segunda-feira, 16 de julho de 2012

Uma conversa amistosa com a minha consciência

Eu estava passando por aquela velha cena que tudo mundo ver nos filmes, eu estava deitado numa maca com vários médicos correndo ao meu redor, eu abria os olhos lentamente e aquilo era tudo que eu via, antes de fechar os olhos novamente, até que um certo momento eu vi meu pai do meu lado, eles estava falando coisas as quais eu não estava entendendo na hora, tentei falar algo, mas de novo eu não consegui, então fechei os olhos de novo, de vez.
Me vi num local onde tudo era branco, olhava para os lados e tudo que eu via era branco, nada mais além de branco, então pensei ''Será que eu morri?'', só em pensar nisso eu já ficava triste, me levantei e comecei a procurar alguém, ou ate mesmo qualquer coisa, eu simplesmente queria achar algo no meio daquele ''branco'' todo.
Foi então que me lembrei do meu pai, da minha mãe, da minha irmã, dos meus amigos, de Gabriela. Fiquei com vontade de chorar, mas consegui segurar e continuei andando a procura de algo, até que eu finalmente achei algo, aliás, algo não, alguém.
Eu achei a mim mesmo, quer dizer, eu tinha certeza que aquele seria mais um dos meus encontros com a minha consciência, que como sempre, estava usando a minha imagem. A única coisa que eu vi dele foi a cabeça e os braços, já que eles estava completamente vestido de branco, parecia mais que ele era uma cabeça e um par de braços flutuantes.
- Olá Brian, é bom vê-lo de novo! - falou ele
- O que eu fiz agora? - perguntei
- Relaxe, desta vez eu não vim te castigar, tenho nem motivo pra bater em você!
- Certeza?
- Absoluta!
Fiquei convencido.
Ele andou um pouco em minha direção, e eu disse:
- Estou morto?
- Não! - respondeu ele
- Corro risco de vida?
- Também não. - disse ele - Deixe-me simplificar pra você, você está em coma.
Fiquei um momento calado.
- Mas ainda assim não corro nenhum risco?
- Nenhum.
Fiquei um tempo refletindo, estava tentando processar aquilo tudo.
- Então a minha agonia continuará, eu imagino. - eu disse
- Como assim?
- Continuarei vivendo nesse mundo, que a cada dia caminha cada vez mais pro fundo do poço.
- Onde você quer chegar com tudo isso?
- Que o mundo ta tão ruim que possivelmente, morrer ta virando um privilégio!
Minha consciência suspirou, e disse:
- Brian, vem cá!
Fui pra perto dele, fique frente a frente com ele.
- Deixa eu te dizer uma coisa! - disse ele
Fiquei atento, até ele me da um tapa no rosto.
- Ei... - disse eu - você disse que não tinha motivo pra me bater!
- Você acabou de me da um motivo.
Comecei a alisar meu rosto para aliviar a dor.
- Cara, é o seguinte... - disse minha consciência - tem pessoas lá fora torcendo pela sua recuperação, pessoas que eu sei que você não gostaria de vê-las triste, então não as decepcione com esse pensamento.
Ele estava certo, pra variar.
- Aliás, você não se pergunta sempre sobre quem iria te visitar se você fosse internado no hospital?
- Sim - respondi
- Você terá a resposta agora!
Ele veio pro meu lado, e fez que uma tela transparente se abrisse a nossa frente, passaram-se alguns segundos, e eu vi nessa tela a minha família. Meu pai, minha irmã, minha mãe, minha avó, minha prima e meus tios, eles estavam todos do meu lado completamente angustiados, minha avó rezava, minha mãe não largava a minha mão, minha irmã chorava.
- Aí estar! - falou minha consciência
- Caramba velho, é duro vê-los assim.
- Entendeu o que eu disse agora?
- Sim!
- Beleza, e antes que tu diga ''era previsível que minha família me visitasse'', veja o próximo vídeo!
Ele passou a tela, e agora eu via meus amigos perto da minha cama. Andreza chorava, Thiago tentava consola-lá, mas ele estava a ponto de chorar também, Joey estava do meu lado dizendo:
- Tu é forte, cara, eu sei que tu vai escapar dessa, tenho certeza que você não nos deixará.
- Só uma pergunta... - falei pra minha consciência - isso foi num dia só?
- Sim... - disse ele - mas eles vieram mais vezes depois disso, aliás, já faz uma semana, eles continuam aflitos mesmo sabendo que você não corre risco.
- Pera aí, estou em coma a uma semana? Mas faz nem 20 minutos que a gente ta aqui conversando!
- Velho, você sabe tão bem quanto eu que a noção de tempo dos sonhos é muito diferente da noção de tempo da realidade.
Eu realmente sabia.
- Os próximos 2 vídeos serão uma surpresinha pra você.
A primeira nem foi tanto assim, ele passou o vídeo e eu vi Júlia ao lado da minha cama segurando a minha mão.
- Oh Brian... - dizia ela - você não merece isso, você é um cara bom, nunca conheci alguém tão adorável como você, e eu sei que não estamos passando por um bom momento, mas se você estiver me ouvindo, eu quero que saiba que eu sinto sua falta, muitas vezes.
Aquilo sim me surpreendeu.
- Eu sei que não da mais pra gente namorar, mas eu queria que a gente voltasse a ser amigos, que antes da gente começar a namorar, antes mesmo de eu me apaixonar por você, eu te considerava o melhor amigo que eu já tive, e eu queria que isso continuasse assim.
- A vida é uma caixinha de surpresas, né? - disse minha consciência
- Pois é! - respondi
- Agora você terá uma surpresa maior!
Ele passou o vídeo, e eu realmente me surpreendi, estava lá uma das últimas pessoas que eu esperava ver por lá!
- Roger?
- Isso mesmo!
Roger tinha estudado comigo no meu antigo colégio, muitas vezes eu não sabia dizer se ele era meu amigo ou se ele apenas me suportava, já que ele vivia dando fora em mim e as vezes até mesmo me evitando.
- Faz um tempinho que a gente não se ver, né? - falou Roger no vídeo - E eu fico triste ter que te ver de novo assim, mas assim que eu soube da notícia eu tive que vim, que cara, eu sei que já reclamei muito de você, já te dei muito fora, mas tu é um bom cara, tu era uma das pessoas que eu mais respeitava naquele colégio, e ainda respeito.
Ele deu uma respirada, e continuou:
- To torcendo muito pra que você melhore, muito mesmo.
- Guardei o melhor pro final... - disse minha consciência- sabe quem está no seu quarto nesse momento?
- Quem? - perguntei
- Gabriela, ela tem vindo te ver bastante, mais mesmo do que a sua família, vamos ouvir o que ela tem pra dizer, né?
Ele passou o vídeo, e lá estava ela, olhando pra mim com seus lindos olhos azuis, completamente aflita.
- Já faz uma semana, estou começando a ficar muito preocupada, to com medo de que você fique assim por muito tempo, já li muitos casos de pessoas que ficaram em coma por anos, eu não quero que isso ocorra contigo, não quero mesmo!
Uma lágrima escorreu de seus olhos, e ela continuou:
- Eu não quero ficar sem você, Brian, você foi uma das melhores coisas que me aconteceu, nunca conheci um garoto tão doce como você, nunca um garoto me tratou tão bem quanto você.
Ela engoliu o seco, e continuou:
- Eu te amo Brian, é isso, eu te amo, muito, nunca amei ninguém da forma que eu te amo, desde que você me salvou daquele atropelamento que eu sou louca por você.
Ela fez uma pausa.
- Aliás, é meio irônico isso, né? Você me salvou de um atropelamento e depois você sofreu um, mas isso não vem ao caso, eu só espero que você esteja me ouvindo, porque tudo isso que estou falando é de coração. - ela fez outra pausa - não me deixe sozinha, sem você eu não sou nada.
Ela me deu um beijo no rosto, beijo esse o qual eu senti ali mesmo, foi quando eu percebi, eu precisava acordar.
- Cara... - falei segurando minha consciência pela camisa - me faça acordar agora, EU PRECISO ACORDAR AGORA!
- Calma... - falou ele me afastando - que seja feita a tua vontade!
Ele se afastou e desapareceu no meio daquele branco, foi então que senti tudo tremer, meu coração batia mais rápido, eu estava prestes a acordar.
Quando dei por mim eu estava deitado na cama do hospital, eu ainda estava de olho fechado, mas eu sabia que Gabriela ainda estava ali, abri os olhos com dificuldade, e a vi prestes a se afastar, foi quando segurei a mão dela.
Ela se assustou, mas quando me viu acordado, ela começou a chorar. Ela me abraçou e disse:
- Você acordou, finalmente você acordou!
- Eu... ouvi... tudo! - eu disse com dificuldade
Gabriela ficou surpresa.
- Ouviu?
Confirmei com a cabeça. Então nossas cabeças começaram a se aproximar, comecei a sentir a respiração dela, ela ainda chorava, e nos beijamos. Foi um beijo rápido, mas que mesmo assim foi um dos melhores que eu já tive.
Assim que terminamos o beijo ela foi chamar as enfermeiras para da a notícia de que eu tinha acordado.
As enfermeiras vieram, começaram a falar um monte de coisas, mas eu so olhava pra Gabriela, e comecei a pensar, como eu tinha sorte de ter ela ao meu lado naquele momento.



Brian

Nenhum comentário:

Postar um comentário