sábado, 4 de junho de 2011

É fazendo merda que se aduba a vida!

Eu estava na aula numa segunda-feira a tarde (quase de noite), tinha tempo integral no dia, e para piorar as 3 ultimas aulas do dia eram de matematica, eu sempre dizia q essas tres aulas de matematica pareciam mais que duravam 10 horas, eu ainda achava incrível como meu professor tinha o poder de fazer o tempo andar mais devagar. Eu estava sentado numa das laterais da sala viajando no meu mundo paralelo, na minha frente estava Joey e Heitor conversando sem parar, então teve uma hora que os dois começaram a rir de algo, me bateu a curiosidade e perguntei:
- O que foi?
- Uma coisa que Heitor falou aqui, muito engraçado. - respondeu Joey
- O que é?
- Depois te conto.
- Não pô, fala ai o que é!
- Depois eu falo, relaxa.
- Depois nós dois vamos acabar esquecendo, fala ai!
Então Joey pensou e disse:
- Tá bom! - Ai ele me contou tudo que Heitor tinha lhe falado naquela hora, quando terminou eu também ri, até que o professor chamou a nossa atenção.
- Vocês dois ai, para fora, tão conversando demais.
Ai na hora eu pensei ''fudeu'', e Joey falou:
- Não professor, a gente vai ficar calado.
- É o que todos dizem mas nunca cumprem, para fora os dois. - disse o professor
- Mas pro...
- Não discuta comigo, saiam.
- Tá bom. - Então arrumamos nossas coisas e saimos da sala, enquanto saiamos, Thiago nos olhou com uma cara de decepção (e com razão), já eu sai da sala puto da vida, eu não era expulso de sala a muito tempo, e se meus pais soubessem do que houve eu tava morto.
- Porra... - falei - Num acredito velho, eu não era expulso de sala a anos!
- Relaxa cara, acontece.
- Como eu posso relaxar? Se meus pais souberem disso eu to fudido!
- Eles não precisam saber.
- Mas irão, porque já já vai chegar o fiscal para saber o porque que estamos fora de sala de aula.
- Eita, bem lembrado! - falou Joey - me segue.
Eu segui ele e formos até a banheiro.
- É o seguinte... - falou ele - entra um em cada boxer, a gente fica aqui em silêncio até a hora que o pessoal largar.
- Beleza, mas falta quanto tempo para o pessoal largar?
- Deixa eu ver... - falou ele pondo a mão no bolso, até perceber que estava sem o celular
- Porra, deixei meu celular carregando na sala, ta com o teu ai?
- Sim mas ta sem bateria.
- Droga! - falou ele - mas indo pela última vez que olhei a hora, eles devem largar a daqui no máximo 40 minutos.
- 40 minutos? - falei indignado - a gente vai ficar aqui dentro por 40 minutos?
- Tem ideia melhor?
- Não.
- Então entra ai e não reclama!
Então entrei no meu boxer, estava um fedor de mijo de matar, e o último cara que tinha usado a privada tinha esquecido de dar descarga ainda por cima, mas já que eu estava lá aproveitei para fazer minhas necessidades.
- Brian... - falou Joey - fica ai dentro em silêncio e não saia por nada.
- Beleza! - falei
Então ficamos uns minutos quietos, eu fiquei lá pensando na merda que eu tinha feito e com um puta medo de ser pego.
- Brian?
- Fala!
- Tais com raiva do professor?
- Não pô, que eu sei que ele faria isso com qualquer um, to é com raiva de mim mesmo.
- E realmente você deve ta com raiva de si mesmo, não é para menos, sua curiosidade que nos botou para fora de sala.
- Foi mal.
- Cara, próxima vez que eu disser ''te conto depois'', não insista, deixe para depois.
- Beleza, alias o que aconteceu agora foi aquilo de ''a curiosidade matou o gato''.
Até que naquele momento a gente ouviu o som da porta do banheiro abrindo, no mesmo momento nos calamos, subiu a tensão naquela hora, na hora tentei parecer o mais normal possivel, eu ouvia o som do mijo do cara e na mesma hora eu torcia para o cara ir embora logo, então depois se ouviu o barulho da torneira aberta e em seguida o som da porta novamente, na hora que a porta fechou eu abri um pouco a porta do boxer para ver se a barra tava limpa.
- A barra ta limpa.- confirmei.
- Ufa! - falou Joey.
- Meu irmão, a coisa ta tensa aqui.
- Então! - falou Joey - Num sei o que é pior, essa angústia toda ou o fedor que tá esse banheiro.
- Nem eu sei dizer.
Então ficamos mais uns minutos calados, eu podia dizer que nunca tinham sentido tanta tensão assim em toda minha vida, não sabia o que era pior, não saber o que estava ocorrendo la fora ou não ter noção do tempo, até que mais uma pessoa entrou no banheiro, fiquei segurando a porta para não haver risco dele entrar lá, voltei a ficar mais nervoso do que o normal, fiquei aguardando ele sair, e quando ele finalmente saiu fui checar de novo se a barra tava limpa.
- Barra limpa. - falei para Joey.
- Beleza! - falou ele - cara, essa é a coisa mais radical que já fiz.
- Digo o mesmo, isso ta aparecendo até jogos mortais ou algum outro filme de terror, sendo que no caso ninguem ta acorrentado.
- Não tamos acorrentados, mas ainda assim presos em outro sentido.
- É, realmente.
- E se alguem tiver que cortar o pé esse alguem será você.
- É, né? eu so me fodo mesmo. - e rimos
E mais uma vez o silêncio se estabeleceu, depois de alguns minutos Joey falou.
- Brian, vou da uma checada rápida la fora, mas não sai daí.
- Beleza!
Então ele saiu, e mais uma vez o silêncio reinou, eu ainda sem ideia de que horas eram, torcendo para que o pessoal largasse logo, e o fedor de mijo estava ficando cada vez pior, até que Joey voltou.
- Sou eu! - falou ele entrando.
- E então?
- Ainda falta 20 minutos para o pessoal largar.
- Puta que pariu!
Então Joey entrou no boxer de novo e mais uma vez voltamos a ficar em silêncio, depois de uns minutos, Joey voltou a quebrar o silêncio.
- Brian?
Sendo que na mesma hora alguem entrou no banheiro.
- Shhhhhhh - falei
E esperamos o cara sair de lá para começarmos a falar, quando ele finalmente saiu olhei de novo se a barra tava limpa e falei.
- Barra limpa.
- Beleza!
- Tu ia falar uma coisa.
- Ah, cara, realmente isso ta parecendo jogos mortais.
- É o que eu disse.
- Então so nos resta uma saída, o suícidio.
- Não será necessário, porque o cheiro que ta isso aqui ja vai nos matar.
- Cara, se eu morrer aqui eu quero que tu saiba que eu sempre te amei!
- Deixe de ser viado. - e Joey riu
- Mas cara, tem até mancha de sangue e catota na parede aqui.
- Ta zuando?
- Não po, juro para você!
- Quando aparecer uma barata ai sim a coisa ta completa.
E foram mais alguns minutos de silêncio, até que Joey falou:
- Ei Brian!
- Fala!
- To achando nelhor a gente sair daqui.
- Porque?
- Se a gente acabar pegando uma doença aqui? - disse ele - tu viu a aula de biologia de hoje sobre doenças.
- É verdade!
- Sai daí.
Então saimos dos nossos boxers e assim que saimos formos lavar as mãos, até Joey falar.
- Ei cara, to com a impressão que aquilo ali é uma câmera.
Então olhei e falei:
- É nada, é um detector de incêndio, eu sei que o colégio é cheio de câmeras mas dentro do banheiro já seria demais.
- Realmente, e se fosse uma câmera não ficaria piscando assim.
- Enfim, qual é o plano?
- É o seguinte, ta ligado aquele canto lá da quadra?
- Sim,
- Pronto, como ta ficando escuro lá vai ficar mais escuro ainda, e tem uns caras do 3ºano jogando na quadra, a gente corre para lá, espera o povo liberar e ninguém vai reparar na gente lá.
- Beleza!
- Agora ver ai se a barra ta limpa.
- Ok!
Então pus a cabeça para fora do banheiro e olhei para todos os lados, ninguem suspeito.
- Tudo Ok!
- Beleza.
E saímos, e realmente já tava escuro, mas quando tava parecendo tudo bem, a gente ver o fiscal parado do nosso lado. Então pensei de novo ''Fudeu''.
- Ele nos viu! - falei
- Eu sei, fica frio.
Então andamos normalmente como se nada tivesse acontecido.
- Bora lá para aquele banco! - falou Joey.
Formos até lá e nos sentamos, então Joey falou:
- Pegar o caderno, o lápis e o livro e bora fingir que estamos fazendo tarefa.
- Beleza. - falei - ou então a gente devia fazer tarefa, que ai a gente despista o fiscal e se ocupa com algo até tocar.
- Boa ideia, abre ai o livro.
Então começamos a fazer umas questões de física, a gente ate copiou o enunciado para passar mais o tempo.
- Ei Joey! - falei - Pode falar que tu tava exagerando naquela hora da mancha de sangue e da catota.
- Juro para você que ta assim, se quiser vá la você mesmo para comprovar.
- Acho melhor não.
Então naquele momento uma luz brilhou no nosso caminho, vimos Heitor correndo até a quadra.
- HEITOR! - chamamos juntos.
- Fala! - respondeu ele.
- Já largaram? - perguntou Joey
- Já!
- AE! - exclamamos eu e Joey.
Joey foi até a sala e pegou seu celular e formos falar com Thiago, ele nos deu uma bela de uma bronca, falou que eramos irresponsaveis e falou do porque que não senta perto da gente, quando ele terminou de falar eu e Joey contamos tudo que ocorreu no banheiro, os momentos de tensão e tudo o mais, e depois de contar tudo que houve para Thiago eu falei pra Joey:
- Sobrevivemos hein?
- Ainda bem.
- Devíamos repetir a dose um dia desses.
- Não mesmo! - falou Joey com enfase, na mesma hora eu soltei um riso.
- Faz tempo que eu num ficava tão tenso desse jeito. - disse eu
- Eu também.
- Mas cara, essa será mais uma história da qual no futuro iremos rir.
- Também acho, que apesar de tudo, nada do que um pouco de adrenalina para quebrar a rotina.
- E outra coisa, é fazendo merda que se aduba a vida.
Então Joey foi para a parada de ônibus e eu fui esperar meu pai, e realmente, hoje a gente conta essa história e até rir. Aquele dia foi marcante.


Brian

Nenhum comentário:

Postar um comentário