segunda-feira, 18 de março de 2013

Uma viagem ao passado

Tinha sido mais um daqueles dias completamente desagradáveis, não era muita novidade ver meus pais brigando, sendo que desta vez a coisa passou de todos os limites possíveis, tanto que acabou ocorrendo aquilo que eu tava torcendo pra que não ocorresse, meus pais decidiram se separar.
O motivo? O de sempre, dinheiro, um chamando o outro de mão-de-vaca, aquela velha conversa da qual eu ja estava cansado de ouvir, e finalmente essa merda tinha chegado num ponto crítico, e o pior é que eu já prévia que isto uma hora ia acontecer, era só uma questão de tempo.
Minha irmã chorou muito nesse dia, eu fiquei muito triste, não estava acreditando que aquilo estava acontecendo, mas não havia nada que eu pudesse fazer em relação a aquilo. O clima em casa ficou pesado pra caramba, todos foram dormir muito tristes, doeu ver meu pai dormindo no sofá enquanto minha mãe dormia no quarto. Já eu demorei pra conseguir dormir, não parava de pensar em tudo que tinha acabado de ocorrer, aquilo estava me incomodando muito, ia ser uma grande mudança na vida de todos lá em casa, mas depois de um bom tempo me contorcendo na cama pensando naquilo tudo eu finalmente consegui pegar no sono...
Quando deu por mim, eu estava flutuando num fundo completamente escuro, não havia nada lá, a não ser eu mesmo, e certamente fiquei me perguntando o que era aquilo. Eu olhava para todos os lados e não via absolutamente nada, até que eu ouvi alguém me chamar...
- Brian! - falava a voz
Voltei a olhei para todos os lados procurando a voz que me chamava, me locomovi um pouco, e a voz continuava a me chamar, até que vi algo brilhante em minha frente, fui em direção dessa luz, e quando cheguei perto percebi que era ele mais uma vez, minha consciência...
- Deixe-me adivinhar... - falei - você precisa ter uma conversa séria comigo.
- Não exatamente... - falou ele - desta vez a coisa será um pouco diferente.
- Como assim? - perguntei
- Você fará uma pequena viagem agora.
- Que viagem?
- Uma viagem no tempo!
- Por que?
- Você é um cara inteligente, sei que descobrirá o porquê disso sozinho. - falou minha consciência - Ah, e eu não irei com você!
E de repente me vi caindo em algum tipo de precipício, e tudo continuava escuro, até eu finalmente atingi o chão.
A queda não foi tão forte quanto eu imaginava que iria ser, me levantei e comecei a olhar ao meu redor, eu estava em um local que eu deduzi que fosse um colégio ou coisa assim, havia várias pessoas ao meu redor mas nenhuma delas parecia notar a minha presença. Resolvi andar um pouco, da uma explorada na área, foi quando eu vi a fachada do prédio, e vi que aquilo não era um colégio e sim uma universidade, e depois disso eu reparei no tipo de roupa que as pessoas estavam usando ao meu redor, modelos que eram usados nos anos 80, até aquele momento eu não tinha entendido nada, por que eu estava ali afinal de contas?
Até que olhei pra uma das paredes, e lá estava encostado um jovem, que se parecia comigo até, ele estava lá comendo um sanduíche de mortadela, no início eu não sabia o porquê que ele tinha me chamado a atenção, talvez pelo fato que ele parecia bastante comigo, até que eu ouvi...
- Ei, Sérgio! - chamou alguém
Quando eu ouvi aquilo foi quando me dei conta, aquele era meu pai, tudo começou a se encaixar, aqueles eram os anos 80, e aquela era a universidade que meu pai e minha mãe estudaram (e onde se conheceram, certamente).
- Fala Mário! - respondeu meu pai - como foi a prova?
- Uma merda, pra variar, e a tua?
- Não sei dizer, tava bem complicadinha ela.
- Ah, cara, tu sempre fala isso e sempre se dá bem!
E naquele momento os outros amigos do meu pai foram chegando, eles se juntaram e começaram a jogar conversa fora (o que me lembrou bastante eu e meus amigos), até que 2 belas moças passam por eles, todos pararam o que estavam fazendo para vê-las passarem, uma delas eu reconheci de primeira, era a minha mãe.
- Vocês são uns pervertidos mesmo, hein? - comentou um deles
- Pra mim tu não olhou também! - falou outro
- O que é belo é pra ser apreciado! - falou outro
Meu pai estava calado naquele momento, seus olhos estavam fixados na minha mãe.
- Sérgio? -  chamou um deles
- O que? Que foi? - falou ele
- Ta voando ai, pô!
- Ele ta de olho na Judith (minha mãe) que eu sei! - falou um deles
- Ah, calem a boca! - falou meu pai
- Relaxa, cara - falou o Mário - pode falar pra gente, você é afim dela, né?
Meu pai ficou calado por um momento e respondeu:
- Sim!
- Eeeeeeeeeh! - gritaram os outros
Até que de repente a cena começou a se desintegrar e eu voltei a cair, quando atingi o chão dessa vez eu estava dentro de uma sala de aula.
O professor falava umas coisas dais quais eu não entendia nada, ignorei-o e dei uma olhada ao redor e vi meu pai sentado exatamente ao lado da minha mãe, ele estava meio acanhado, ele a olhava de uma forma da qual eu conhecia muito bem, havia paixão nos olhos dele. Até que um momento eu voltou a se focar na aula.
Pouco tempo depois a aula foi encerrada, e quando meu pai se preparava pra sair, ele ouviu:
- Ei, Sérgio!
Era minha mãe chamando.
- O-o-o-o... oi! - gaguejou ele
- Oi, tudo bem?
- T-t-t-tudo! - (definitivamente eu tinha puxado a ele)
- É que eu to com dificuldade nessa matéria que o professor deu agora, ai você poderia me da uma ajuda depois?
- Cl- Claro, quando você quer que eu te ajude?
- Pode ser hoje a tarde na biblioteca?
- Pode ser!
- Ta certo então, a gente se ver lá. - falou ela sorrindo, meu pai retribuiu o sorriso.
Dentro dele eu imaginei que estivesse aquela sensação de vitória.
De novo a cena se desintegrou e eu voltei a cair, desta vez eu estava numa biblioteca, e logo a minha frente estava meu pai e minha mãe estudando juntos (e pelo que vi já tinha se passado um bom tempo e eles já estavam mais íntimos um do outro), eles não estavam só estudando, mas também se divertindo, até que uma hora eles começaram a fazer cócegas um no outro e fizeram uma zuada tão grande que a bibliotecária chamou a atenção deles, eles obedeceram e riram baixo um pro outro.
E nesse mesmo momento eles começaram a olhar no olho um do outro, ficaram se olhando profundamente por um tempinho, depois suas cabeças começaram a se aproximar, seus lábios começaram a se encostar, até finalmente se beijarem, imaginei que aquele fosse o primeiro beijo deles, foi um beijo longo, até o momento que de novo a bibliotecária chamou a atenção deles...
De novo a cena se desintegrou e eu comecei a cair.
Desta vez eu via os dois sentados num banco de uma praça se beijando, eles já aparentavam estarem mais velhos, havia bastante amor entre eles.
- Eu te amo, Judy! - falou meu pai
- Também te amo, Sérgio! - falou minha mãe
- Tanto quanto eu te amo?
- Claro que sim, seu bobo!
- Será? Prove!
Na mesma hora minha mãe deu um grande beijo nele, beijo esse que durou um bom tempo.
- Essa é uma boa prova? - perguntou ela
- Sim... - riu ele - mas ainda há uma outra forma de você provar isso ainda mais!
- Ah é? - perguntou ela - como?
- Faz o seguinte, feche os olhos.
- Ih, vamos ver no que isso vai da! - falou minha mãe rindo e cobrindo os olhos com as mãos.
Meu pai tirou algo do bolso, eu consegui ver o que era, era um anel, e pensei ''Deve ser quando ele a pediu em casamento''.
- Pode abrir agora!
Quando ela abriu, veio a surpresa
- Judith... - falou meu pai - você quer casar comigo?
Ela nem hesitou
- Claro que aceito seu LINDO!
E mais uma vez eles se beijaram...
A partir daquele momento comecei a ter um aperto no coração.
E mais uma vez a cena se desintegrou e eu voltei a cair.
Chegando ao chão, desta vez eu estava numa igreja, havia muitas pessoas bem vestidas, quando olhei pro altar eu me dei conta que aquele era o casamento dos meus pais, foi no exato momento em que os dois disseram ''sim'' um pro outro.
- Pode beijar a noiva! - falou o padre
Meus pais se beijaram e todos na igreja aplaudiram, e logo depois meu pai sussurrou no ouvido da minha mãe:
- Prometo te amar até para sempre, prometo que ficarei com você até ficarmos bem velhinhos e cheio de netos correndo pela casa.
Minha mãe riu baixo e disse:
- Também prometo te amar sempre, não importa as circunstâncias!
E se beijaram mais uma vez.
Foi quando eu não aguentei mais e comecei a chorar, nesse momento tudo ao meu redor começou a tremer, eu estava prestes a acordar...
Acordei com o coração disparando, eram quase 4 da manhã, e quando me dei conta de tudo que tinha sonhado, desatei no choro. Comecei a pensar ''Caramba, eles se amavam tanto, como raios tudo acabou assim?'' era difícil acreditar que aquele mesmo casal apaixonado que eu vi no sonho, hoje é o casal que não consegue mais ficar no mesmo cômodo sem brigar.
É por essas e outras que eu digo: Amor eterno existe, mais é uma coisa que apenas poucos conseguem, a pessoa só consegue se for muito sortuda!



Brian

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