quinta-feira, 9 de julho de 2015

Algo completamente inesperado... - Parte 1

Se vocês acham que eu vou começar essa história dizendo que era mais um dia como outro qualquer, está muito engano, tenha certeza que aquele dia esteve muito longe de ser como um outro qualquer, e vocês entenderão o porquê já já.
Era meio dia e quinze de um domingo, eu tinha acabado de almoçar e ia tirar um rápido cochilo, e assim o fiz. Depois de uns rápidos quinze minutos de descanso, me levantei e fui fazer uma coisa que estava planejando a semana toda, adestrar o Riddle.
Minha mãe já estava ficando puta porque ele estava começando a mexer em coisas que não deve, como por exemplo, as sandálias dela (vez ou outra ele as mastigava), de vez em quando também ele estava arranhando alguma coisa pela casa, ou então bagunçando alguma estante baixa (ele estava crescendo rápido, mas ainda não conseguia pular coisas muito altas). Enfim, minha mãe não estava nem um pouco feliz com isso e por isso já era hora de eu ensinar ao pequeno Riddle onde ele pode e onde ele não pode mexer na casa.
Eu poderia ter o colocado naqueles negócios de adestramento de cães e gatos, mas eu resolvi que ia tentar fazer isso sozinho, até mesmo pra ter um contato maior com o Riddle, pra ele me respeitar mais, e certamente, me obedecer sempre que eu mandar ele fazer algo.
Não foi uma tarefa fácil, Riddle ainda se encontra numa fase da vida em que está cheio de energia pra gastar, ou seja, simplesmente não parava quieto. Eu tentava ensinar uma coisa para ele, mas sempre havia algo pra distraí-lo, isso sem falar nas horas que ele resolvia correr pela casa que nem um louco, enfim, certamente que eu não consegui adestrá-lo 100% apenas naquela tarde, isso é uma coisa que demorar semanas para ter sua total eficiência, o complicado para mim era apenas ter o controle sobre ele,
Mas enfim, acho que já me prolonguei demais nessa parte, e esse não é o ponto da história, onde eu quero chegar ocorreu um pouco depois disso. Era quatro da tarde quando eu finalmente decidi dar uma pausa no processo de adestramento de Riddle, aquilo tinha me cansado bastante, aliás, até o próprio Riddle parecia um pouco cansado.
Então fui pro meu quarto me deitar um pouco, Riddle me seguiu até lá e vendo o como ele também estava cansado eu o deixei ficar um pouco na minha cama. Para não ficar aquele silêncio profundo, coloquei uma música pra tocar no celular, e assim fiquei relaxando um pouco e fazendo carinho no meu gato que estava exatamente do meu lado.
Até que depois de alguns minutos, a música foi interrompida pelo estrondoso toque do meu celular, como esse mesmo também estava na minha cama, Riddle acabou se assustando e descendo da cama para se acomodar agora na sua almofadinha. Eu tinha acabado de receber uma mensagem da Júlia, então desliguei a música e a li com atenção, nela dizia:
"Brian? Tas em casa?"
E eu rapidamente respondi:
"Sim, estou."
"Tas ocupado?"
"Não, não, por que?"
"Então você pode me encontrar lá em cima em quinze minutos?"
Ela parecia preocupada.
"Claro, aconteceu algo?"
"Sim, aconteceu o inferno."
Me assustei quando ela disse isso, dava pra perceber que tinha sido uma treta violenta.
"Lá em cima eu te conto com mais detalhes." completou Júlia.
"Ok, já estou indo para lá então." falei
"Certo então, eu também."
"Até lá!"
"Até!"
E assim eu tomei um rápido banho e troquei de roupa, levando menos de dez minutos para isso, fiz um cafuné em Riddle (que no momento tinha caído no sono na sua almofadinha), avisei para minha mãe pra onde eu ia, e assim subi pra área de lazer do prédio.
Eu fui o primeiro a chegar, mas não demorou muito para Júlia aparecer, me sentei numa cadeira próxima ao elevador e aguardei. Quando ela chegou, desde dentro do elevador que se percebia que ela estava bastante abalada, se percebia as suas tentativas de segurar o choro.
Vendo isso, me levantei e disse:
- Júlia, o que aconteceu?
Quando eu disse isso, ela desatou no choro, correu em minha direção me dando um forte abraço.
Ela tentava falar algo enquanto isso, mas não era possível entender por causa do tanto que ela soluçava de choro.
- Calma Júlia, calma, não precisa falar agora, só se acalme primeiro e depois você fala. - falei tentando confortar ela.
A levei para a área da piscina e a sentei em uma das cadeiras que tinha lá. tentei acalma-la, mas estava bem difícil. Me ofereci para descer até a minha casa e lhe trazer um pouco de água, mas ela implorou pra que eu não a deixasse ali sozinha, e assim atendi ao seu pedido.
Demorou, mas depois de alguns minutos Júlia finalmente se acalmou um pouco, ainda chorava bastante, sendo que pelo menos já conseguia falar sem soluçar tanto.
- Consegue falar agora? - perguntei
- Sim... - disse ela bem baixo ainda abalada
- O que aconteceu? - perguntei novamente
Júlia deu uma forte respirada, e falou:
- Eu e Roland terminamos!
Aquela notícia para mim tinha sido um choque, os dois estavam juntos a quase três anos, e sempre que eu os viam juntos eles pareciam estar bem, enfim, eu sempre tive a impressão que eles iam acabar casando.
- Calma ai, me explica essa história... - falei
E então ela me explicou toda a história, uma coisa eu sabia, vez ou outra eles passavam por momento conturbados da relação, assim como todo casal passa, mas eu sempre os via dar a volta por cima, mas ao que parecia dessa vez a coisa chegou num ponto extremo em que nenhum dos dois aguentavam mais, pelo que Júlia me disse, os últimos meses tinham sido os piores, eles não conseguiam mais se encontrar sem brigarem seja lá por qual razão.
Enfim, o ponto é que, a relação deles estava bastante desgastada, e o ponto crítico finalmente tinha chegado, tanto que resultou nisso. De qualquer forma isso foi uma surpresa pra mim, porque eles já tinham aguentado muitas fases ruins por basicamente dois anos, mas é como eu disse, eles chegaram num ponto que a relação ficou desgastada demais.
Certamente, Júlia me contou essa história toda ainda muito abalada, e eu não esperaria reação diferente, aliás, foram quase três anos de relação, não é pouca coisa.
- Eu realmente sinto muito, Júlia. - falei
- Não sinta, sério. - disse ela
Ficamos calados por um momento, até ela voltar a falar:
- A ficha simplesmente não caiu ainda, entende?
- Eu imagino! - respondi
- É que, velho, eu sempre achei que a gente um dia fosse até casar, sabe?
- Acredite, eu também achava isso.
- Acho que todos achavam, já ouvi muitos dizerem isso.
Depois disso, ficamos mais alguns segundos calados, e então Júlia voltou a falar:
- Só não queria que tivesse acabado dessa forma, com a gente se odiando basicamente.
Eu entendia bem o sentimento dela.
- Mas Júlia, quem sabe vocês não acabam voltando? Vocês tem tanta histórias juntos, já passaram por tanta coisa e se mantiveram juntos por muito tempo, quem sabe no fim vocês não acabam se resolvendo?
- Você diz isso porque não testemunhou a nossa última briga, se tivesses visto como foi você veria que não tem mais volta.
- O que ocasionou essa última briga?
Júlia respirou fundo, e disse:
- Ciúmes.
"Pra variar..." pensei
- Por parte de quem? - perguntei
- Minha.
- Explique melhor...
- Bom, é o seguinte...
Era mais um daqueles casos de ciúmes por causa de uma amiga do Roland que Júlia não gostava nem um pouco, e era uma situação que se repetia sempre, ela meio que pedia pra ele se afastar dela, e certamente Roland não atendia, o que eu sinceramente acho um grande exagero da parte dela.
E claro, isso acabou chegando num ponto que o próprio Roland ficou puto, principalmente porque Júlia o acusou de estar a traindo, segundo a própria me disse, isso tinha sido a gota d'água para ele, tanto que resultou no termino deles.
Eu poderia ter dito pra Júlia que possivelmente teria sido exagero da parte dela e que ela deveria se desculpar, mas esse é o tipo de coisa que eu prefiro não meter o bedelho, e tenho certeza que ela não reagiria bem a essa conselho, eu também já tinha namorado essa garota, a conhecia bem até demais.
E assim passamos uma hora e meia (exatamente, uma hora e meia) conversando sobre como tinha sido as últimas semanas do relacionamento dela com Roland, já era próximo das cinco e quarenta da tarde, e o sol estava começando a se por.
Agora finalmente chegaremos no ponto principal da história depois de muita enrolação, que foi quando Júlia começou a fazer uma comparação estranha sobre as atitudes de Roland com as atitudes que eu tinha com ela quando a gente namorava, algo do tipo que eu me importava mais com a opinião dela, que eu a ouvia mais, se perguntando porque ele não podia ser que nem eu naqueles aspectos, praticamente dizendo que eu era um namorado melhor do que o Roland, e enquanto ela falava, na minha cabeça eu só me perguntava "aonde ela quer chegar com isso?"
Eu apenas fiz aquela velha "conversa de lagartixa", fiquei balançando a cabeça concordando, a deixei falar, aliás, na situação em que ela estava a única coisa que queria era alguém que entendesse pelo que ela ta passando sem fazer muitos questionamentos.
- Ai Brian, me abraça. - falou ela já me abraçando
Foi a partir daí que as coisas começaram a ficar "estranhas", há muito tempo que Júlia não me abraçava daquela forma. Ai você me pergunta: Que forma?
Como se quisesse que eu ficasse ali com ela para sempre, a última vez que ela tinha me abraçado daquela forma... A gente ainda namorava.
Sim, poderia ser apenas coisa da minha cabeça, mas dessa vez eu garanto que não era, e vocês verão porque. Mesmo estranhando, eu não questionei nada, fiquei abraçado com ela e lhe fazendo um carinho também, e assim percebia que ela estava bem "dengosa", até demais.
Percebi isso mais ainda quando ela deitou a sua cabeça no meu ombro, e principalmente depois que ela disse:
- Você ta cheiroso.
- Obrigado... - respondi um pouco sem graça
Aí que a merda começou a acontecer, meu coração acelerou pra cacete, comecei a ficar nervoso sei lá porque, mas de uma forma ou de outra, uma voz dentro de mim gritava que aquilo não iria dar certo, e eu resolvi ignora-la, possivelmente por burrice mesmo.
Então, Júlia começou a me dar beijos no pescoço, foi quando a voz dentro de mim começou a berrar para que eu parasse com aquilo imediatamente, mas ainda assim não dei ouvidos, simplesmente deixei acontecer. Até que de beijos foi para mordidas, e mesmo assim eu não ouvia o meu bom-senso, pior, eu comecei a retribuir os beijos, da mesma forma que eu fazia com ela quando ainda eramos namorados.
Até que veio aquela velha cena clichê da gente olhando um para o outro com os rostos bem próximos, definitivamente estava rolando um clima, e não era fraco. Comecei a alisar o seu cabelo, e quando eu fiz comecei a lembrar da época em que namorávamos, e claro, a saudade veio, o que me fez ir mais a fundo naquela besteira. Voltei a olhar atentamente pra ela, e pensei:
"Caramba, como ela é linda!"
Enquanto isso, o meu bom senso estava prestes a se matar enforcado.
- Tás mais bonito hoje, Brian. - disse ela
E eu sem graça, respondi:
- Impressão sua.
- Não, não é...
E naquele momento o meu bom senso já estava morto, eu tive as chances de impedir que aquilo acontecesse, mas não o fiz, aliás, é como dizem, a carne é fraca (apesar de eu nunca ter levado essa frase a sério).
E nossos rostos foram se aproximando aos poucos, até que nossas bocas finalmente se encostaram, e a merda já estava sendo feita, eu sabia que aquilo era errado, eu devia ter impedido, mas provavelmente aquilo foi resultado de uma carência extrema que eu tinha passado, sim, continua não sendo desculpa, mas é a melhor explicação que eu tenho
Tanto eu quanto Júlia àquela altura já tínhamos nos deixado levar pelo momento, parecia até que a gente tinha voltado a namorar, principalmente porque a sensação que eu estava tendo era a mesma daquela época em que estávamos juntos. E aquele foi um longo beijo, me lembrava bastante do nosso primeiro, naquela festa de São João do meu colégio há quatro anos atrás.
E depois de alguns minutos se beijando (certamente não contei o quanto exato porque,,, né?) nossas bocas finalmente se afastaram.
Por um instante eu não sabia como reagir, provavelmente Júlia estava na mesma situação, ambos estávamos sem graça e sem saber explicar o que tinha acabado de acontecer, tanto que demorou alguns minutos para finalmente alguém falar alguma coisa.
- Bom... - falou Júlia provavelmente ainda procurando as palavras certas - acho que é melhor a gente ir para casa.
Eu estava tão abismado que simplesmente aceitei isso que ela disse:
- Sim, concordo... - falei
E depois de mais um momento calados, ela disse:
- A gente se fala mais depois, então?
- Sim, sim, claro... eu acho.
Com um sorriso um pouco sem graça no rosto, Júlia disse:
- Errr... ok então.
Concordei com a cabeça, eu ainda estava tentando processar aquilo tudo na minha mente.
Júlia se levantou já indo em direção do elevador.
- Errr, você vem? - perguntou ela
Eu até pensei em dizer "sim", mas achei melhor não.
- Não, não, err... pode ir primeiro, vou ficar um pouco aqui refletindo, depois eu vou.
Ainda sem jeito, ela respondeu.
- Ok... err... você quem sabe...
E depois de mais um momento quietos, ela disse:
- Até depois.
- Até!
E assim ela foi, sem mais nenhum de nós dois falar mais nada.
Eu realmente aproveitei para refletir um pouco por lá, aliás, eu sempre gostei de usar aquele local pra isso, e certamente eu tinha muito o que pensar, uma grande besteira tinha acontecido.
E o pior de tudo, é que eu não achei ruim, eu gostei de que a gente tinha ficado, tanto que não impedi que acontecesse, mas sabia que tinha sido errado, tanto que aquilo ficou martelando minha cabeça pelo resto do dia...

(continua...)

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