quinta-feira, 7 de junho de 2012

E depois do ocorrido...

Tinha se passado quase 1 semana desde ocorreu o quase-atropelamento de Gabriela do 1º ano, que so não ocorreu graças a mim, o colégio todo soube da história, e muitos vieram me cumprimentar por isso, e muitos me aplaudiam quando eu passava, até o diretor veio aplaudir o meu ato. Eu tinha ganhado o respeito de todos no colégio.
Já Gabriela passou a me notar mais depois disso, sempre que eu passava por ela, ela me dava um sorriso, eu retribuia, e muitas vezes eu tinha vontade de ir lá falar com ela, mas me faltava coragem pra isso. E eu sei que ela as vezes tinha vontade de vir falar comigo, mas também lhe faltava coragem, já aconteceu muitas vezes de a gente fica olhando um pro outro de longe sem que nenhum de nós dois tomássemos alguma iniciativa, e ficamos um bom tempo só nisso.
Até que um dia, lá estava eu onde tinha ocorrido tudo aquilo, na parada de ônibus, meu ônibus estava demorando pra caramba pra variar um pouco. E Gabriela também estava lá, eu cheguei lá antes dela, e quando ela chegou, ela de novo me deu um sorriso, e eu retribui. Depois disso ficamos um bom tempo olhando um pro outro, eu queria falar com ela, e eu sei que ela também queria falar comigo, mas ninguém fazia nada, nenhum de nós tinha coragem de tomar a iniciativa.
Até que finalmente ela se aproximou de mim e falou:
- Oi!
- Oi! - respondi
Ficamos uns segundos em silêncio, até ela falar:
- Tudo bem contigo?
- Tudo sim - respondi
E ficamos mais um tempinho em silêncio, até que eu disse:
- E com você, tudo bem também? Não foi quase atropelada de novo não, né? - disse eu forçando um riso
Mas ela deu uma risadinha que eu sabia que era verdadeira.
- Não, não, tenho prestado mais atenção desde aquilo.
Sorri e disse:
- Ótimo então, né?
- É! - disse ela rindo um pouco
E houve mais um momento de silêncio onde nós dois arrumavamos alguma coisa pra falar.
- Não tive chance de te agradecer direito pelo que você fez. - falou ela
- Relaxa, só em saber que você está bem já ta ótimo pra mim. - disse eu
- Não, mas sério, foi muito nobre o que você fez, eu sei que não seria qualquer um que se arriscaria daquela forma por alguem que nem conhece direito.
O que ela falou era verdade.
- Realmente. - falei eu meio que pra dentro
- Então, muito obrigada mesmo, aliás, acho que isso nem é o suficiente pra dizer o quanto eu estou grata!
- Só em ver você sorrindo já o bastante.
Depois que eu falei isso, eu vi que ela ficou um pouco sem graça, ficou até um pouco vermelha.
- Que fofo isso que você disse!
E eu apenas sorri.
Então eu vi meu ônibus chegando.
- Bom... - disse eu - esse é meu ônibus, a gente se ver! - falei fazendo sinal pro ônibus.
- Mas hoje eu pego esse ônibus também - disse ela
- Eita! - falei - é mesmo, toda terça e quinta você pega o mesmo ônibus que o meu.
- É o único que passa perto do meu curso.
Então o ônibus parou e abriu a porta
- Vamos? - perguntei
- Vamos! - disse ela
- Você primeiro!
- Que gentil! - disse ela sorrindo
Subimos no ônibus e passamos pela catraca, para a nossa sorte o ônibus estava com pouca gente, então pudermos sentar lado a lado, o caminho até minha casa não era dos mais longos, mas ainda dava pra ter uma boa conversa com ela. Nos sentamos e depois de uns segundos sem ninguém falar nada, ela disse:
- Nos vemos todos os dias mas nunca nos falamos direito né?
- Pois é! - falei eu
- Me fale um pouco de você!
Então eu comecei a pensar no que falar. Me perguntei ''o que eu tinha de interessante pra falar sobre mim mesmo?''.
- Bom... - comecei a falar - Meu nome é Brian, tenho 17 anos, tenho descendência canadense, estou cursando o 3º ano, pretendo fazer vestibular para jornalismo e... não mais nada de relevante pra falar.
- Sério mesmo que você tem descendência canadense?
- Sim, meu avô por parte de mãe era canadense, ele também se chamava Brian.
- Que legal, eu sempre quis conhecer o Canadá, já fosse lá alguma vez?
- Nunca, talvez um dia eu vá! - disse eu - agora chega de falar de mim, fale-me de você!
- Bom... - disse ela -  Meu nome é Gabriela, tenho 15 anos, estou no 1º ano, ainda não é meu ano de vestibular mas eu pretendo fazer Psicologia, sou recifense mas meu pai é alemão e minha mãe é australiana e... é isso ai!
- Filha de alemão com australiana? Uau, isso já explica bastante coisa.
Ela riu e disse:
- Todos dizem isso!
- E sabe o que é engraçado? - disse eu - sou descendente de canadense e você sempre quis conhecer o Canadá, e você é descendente de alemão e australiana e eu sempre quis conhecer esses dois país.
- Sério?
- Sério!
- Que estranho!
- Eu sei!
E rimos.
Tivemos mais um momento de silêncio, até que ela me perguntou:
- Você namora?
''Bem na ferida!'' eu pensei, já tinha conseguido esquecer Júlia por um momento, depois que Gabriela me perguntou isso eu me senti mal de novo.
- Namorava até algumas semanas atrás. - disse eu
- Nossa... - disse ela - sinto muito.
- Não sinta!
- Faz pouco tempo mesmo que vocês terminaram?
- Sim!
- Desculpe mesmo!
- Tudo bem, você não sabia. - disse eu - além do mais, já estou superando!
- Mas é doloroso quando alguém toca no assunto né?
- É, mas esqueça, a vida continua.
E houve mais um momento de silêncio.
- Você encontrará alguém que te mereça, não se preocupe. - disse ela
- Obrigado! - eu disse, e ela sorriu pra mim - agora vamos parar de falar de coisa ruim né?
- Claro!
- Agora fale-me você, estar namorando?
- Livre que nem um pássaro. - disse ela - a maioria dos meninos que eu conheço são tudo uns babacas, então a coisa ta difícil pro meu lado.
''Mas há muitos que namorariam contigo sem problema nenhum'' pensei eu, mas num tive coragem de dizer, foi então que percebi que minha parada estava próxima. Pedi parada e disse:
- A conversa estava boa, mas minha parada já é a próxima.
- Ah, que pena... - disse ela - tava adorando a conversa.
- É, eu também. - disse eu um pouco sem jeito - então, a gente se ver.
- É!
- Então, tchau, tchau, espero que a gente possa conversar mais algum dia.
- Claro.. - disse ela
Ficamos mais alguns segundos calados.
- Até a próxima! - disse ela me dando um abraço
- Até! - disse eu abraçando de volta
E o ônibus parou e eu desci, quando eu comecei a andar ela ainda acenou pra mim pela janela, eu retribui, e então o ônibus continuou seu caminho até eu o perder de vista.
Mal sabia eu que aquele era o inicio de uma grande amizade.



Brian

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