sábado, 9 de junho de 2012

Uma conversa nada agradável com a minha consciência

Eu não estava bem comigo mesmo, quer dizer, NINGUÉM estava bem comigo. Meu boletim tinha saído, e a situação dele tava longe de ser das melhores, podemos dizer que meu boletim estava com catapora por causa de tanta nota vermelha que tinha, e quando mostrei para os meus amigos, todos eles me olharam decepcionados, e a sensação disso não foi la muito boa, até GABRIELA que faz nem tanto tempo que a gente se fala me olhou com decepção (desde aquela conversa no ônibus a gente tem se aproximado bastante) e aquilo me doía. Mas o pior ainda estava por vir, eu ainda tinha que mostrar as notas aos meus pais.
Quando cheguei em casa a única que se encontrava era minha irmã, ou seja, tinha que esperar até de noite para mostrar minhas notas. Quando os dois chegaram eu mostrei o boletim, e claro, tomei uma bela bronca, meu pai disse que era inaceitável um vestibulando tirar notas que nem aquelas e que se eu não me cuidar eu não passarei no vestibular. Minha mãe não falou nada, mas eu via nos olhos dela a decepção, a mesma coisa com a minha irmã, então fiquei me sentindo pior do que antes, depois de estudar por umas 4 horas eu finalmente fui dormir, e pra mim, quando o dia não é dos agradáveis, dormir chega a ser um alívio pra mim, e foi exatamente o que eu senti quando finalmente me deitei.
Fiquei alguns minutos rolando de um canto pro outro da cama, estava difícil pegar no sono, eu só conseguia pensar na cara de todo mundo me olhando com ar de decepção, e também comecei a lembrar de todas as vezes que meu pai me deu bronca por qualquer ocasião que fosse, acho que era impossível eu me sentir pior do que eu já estava. Até que finalmente peguei no sono.
Até que me vi dentro de algum tipo de depósito (em péssimo estado), o local so não estava completamente escuro por causa de alguns furos que tinham na parede que permitiam a passagem de luz solar, eu estava deitado pensando ''onde estou?''. Eu estava assustado, depois de fazer um esforço para conseguir me levantar eu senti um peso em minhas mãos, foi que eu vi que estava acorrentado pelas mãos e pelos pés, eu entrei em desespero.
- QUE É ISSO? - gritei
Foi então que senti as correntes das mãos sendo puxadas uma para cada lado, me deixando suspenso no ar com os braços esticados.
- SOCORRO! - gritei de novo
Foi quando eu ouvi barulhos de correntes vindo não-sei-de-onde, até que de repente vieram várias correntes em minha direção, e todas elas tinham ganchos nas pontas, cade um desses ganchos se prenderam em uma parte do meu tronco. A dor era insuportável, me recusei a olhar para os locais feridos, não queria nem imaginar no estrago que tinha sido feito, foi então que resolvi olhar para a quantidade de correntes me segurando, eram em média umas 12 correntes (sem contar com as que estavam me suspendendo e que estavam me segurando nos pés), até que eu ouvi minha voz, e ela não vinha de mim.
- Dói, não é?
Quando olhei, eu vi outro eu, era minha consciência, foi quando me dei conta que aquilo tudo era um sonho.
- Pra que isso, velho? - perguntei
- Eu só quero que você sinta. - respondeu ele se aproximando de mim
E eu estava sentindo, e aquilo era insuportável, mas ainda assim perguntei:
- Como assim?
- Simples... - falou minha consciência - deixe-me lhe explicar...
E fiquei atento a tudo que ele falou.
- Cada uma dessas correntes, corresponde a cada pessoa, cada parente, cada amigo seu que você tem decepcionado com o seu rendimento escolar! - disse ele - incluindo eu
E outro gancho apareceu de prendendo nas minhas costas, no momento me segurei para não gritar.
- Eu quero que você sinta a dor que eles estão sentindo por causa da decepção deles com você - continuou ele - e eu quero que você sinta isso em dobro!
E eu estava sentindo.
- Agora quero que você me responde uma coisa... - continou - Como você suporta? Como você suporta ver todos aqueles que se importam contigo tristes dessa forma com você?
Eu simplesmente não sabia responder aquilo, então optei por ficar calado.
- RESPONDA! - esbravejou ele - NÃO FIQUE AI CALADO QUE NEM UM IDIOTA!
- Eu sinceramente não sei. - respondi
De repente eu senti as correntes sendo puxadas, tive a sensação de que estavam arrancando minha pele e meus membros, a dor foi tão grande que eu tive que gritar.
- Resposta errada! - falou minha consciência
A dor estava ficando cada vez pior, eu tinha vontade de gritar cada vez mais.
- Ah! - falou ele - essas puxadas que teve agora poderão se repetir, so depende de você.
Eu não me senti bem ouvindo aquilo.
- Você suporta isso porque você não estar nem ai pra isso! - disse ele
- EU ME IMPORTO COM ISSO, SIM! - e as correntes foram puxadas de novo, e mais uma vez eu gritei
- ENTÃO PROVE!
- Eu até podia... - falei - mas não adianta, eu me conheço, posso até dizer agora que vou melhorar, mas passa um tempo e volto pra mesma bosta de sempre.
E de novo gritei, as correntes foram puxadas mais uma vez.
- Isso é porque você não tem força de vontade o suficiente! - falou minha consciência
- Por isso mesmo que eu nem tento mais, não há solução para mim.
E de novo as correntes foram puxadas, a dor ficava cada vez pior.
- Parece até que você é masoquista! - falou ele - Pare de sentir pena de você mesmo, desse jeito você não vai a canto nenhum.
- Caramba, isso é realmente necessário?
- CLARO QUE É NECESSÁRIO! - esbravejou - PORQUE PARECE QUE VOCÊ SO APRENDE DA PIOR MANEIRA!
Ele ficou me olhando com um olhar sério por alguns segundos, e disse:
- Aliás, ainda tenho mais um aperitivo pra você! - E pôs a mão em meu rosto.
Passaram-se a imagem de toda minha família, todos meus amigos, todos aqueles que se importam comigo me olhando com aquela cara de decepção, passaram todas as cenas de todas as vezes que meus pais me deram uma bronca por algum motivo, e aquilo me doía.
- PARA! - gritei
Minha consciência tirou a mão do meu rosto e as correntes foram puxadas, e soltei mais um grito de dor. A dor era tão forte, que uma lágrima caiu do meu rosto.
Minha consciência se aproximou de mim e me deu um tapa no rosto.
- Você vai chorar? - falou ele em tom irônico - qual é, você é mais forte que isso.
- VOCÊ NÃO TEM O MINIMO DE COMPAIXÃO?
E as correntes foram puxadas com uma força maior do que as últimas vezes.
- A VIDA NÃO TERÁ COMPAIXÃO COM VOCÊ! - esbravejou - NINGUÉM TERÁ, QUANDO VOCÊ ESTIVER CAÍDO E COMPLETAMENTE LASCADO, NINGUÉM DARÁ A MÃO PRA TE AJUDAR!
Eu estava delirando de tanta dor, foi então que finalmente olhei para os locais onde os ganchos haviam se prendido, e vi que eu não estava sangrando.
- Por que eu não estou sangrando? - perguntei
- Porque você está sonhando. - falou ele - e também não quero chegar a esse ponto contigo.
Depois disso eu vi todos os ganchos se soltarem do meu corpo, e depois as correntes finalmente me soltaram e eu caí no chão.
- Arderá por um momento, mas logo logo passa. - falou minha consciência colocando uma tigela d'água perto de mim.
Peguei a tigela e a bebi por inteiro, e vi minha consciência se afastando, até que ele se virou para mim e disse:
- Você percebeu que nossos encontros estão cada vez mais desagradáveis, né?
Confirmei com a cabeça.
- Então meu conselho é o seguinte, se cuide, porque se agora nosso encontro foi assim, imagine como pode ser da próxima vez. - e assim ele se afastou
Foi então que comecei a sentir tudo tremer, eu estava prestes a acordar!
Acordei com uma expressão completamente assustada, olhei meu corpo e vi que não tinha nenhuma marca, mas eu ainda assim sentia arder um pouco. Olhei e relógio, e vi que ainda eram 4:30 da manhã, tentei voltar a dormir logo, mas estava difícil, estava com medo de sonhar com a minha consciência de novo.
Eu fiquei um bom tempo pensando naquilo, até que finalmente consegui voltar a dormir.


Brian

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