segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Aconteceu na saída de um show de rock...

Aquele era mais um domingo normal, quer dizer, não tão normal assim, naquele dia eu iria em um show de bandas de metal underground daqui de Recife, mais específico, era um evento voltado para aqueles metaleiros que queriam fugir desse maldito clima de carnaval que a cidade tava (como eu já falei aqui algumas vezes, eu não suporto carnaval).
E certamente, eu tentei chamar algum amigo meu pra ir comigo e mais uma vez foi sem sucesso, teve um que por um momento até ia mas depois ficou de frescura, mas enfim, eu ir sozinho já não era mais novidade nenhuma há um bom tempo, já estava até acostumado (e antes que perguntem, sim, eu tentei chamar Simone também, mas ela tava com outros compromissos marcados com a família, ou seja, foi triste pra mim).
O evento estava marcado pra começar bem cedo, umas quatro da tarde, e tudo indicava que tudo iria começar no horário certinho, então eu botei fé nisso e saí de casa uma três horas da tarde. Cheguei no local umas três e meia e nem a fila tinha se formado ainda.
"E os caras fizeram um puta terrorismo no facebook em relação ao horário." pensei.
Mas enfim, já estava lá de qualquer forma, o que me restava então era simplesmente sentar e esperar. Quando deu quatro horas finalmente formaram a fila, e uns vinte minutos depois nos deixaram entrar, e não demorou muito pras apresentações finalmente começarem, era quatro e meia da tarde quando a primeira banda iniciou seu show, e a partir daí foi apenas aproveitar a noite.
Tocaram cinco bandas naquele evento, e cada uma delas tiveram uma hora de apresentação, e no fim o evento terminou umas dez e pouca da noite. E eu, pra variar, não fiz nenhuma amizade lá dentro, acompanhei os shows completamente solitário do início ao fim (por alguma razão eu simplesmente não consigo socializar com o pessoal nos shows), o que já era de costume.
Na saída eu tive que enfrentar uma fila para pagar tudo aquilo que consumi dentro do local (maldito seja quem teve essa ideia), o que era uma droga já que eu tive que enfrentar uma puta fila para pagar apenas os míseros quatro reais de uma água que eu tomei lá dentro, isso sem falar que parecia que a fila simplesmente não andava e havia apenas dois caixas para atender mais de trezentas pessoas.
Mas enfim, quando eu finalmente consegui pagar já eram umas dez e quarenta da noite, e então saí dali para tentar arrumar um táxi na rua, que pra variar foi uma agonia, já que eram muitas pessoas atrás de um, e certamente que a pessoa tinha que dar uma de abutre pra conseguir, muitas vezes entrando no táxi que tinha parado pra outra pessoa que tinha feito sinal.
De uma forma ou de outra, tava ficando tarde, a área tava ficando cada vez mais estranha e eu ainda não tinha conseguido um táxi, até tentei pedir por celular, mas não dava pra confiar nos serviços de táxi dessa cidade, principalmente em época de carnaval em que eles são muito requisitados.
Até que em um momento, eu fiz sinal pra um táxi que passava e ele parou, sendo que quando eu ia entrar chegou um outro cara e entrou antes, eu normalmente deixaria passar, mas como eu já tava cansado e doido pra chegar em casa logo, eu falei:
- Ei amigo, esse táxi é meu.
- Que nada, cheguei primeiro. - falou o cidadão
- Sim, mas fui eu que fiz sinal.
- Sim, mas desculpe dizer, tu não foi rápido o suficiente na hora de entrar.
Eu estava começando a me irritar.
- Amigo... - falei pro taxista - não fui eu que fiz sinal?
- Rapaz, se resolvam ai, não me meta nisso.
"Ótimo" pensei ironicamente.
Até que eu pensei um pouco, e concluí duas coisas:
1- Eu realmente queria chegar em casa logo e sair dali.
2- Eu não estava afim de entrar numa discussão com aquele cara.
Foi então que eu disse:
- Cara, vamos fazer o seguinte, tu vai pra que lado?
- Pra zona norte. - respondeu
- Aonde exatamente na zona norte?
- Nas Graças.
- Ótimo, porque eu quero te sugerir uma coisa...
Ele olhou atentamente para mim.
- Eu também irei pra zona norte, para a Madalena pra ser mais exato, ou seja, é caminho, e como eu tenho certeza que tá nós dois doidinhos pra chegar em nossas casas logo, porque a gente não racha já que iremos pra mesma direção?
Nem eu mesmo estava acreditando que tava sugerindo aquilo pra um cara que eu nem sequer sabia o nome.
O cara pensou por um instante, mas logo respondeu:
- Está bem então.
"Ainda bem" pensei.
Eu não estava nem um pouco afim de ficar mais tempo naquele lugar esperando um táxi vazio passar, a movimentação por lá já estava quase nula, então nós dois entramos no táxi (ele no banco da frente e eu no banco de trás), e o motorista deu partida.
Por um momento ficamos nós dois calados, até que o cara lá quebrou o silêncio:
- Qual o seu nome?
- Brian! - falei
- Prazer, sou Adriano.
- Prazer! - respondi acenando com a cabeça
- Cara, tenho que admitir... - falou ele - fiquei surpreso que você tenha sugerido isso de rachar o táxi comigo, e estranhei também.
- Anormal eu acharia se você não tivesse estranhado.
- Não é uma coisa muito comum de ser ver hoje em dia, falo isso porque já soube de muitas brigas entre pessoas que iriam pegar o mesmo táxi.
- Eu imagino.
Ficamos calados por alguns instantes, e depois falei:
- É que eu to simplesmente naquela de que eu apenas quero chegar em casa, mesmo que eu pague cinquenta reais de táxi pra isso, sem falar que, na moral, não vale a pena discutir.
- Então se a gente não tivesse entrado nesse consenso, você simplesmente teria deixado o táxi pra mim?
- Mais ou menos por aí. - respondi
- Entendo, eu acho.
- As vezes é a coisa mais sensata a se fazer, principalmente nos dias de hoje em que as pessoas costumam a arrumar confusão por menos.
- Ah, isso é verdade. - concordou ele
Depois de outro momento calados, Adriano perguntou:
- E aí, o que achou dos shows?
- Simplesmente fodas, claro... - e dali em diante a gente conversou sobre não só os shows, mas também de música em geral, e também sobre nossas vidas.
Até o momento em que chegamos na "primeira parada", que no caso seria a minha casa, quando o táxi parou, eu paguei a corrida e me despedi de Adriano e do motorista.
- Falou, e valeu aí.
- Nada, cara... - falou Adriano - espero que a gente se esbarre de novo em algum outro show por aí.
- Idem, cara. - falei saindo do carro
E quando cheguei no portão do prédio, o táxi deu partida e seguiu para a sua "segunda parada". E assim cheguei em casa com apenas três coisas em mente: Tomar banho, comer (não tinha comido nada desde a hora que saí de casa) e dormir, aliás, no dia seguinte seria uma segunda-feira e eu teria que estar pronto pra voltar pra velha rotina de sempre.


Brian

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