terça-feira, 19 de março de 2013

Mais um daqueles dias

Esse foi mais um daqueles dias que parecia que o mundo tinha se unido pra pegar no meu pé, minha família mesmo parecia que tinham se unido pra encher meu saco, o que um falava o outro assinava em baixo, aquilo me deixou realmente irritado.
Saí de casa e fui pro treino de kung fu com vontade de me despedir de ninguém (mas mesmo assim, me despedi) e fui pegar o ônibus. Meu humor naquele momento estava o pior possível, era bem capaz de acabar xingando até mesmo quem viesse me cumprimentar, e pra piorar tudo o ônibus demorou pra chegar, e eu estava quase em cima da hora. Quando o ônibus finalmente chegou eu e mais um monte de pessoas subimos, e sem esses que entraram o ônibus já estava bem lotado, quando todos conseguiram entrar e o ônibus partiu, eu ainda não tinha passado da catraca e eu não tinha me segurado bem, e na tentativa de me segurar minha machila acabou atingindo um senhor que estava sentando em uma das cadeiras preferências.
- Desculpe! - falei
- Oh, toma cuidado, moleque! - falou o velho me olhando feio.
- Me desculpe, senhor! - voltei a repetir
- Devia ser proibido andarem com essas mochilas em ônibus, só fazem complicar a nossa vida!
- Cara, sinto lhe dizer, mas isso é um ônibus, ou seja, de uma forma ou de outra você está sujeito a passar por situações do tipo, e se estiver achando ruim pegue um táxi!
- Mas que moleque mais insolente, fale comigo direito que eu sou mais velho que você! - falou ele apontando o dedo para mim.
E uma grande discussão começou dentro do ônibus, o velho começou a me xingar de tudo que é nome e eu ainda desafiei ele, enquanto isso as pessoas que estavam por perto tentavam apartar a situação, quando finalmente acalmaram o velho eu paguei o cobrador e passei pela catraca e fiquei o mais próximo possível da porta, aquilo era tudo que eu precisava pra deixar meu dia pior que já estava, e só pra acrescentar, o ônibus ainda passou a minha parada, tive que descer na puta que o pariu e tive que correr pra não chegar atrasado no treino. Por pouco eu não chegava atrasado no treino, pelo menos isso deu certo pra mim naquele dia.
Depois de bastante treino físico, o mestre início o treino de preparação pra combate, e inicialmente ele pegou o saco de pancada e pediu pra gente praticar o chute de canela nele, fizermos uma fila e eu fui o 3º dos 6 que estavam presentes na academia. Chegada a minha vez, entrei em guarda e comecei a da os chutes, e naquele momento eu comecei a lembrar de tudo aquilo que tinha me deixado irritado naquele dia, lembrei de todas as coisas que minha família disse que me deixou estressado, e durante um dos chutes que eu dei eu acabei baixando a guarda e por isso o mestre me deu uma pancada com uma almofada na têmpora (ele sempre faz isso quando alguém baixa a guarda), o que consequentemente aumentou minha raiva.
A cada chute que eu dava eu descontava uma parte da minha raiva no saco de pancadas, e ainda acabei baixando a guarda umas 3 vezes (e certamente o mestre me deu mais 3 pancadas nas têmporas). E eu continuava a chutar cada vez mais forte, e com cada vez mais raiva, até que um momento o mestre disse:
- Brian, Brian!
Parei e olhei pra ele.
- Já basta! - disse ele
Não falei nada e fui pro fim da fila.
No fim do treino o mestre fez um exercício de respiração com a gente e pediu que com a expiração a gente tirasse toda negatividade das nossas mentes, e foi o que eu tentei fazer. Quando formos liberados o mestre me chamou:
- Brian!
- Sim, mestre? - falei
- Quero falar contigo
Fui lá ver do que se tratava.
- Está tudo bem? - perguntou ele
- Está sim mestre, por que?
- Não foi o que me pareceu no treino de chutes.
- Por que o senhor diz isso?
- Eu olhei bem nos seus olhos, e vi raiva neles... - falou ele - você estava realmente com raiva ou era só impressão minha?
Pensei bem antes de falar qualquer coisa, e sabendo que eu não ia conseguir mentir pra ele, eu disse:
- Eu realmente estava com raiva.
- Pode me dizer por que?
Então eu falei pra ele tudo que tinha ocorrido naquele dia e que tinha me deixado realmente puto. Depois de eu ter terminado de falar tudo, o mestre disse:
- Bom, o que posso lhe dizer é o seguinte, dias ruins todos temos, mas mesmo assim não podemos levar os problemas de casa pra rua e vice-versa...
- Eu sei! - falei
- Deixe-me terminar! - falou o mestre - o que as pessoas precisam aprender é separar esses problemas, por exemplo, se você fosse pra um combate com essa raiva toda você poderia ter feito uma besteira que machucaria não só seu oponente mas também a você mesmo.
Continuei ouvindo.
- Você não deve descontar a sua raiva em alguem ou em alguma coisa por causa de problemas seus. - continuou ele - Por isso minha dica é: sempre que estiver com raiva dessa forma, faça esse exercício de respiração de sempre fazemos no fim do treino, ajuda muito, já que uma das coisas que você aprende aqui é controlar seus sentimentos de forma que eles não lhe interfiram de forma negativa, entendeu?
- Sim, mestre! - respondi
- Tenho a garantia que isso não ocorrerá de novo?
- Sim, mestre!
- Então até o próximo treino. - falou o mestre me cumprimentando
Respondi ao cumprimento e fui para casa com tudo aquilo que o mestre falou na cabeça, e assim consegui ficar mais tranquilo pelo resto do dia.


Brian

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