terça-feira, 21 de julho de 2015

Algo completamente inesperado... - Parte 3/FINAL

Eu sabia que durante as férias Júlia costumava a acordar tarde pra cacete, então estava convicto de que só conseguiria falar com ela após o almoço, sendo assim, naquela manhã procurei nem me preocupar muito com isso e ocupar minha mente com alguma outra coisa. Então eu fiquei brincando com o Riddle pelo resto daquela manhã.
Quando deu próximo de meio-dia, Riddle já parecia um pouco cansado, foi quando percebi que era a hora de lhe dar um descanso, isso sem falar que a fome tinha batido, na hora eu estava sozinho em casa, tanto minha mãe quanto minha irmã estavam no trabalho, ou seja, eu teria que me virar pra fazer meu almoço.
Eu poderia ter assado uma carne, esquentado um arroz, umas verduras, ou coisa assim, mas a preguiça de mexer no fogão naquele dia estava enorme, então fui pelo simples e esquentei uma lasanha congelada no micro-ondas.
Enquanto comia, eu fiquei com o meu celular do meu lado apenas esperando um sinal de vida de Júlia, até que finalmente ela apareceu online, por pouco não lhe mandava uma mensagem logo de cara, mas achei melhor esperar um pouquinho, dar um tempinho para ver se ela não entraria em contato primeiro, e também pra não parecer aquele cara desesperado (pode parecer frescura minha, mas enfim, realmente não espero que entendam isso). Decidi que só tomaria alguma iniciativa em relação àquilo depois do almoço, mas ainda assim fiquei na expectativa que ela o fizesse logo, o que parecia que não iria ocorrer.
E claro, eu comecei a pensar no que raios estaria se passando na cabeça dela naquele momento, eu e minhas paranoias para variar, na minha mente havia todo tipo de explicação, e em boa parte delas acabava com Júlia não querendo olhar na minha cara nunca mais, como eu disse, paranoias minhas.
Depois que terminei de comer ainda fiquei mais um pouco nessa frescurinha de que se falava logo com ela ou não, de que se a esperava falar algo ou se tomava logo uma iniciativa, fiquei mais ou menos uns quinze minutos olhando o celular vez ou outra tentando decidir isso.
Até que eu decidi finalmente parar de frescura e simplesmente tomar a iniciativa, também decidi que não faria isso por mensagem e que ligaria pra ela antes de tudo.
Então sem hesitar, peguei o celular e liguei para ela,
Na primeira tentativa, o telefone chamou uma, duas, três, quatro... E nada dela atender, desliguei e esperei alguns minutos, me deitei no sofá da sala enquanto isso e fiquei olhando para o teto. Após cinco minutos eu dei minha segundo tentativa.
Liguei novamente e aguardei ela atender, e assim chamava, chamava, chamava...
- Alô?
- Júlia?
- Ah... oi Brian... - a voz dela soou um pouco insegura nesse momento
Na hora, eu não soube o que falar, fiquei meio sem graça, sei lá, a situação ainda era bastante constrangedora.
- Errr, tudo bem? - falei meio sem jeito
- Sim, estou... e você? - falou ela da mesma
- Também... eu acho...
E mais uma vez, ficamos alguns segundos calados esperando o outro falar alguma coisa, via-se claramente que o clima estava estranho entre nós, até que eu finalmente falei:
- Tas ocupada agora?
Depois de alguns segundos, ela respondeu:
- Err, não... por que?
Senti um pouco de receio na voz dela.
- É que... eu... errr... - simplesmente não sabia quais palavras usar, eu estava bastante nervoso, minha mão tremia pra caramba.
Foi quando aquela voz dentro de mim praticamente gritou também me dando um tapa na cabeça "DESEMBUCHA, PORRA!"
- A gente precisa conversa sobre o que aconteceu ontem.
Por um lado foi aliviante falar aquilo, mas também desesperador.
Depois de alguns segundos calada, Júlia respondeu:
- Ok, então... - ainda sentia o receio em sua voz. - quer que a gente se encontra lá em cima?
Eu ia dizer "sim", até que parei para pensar em um detalhe, que o melhor era eu não falasse com ela na área de lazer do prédio, e por que? Simples, porque lá é o local mais calmo do prédio, ou seja, iria ser a brecha perfeita para que ocorresse de novo, eu sei bem disso porque na época que a gente namorava, íamos direto para lá quando queríamos um tempinho sozinhos.
- Na verdade... - falei - posso falar contigo ai mesmo na sua casa?
Eu sabia que naquela hora teria gente na casa dela, o que já seria uma garantia de que nada aconteceria, teríamos menos privacidade, mas era o preço a se pagar.
- Tá, pode ser... - falou ela
- Não tem problema não, né?
- Não, claro que não. - não senti muita firmeza no tom de voz dela
- Ok então, apareço ai em cinco minutos.
- Ok!
- Até já!
- Até!
E assim eu me arrumei rapidamente, apenas fiz trocar de roupa de escovar os dentes, como de costume, dei um cafuné no Riddle e fui me encontrar com ela.
Cheguei na porta do apartamento de Júlia em exatos cinco minutos, hesitei um pouco em tocar a campainha, mas assim o fiz e aguardei alguém atender. Quando a porta se abriu, quem estava nela era a mãe de Júlia, Dona Selma.
- Oi Brian! - falou ela
- Olá Dona Selma. - falei um pouco sem graça
- Tudo bem com você? - disse ela me abraçando
- Sim, está, e com a senhora? - respondi retribuindo o abraço
- Tudo ótimo, graças a Deus.
- Que ótimo... - e logo após não hesitei em perguntar - Júlia ta ai?
- Ela ta se arrumando, mas já já aparece. - disse Dona Selma - mas entre, você pode esperar ela aqui no sofá.
- Ah, claro, obrigado.
E assim entrei e me acomodei no sofá.
- Quer alguma coisa? Uma água, qualquer coisa?
- Não, obrigado, não se preocupe com isso.
- Nem um pedaço de bolo?
- Agradeço, mas não precisa.
- Eu insisto.
Foi quando eu percebi que ela iria trazer de qualquer forma, então simplesmente aceitei. Era um bolo de cenoura com cobertura de chocolate, então o aproveitei bem, aliás, sempre adorei qualquer coisa com cobertura de chocolate, mas enfim, quando terminei fiz questão de levar o prato até a cozinha, apesar da mãe de Júlia ter insistido pra que eu a deixasse fazer isso.
Após isso, Dona Selma foi fazer suas coisas, e eu fiquei aguardando Júlia no sofá, pouco depois o gato dela passou, era um persa branco, tentei fazer um carinho nele, mas ele não parecia ser do tipo que gostava de socializar, me esnobou no mesmo instante.
- Brian? - Foi quando Júlia finalmente apareceu
- Oi Júlia.
Dessa vez mal nos cumprimentamos direito, sem abraço, sem aperto de mão, nem nenhum outro tipo de contato físico, ela apenas se sentou ao meu lado no sofá.
- E então... - falou ela sem graça
E eu estava da mesma forma, sem saber como começar aquilo, ficamos por um momento apenas sentados olhando para a cara de bobo do outro.
"Que bosta de clima, hein?" pensei.
Enquanto isso, o gato dela apareceu de novo, sendo que dessa vez pulou no colo de Júlia e lá ficou com ela lhe dando um cafuné, e acreditem, ele ficou me olhando com uma cara nem um pouco amigável, podem achar até que é doideira minha, mas eu juro que não é.
- Prefere falar num local com mais privacidade? - perguntou Júlia
- Sim, claro. - falei
- Então vamos pro escritório.
Júlia tirou o gato do colo e se levantou, ele não pareceu muito feliz com aquilo e foi andar pela casa. A segui até o escritório, que ficava exatamente ao lado do quarto dela, entramos lá e ela fechou a porta para garantir ainda mais que ninguém iria ouvir a nossa conversa, depois que nos sentamos, eu finalmente comecei a falar:
- Ok, vamos logo com isso então, não era pra ter acontecido aquilo com a gente ontem. - falei sem hesitar.
E também sem hesitar, Júlia falou:
- Concordo.
Fiquei até intrigado com a resposta dela.
- Me deixei levar pela emoção, não pensei direito, enfim, fui idiota.
- Não Júlia, o idiota fui eu que não impedi, acabei me deixando levar pela carência, foi errado o que eu fiz.
- Não precisa se culpar.
- Preciso sim, me senti mal por isso a noite toda.
Então Júlia pensou um pouco, e disse:
- Eu também.
Eu suspirei, e disse:
- Acho que no fim nós dois fomos idiotas.
- Concordo. - disse Júlia rindo.
Comecei a rir junto com ela, chegamos no ponto em que aquela situação toda era engraçada.
- Bom... - falei - fico feliz que a gente concorde nisso.
Júlia apenas sorriu.
- Enfim... - continuei - que isso não aconteça de novo, ok?
- Ok! - concordou Júlia ainda sorrindo.
Selamos esse "acordo" com um abraço de amigos, apesar que ainda havia um detalhe para ser ressaltado:
- Ei Júlia, me responde uma coisa.
- O que?
- Você chegou a comentar o que aconteceu pra alguém?
- Não, por que?
- Ótimo, vamos manter dessa forma, isso morre aqui entre a gente, pode ser?
Ela pareceu um pouco confusa, mas concordou.
- Ok, melhor que fique assim mesmo.
E de novo, sorrimos um para o outro e nos abraçamos novamente.
No fim, tudo acabou bem, depois de ter tudo aquilo acertado com Júlia, ainda fiquei um pouquinho por lá conversando com ela, até que depois de uns vinte minutos ela precisou sair com a mãe para resolver umas coisas, foi depois disso que eu voltei para casa tranquilo e com a consciência limpa.

Brian

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