quarta-feira, 23 de julho de 2014

O Mundo Devastado 2 - parte 2*

*Esse conto não tem nenhuma relação com o Brian.
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Fazia oficialmente naquele dia 1 mês desde que meu pai tinha morrido e que eu passei a vagar sozinho por esse mundo, eu andava por uma longa estrada que levava pra alguma cidade no interior do rio, meus suprimentos estavam acabando, estava quase sem comida e meu cantil estava quase vazio e eu não achava água potável há 5 dias. Eu ainda estava pela área rural, então ainda tinha esperanças de achar alguma fazenda pelo local com algum lago, mas eu definitivamente estava no meio do nada, a mais de quilômetros que eu não achava nada, nem mesmo zumbis, e pra piorar o sol estava mais quente do que nunca, só pra piorar ainda mais a sede que eu estava.
Mais a frente havia uma grande área de mata, antes de tudo eu me sentei na primeira pedra que eu achei perto da sombra de uma árvore, já estava andando há horas, estava exausto, me sentei e dei um pequeno gole no que ainda restava de água no meu cantil, também aproveitei pra comer uma barrinha de cereal que eu tinha achado em uma casa no dia anterior, não era das melhores, mas servia pra enganar o estômago. Depois de alguns minutos de descanso eu segui caminho, sendo que desta vez em vez de seguir a estrada eu resolvi da uma explorada por aquela mata, provavelmente eu poderia achar algo útil, ou até mesmo água, e como já de costume eu fui marcando as árvores com meu pé-de-cabra pra depois eu achar o caminho de volta a estrada sem muitos problemas.
Aquela mata parecia ser completamente inabitada, as únicas coisas vivas que eu encontrava pelo caminho eram insetos e alguns poucos pássaros, inclusive, fiquei surpreso ao encontrar um ninho de pássaro com filhotes dentro em uma das árvores, aquilo meio que me fez acender uma pequena chama de esperança dentro de mim, como se fosse um bom presságio ou coisa assim. No caminho também encontrei umas frutas maduras e certamente as guardei pra mais tarde, mas ainda assim eu não achava água, nenhum lago, nem mesmo gotas de orvalho.
Até que eu ouvi um barulho vindo de não muito longe, me parecia ser um tiro de arma de fogo, o que me assustou um pouco, já que há muito tempo que eu não via mais nenhum humano vivo, então na hora preferi acreditar que aquilo era o som do estrondo de alguma coisa, seja lá o que fosse o que ainda assim me preocupava, porque o som poderia muito bem atrair zumbis, apesar de que não parecia haver nenhum por aquela área, então continuei minha caminhada tranquilamente.
Mais a frente eu finalmente achei aquilo que eu tanto procurava, depois de andar bastante eu achei um lago, antes de tudo eu esvaziei o meu cantil completamente, depois dei um grande gole na água do lago e enchi meu cantil por completo, e finalmente chegara a hora de voltar para a estrada, então comecei a seguir as marcas que eu deixei nas árvores, sendo que o quanto mais eu andava mais eu ouvia um som que não me agradava nem um pouco. O estrondo que eu tinha ouvido anteriormente realmente atraiu zumbis para aquela área, eu ainda os ouvia de muito longe, mas ainda assim precisava me manter atento. Quanto mais eu andava mais próximo parecia que os zumbis estavam, voltei a por meu pé-de-cabra em mãos e fui seguindo meu caminho, e assim eu percebi o quanto eu andei por aquela área, eu ainda estava longe da estrada e o sol começava a se pôr, então acelerei o passo, passava os minutos, escurecia ainda mais e eu não tinha nada que pudesse iluminar a área, e pra piorar o som de zumbis ficava cada vez mais alto.
O crepúsculo brilhava no céu e a visibilidade diminuía cada vez mais, já estava difícil até de ver as marcas que eu deixei nas árvores, eu simplesmente não sabia mais em que direção eu estava indo. Até que eu voltei a escutar estrondos, dessa vez foram vários consecutivos, e não vinham de muito longe, não me restava dúvidas que aquilo era som de tiros, o que me fez acender mais uma chama de esperança, finalmente tinha achado outro humano nesse mundo, mas antes que eu pudesse esbanjar qualquer tipo de reação, eu fui surpreendido com algo tocando em meu ombro, no momento em que fui tocado e senti o cheiro de coisa morta, eu já sabia que era um zumbi.
Virei-me rapidamente e bati com o pé-de-cabra no olho dele, logo após mata-lo eu pude ver o outro grande grupo de zumbis que vinham em minha direção, eu contei mais ou menos uns 15 por ali, podendo ser um pouco mais também, voltei a ter meu pé-de-cabra em mãos e deixei que eles viessem, um zumbi que estava próximo do que eu tinha matado acelerou em minha direção e eu lhe acertei duas pancadas na cabeça, outros dois correram para cima de mim, tive que chutar um pra longe enquanto eu acertava o pé-de-cabra na cara do outro, e logo após lhe dei 3 pancadas na cabeça, foi então que percebi o quão próxima o resto da horda estava, e assim comecei a me afastar ainda abatendo aqueles que se aproximavam, mas parecia que o quanto mais eu me afastava, mais deles apareciam. Naquele momento eu me preparava pra correr, não tinha como eu abater todos, eles estavam vindo de todos os lados.
Quando eu estava pronto pra correr, algo inesperado ocorreu. Ouvi mais um som de tiro, e vi um dos zumbis que estava na minha frente ser abatido instantaneamente, então olhei para trás, e vi um homem, que aparentava ter uns 50 anos, com roupa de caça e uma sniper em mãos, e logo após eu olha-lo, ele abateu mais um zumbi.
- SAI DAÍ! – gritou ele
Eu saí da sua linha de fogo e fui a sua direção, enquanto ele matava mais alguns zumbis.
- Está sozinho? – perguntou ele
- Sim! – respondi
- Então vá seguindo em frente e entre na minha pick up e me espere lá. – falou ele – tenha sua arma em mãos.
E assim eu corri na direção que ele indicou o mais rápido que eu conseguia, e não demorou muito pra eu achar o carro dele, havia uns poucos zumbis por perto os quais eu abati sem nenhuma dificuldade, e assim entrei rapidamente no carro, era quase de noite e eu ainda ouvia os disparos do homem.
Passado um pouco a tensão, comecei a digerir tudo que tinha acabado de acontecer, e fiquei alegre pelo fato de finalmente ter encontrado outro humano vivo, mas também fiquei preocupado, porque afinal de contas, era um humano, ou seja, eu poderia confiar nele? Coloquei meu facão no colo e esperei que ele chegasse.
Não demorou muito até ele finalmente chegar, ele vinha carregando com ele um monte de rato e algumas galinhas. Enquanto ele se aproximava eu já empunhava meu facão.
- Tudo bem com você? – perguntou ele se aproximando do carro
- Sim, estou! – falei
- Foi mordido?
- Não!
E então ele entrou no lado do motorista, e assim segurei mais forte o meu facão, o que ele provavelmente percebeu.
- Pode guardar esse facão, garoto, não lhe farei nenhum mal.
- Que garantia eu tenho? – perguntei
- Eu lhe garanto que se eu quisesse te matar teria deixado os zumbis fazerem o trabalho sujo por mim.
Ele me convenceu, mas ainda assim não guardei o facão, simplesmente o deixei em meu lado, comecei a lembrar do conselho que meu pai sempre me dava antes de eu ir buscar suprimentos: “Se acha alguém por ai, tome cuidado, de preferência evite contato, você não sabe se eles são confiáveis”.
E assim ele deu partida no carro.
- Pra onde vamos? – perguntei
- Pra minha casa! – respondeu ele
Passaram-se alguns minutos até um de nós falarmos alguma coisa.
- Bom, admito que estou surpreso por encontrar alguém não infectado por aqui, está difícil até encontrar animais pra caçar, isso foi tudo que eu consegui em 4 horas de caçada. – falou ele apontando pros animais mortos.
- Também estou... – falei – por um bom tempo eu achei que eu era o último cara vivo que existia.
- Eu não chego a tanto, nunca acreditei ser o último, mas sim que sou um dos poucos que ainda sobrevive.
Ficamos uns momentos calados, ate que eu disse:
- Os sons de disparos foram todos seus?
- Sim... – respondeu ele – digamos que aqueles zumbis todos chegaram ali por minha culpa, me desculpe por isso.
Fiquei calado
- Mas agora diga-me... – continuou – como você chegou aqui? Você estava em algum grupo de sobrevivente, ou coisa assim?
- Bom... -  e ai fiquei um bom tempo contando toda a minha história pra ele, desde que esse inferno todo começou até o quando eu cheguei naquela mata.
- Quantos anos você tem mesmo? – perguntou ele
- 19!
- E já tem esse tanto de história pra contar... – falou ele – mas me responde uma coisa, por que você e seu pai não quiseram se juntar em nenhum dos grupos de sobreviventes que foi formado?
- Porque segundo meu pai, isso nunca da certo, porque sempre vai ter aqueles que tentarão mandar em tudo e isso sempre gera uma desordem que acaba matando a todos, em resumo, ele não confiava nas pessoas, então ele achou melhor a gente viver por nossas contas mesmo.
- Garoto, não conheci seu pai, mas posso lhe afirmar com certeza que ele foi um homem sábio, ele tinha total razão sobre isso, tanto que boa parte desses grupos hoje provavelmente estão todos mortos.
- Foi por isso que você também não se juntou a nenhum grupo?
- Não exatamente, é que eu achei melhor ficar aqui no campo mesmo onde há menos zumbis do que ficar indo de cidade em cidade com o risco de encontrar uma enorme horda deles... – falou ele – claro, tem vezes que eu tenho que ir em uma pra buscar suprimento, mas eu vou e volto, prefiro ficar na tranquilidade da minha casa do que me arriscar muito lá fora.
- Entendi! – falei
Passamos mais alguns segundos calados, até que o homem falou:
- Não me disse seu nome ainda...
- Jonnatan! – falei
- Prazer, sou Dylan!
E assim seguimos o resto da viagem calados, até finalmente chegarmos na casa dele, eu o ajudei a levar tudo para dentro, e logo após arrumar tudo ele perguntou:
- Com fome?
- Sim, mas tudo bem, eu tenho comida na minha mochila.
- Besteira, você é convidado, vou preparar melhor essa galinha pra gente. – disse ele acendendo as velas da casa – e uma dica, fique longe das janelas, quando eu por a comida na mesa terei mais algumas perguntas pra você.
Acenei de forma positiva com a cabeça.

E assim eu aguardei ele preparar tudo, eu também tinha algumas perguntas pra fazer a ele.

(continua...)

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