhos das faculdade, certamente, mas, não era isso que ocorria.
Quer dizer, até tentava, mas o problema é que sempre havia algum momento em que eu iria deitar na cama pra descansar um pouco, sendo que, como normalmente tenho sempre chegado morto de cansado em casa (principalmente porque eu acordava as quatro e meia da manhã para poder chegar na hora no trabalho, pra só chegar em casa às sete da noite) toda vez que deito, acabo dormindo de vez e só acordando as quatro e pouca do dia seguinte, ou então no meio da noite para desligar tudo no meu quarto e voltar a dormir, fazendo com que eu não conseguisse fazer nem metade daquilo que precisava fazer. E claro, isso era uma merda pra mim.
Então o que acontecia? Precisava otimizar meu tempo o máximo possível, ou seja, tive que fazer o que meus amigos estavam fazendo comigo, que era recusar saídas para poder dar prioridades para as coisas da faculdade, e infelizmente, eram coisas pra cacete. Estava chegando no ponto que muitas vezes fiquei até tarde na biblioteca da faculdade estudando ou fazendo trabalho, porque se eu voltasse para casa não conseguiria fazer nada porque iria acabar caindo morto na cama.
E ainda tem esse detalhe, eu não consigo mais passar das nove da noite acordado, e mesmo nos meus dias de folga não consigo mais acordar depois de sete e meia, e em pensar que houve uma época da minha vida que dormir de meia-noite para mim era cedo e que só acordava depois das dez. E com isso, eu aparentava sempre estar cansado o dia inteiro.
No fim, minha maior agonia é a sensação de ter muita coisa para fazer e muito pouco tempo para fazê-las, e pior, parecia que ao longo que eu as fazia, elas só aumentavam.
Com isso, aos poucos me dava conta que finalmente tinha adentrado de vez na vida adulta, quer dizer, de vez não, em noventa por cento pelo menos, já que só adentraria nela por completo a partir do momento que começasse a pagar as contas de casa também, o que ainda vai demorar um pouco, mas que não deixa de ser uma realidade próxima.
E chegando aos meus 22 anos tenho me dado conta de que a vida se resumirá a isso daqui pra frente, você não terá mais tempo para viver e terá que se preocupar em apenas trabalhar e pagar as suas contas, e o resto que vier, é lucro.
Isso é uma coisa que me desanima bastante, porque a vida é bem mais do que isso, o problema é que o tempo passa e cada vez menos você terá tempo de aproveitá-la da melhor forma, ela acontecerá ao seu redor e você vai estar ocupado fazendo as suas obrigações, principalmente porque você estará fodido se deixar de fazê-las, porque afinal, o nome já diz, você é obrigado a fazer.
Isso faz qualquer pessoa ter saudade da sua infância, onde a sua maior preocupação era saber com qual brinquedo iria brincar naquele dia, o que me faz refletir sobre mais uma coisa: Em nenhum momento da sua vida você terá tudo, porque quando se é criança (e jovem também), você tem tempo, energia, mas não tem dinheiro; na fase adulta, você tem dinheiro e energia, mas não tem tempo; e quando idoso, você tem tempo e dinheiro, mas não tem energia. Ou seja, é impossível você ter as três coisas.
Com isso, muitas vezes a vontade que dar é de jogar tudo para o ar e não fazer mais nada, mas se caso você o fizer, a vida lhe castigará por isso em um futuro próximo.
E no meio desse caos mental todo, o que lhe sobra é apenas o desespero e a angustia por saber que você finalmente chegou de vez na vida adulta, que ela não é nem um pouco fácil e que ela sugará sua alma aos poucos ate não sobrar mais nada, é triste, mas é a verdade.
Se tem uma coisa que sempre achei é que os 20 e poucos anos é a idade em que a cabeça da pessoa está mais bagunçada, pois é quando a transação da adolescência para a vida adulta é finalmente finalizada e você passa a ser obrigado a encarar as coisas quem nem uma pessoa crescida pela primeira vez. Eu estou chegando ao meu vigésimo e segundo ano de vida e posso confirmar isso muito bem, aliás, não apenas eu, mas também um monte de outras pessoas que tem a minha idade e que estão passando por um momento parecido.
De qualquer forma, o que nos resta é simplesmente seguir de cabeça erguida e enfrentar isso de forma madura, assim como qualquer outro adulto faz, e tentar de tudo para que você chegue em uma situação em que sua cabeça não ficará tão cheia, mesmo que isso demore uma vida inteira para acontecer.


Brian

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