sexta-feira, 25 de julho de 2014

O Mundo Devastado 2 - parte 4*

*Esse conto não tem nenhuma relação com o Brian
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Feixes de luzes solar já iluminavam o céu, não estava muito longe do amanhecer. Era um longo caminho até a cidade mais próxima, nenhum de nós falou muito durante o percurso, provavelmente se eu fosse perguntar sobre a história dele de novo ele não responderia então, eu apenas observava a estrada.
Mais a frente uma coisa chamou a atenção de Dylan, eu não tinha reparado, estava distraído olhando pro nada, mas me dei conta quando ele começou a desacelerar o carro, então olhei na direção em que ele estava olhando, e vi um pequeno grupo de 4 zumbis devorando uma vaca. Paramos o carro mais ou menos próximo deles e, assim, Dylan desceu do carro.
- Venha também! – disse ele
Desci do carro e fui em direção a ele.
- Pegue seu facão. – falou ele
E assim o fiz.
Então Dylan me pediu:
- Quero que você abata todos esses zumbis.
- Sem problemas! – falei
Pus meu facão em mãos e fui em direção dos zumbis, eles estavam distraídos comendo a vaca morta, mas quando eu me aproximei o suficiente eles sentiram meu cheiro, então dois deles se levantaram e vieram em minha direção, o primeiro tentou me segurar, mas no mesmo instante eu o empurrei e lhe cortei a cabeça, e fiz o mesmo com o segundo. Os outros dois zumbis perceberam a movimentação, então largaram a vaca e vieram na minha direção, tiveram o mesmo destino dos outros dois, ambos com as cabeças decepadas.
Feito o serviço, Dylan se aproximou de mim e disse:
- Muito bem, mas... – eu não gostei daquele tom – você não esqueceu de nada não?
- O que? – perguntei
- Olhe para as cabeças... – falou Dylan
Quando eu olhei, as vi ainda abrindo suas bocas e ainda fazendo barulhos.
- Decepar a cabeça deles não adianta de nada se você não atingir a parte mais importante... – falou ele pegando a sua machete – o cérebro! – e logo após enfiou a lâmina na testa da cabeça de zumbi que estava mais próxima dele, e assim fez o mesmo com os outros 3.
- Então, mesmo eles com a cabeça decepada, se eu fosse mordido, eu me infectaria? – perguntei
- Exatamente, por isso lembre-se, sempre os acerte no cérebro, principal regra de sobrevivência. – falou ele limpando a machete
Em seguida, Dylan avaliou o corpo da vaca morte, e disse:
- É uma pena que os zumbis infectaram a carne, isso daria um bom churrasco por dias.
- Não tem como reaproveitar nada? – perguntei
- Nadinha... – lamentou-se – mas enfim, vamos seguindo caminho porque ainda temos muito trabalho pra fazer.
E assim entramos no carro e seguimos pela estrada.
Depois de umas meia hora de viagem finalmente chegamos na pequena cidade, não haviam muitos estabelecimentos no local mas ainda assim dava pra encontrar coisas o suficiente. O sol já tinha nascido e com ele veio o calor, quando Dylan parou o carro, bebi um gole do meu cantil e desci. Dylan desceu do carro, pegou seu mochilão na traseira e disse:
- Vamos lá!
E assim eu o segui, estávamos indo em direção a um mercado já próximo da entrada da cidade. Ao que parecia os moradores daquela cidade não levaram muita coisa de lá, mesmo as prateleiras não estando cheias ainda havia bastante coisa, o suficiente pra 10 meses. Quando eu coloquei o pé pra dentro do mercado, Dylan falou:
- Espere!
- Que foi? – perguntei
- Você nunca checa se tem zumbi no local antes de entrar?
- Não!
- Grande erro.
E então, Dylan deu um chutão em um carrinho de supermercado, o jogando contra uma prateleira. Um grande estrondo foi feito, eu já me armei esperando que algum zumbi aparecesse, Dylan colocou sua machete em mãos.
- Apenas aguarde. – disse ele
E poucos segundos depois, surgiu um zumbi com roupa de açougueiro vindo do final do mercado a toda velocidade em nossa direção, Dylan tomou a frente já levantando a sua machete, e antes que eu pudesse fazer o mesmo ele partiu o crânio do zumbi em dois. E logo após ele se virou pra mim e disse:
- Antes de entrar em qualquer estabelecimento, sempre faça um barulho para chamar a atenção de qualquer zumbi que estiver lá dentro, melhor que eles apareçam logo dessa forma do que você ser pego de surpresa lá dentro.
“Nova lição do dia” pensei.
Esperamos mais alguns momentos pra garantir que não teria nenhum outro zumbi, e assim confirmando-o entramos no mercado.
A gente deu umas boas rodeadas pelo local, a mochila de Dylan era grande, dava pra gente carregar bastantes coisas, o suficiente pra 2 semanas. Ficamos uns 40 minutos olhando tudo e decidindo do que a gente precisava, até que um momento Dylan disse:
- Já tá bom por agora.
- Mas Dylan, a gente poderia levar mais, não? – perguntei – ainda tem muita coisa por aqui.
- Mas a mochila já está cheia, mais que isso seria exagero.
- Posso levar algumas coisas nos braços.
- Não faça!
- Por quê?
Então ele se virou pra mim e disse:
- Outra regra importante de sobrevivência, nunca carregue mais do que você consegue, isso faz muita diferença principalmente se você encontrar problemas no meio do caminho.
Mais uma lição anotada, mas ainda assim eu pensei no momento que eu deveria ter trago a minha mochila, assim a gente poderia carregar mais algumas coisas.
E assim voltamos pro carro, foi então que percebi que ainda eram 8 e pouca da manhã, estranhei principalmente porque parecia que aquilo era tudo que a gente ia fazer, e eu esperava que a gente fosse explorar mais a cidade a procura de mais coisas, então eu perguntei:
- Não vamos olhar mais nada?
- Não! – respondeu ele
- Isso é tudo que a gente tinha pra fazer?
- Não exatamente. – disse ele pondo a mochila na traseira do carro
- Como assim?
- Entre no carro, você verá.
Ainda confuso, o obedeci.
Então Dylan deu partida no carro e antes de tudo passamos pelo posto de gasolina da cidade pra ele encher seus garrafões. Chegando lá descemos do carro, ele pegou seus garrafões de gasolina e se dirigiu a bomba mais próxima e eu fui da uma olhada na loja de conveniência.
Seguindo os conselhos de Dylan, antes de entrar na loja eu dei três tapas no balcão pra chamar a atenção de qualquer zumbi que estivesse ali dentro, depois de alguns instantes sem sinal de nenhum, bati de novo por garantia, ainda assim não veio nenhum.  Então eu entrei e dei uma olhada nas prateleiras, não achei nada que já não tenha encontrado no mercado anteriormente, a única coisa que eu peguei lá foi um pacote de chicletes, que por incrível que pareça, ainda estava na validade.
Coloquei um na boca, guardei o resto e saí da loja, no lado de fora Dylan enchia o último dos garrafões de gasolina, enquanto ele terminava me encostei na pick up e o aguardei. Quando terminou, ele me pediu ajuda pra levar os garrafões pra dentro do carro, eram 5, eu carreguei 2 e ele 3, depois de colocarmos todos pra dentro eu o ofereci um chiclete, ele recusou. Voltamos para o carro e seguimos caminho.
Enquanto mais a gente avançava, eu percebi que ao contrário do que eu achava a gente não estava indo para casa, então perguntei:
- Para onde a gente está indo?
- Para um local longe de tudo.
Comecei a me assustar com aquilo.
- Por quê?
- Quero fazer um teste contigo.
- Que teste?
- Caramba, mas você pergunta, hein? – disse ele indignado – fique frio, você verá.
Por via das dúvidas eu voltei a por a mão no cabo do meu facão.
- Aliás, uma pergunta... – continuou ele – você dirige?
- Dirigia antes de tudo virar um inferno, mas faz tempo que não pego no volante de um carro.
- Entendo, mas, por exemplo, em uma situação desesperadora, se pegar um carro fosse sua única chance de escapatória, você conseguiria dirigir?
- Sim! – respondi
- Bom saber... – falou ele – e mais uma coisa, nas suas aventuras por ai, você por acaso nunca precisou pegar um carro qualquer na rua?
- Nunca, mas não foi porque eu nunca quis, e sim porque eu não tinha nada pra arrombar a porta de um carro, e nem mesmo pra dar partida nele.
- Entendo! – falou ele
E depois disso nós dois ficamos calados até chegarmos ao nosso destino, era definitivamente um local no meio do nada, longe até mesmo de qualquer área de campo, o local me parecia uma área em que um dia teve algum tipo de plantação, que aparentemente tinha sido queimada. No local encontramos um grupo de 10 zumbis rondeando a área, depois de descermos do carro Dylan me pediu para abater todos, e dessa vez da forma certa.
Peguei meu facão e fui em direção a eles, os abati um-a-um sem muitos problemas, quando eles se aproximavam eu lhes acertava no crânio, e enquanto eu os matava, Dylan pegava não sei o que dentro da pick up, depois de matar todos, limpei meu facão e vi Dylan vindo em minha direção com uma sacola.
- Não guarde o facão, ainda. – falou ele quando viu que eu ia fazer isso.
O mantive em mãos e fiquei observando Dylan se aproximar.
- Antes de qualquer coisa... – falou ele – guarde isso aqui. – e me arremessou algo.
Peguei a coisa, e fiquei surpreso quando vi que aquilo era um cabide.
- Pra que isso aqui? – perguntei
- Mais tarde você entenderá! – disse ele pondo a sacola no chão – por enquanto só fique com ele.
Sem a minha mochila eu não tinha nenhum local pra guarda-lo, então o pendurei no cinto da calça enquanto isso.
Dylan pegava algo dentro da sacola que ele trazia, não consegui ver o que era, era alguma coisa que ele conseguia esconder na mão sem muitos problemas, logo após ele colocou o sacola no chão e começou a andar em minha direção, eu ainda esperava a explicação do por que estávamos lá. Mas antes de eu conseguir falar qualquer coisa, Dylan disse:
- Pensa rápido! – falou ele me arremessando algo
Mesmo que no susto, eu consegui desvia, e depois eu vi que ele tinha me arremessado um ovo, aquilo me deixou completamente confuso.
- O que foi isso? – perguntei
- Isso, foi você com falta de atenção.
Eu ainda assim não entendia.
- Se você estivesse um pouco mais ligado teria usado esse facão pra rebater o ovo.
- Então, isso é um teste? – perguntei
- Se prefere chamar assim... – falou ele – ah, e antes que você fale de desperdício, pode ficar tranquilo, todos esses ovos estão podres.
Eu nem tinha pensado naquilo.
- Agora me mostre o quanto você sabe manusear isso ai. – falou ele antes de me arremessar mais um ovo.
Dessa vez consegui rebatê-lo com o facão, e certamente acabei tomando um pouco de clara de ovo na roupa.
- Como você pode ver, iremos nos sujar um pouquinho. – falou Dylan quando me arremessou mais um ovo.
Esse por pouco vinha no meu rosto, mas eu consegui bloqueá-lo a tempo.
E assim ele continuou jogando os ovos em mim, então, tive que testar meus reflexos ao máximo, Dylan simplesmente não perdia tempo entre um arremesso e outro, boa parte eu consegui acertar, mas claro, teve outros que eu achei melhor desviar. Certamente nessa brincadeira toda, o cabide acabou caindo do meu cinto, mas eu o ignorei.
Houve um momento em que Dylan conseguiu acertar dois ovos em mim, um no ombro e o outro no peito, e eu garanto, doeu pra caramba. Depois de ter sido atingido eu olhei pra ele, seus olhos zombavam de mim, e isso me deu forças para continuar a jogar o seu jogo. Então depois disso, eu consegui cortar todos os ovos que ainda restavam pra ele jogar em mim, sem exceção.
Depois de rebater o último ovo eu me abaixei pra tentar descansar um pouco, aquilo tinha exigido 110% de mim e o sol quente não ajudava em nada. E naquele mesmo momento, Dylan vinha se aproximando de mim.
- Cansado? – perguntou ele
- Sim! – respondi tomando um gole d’água do cantil
- Ah é? – disse ele – pois saiba...
E de repente ele pegou sua machete e tentou me acertar com ela, mas eu rapidamente consegui usar meu facão para bloqueá-lo.
- ... que quando morrer você descansará a vontade. – completou ele, ainda fazendo força com a machete.
Usando toda força que ainda me restava consegui empurra-lo para longe.
- Vamos pra um pequeno duelo... – disse ele – mas relaxa o objetivo não é matar e nem machucar o outro, e sim, desarmar.
Armei-me ainda mais, e aguardei a sua investida. Então Dylan mais uma vez tentou me acertar e eu consegui me defender novamente, ele deu outra investida e dessa vez eu desviei, esperei pra ver o movimento que ele iria fazer, e dessa vez ele tentou me acertar nas costelas, mas de novo eu consegui defender.
- Seus reflexos são bons, pelo visto. – disse ele, antes de me da mais uma investida perto do pescoço.
O Bloqueei mais uma vez, dessa vez quase sofrendo um corte da machete dele no queixo, e por uma boa parte do duelo eu apenas me defendi das investidas dele, ele pelo visto treinava muito isso antes do mundo virar um caos. Até que momento, em mais uma de suas investidas, ele conseguiu me derrubar, foi no momento que ele tentou me acertar na testa, sendo que com um pouco mais de força, essa mesma acabou me derrubando. Ainda no chão, Dylan ainda forçava sua arma pra cima de mim, e eu sentia minhas forças irem embora, estava quase desistindo, foi então que eu comecei a pensar no meu pai, me lembrei dele enfrentando a horda de zumbis na nossa casa enquanto eu fugia, e certamente, lembrei de quando eles conseguiram o derrubar.
Nesse momento eu consegui a força que eu precisava para tirar Dylan de cima de mim, lhe dei um chute no peito o afastando, e me levantei, e dessa vez eu comecei a da investidas. Dylan defendia tão rápido quanto eu, mais aos poucos eu o atacava mais rápido, até que chegamos num momento da luta que ficamos de igual pra igual, nós dois atacávamos na mesma proporção, mas mesmo conseguindo aguentar bastante, o cansaço estava me vencendo, e aos poucos minhas forças diminuíam, até que teve o momento em que Dylan me deu um golpe mais forte e eu acabei soltando o facão, conseguindo assim vencer o duelo.
- E agora você está morto. – disse ele apontando o facão pra mim
E então fui apanhar meu facão de volta.
- Deu pra perceber claramente, que você foi vencido pelo cansaço, estou mentindo?
- Não! – respondi
- Você pode ser morto por isso numa situação de real perigo. – falou Dylan
Enquanto isso eu guardei o facão, tomei um gole d’água e pus outro chiclete na boca.
- Todos os dias teremos um duelo desses... – falou Dylan – isso até o dia que você me vencer, que ai eu verei que você está preparado.
Eu o ouvia atentamente.
- Você não foi mal nessa luta, mas como você pode ver não foi o suficiente. -  completou ele
E eu ainda o ouvia tentando recuperar o fôlego.
- Bom, vamos pro carro que terei outras tarefas pra você.
Então o segui até a pick up, ainda estava exausto, só queria me sentar e não fazer mais nada.
- Eita... – falou Dylan – olha só, tranquei o carro com a chave dentro.
Minha reação foi de extrema surpresa.
- Como assim? – perguntei indignado
- Acontece... – falou Dylan num tom completamente despreocupado – mas tudo bem, há uma saída, é só a gente abrir por fora.
- Mas você tem alguma coisa que faça isso?.
- Eu não, mas você tem.
Mais uma vez fiquei surpreso.
- Não, eu não tenho.
- Tem sim, você que não sabe que tem, mas pense bem que você vai descobrir o que é... – falou ele – e tem mais, quando descobrir você abrirá a porta, e não sairemos daqui até que você o faça, mesmo que isso leve o dia todo.
Eu não fiquei nada feliz com aquilo.
- Está em suas mãos... – completou ele

Como se não bastasse o cansaço, ainda tinha mais essa pra eu resolver.

(continua)

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