sexta-feira, 26 de junho de 2015

Apenas tentando sair do ócio

Acho que já está repetitivo eu começar uma história dizendo que estava em um tédio extremo, mas infelizmente, esse é mais um desses caso, porque realmente, minhas férias não estavam lá das mais produtivas, já fazia algumas semanas que a mesma tinha começado, e eu apenas tenho feito aquelas mesmas coisas que eu suponho que todo mundo já saiba, e que não preciso ficar repetindo aqui.
Naquele dia em específico eu estava sozinho em casa, eram uma e pouca da tarde e minha mãe e minha irmã tinham ido trabalhar, e meu nível de "ócio" estava em um nível que nem sequer aguentava mais ficar sentado na frente do computador fazendo nada, porque aliás, não tinha nada de interessante pra fazer lá.
Experimentei ligar a TV e ver se tinha algo bom passando, mas o resultado vocês já imaginam qual foi, absolutamente nada. Vendo que aquilo não me levaria a nada, eu desliguei a televisão e fui para o quarto, o computador ainda estava ligado, mas a única coisa que eu fiz nele foi colocar uma música pra tocar, nesse instante, até pensei em ver minhas séries, mas foi então que lembrei que já tinha visto os episódios novos de quase todas, sendo assim, apenas me deitei na cama, olhei para o teto e fiquei ouvindo a música que tocava.
E isso é o mais chato de ficar em casa fazendo nada, porque quando eu fico dessa forma, deitado olhando pro teto, a única coisa que eu faço é pensar nas coisas da vida, ai você me pergunta: Que coisas? Digamos que basicamente tudo, tudo mesmo.
Nesse momento, eu estava deitado, mas meu braço esquerdo estava do lado de fora da cama, e bem próximo ao chão pra ser mais exato. Foi então que Riddle entrou no meu quarto e se aproximou da minha mão, ele começou a se roçar nela, a lamber e tudo o mais, pedindo claramente por carinho. Então eu o peguei, coloquei no meu colo e fiquei lhe fazendo um cafuné, e ele simplesmente se deitou e acomodou-se, aproveitando o agrado que lhe era feito.
Após isso, voltei a pensar nas coisas que eu estava pensando anteriormente, e é nessas horas em que fico convencido que às vezes, pensar nas coisas é uma forma de "auto-tortura". Por que eu falo isso? Porque é nessas horas que eu costumo a ficar remoendo lembranças de coisas que me chatearam no passado, em alguns casos, coisas que aconteceram há muitos anos atrás, eu já falei uma vez sobre essa mania chata que eu tenho aqui para vocês.
Pior de tudo, é que eu sei que isso só me faz mal, mas fico fazendo da mesma forma, e quando estou no ócio, é uma brecha perfeita pra eu ficar fazendo isso, o que era mais uma razão para eu arrumar algo de útil pra fazer urgentemente.
E também era nessas horas que eu adoraria aprender a esquecer dessas coisas, mas elas sempre voltavam a minha mente em algum momento, é quando eu me pergunto se ter uma boa memória a esse ponto é uma virtude ou um defeito, o que pode ser em partes um pouco dos dois, mas enfim.
Fato era que eu precisava ocupar minha mente de alguma forma, porque se fosse continuar do jeito que estava, eu ia ficar doido. Então, mais uma vez, comecei a checar a disponibilidade do pessoal, e mais uma vez fiquei decepcionado.
Eu nem me dei o trabalho de fazer a mesma ladainha de sempre porque já estava cansado dela, apenas continuei deitado olhando pro teto que era o que eu fazia de melhor.
Sendo que quanto mais parado eu ficava, mais essas lembranças vinham, então foi a hora que vi que eu precisava tomar uma atitude. Portanto, decidi que arriscaria uma coisa, seria a minha tentativa de sair um pouco de casa.
Tirei Riddle do meu colo e me levantei da cama, ele que já estava bastante aconchegado, não pareceu gostar de perder um pouco do seu dengo.
- Desculpa por isso, ta? - falei para ele lhe dando um cafuné atrás da orelha.
Bom, não sei se ele foi compreensivo nessa hora, aliás, gatos não são animais fáceis de se compreender, e eu ainda estava conhecendo bem o meu aos poucos, mas o fato é que depois disso ele foi se deitar na sua almofadinha.
Decidi naquele momento que eu iria ligar pra Thiago, e ver se eu poderia passar na casa dele. Ele ainda não estava de férias e ainda estava em semana de provas, ou seja, a probabilidade dele não poder me receber era enorme, mas eu iria tentar da mesma forma, afinal, o que eu tinha a perder?
Isso sem falar que até um simples conversa pelo telefone eu estava aceitando, só queria me ocupar de alguma forma.
Fui até a sala, peguei o telefone sem fio, digitei o número e aguardei ele atender a ligação. Após mais ou menos cinco toques...
- Alô?
- Alô, Thiago? - falei
- Brian?
- Tudo bem, cara? - perguntei
- Sim, e tu?
- Também, eu acho...
- Eu não senti firmeza nesse seu "eu acho". - disse Thiago
- Acredite, eu também não. - respondi
- Aconteceu algo?
- Não exatamente...
- Mas algo está errado, dá pra sentir na sua voz.
Realmente não tinha como eu engana-lo.
- É que... - comecei a falar, pensei em hesitar um pouco, mas continuei - eu sei que as coisas devem ta meio complicadas pra você agora, mas, posso passar ai na sua casa agora? É que eu quero seriamente sair um pouco de casa, e também falar sobre umas coisas.
- Pra falar a verdade, eu adoraria que tu fizesse isso, minha cabeça ta cheia, preciso relaxar um pouco.
- Ah, ótimo, cara!
- Mas cara, tem certeza que não é nada demais? O jeito que tu ta falando ta me preocupando.
- Tenha certeza que não é, quando eu chegar ai eu te conto, tu vai ver até que nem é lá grande coisa.
- Ok então, se você ta dizendo...
E assim, ficamos alguns segundos calados, até que eu disse:
- Até já, então?
- Sim, sim, até. - respondeu Thiago
Então desliguei o telefone, e fui me arrumar.
Fazendo um curto resumo de todo o trajeto, levei menos de dez minutos para me arrumar, e mesmo com o olhar de Riddle implorando para que eu não o deixasse sozinho (o que me dava pena sempre, mas de vez em quando era necessário) eu fui a caminho da parada de ônibus. E contando com o tempo em que tive que esperar o transporte, demorei vinte minutos para chegar na casa de Thiago.
Era duas e quarenta da tarde quando eu toquei a campainha dele, não demorou muito para ele atender, quando apareceu na porta, a gente se cumprimentou e ele pediu pra que eu entrasse.
Nos sentamos no sofá da sala e começamos a falar de algumas coisas aleatórias, coisas sobre as nossas vidas, pra ser mais exato, pra falar a verdade, mais sobre a situação de Thiago na faculdade por causa da semana de provas, o coitado estava simplesmente com os nervos a flor da pele querendo que a mesma passasse logo.
Até que Thiago finalmente falou:
- Mas agora diga-me, o que está havendo contigo?
Eu respirei fundo, e falei de toda a minha situação, do ócio extremo que eu estava nessa férias, da consequência dele que é ficar pensando nas coisas que me chatearam no passado e principalmente desse problema que eu tenho de ficar lembrando dessas merdas.
- E por que você fica se torturando dessa forma? - perguntou Thiago
- Tá ai uma pergunta que eu sempre me faço. - respondi
- Sabe que ficar remoendo só vai lhe fazer mal.
- Eu sei, mas sei lá, às vezes é meio que inevitável, principalmente quando eu não to fazendo nada.
- Então, ocupe-se!
- Essa é uma das razões de eu ter vindo para cá, tentar ocupar minha mente com alguma coisa, que só assim essas lembranças não me vem a mente.
- Mas mesmo assim, se ocupe mais, porque se continuar do jeito que tá, amanhã mesmo você volta pra essa mesma situação.
Pior que ele estava certo.
- Mas como? - perguntei
- Cara, você tem vários meios, dar uma volta no quarteirão a pé, tocar violão, brincar com o teu gato, você tem um leque de opções.
E era verdade, apesar que às vezes me limitava bastante, outra coisa que eu precisava parar.
- É, vou tentar fazer meio que uma programação, ou sei lá, pra não ficar no ócio sempre. - falei
- Faça isso mesmo. - disse Thiago me dando uns tapinhas nas costas.
E após alguns momentos calados, Thiago falou:
- Mas enfim, queres fazer algo?
- Claro, claro.
Logo após, a gente resolveu jogar na mesa de sinuca que Thiago tem no terraço de sua casa, aproveitamos pra realmente esfriar a cabeça. Curtimos um pouco a tarde até dar mais ou menos cinco e pouca, que foi a hora que Thiago decidiu voltar pros seus afazeres, o agradeci pela disposição e pelo tempo, e assim fui para casa.
Quando cheguei, minha irmã e minha mãe já estavam por lá, perguntaram aonde eu estava e rapidamente respondi que tinha ido na casa de Thiago. Me perguntaram também o que fiz por lá, e eu, como sempre, dei respostas secas não querendo dar muitos detalhes.
Quando cheguei no quarto, eu até pensei em ligar o computador, mas antes de fazê-lo, lembrei das coisas que tinham sido conversadas com Thiago, então concluí que se eu ligasse o PC, eu entraria no ócio mais uma vez.
Nessa mesma hora, Riddle entrou no meu quarto mais uma vez (ele passava mais tempo lá do que em qualquer outro cômodo da casa), e eu, certamente, fui fazer um cafuné nele.
O pequeno Riddle estava naquele momento com a energia a todo vapor, foi então que percebi que seria ele quem iria me ajudar a não ficar no ócio, peguei o seu brinquedinho e brinquei com ele até altas horas da noite.


Brian

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